Thursday, December 27, 2007
Happy golden days of yore.
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us once more.
Through the years
We all will be together,
If the Fates allow
Hang a shining star upon the highest bough.
And have yourself
A merry little Christmas now.
Have Yourself a Merry Little Christmas
- Eu vi alguma coisa! – Nigel gritou apontando para o céu
- Você falou a mesma coisa ainda agora – Nicholas respondeu
- Mas aqui não tem lareira, como o Papai Noel vai deixar os presentes? – Jacob falou desapontado
- Ele entra por debaixo da porta – ouvi Gabriel falar baixo para as crianças, prendendo a risada
- É, ele toma uma pílula que faz ele encolher – Chloe trocou um olhar travesso com ele e riu – Fica tão pequeno que passa debaixo da porta
A cadeira onde Jacob estava de pé voou longe quando ele saltou para o chão e correu na direção da porta, deslizando no piso e parando deitado ao lado dela. Nicholas, Allison, Becky, Nigel e Otter correram até ele e os seis deitaram os rostos no chão, tentando olhar por debaixo da porta. Passei perto dos dois e apertei os braços deles reprimindo a brincadeira com os pequenos, mas não desmenti. O fato era que enquanto esperavam pela visita do Papai Noel, não faziam bagunça. A casa estava cheia pela primeira vez desde que vim morar no Brasil, e de última hora meus primos de Londres, junto com meu irmão, vieram com os filhos. Estava tudo uma verdadeira bagunça, era sorte Scott e Ben morarem apenas dois andares abaixo ou não teria como acomodar a todos. Kegan já havia desaparecido com os presentes das crianças que estavam na árvore e se aprontava no apartamento do irmão.
- Ei molecada, o que estão fazendo ai no chão? – Scott ergueu Jacob e Otter, os mais leves, e os outros olharam para ele
- Estamos esperando para ver o Papai Noel passar por aqui – Nicholas respondeu de imediato
- Mas como acham que ele vai passar se estão com as caras coladas na fresta? Saiam daí, ou vão acabar aspirando o pobre velhinho e ficar sem presentes!
Não foi preciso falar mais nada. Em questão de segundos todas as crianças já estavam sentadas afastadas da porta, mas ainda assim com os olhos colados nela, sem piscar. Não queriam perder nada. E não demorou para o que tanto esperavam chegar. Alguns minutos depois Kegan aparatou dentro do apartamento fantasiado de Papai Noel e os seis voaram na direção dele, todos tentando falar e abraçá-lo ao mesmo tempo. Foi difícil e demorou certo tempo até que ele conseguisse acalmá-las e começasse a distribuir os presentes. Depois que todas já estavam ocupadas rasgando seus embrulhos, Kegan caminhou até os mais velhos e também lhes deu presentes, incluindo a filha da Patrícia e a namorada de Gabriel. Todos ganharam alguma coisa e passaram o resto da noite provocando uns aos outros por terem recebido presente do “Papai Noel”.
Ainda não tinha contado a ninguém que estava grávida. Depois de voltar do consultório da Patrícia, onde o ultrassom confirmou a suspeita de Scott, pensava em uma forma de contar. Não queria fazer alarde com tanta gente em casa, e voltei tão transtornada da clinica que não consegui contar no mesmo dia. Fui enrolando, enrolando, e agora estava mais do que enrolada. Mas não precisei pensar demais, pois os dois únicos que sabiam deram um jeito de me dar um empurrão, mesmo que sem querer. Estava sentada no balcão conversando com Patrícia e Scott e sem perceber enchi uma taça com vinho para tomar. Quando pus a taça na boca, Patrícia tomou-a da minha mão.
- Está louca? – disse severa – Não pode beber!
- Lou, você precisa contar logo ao Remo – Scott pegou a taça da mão dela e bebeu – Não posso monitorar você 24h para que não esqueça que não pode beber, mas ele sem dúvida irá lembrá-la disso!
- E se contar logo, não vai correr o risco de esquecer – Patrícia completou e Scott assentiu com a cabeça
- Eu sei que tenho que contar a eles, mas não sei como! – falei em tom de aflição – Não sei como Remo vai reagir a isso. É um risco o bebê nascer como ele, e sei que ele vai pensar nisso!
- Você está sendo irracional. Acha mesmo que Remo não vai gostar de saber que vão ter outro filho? – Patrícia falou muito séria
- Ela tem certa razão em estar preocupada, Patrícia – Scott falou pensativo – Remo certamente irá se lembrar desse fato
- Scott, não está me ajudando! – ela olhou torto para ele e segurou minha mão – Lou, podemos fazer testes se for o caso, mas tenho certeza que não vai acusar nada. E antes de pensar no que pode dar errado, que tal pensar em tudo que pode, e vai, dar certo? Conte ao Remo, mas conte hoje. É natal, não vai poder dar um presente melhor a ele e ao Gabriel.
- Me contar o que? – Remo apareceu atrás de mim e levei um susto - Você esteve estranha a noite toda, Louise. O que está acontecendo?
- Vamos lá fora – Levantei do banco respirando fundo e o puxei pela mão para longe de todo mundo
Fechei a porta de vidro da varanda para abafar o falatório na sala e sentei em uma das cadeiras, ficando de frente para ele. Remo me olhava com uma expressão preocupada, mas não perguntou outra vez, esperou que eu falasse primeiro.
- Eu não planejei nada disso, sei que não é a melhor hora – comecei a falar sem parar – Na verdade acho que nunca seria boa hora pra isso, mas aconteceu e agora não tem mais volta. Não há mais nada que possamos fazer!
- Lou, calma, respira – ele segurou minhas mãos para que parasse de gesticular como uma louca e o encarei – O que está acontecendo? Você está me assustando.
- Eu estou grávida – disse de uma vez por todas
- O que? – a cara de choque que ele fez me deixou mais agoniada ainda
- Eu sei, eu sei, não temos mais idade pra criar um bebê, mas não tem como voltar no tempo! Se tivesse não teria entrado naquela maldita banheira em...
Não terminei de falar. Remo cortou o que dizia com um beijo tão intenso que até me esqueci do que estava reclamando. Quando me soltou estava com um sorriso enorme no rosto, parecia as crianças quando viram Kegan aparecer vestido de Papai Noel. Seus olhos quase brilhavam.
- Está falando sério? – disse já colocando a mão na minha barriga – Está mesmo grávida?
- Sim, descobri ontem – olhava pra ele sem entender nada – Está mesmo feliz com a notícia?
- Lou, essa é a melhor notícia que poderia receber – ele me abraçou forte e me senti aliviada – Como não poderia ficar feliz?
- Acredite, tenho uma lista de motivos
- Gabriel nunca apresentou os sintomas, não há motivo para pensar que agora teríamos problemas – disse sabendo do que estava falando
- Você não sabe como me sinto aliviada de saber que não surtou como eu quando descobri
- Vai dar tudo certo – ele me beijou outra vez e a porta da varanda abriu. Gabriel estava parado com uma cara preocupada
- Mãe, pai, o que está acontecendo? – disse entrando – Tio Scott mandou que viesse aqui porque vocês queriam falar comigo. Está chorando, mãe? O que houve?
- Vem até aqui, Gabriel – Remo o chamou e ele fechou a porta, ainda preocupado
- Vocês estão com caras esquisitas... Devo ficar com medo?
- Não, deve ficar feliz – falei já sorrindo – Pediu tanto que foi atendido: você vai ganhar um irmão, ou irmã.
- Você está grávida?? – falou afoito e virou para Remo procurando uma confirmação – Ela está grávida??
Quando confirmamos ao mesmo tempo ele me abraçou com tanta força que chegou a me erguer do chão alguns centímetros. Tinha um sorriso que ia de uma orelha a outra. Olhei para a sala através do vidro e percebi que não precisaria me dar ao trabalho de contar aos outros, pois Scott e Patrícia já haviam se encarregado de espalhar aos quatro ventos, e agora todos olhavam sorridentes para a varanda. E acabei descobrindo que não estava assustada com a novidade, mas sim muito feliz. Que venha mais um membro para a família.
Wednesday, December 26, 2007
Pelos olhos de Ethan
Não, ele não tinha mais que fazer isso, ele agora estava com Alex e Logan, e eles o tratavam bem. Queriam que ele fizesse parte da família deles. Recordava os olhares amorosos que eles trocavam entre si e pensava se um dia iria viver aquilo, quando crescesse. Provavelmente não.
Um raio nunca caía no mesmo lugar duas vezes... Já estava bom ter um teto e comida quente... O que viesse, além disso, era lucro.
Alexandra e Logan... Eles o salvaram e talvez nunca se dessem conta disso. - pensou enquanto vestia as roupas quentes que ganhara e deixava para trás no espelho a imagem do menino com machucados na alma.
Surgimos, que dizer, aparatamos perto do portão de entrada e começamos a caminhar para uma casa enorme de pedras cinzentas, quando a porta da frente se abriu e vários homens jovens apareceram e alguns correram para ajudar com a bagagem e outros ficaram na porta esperando. Para Alex devia ser uma coisa normal, mas eu me retraí, pois estava chocado com a aparência deles:
- Eles usam saias...
- Chama-se kilt. – foi o comentário de Logan, e senti que ele também estava tenso.
- Eles são bichas?- perguntei de olhos arregalados olhando para aqueles rapazes usando saias com o mesmo tom de xadrez, parecia um uniforme.
- Não, eles são escoceses. – Alex respondeu quando um garoto alto, de cabelos negros e um enorme sorriso na cara a levantava num abraço:
Logan pareceu entender meu receio e disse baixinho, antes que ele se virasse para nós:
- Também fiquei assustado na minha primeira vez aqui, depois me acostumei filho. Vai dar tudo certo. – e acreditei em cada palavra que Logan disse, me acalmei.
- Oi mãe. Tio Logan... E ai? Você é o Ethan? Bem vindo ao clã. Meu nome é Ty. – o garoto disse sorrindo e esticando a mão.
Embora eu sentisse o receio revirar minhas entranhas, apertei sua mão estendida. Depois ele ajudou com as malas e começou a falar de coisas, e pessoas que eu não conhecia, sobre a escola. Vi quando Alex relaxou os ombros aliviados, e me senti seguro. Segundo Logan, ela era o elo forte da família, que estávamos formando, e eu entendia o que ele queria dizer, ao vê-la feliz no meio de toda aquela gente.
A casa era um lugar enorme, toda decorada com galhos de visgo espalhados, e tinha muitas luzes pequeninas, que quando cheguei perto percebi que eram fadinhas, não iguais à Sininho do Peter Pan, porém diferentes e eu confesso: esquisitas.
Um enorme pinheiro todo enfeitado estava a um lado da sala e embaixo deles, havia muitos pacotes, fechados e o brilho do papel de presente chegava a ofuscar. No lado oposto da sala, estavam dois homens velhos, concentrados numa partida de xadrez. Parei para observar e pulei para trás quando a torre branca, atacou o cavalo negro.
- Uau! – foi só o que consegui dizer.
- Xadrez de bruxo! Igual ao xadrez normal, porém as peças são mais temperamentais. Quero jogar com você, Orwell. Quero uma revanche. - disse Logan amistoso e o mais velho dos dois disse:
- É sempre bom, pôr as mãos no dinheiro dos jovens. O dobro?
- Não esperava menos. - respondeu Logan e os dois riram.
- E o nosso jovem? Também joga?- o velho perguntou.
- Sim, mas ainda é um aprendiz Orwell, conto com seus ensinamentos.
- Será bem vindo, jovem aprendiz. - e sorri de volta.
Continuei a olhar pela sala enorme, e meu olhar foi atraído para a lareira onde com certeza cabia um ser humano de pé, toda enfeitada com meias, e podiam-se ler os nomes nelas, uma menina de cabelos longos, se aproximou e empurrou uma meia na minha mão e falou como se nos conhecêssemos há anos:
- Nossa, como você demorou, venha pôr sua meia na lareira.
- Uma meia? Eu?- fiquei confuso. Sentia meu estômago se mover de jeito esquisito, parecia enjoado, enquanto olhava para ela.
- Claro, Ethan você é um de nós agora, precisa colocar sua meia na lareira, ou o Papai Noel não vai te trazer nada. Venha tem lugar ao lado da minha meia. - apontou e naquela hora soube que seu nome era Brianna e ela era a coisa mais bonita que eu já tinha visto.
O dia de natal amanheceu com uma alta camada de neve do lado de fora. Acordamos com Brian e Brianna entrando no quarto e gritando, seguidas das outras primas:
- Presentes! Acordem! Olhem os presentes.
Levantei-me devagar, quando ela veio me cutucar:
- Vamos Ethan, abra seus presentes.
- Presente? Pra mim?
- Claro, que sim, hoje é Natal, todos ganham presentes.
Olhei para os pés da cama e havia um monte de pacotes, Declan disse:
- Hey, baixinho, os pacotes não se abrem sozinhos... - e vi quando ele abriu uma caixa da sua pilha e jogou um sapo de chocolate na boca e disse olhando a figurinha:
- Valeu Chloe, não tinha esta figurinha na coleção.
Ty se aproximou e disse, ao me ver hesitante:
- Ethan, são seus pode abrir.
- Mas eu nunca ganhei presentes de Natal antes... E se que Papai Noel não existe... - e me arrependi. Todos pararam e ficaram me encarando e senti minhas orelhas queimarem de vergonha. Brian e Brianna olharam espantados para os primos mais velhos:
- Ele não existe? Papai Noel não existe?
- Claro que existe, a prova disso são os presentes, quem traria tantos numa noite só? – disse John e eles relaxaram.
Ty completou:
- Ele existe e te deixou um monte de coisas, além dos nossos presentes. E se não abrir isso logo, mamãe vai achar que não gostou de nada e vai querer devolver. Viu como estava chorona ontem? E não era por causa do eggnogg. – assenti e aproximei-me devagar e peguei um pacote, abri com cuidado, e era um dos robôs do Transformers, todo amarelo. Logo o que ruído que se ouvia no quarto eram de pacotes sendo rasgados, as garotas voltaram aos seus quartos para pegar seus presentes, ficamos ali por horas conversando, rindo e comendo os doces ganhos. Alex, veio nos chamar para tomarmos um café muito caprichado, e depois fomos para o quintal, aproveitar que a neve estava alta, e fizemos vários bonecos de neve, e também fizemos uma guerra de neve, muito divertida.
Brianna com as bochechas vermelhas por causa do frio e da agitação, se aproximou e perguntou empurrando uma bola de neve na minha mão:
- Viu como Papai Noel existe?
- Sim, agora eu sei que ele existe.
Aquele foi o Natal mais feliz da minha vida e eu não queria que acabasse.
Thursday, December 20, 2007
Ligeiramente grávida
- Alguém tem alguma pergunta, antes de encerrarmos por hoje? – Scott falou se recostando no balcão e sorrindo pra mim. Estava assistindo pela primeira vez a uma aula de culinária dele na cozinha do Underground
- Na mesa lá fora tinham alguns enfeites feitos com frutas – uma mulher morena levantou a mão – Como fez isso? Sempre tive essa curiosidade! Tentei fazer uma vez com laranjas, mas estraguei três delas
Scott sorriu para ela e pegou um limão da cesta, começando a descascar tão depressa que era impossível acompanhar. Depois começou a retorcer a casca (que saiu inteira, por sinal) e segundos depois tinha uma rosa na mão. A mulherada na cozinha olhava encantada.
- Foi essa que você viu? – a mulher confirmou pegando a rosa – É bem fácil, mas não dá tempo de ensinar agora. Prometo elaborar uma aula só com esses detalhes decorativos para depois das festas. E laranjas não são boas para isso. Dê preferência ao limão, pois depois você ainda pode reaproveitar e fazer uma caipirinha! – todo mundo riu – Agora nosso tempo acabou. Bom Natal pra todo mundo, e nos vemos semana que vem. Não se esqueçam da nossa brincadeira de amigo oculto!
Uma a uma elas foram saindo e se despedindo dele, e logo só restávamos nós dois na cozinha. Scott havia liberado todos os funcionários para passarem o natal em casa, mas nenhuma das alunas quis abrir mão da aula mesmo que fosse dia 23 de Dezembro, então somente ele veio. E hoje resolvi acompanhá-lo, pois combinamos de preparar todas as comidas para a festa aqui. Ninguém estava disposto a sujar a cozinha da casa, sem contar que no restaurante o espaço era imensamente maior.
Ele puxou a varinha do bolso e agitou, sumindo com todas as coisas usadas na aula e organizando o que íamos precisar. A idéia de cozinhar aqui havia sido realmente boa. Com a quantidade de gente que vem esse ano para o natal, precisaríamos de espaço. Além de nós dois, Remo, Gabriel e a namorada, Ben e Nicholas, esse ano Patrícia, a filha Alice e Renato ficariam no Rio de Janeiro, e Susan, recém divorciada, também estaria aqui com Lucas. Kegan e Karen também viriam com Chris, e Wayne e a esposa resolveram vir com os dois filhos e as gêmeas de Megan, junto do pai de Scott. Ninguém queria uma comemoração calma e vazia, para não deixar as meninas pensarem nos pais. E também Anna, a irmã mais nova de Ben, viria com o marido Peter e o filho de 4 anos deles, Jacob.
- Então... – Scott falou com um tom de voz debochado – Natal com a norinha. Como está se sentindo?
- Estou sentindo que vou atirar esse tomate em você se não calar a boca – Respondi olhando atravessada para ele, que só riu mais
- Ah qual é, Louise! A menina é legal, dê uma chance a ela
- Mas estou dando, não pedi que Gabriel a convidasse para o natal? – olhei para o relógio na parede – Aliás, amanhã essa hora ela já deve estar chegando pela chave de portal. Que horas Wayne falou que autorizou as outras?
- Só à noite! Não precisamos de cinqüenta pessoas circulando pela casa atrapalhando os preparativos.
- Aonde você colocou aquele limão? – olhei ao redor da cozinha cansada – Estou enjoada com esse tanto de comida nos cercando e com sede. Aquela caipirinha cairia bem agora...
Ele riu e apontou para o outro lado do balcão. Larguei o que estava fazendo e fui preparar a bebida. Estava um calor infernal na rua, e o ar-condicionado da cozinha não estava mais dando conta do recado. Preparei logo um capão para cada e entreguei o de Scott na mão dele.
- A um natal quente, barulhento e sem surpresas – ele disse erguendo o copo
- Amém!
Brindamos e viramos a caipirinha depressa. E com a mesma rapidez que pus na boca, cuspi. Scott levou o jato no meio da camisa por estar perto demais e me encarou perplexo, o copo pela metade parado no ar.
- Pode me explicar o que foi isso?
- Desculpa. Acho que errei a mão no limão, ficou horrível
- Fez elas separadas? Porque a minha está perfeita – disse bebendo mais um pouco
- Deixa provar a sua – tomei o copo da mão dele e bebi, mas cuspi outra vez
Scott ficou me encarando sem falar nada por alguns segundos, uma expressão preocupada e pensativa no rosto. Curiosa, parei e o encarei também. Então um sorriso podre começou a surgir no rosto dele, lembrando muito um Grinch. Ele secou a camisa ainda rindo e caminhou para trás de mim, apertando meu ombro com uma massagem. Senti-o aproximar o rosto do meu ouvido.
- Querida, você está grávida...
A gargalhada que soltei foi tão espontânea e sincera que Scott até se assustou. Estava agora de frente para ele e ainda ria bastante, até que ele começou a rir também. Mas não era uma risada como a minha. Era como se estivesse rindo por eu estar achando graça do que ele havia dito. O sorriso no meu rosto começou a morrer aos poucos, até que fiquei séria e alarmada. Ele parou de rir também.
- Não posso estar grávida – disse com a voz falhando
- Mas você está – ele foi categórico
- Como pode ter tanta certeza?
- Porque já passamos por isso antes, e conheço você. Só hoje em duas horas você me deu quatro motivos diferentes para levantar a suspeita. Agora rejeita uma caipirinha deliciosa. Ah meu amor, pode começar a fazer o enxoval. Você está gravidíssima!
Apoiei as mãos no balcão sentindo minhas pernas perderem força e Scott correu para pegar uma cadeira onde pudesse sentar. Passei a mão na testa e estava suando frio. Comecei então a forçar a memória para algo que me confirmasse que Scott tinha razão. Não foi preciso pensar muito. Logo a última semana das Olimpíadas me veio a mente e me lembrei da pequena imprudência no banheiro dos monitores em Hogwarts. Maldita Hogwarts!
- Scott, isso não pode ser sério – minha voz soou desesperada – Tenho quase 40 anos, não posso estar grávida!
- E qual o problema de ter outro filho aos 40? Yulli também está grávida, e está adorando! Não foi você quem disse a ela que a idade não fazia a menor diferença?
- Eu menti! Só queria que ela não se apavorasse, falaria qualquer besteira como essa!
Afundei o rosto nas mãos e abaixei a cabeça, reprimindo a vontade louca que estava de gritar. Ouvi Scott puxar outra cadeira e sentar do meu lado, me abraçando e rindo.
- Vai dar tudo certo, Lou. Não tem motivo pra se preocupar – ele puxou minhas mãos para destapar meu rosto – E pense em como Remo e Gabriel vão ficar felizes com essa notícia.
- Oh meu Deus, preciso contar a eles – falei ainda em estado de choque
- Seria bom. A não ser que queira que eles descubram sozinhos... Pode ser engraçado, mas acho que eles vão demorar alguns meses para notar. Talvez quando você entrar em trabalho de parto – disse em tom sério e acabei rindo
- Não fale nada, ainda. Preciso confirmar isso antes.
- Claro. E acho seguro dizer que não vamos terminar mais nada hoje, então que tal irmos até a clínica da Patrícia? Ela deve estar com saudades...
Concordei com a cabeça e respirei fundo antes de levantar. Trancamos o restaurante e fomos direto para a clínica da nossa amiga. Nada como uma ultra-sonografia rápida para tirar de vez todas as dúvidas. Já podia ver os olhos do Remo e do Gabriel brilhando se isso se confirmasse. Apesar de assustada com essa possibilidade, não pude deixar de sorrir ao imaginar a felicidade dos dois...
Wednesday, December 05, 2007
Aumentando a família
O cheiro de café invadiu os meus sonhos e eu abri os olhos devagar, e vi que Logan estava parado ao lado da cama, segurando uma xícara numa mão e tinha os olhos fixos em mim. Ele estava usando apenas uma calça de pijama e seu cabelo estava bagunçado. Espreguiçei-me lentamente e vi que ele não perdia nenhum dos meus movimentos. Peguei o café e bebi um longo gole e falei, enquanto ele se deitava na cama novamente:
- Você sabe como acordar uma mulher. – provoquei e ele respondeu:
- Desconfio de que você só está comigo, porque sei fazer um bom café.
- É verdade, isso é essencial num homem. – e quando coloquei a xícara na mesa de cabeceira ele disse:
- Agora vou mostrar como você pode acordar mais relaxada...
- Ora, será que ainda temos talentos escondidos?? - rimos e nos beijamos.
Estes encontros matinais, estavam virando rotina, desde que voltamos a sair juntos, há duas semanas. Estávamos nos encontrando em sua casa, em Londres, e parecia que a cada dia descobríamos coisas novas um do outro. Depois de algum tempo, estávamos deitados lado a lado, e vi que ele tinha os olhos fechados. Suspirei e ele abriu os olhos me encarando sério:
- Vamos nos casar!
- Isso foi um pedido?- perguntei sorrindo, achando que era uma brincadeira, mas ele entrelaçou os dedos nos meus e disse:
- Amo você, e acho que você sente o mesmo por mim... Vamos oficializar isso. - e notei que ele estava preocupado, pois me viu ficar séria:
- Já parou para pensar que eu não poderei te dar filhos? Eu ainda sou auror, isso foi uma dos motivos por terminarmos da outra vez.
- Você sabe que meus ‘rapazes’ são lentos, mesmo que você quisesse, eu é quem não poderia te dar mais filhos. E você tem o Ty, sabe que adoro aquele garoto. E eu aceito sua profissão e todos os riscos dela, porque isso faz parte de você.
- Não poderia casar sem meus amigos novamente... - teimei
- E eu faço questão da presença de seus amigos, sei que eles vêm primeiro para você, e também aceito isso. Casa comigo?
- Sim, eu me caso com você. – respondi e ele me abraçou, enquanto voltávamos a nos beijar.
-o-o-o-o-o-o-
Eu e Logan, aparatamos próximos ao hospital trouxa, em que eu e Kyle éramos voluntários e eu estava preocupada com a mensagem que havia recebido naquela manhã. Entramos na recepção e os que me conheciam vinham me dar os pêsames pela morte de Kyle e olhavam Logan curiosos, então eu o apresentava como meu noivo, esperando ver algum tipo de recriminação nos olhos das pessoas, mas elas acabavam sorrindo e nos cumprimentando. Eu queria manter o meu trabalho no hospital, e Logan queria fazer parte disso também. Encontrei a chefe das enfermeiras, e nos abraçamos:
- Alexandra, que bom que pode vir hoje. Como você tem passado?- disse uma mulher de cabelos castanhos, e fios prateados presos num coque severo, e olhos de um castanho claro, protegidos por óculos de aro de tartaruga.
- Estou bem, senhora Wheaham. Quero lhe apresentar meu noivo, Logan Warrick. – ela me olhou séria e depois olhou Logan de cima a baixo antes de estender a mão e dizer:
- Esteve aqui há alguns anos atrás não?- olhei curiosa para Logan e ele confirmou:
- Estive sim senhora, a senhora continua com ótima aparência, além de boa memória. – e mulher me explicou após sorrir para ele:
- Lembra-se quando perdeu um bebê, acho que uns 9 anos atrás? Ele veio visitá-la durante a noite...
- Eu não sabia disso... – murmurei e Logan apertou minha mão, sinalizando que me contaria isso depois, e a mulher mudou de assunto:
- Quero que conheça uma pessoa. É um garoto, está bem machucado, e assim que estiver melhor, será levado para um orfanato. - e fomos andando pelo corredor até a ala pediátrica e nos entregou o prontuário médico que à medida que lia, eu ia ficando horrorizada. O menino sofrera maus tratos, havia sido encontrado desacordado no meio de uma poça de sangue, após uma denúncia anônima, sobre uma briga doméstica. A mãe era uma conhecida da polícia, viciada em drogas e já havia sido presa por prostituição. Segundo testemunhas, ela foi espancada por seu cliente e o homem resolvera que ela não era o suficiente e espancou o menino também. Ele estava foragido e ela morreu em conseqüência das agressões.
- Quer que o ajudemos... Por quê? – perguntou Logan, e vi que ele estava indignado com a situação do garoto.
- Bem, Alexandra e Kyle, algumas vezes conseguiram ajudar algumas destas crianças, e mesmo seus pais, nunca entendi direito o que faziam, mas o faziam bem e as coisas melhoravam. Este menino não fala nada, come apenas para se manter vivo, acostumou-se a passar fome, e nem mesmo nosso psicólogo consegue atravessar aquele muro que ele ergueu em torno de si. Sinto que este menino precisa de um tipo de ajuda que o ‘meu’ mundo não pode oferecer.
Olhei para Logan e ele fez que sim com a cabeça e eu disse para a enfermeira:
- Faremos tudo que pudermos.
- Venham comigo, está na hora da medicação dele. - e pegou os remédios e injeções, e a seguimos para entrar no quarto.
- Olá Ethan! Trouxe uns amigos meus para conhecê-lo.
Olhei para a cama e vimos um garoto com uns 8 anos, mas tão magrinho que parecia ter menos idade. Tinha cabelo loiro escuro, e olhos castanhos, que refletiram medo ao nos ver e ele disse tenso:
- Não vou para nenhum orfanato, prefiro morrer. - e fez uma careta de dor.
- Eu tenho cara de assistente social?- perguntei e olhei-o nos olhos. Ele me encarou um tempo e depois suas orelhas ficaram vermelhas e ele respondeu:
- Não. Você é diferente demais para ser uma delas.
- Obrigada, eu acho. Sou Alexandra, mas pode me chamar de Alex. - respondi sorrindo.
Logan se aproximou e levantou a mão para cumprimentá-lo e o menino se encolheu com medo. Logan recolheu sua mão e disse, como se não houvesse acontecido nada:
- Sou Logan. Como você está hoje?
- Estou bem, logo vou poder ir embora daqui, e ninguém vai... O que vocês querem?- perguntou.
- Não seja mal educado com meus amigos Ethan, são boas pessoas. - a enfermeira chamou-lhe a atenção, e ele nos olhava desconfiado. Ela foi aplicar a injeção e o menino disse teimoso:
- Não vou tomar isso.
- Você precisa tomar a injeção com o antibiótico. Pode ser do jeito fácil ou difícil. – ele olhou para o Logan, e achando que ele fosse obrigá-lo, fez mais marra.
- Não vou tomar. - e Logan disse solidário:
- Eu não gosto destas injeções também enfermeira Wheaham, não conte comigo. - e o menino o olhou com maior interesse, quando Logan foi para mais perto da porta. Olhei para Logan não acreditando no que via e intervi:
- Quer que eu segure sua mão, enquanto conto uma história? Isso ajudava ao meu filho quando ele tinha que tomar vacinas.
- Você tem um filho? Como ele é?- ele perguntou e me aproximei da cama.
- Hoje ele tem 16 anos, mas odeia tomar remédios, e quando era da sua idade e precisava tomar injeções, ele sempre fugia. Até derrubou o médico uma vez, o pobre homem caiu por cima de um armário de remédios, e precisou levar uns pontos. – e o garoto começou a rir comigo, ai perguntei:
- Posso segurar sua mão? Você sabe que a enfermeira não vai sair daqui sem te dar a injeção. - e ele timidamente fez que sim com a cabeça. Aproximei-me e comecei a contar sobre um lugar onde existiam dragões, e quando a enfermeira aplicou a injeção ele apertou minha mão forte, e quando ela acabou ele continuava a me segurar. Ficamos um tempo assim e ele disse, se soltando constrangido, e a enfermeira saía do quarto:
- Obrigado.
- Não há de que... – notei quando ele bocejou:
- Quer que a gente vá embora? Você deve estar cansado. - sugeri.
- Façam como quiser... - e quando levantei da cadeira ele falou como quem não quer nada:
- Gostei do seu cheiro. Deixou o ar daqui melhor. Se quiser voltar, não vou reclamar.
- Obrigada Ethan, muito gentil de sua parte. - ele ficou corado, para disfarçar provocou Logan:
- Eu não tenho medo de injeção, como alguns por aí. – e antes que Logan respondesse, ele fechou os olhos, parecia adormecido. Saímos do quarto e abracei Logan.
- Você tem medo de injeção?- perguntei rindo.
- Medo não, é cautela. Você viu o tamanho daquilo?- e riu comigo.
- Gostei dele Logan, e ele precisa de ajuda.
- Eu sei meu bem. Quando o vi segurando sua mão, pensei que se ele quiser ficar conosco por um tempo, seria bem vindo.
- Não será fácil. - disse pensativa.
- Eu sei que não, mas podemos fazer dar certo. E ele e eu já temos um ponto em comum.
-O quê?
- Ele também gosta do seu cheiro. Sinal de bom gosto. - riu me apertando, nos despedimos da enfermeira Wheaham e dali cada um foi para o seu trabalho, o dia ainda não havia terminado.
Tuesday, November 27, 2007
Visita da cegonha
‘Então... O que você acha?’ Perguntei preocupada e Yuri levantou os olhos dos exames que eu tinha levado para ele analisar, e sorriu.
Era o último dia das Olimpíadas. As competições dos voluntários também já estava terminando, e na manhã seguinte todas as delegações voltariam para suas próprias escolas. Decidi que era a hora ideal de contar para Sergei e Miyako que eu estava grávida, e aproveitei a tarde livre de ambos para chamá-los até o Salão Comunal da Lufa-lufa. Naquela hora, ele estava completamente deserto. Os dois se sentaram de frente para mim e me olhavam ansiosos. Suspirei.
- O que aconteceu? – Sergei perguntou preocupado e eu sorri.
- Me dêem suas mãos.
- VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA? DE VERDADE? – Miyako gritou empolgada e eu confirmei. Ela saltou em meu pescoço. – EU VOU TER UM IRMÃO!!! Ah, mamãe, estou muito feliz. Muito. Parabéns! E para você também, Sergei! – ela se livrou de mim e o abraçou, mas ele também parecia paralisado, pois estava em pé me encarando com os olhos molhados.
Quando as delegações finalmente partiram, e só restaram os voluntários em Hogwarts, convidei todos os meus amigos para uma despedida no Três Vassouras, e após todos se acomodarem e beberem uma dose de cerveja amanteigada, contei a eles. Todos pareciam tão assustados quanto eu, por um minuto, mas estão se explodiram em vivas, parabéns, abraços e etc.
- Ainda bem que você deixou para contar quando eu estivesse junto, Yulli. Ou teríamos problemas. – Scott disse e me abraçou com força.
- Eu me recusaria a contar se você não estivesse perto. Você sabe disso.
- O que você acha? Que é menino, ou menina? – Sergei perguntou enquanto eu encostava minha cabeça no peito dele.
- Não sei. O que você prefere?
- Tanto faz. Se for menina, vai ser linda como você. Se for menino, vai ser garanhão, que nem o pai. – ele disse estufando a voz, orgulhoso. Ri.
- E modesto também, eu imagino... – ele riu também e se mexeu para me encarar. Estava encantado.
- Eu te amo, já disse isso hoje?
- Já.
- Meu maior sonho sempre foi ser pai. Por isso eu me apeguei tanto ao Ty. E à Miyako. Mas agora, um meu, de verdade! É um sonho?!
- Não, Sergei, não é um sonho. Mas agora será que podemos dormir? Amanhã eu tenho que voltar para o trabalho, você tem que voltar para o trabalho... – comecei cansada.
- Dormir? Você está achando que depois de me dar uma notícia dessas vamos simplesmente dormir?
- E o que você pretende fazer?
- Não sei. Com certeza tenho planos muito melhores para comemorar essa notícia. E esses planos não se incluem algumas horas de sono.
- Ótimo. – Me sentei na cama o encarando. Ele ria maroto. – Então pode me mostrar quais são os planos?
- Posso. Posso sim. – ele riu e me puxou, me fazendo deitar de novo. Depois pulou em cima de mim.
- Estou começando a gostar desses planos... – ri puxando a camiseta dele.
- Eu disse que eram bons. – ele me deu um beijo na barriga e foi subindo até o pescoço em várias escalas. Depois disse perto do meu ouvido – Será que nosso filho já pode ouvir o que estamos fazendo? – ele perguntou parecendo assustado com a idéia e eu sacudi os ombros o puxando para um beijo.
- Se ouvir, não tem problema. Pior seria se ele pudesse ver...
Sunday, November 18, 2007
Abria as torneiras e as bolhas coloridas começaram a encher a banheira que tinha o tamanho de uma piscina semi olímpica.Entrei na banheira e as bolhas coloridas iam se desmanchando aos poucos, mas eu as reavivava. Deixei a água quente relaxar minha tensão, estava assim a não sei quanto tempo quando me senti observada. Sabia que não era alguém de carne e osso e arrisquei a única alternativa:
- O que foi Murta? – e sorri ao ouvir o bufo indignado.
- Como sabia que era eu?
- Somente você, poderia entrar aqui.
E ela após olhar pelo banheiro disse:
- Suas amigas estiveram aqui com os maridos. Aquele Lobisomen continua chato,não me deixou ficar aqui.- sorri, mas disfarcei o interesse.
- Murta, não é muito educado ficar olhando aos outros tomarem banho. - E ela nem fez conta do que eu disse, e continuou a falar:
- Mas aquele russo nunca ligou para isso. Mas aquela mulherzinha dele... Acredita que ela puxou a descarga e me mandou para o lago negro? Que falta de consideração.
Eu continuava calada, de olhos fechados curtindo meu banho:
- Seu marido depois que morreu podia ter vindo ficar comigo aqui, sempre gostei dele. Era gentil comigo.
- Murta nunca soube que você ficava olhando aos rapazes tomarem banho aqui. Atrevidinha. – pensei ter visto suas bochechas corarem, mas ela riu:
- Eu preciso arrumar coisa interessantes para fazer oras... Não dá pra ficar só me lamentando...
Sorri e tornei a fechar os olhos, quem sabe assim ela iria embora, mas Murta entendeu como um convite a continuar falando.
- Porque você não trouxe aquele seu namorado o Ben?
- Porque ele não é meu namorado Murta,foi um mal entendido.
- Ah sim, seu amigo Logan me explicou, durante o banho dele. Sabe que ele nunca teve vergonha de tomar banho na minha frente?
- Ah é? Exibicionista... - ¬¬
- Mas ele é legal além de bonito, já disse que quando ele morrer ele pode vir dividir o box comigo, não vou ficar triste.
Sorri e fechei os olhos. Ela pareceu se convencer de que não iria mais falar nada e ouvi quando ela mesma se projetou pelo ralo da pia do banheiro. Devo ter adormecido, acordei com o som de alguém entrando na banheira. Com cuidado, deslizei a mão pela borda da banheira, peguei minha varinha que estava perto e antes de apontar a varinha e estuporar o invasor, Logan emergiu ao meu lado:
- Posso ficar aqui com você?
- Como você entrou aqui? E aqui não é uma piscina pública Logan, tô tomando banho. - disse indignada, enquanto ele se aproximava mais.
- Os monitores podem entrar quando alguém está no banho. É política de segurança, já houve casos de precisarem de ajuda no passado. E a banheira está cheia, seria um crime desperdiçar tanta água assim.
- Consciência ecológica? Sei. – disse e cometi o erro de olhar para o tórax dele, quando ele passou a espuma por eles, ele percebeu que eu o olhava e disse maroto:
- Não fique vermelha, já tomamos banho juntos.
- Não estou vermelha, e meu banho já acabou e...
- Você não costuma ser covarde.
- Não sou covarde. A situação está inconveniente.
- Engraçado que não vi esta expressão em seu rosto quando dança ou fica de segredinhos com aquele diretor de Durmstrang. É, eu vi aquele velho babando em cima de você. – disse irritado.
- Igor não é um velho babão, ah mas eu entendi. Sua amiga não está por aqui. (e ele fez que não entendeu). Não ache que sou igual àquela magrela da Itália que fica deslumbrada com seu charme caipira. “ Senhor Lugán, é tão gentil com os cavalos, imagino que o seja maravilhoso com as mulheres.... O senhor não dorme junto com os outros voluntários não é?” – eu cuspi as palavras irritada.
- Você estava ouvindo, por isso fechou a cara para a garota. Ficou com ciúmes?
- Não seja idiota. Não temos nada, para que eu tenha ciúmes de você... Ainda mais com aquilo. - e sorriu perigoso
- Ofensas... Você sempre reagia assim quando eu tinha razão. - disse colocando um braço de cada lado me prendendo na parede da banheira e dizia:
- Deixei claro para aquela moça, que eu já tinha alguém, e ela não falou mais nada.
- Deixe-me ir. - falei baixo e de alguma forma me senti aliviada.
- Não até você me olhar nos olhos e dizer que não ficou enciumada. E a propósito,
McGonnagal me cedeu uns aposentos, que eram de Snape. Não são ruins e a cama é confortável.
- Não tenho ciúmes de você. Precisaria querer você para isso, e eu não o quero. Onde você dorme não me interessa. – disse o mais firme que podia e ele vacilou. Pude ver várias emoções passarem pelos olhos dele, até que a que eu menos esperava surgiu e o fez dizer:
- Mentirosa! Por mais que você diga que não, eu sempre estive em alguma parte do seu coração. Por isso ele me odiava tanto, eu sempre estive dentro de você, e você sempre soube disso. – ele quase gritou.
Olhei-o nos olhos e me senti fraca, mas não podia ceder, fazia tão pouco tempo que Kyle havia morrido, eu poderia machucar pessoas queridas, e não queria isso. Sentia medo. - ele me olhou e pareceu entender:
- Eu sei que você ainda ama ao Kyle, e sempre vai amá-lo, e eu posso conviver com isso. Mas acho que devemos descobrir se o que sentimos não é apenas saudades do passado, ela nos ronda há tempos. E se for apenas atração física, depois de hoje nos curamos e continuamos amigos. Eu tô cansado de ter esta duvida, você não? - e se aproximou mais e não resisti quando ele me beijou levemente os lábios e uma necessidade urgente se apoderou de mim, puxei-o pelo pescoço e o beijei. Acabei me rendendo ao momento, e nem notei que a água da banheira estava mais fria, após algum tempo ele perguntou, enquanto segurava meu rosto entre suas mãos e me fazia olhar para ele:
- Quem sou eu?
- Logan. - respondi.
- Eu possuo você Alex?- perguntou e percebi o olhar ansioso dele.
- Aham... - e ele riu vitorioso, e com um golpe, virei-o, e fiquei por cima dele e olhando-o nos olhos, senti uma emoção forte tomar conta de mim:
- Sou eu que possuo você Logan, sempre foi assim e vai continuar sendo. – ele riu e inverteu nossas posições novamente, colocando-me debaixo dele, e disse:
- Será como você quiser amor. Tudo o que quiser.
Friday, November 09, 2007
- Nicholas, já levantou? – bati na porta do quarto dele pela 3ª vez. Silêncio. – Nicholas?
Abri a porta do quarto e revirei os olhos. Um montinho ainda estava formado debaixo das cobertas. Puxei o lençol e Nicholas rolou para o outro lado. Quando me viu, fez cara de dor.
- Levanta, vai se atrasar pra escola
- Acho que estou doente, tio – falou com a voz fraca e tossiu. Tive que me segurar para não rir
- Doente? Está sentindo o que? – sentei na cama entrando na conversa fiada dele
- Meu estômago dói, acho que vou vomitar – ele tapou a boca pra dar mais realismo
- Nesse caso então melhor levar você ao hospital, vão colocá-lo no soro e logo vai ficar bom – já fui levantando da cama e ele sentou com os olhos arregalados
- Soro? Com agulha? – perguntou assustado e confirmei com a cabeça, ainda sério – Acho que não é para tanto, tio. Se eu ficar deitado aqui vai passar
- Boa tentativa – arranquei o lençol que ele puxou de volta e caminhei até a porta – Sai dessa cama e vai tomar banho, você vai pra escola. Vamos sair em meia hora e se tiver na cama ainda, levo você de pijama mesmo
Fechei a porta do quarto e agora tinha certeza que ele estaria na sala em meia hora de uniforme e mochila nas costas, então fui preparar o café. Tinha uma carta da Louise na bancada e li enquanto comia as torradas. Pelo que lia, eles estavam se divertindo muito com as Olimpíadas e Ben chegou a dar uma entrevista a uma amiga dos meninos de Beauxbatons. Em outro envelope tinha uma carta dos meus sobrinhos, pedindo que eu fosse até lá vê-los competir. Todos já tinham conquistado alguma medalha, com exceção de Chloe e Bridget, que só competiriam no último dia. Ainda dava tempo de vê-las e começava a repensar sobre ir até lá quando o telefone tocou. Era meu pai.
- Oi pai, tudo bem?
- Oi meu filho, está tudo indo... E você, como está? – a voz dele tinha um tom de preocupação diferente e não entendi o motivo
- Eu estou bem, na medida do possível.
- Pois é, eu fiquei sabendo pelos jornais. Por que não me contou, filho? Eu sinto muito.
- Pai, do que o senhor está falando? Andou colhendo aqueles cogumelos alucinógenos que Wayne deixou nos terrenos da casa antes de se mudar?
- Não precisa agir com sarcasmo pra amenizar a dor! Sei que um rompimento sempre é doloroso e sei o quanto você gosta do Ben!
Um minuto de silêncio. Ouvi meu pai se mexer do outro lado da linha parecendo desconfortável com o assunto e pensei alguns segundos no que ele tinha dito para ver se não tinha perdido alguma coisa, então comecei a rir.
- Pai, sério, do que está falando? Ben e eu não nos separamos, onde ouviu isso?
- Mas meu filho, saiu até no Profeta Diário, não tem lido o jornal? – ele parecia surpreso com a afirmação de que estávamos bem e aliviado ao mesmo tempo
- Não, não tenho lido nenhum jornal esses dias. Explica isso direito!
- Bem, estão dizendo que ele tem outra, a mãe do Nicholas
- Então Ben morreu e esqueceram de me avisar, e encontrou a mulher no além. Até onde sei, ela morreu!
- Olha, não sei explicar, mas está passando a entrevista que ele deu pra alguém de Beauxbatons na RRB. Ligue o rádio e vai entender melhor que eu, a memória do velho não anda boa
- Ok, não sai da linha, vou ligar o rádio
Sintonizei o rádio da estação da RRB e parecia já estar terminando. Ouvi a entrevistadora, que pela voz não devia ter nem 18 anos ainda, fazendo as perguntas e Ben respondendo. Sentei no sofá para ouvir com mais atenção.
‘E essa foi a entrevista com meu ídolo, e com o ídolo de várias outras pessoas por aqui, tenho certeza. Mais uma vez, gostaria de agradecer ao apoio de todos, aos meus amigos que intercederam para a realização desse sonho, ao Ben por ser tão simpático e maravilhoso... Mas, além dessa entrevista, há ainda algumas curiosidades sobre Ben que gostaria de compartilhar... Durante toda a semana eu me propus a perseguir Ben por todos os lugares, saber dos seus gostos, seus costumes... Seus segredos. Mesmo que ele não tenha visto, mesmo que ninguém tenha reparado. Devo dizer: há muito mais sobre Ben O’Shea do que cabem nossas vãs idolatrias!’
Me mexi no sofá curioso. Essa menina me pareceu maluca. O que ela aprontou? Que curiosidades sobre Ben ela tem pra contar?
‘Ben O’Shea, como ele mesmo disse, ama muito alguém. E agora, caríssimos ouvintes, eu tenho a honra de dizer quem é a felizarda de tanto amor e tanta sorte. Seu nome e sua identidade não são ocultos. Muito pelo contrário. A sortuda atende pelo nome de Alexandra Selene McGregor, e está trabalhando como Chefe de Segurança das Olimpíadas, junto com Ben.’
Mais um minuto de silêncio. Meu pai engasgou do outro lado da linha e senti uma lágrima escorrer no meu rosto. Em seguida explodi em gargalhadas incontroláveis. Ela era louca! Ben de caso com Alex? Era a piada do ano! Com certeza todos estão dando muita risada disso, menos Alex e Ben, claro. Pobre garota, acabou de assinar a sentença de morte. Ela continuou falando e tentei controlar mais os risos para terminar de ouvir.
‘Eu sei, eu sei como vocês estão se sentindo. Também tive um momento de completa perplexidade. Mas acreditem: o romance de Ben e Alex (e acho que já tenho intimidade para chamá-la assim) é muito antigo! Fontes seguras afirmam que eles foram grandes amigos em Hogwarts e se formaram juntos. Assim como se formaram juntos na Academia de Aurores. E MAIS: Nicholas O’Shea é na verdade NICHOLAS MCGREGOR O’SHEA, filho de Alexandra e Benjamin! Se ele nasceu fruto de uma crise no casamento de Alex, ou outra coisa qualquer, não sei responder, mas Nicholas é, sempre foi, e sempre será, fruto desse amor tão intenso e duradouro entre os dois.’
Merlin! Agora ela exagerou um pouco! Meu pai começou a tossir descontroladamente na linha e recomecei a rir. Dessa vez não consegui ouvir o resto da entrevista, mas também não acho que ela possa contar mais nada de “chocante” depois da revelação que uma das minhas melhores amigas me traiu com o meu namorado e teve um filho com ele fora do casamento! Meu rosto já estava molhado de tantas lágrimas e minha barriga começava a doer por estar me contorcendo no sofá. Nem foi preciso tranqüilizar meu pai sobre o assunto, pois ele percebeu que a garota era doida e aquilo era um bando de mentira, então me despedi dele dizendo que nos veríamos em Hogwarts e desliguei o rádio.
Nicholas apareceu na sala vestido com o uniforme da escola, mochila nas costas, cara de sono e cabelo em pé.
- Estou pronto, mas não encontrei a escova para pentear o cabelo – falou bocejando
- Tudo bem, depois eu encontro. Vai trocar esse uniforme e coloca uma roupa de frio
- Hã? Por quê? Ta fazendo calor lá fora!
- Conseguiu o que queria, não vai para a escola hoje. Alias, vai faltar por uma semana. Vamos para Hogwarts!
Nicholas ficou me olhando sem entender nada, mas a parte de que ele não ia precisar ir a escola por uma semana o animou e logo correu para o quarto para se trocar. Separei algumas roupas minhas e dele, liguei para a escola para explicar que ele faltaria por uns dias e entrei em contato com o Ministério solicitando uma chave de portal. O circo estava armado nas Olimpíadas e sentado aqui esperando os relatos é que eu não fico! Eu perco o amigo, mas não perco a piada. E ainda mais uma dessas, que renderia gozações por toda a eternidade...
Thursday, November 01, 2007
Logan estava no quadro de voluntários e eu fui pega de surpresa, afinal ele é ocupado. Mas após ver as sobrinhas dele, percebi que só um pulso forte para cuidar das garotas e Logan havia sido o escolhido. A festa de boas vindas havia sido um sucesso, sem brigas e esperávamos o mesmo desta noite, na festa a fantasia em celebração ao Halloween. Vesti a fantasia que eu havia escolhido e fui para o salão com Ben, e estávamos nos divertindo com Ty, Emily, e o professor Skoblar que se mostrava um forte candidato a fazer parte da família McGregor quando Logan apareceu ladeado pelas sobrinhas, que intimamente eu havia apelidado de encrenca ambulante, pois no primeiro dia tive que conter a grosseria delas com suas anfitriãs da república Avalon, e olhando para elas agora em suas roupas de Spice Girls, sabia que elas não haviam tomado jeito. Bastou olhar para o jeito cúmplice de ambas, enquanto eu arregalava o olho para a fantasia de Logan igual à minha e saber que ali tinha o dedo delas.
- Você deveria tirar a mulher aranha para dançar tio, formam um casal bonito.
- Claro. – respondeu Logan e começou a esticar a mão para mim, quando disse tensa:
- Não! Quer dizer... Agora eu estou trabalhando... - tentei escapar.
Olharam-me curiosos e tive explicar:
- E eu estou acompanhada e não ficaria bem...
- Não se prenda por mim, ficarei bem. E todos os aurores estão em alerta, vá tranqüila. - respondeu Ben com uma voz de velho para que as meninas não o reconhecessem, enquanto pegava a minha mão e colocava na mão do Logan, que a segurou firme, não me dando alternativa senão segui-lo para a pista de dança e começou uma musica mais calma, tínhamos que dançar junto. Parecia um complô.
E Ben, era um traidor. Vou deixá-lo sozinho na hora do jantar, para ele se sentir acuado novamente. E juro que vou fazer Yulli e Louise guardarem aqueles sorrisinhos bestas que esta na cara delas. Olha como Sergei está me olhando... No mínimo ta me considerando uma devassa... - estava perdida em pensamentos quando a voz do Logan me trouxe de volta a realidade.
- Como tem sido seu trabalho aqui?- Logan começou um assunto neutro.
- Está tudo indo bem. Os novos aurores são bem treinados, sabem obedecer a ordens. E você? O que veio fazer aqui realmente? – na hora quis morder minha língua, mas o estrago já estava feito.
- Vim trazer minhas sobrinhas. - ele respondeu.
- Sabemos que isso não era necessário. Se tivesse enviado uma coruja, eu teria dado um jeito de trazê-las em segurança.
- Mas eu queria fazer parte das primeiras Olimpíadas bruxas, assim como você e seus amigos estão fazendo. Não queria perder a festa. - ele respondeu e numa das voltas durante a música me puxou para mais perto.
- Porque você esta tensa Alex? Já dançamos juntos. E de várias formas. - disse provocante, e senti meu coração se agitar e doer ao mesmo tempo.
- Adorava dançar esta música com Kyle. E sinto a fala dele. - respondi e senti que ele ficou tenso.
- Está sendo difícil não é?
- Muito. - e olhei para ele. Vi que seus olhos também refletiam sofrimento.
- Logan...
- Eu sei... Não estou pedindo nada, só esta dança. Então por favor, olha pra mim e veja que sou eu que estou com você agora. Sempre fomos amigos e não vou admitir perder isso também. – disse rouco e concordei com a cabeça.
No final da musica o diretor de Durmstrang, pediu para dançar comigo e eu aceitei. Não queria voltar para a mesa ainda, precisava me distrair com outras coisas e nada melhor do que o trabalho.
Após algumas músicas e ouvir sobre os planos de Igor, e seu entusiasmo com as mudanças em nosso mundo, me vi trocando idéias com ele sobre as melhorias da escola e dando-lhe sugestões. Quando a música acabou, ele me levou até a mesa e voltou a circular entre os convidados. Antes de me aproximar da mesa percebi Yulli e Louise falarem algo para Remo e Sergei, e eles saírem como se estivessem fugindo de alguma coisa. Mirian falou algo no ouvido de Alucard e ele que me olhava sério, concordou e se retiraram também. Devem ter ido levar a pequena Ártemis para dormir, pois já era tarde e o número de alunos havia diminuído consideravelmente. Sentei-me e peguei um copo de água de Gilly, e comecei a tomar calmamente. Louise não fez rodeios:
- Como foi sua conversa com Logan?
- Normal. - respondi evasiva.
- Como normal? Ele estava de devorando com os olhos, e teve uma hora que vi o mesmo nos seus olhares para ele. – disse Yulli sem se conter.
- O Kyle acabou de morrer, não estou querendo romance agora, obrigada.
- Ah então ele falou algo sobre isso... - disse Louise.- Dei-me por vencida e relatei a elas toda a nossa conversa, e bebi toda a água de gilly e em seguida peguei o copo de whisky de fogo de Yulli. Notei Logan encostado ao bar, bebendo quieto, enquanto Ben, Remo e Sergei conversavam animados.
- Depois que nós o vimos naquela roupa de homem aranha, não dá pra acreditar que você não se sinta atraída por ele. O que era aquilo meu Merlin? Ah se eu não fosse bem casada. - disse Louise e rimos.
- Alex o que você sente por ele? E não venha com o lance de “ele é meu amigo”, desembucha. – intimou Yulli.
- Não quero me aventurar em nenhum relacionamento, apenas por medo de ficar sozinha entendem? E também me sinto triste, confusa, e um pouco assustada e não quero fazer nada que vá magoar ninguém. Especialmente meu filho, Emily, e Logan.
Antes que elas dissessem qualquer outra coisa, os sons de uma briga nos fizeram levantar rápido e agir. Corremos na direção do tumulto e vimos vários jovens brigando, Ty e meus sobrinhos entre eles. Griffon acertava um garoto e Seth e um garoto baixo, trocavam socos com alguns garotos de Durmstrang. Ben correu para apartar uma dupla e o garoto mexicano puxou sua barba, arrancando-a. Aí a coisa ficou pior, pois as meninas correram para agarrar o seu ídolo. Ben, era um auror formado e petrificar algumas meninas não iria causar dano nenhum. Concentrei-me nos estudantes e vi um cara grande, que reconheci como um dos técnicos da Romênia tentando sufocar o técnico da Transilvânia, e ambos gritavam palavrões em seus idiomas. Puxei-o pelo colarinho, gritando em romeno para ele parar com aquilo, e ele devia estar muito bêbado, pois tentou me acertar um soco, mas meus reflexos eram rápidos e só pegou de raspão, antes que eu tentasse subjuga-lo, Logan o arrancou do chão, empurrando-o para brigar com ele. E ambos estavam enfurecidos e não paravam de trocar socos violentos entre si.
- Logan pare com isso! - ordenei.
- Ele machucou você! – Logan disse entredentes, e novamente socou o homem. Ele só parou porque Alucard o agarrou como se ele fosse um boneco e o afastou do homem, que caía desmaiado no chão.
- Temos crianças aqui, pára com isso Warrick. – gritou Alucard e Logan balançou a cabeça tentando clarear a mente e parou. Alucard o soltou e continuamos a apartar as brigas e alguns iam parando de brigar sozinhos, quando se davam conta da situação ridícula. Corri até o Ben, e ele tentava se soltar de algumas garotas que pareciam embriagadas, e não queriam soltá-lo.
Apontei a varinha e as petrifiquei. As outras que se aproximavam pararam assustadas e eu disse:
- Vão para suas repúblicas agora ou vão virar banheiro de pombo. – disse em três línguas diferentes e elas entenderam muito bem, porque saíram correndo. Olhei ao redor e vi que os aurores que estavam inteiros mandavam os estudantes para as repúblicas. Louise e Sam já estavam medicando alguns feridos nos jardins mesmo, sem muita delicadeza.
- Você está bem Alex?- perguntou Logan, e eu me virei zangada para ele.
- O que você pensou que estava fazendo atacando aquele homem daquele jeito?
- Que merda, aquele cara bateu em você, não podia ficar sem fazer nada. – ele respondeu zangado. – respirei fundo.
- Não preciso de ninguém me defendendo. – disse séria.
- Perdoe-me por me preocupar com você.
- A prioridade aqui não sou eu, são os atletas. Suas sobrinhas estão bem, já foram para a república. - virei-me e nem vi para onde ele foi. Eu fui é gritar um pouco com os novatos da academia de aurores, pois pouco me importava se alguns deles estavam machucados pela briga. Eu queria saber quem começou esta briga e por que, para evitar que isso acontecesse no futuro, ainda tínhamos 3 semanas de jogos pela frente. Vi Ty, fazendo careta, enquanto a filha do diretor cuidava dos machucados dele, e ele ria dizendo que se ele estava ruim, era pra ver como ficou o outro cara. Acabei sorrindo vendo que meu filho e seus amigos apesar de tudo, estavam bem.
Realmente, a noite de Halloween é uma noite cheia de travessuras.
Wednesday, October 10, 2007
Cartas
‘Senhora McGregor
Após a troca de correspondências e acertos entre nossos Ministérios, é com alegria que venho convidá-la a conhecer as instalações que serão utilizadas não só pelos atletas, mas por toda a equipe de apoio e voluntários durante a abertura dos Primeiros jogos Olímpicos Estudantis. Estou á sua disposição, para todos os acertos necessários para este evento, que fortalecerá os laços de união em nosso mundo.
Igor Ivanovitch
Diretor
Instituto Durmstrang de Magia e Bruxaria
‘Alex,
Quim me convidou para chefiar a equipe médica durante as Olimpíadas junto com a Sam, até o Josh está animado com os jogos rsrs. E Remo aceitou o convite do Ben para trabalhar na segurança. Scott não vai. É eu sei, mas ele ainda não está pronto.
Nos vemos lá.
Louise S. Lupin.”
'E você acha que eu não iria dar um jeito de estar junto com vocês na época das Olimpíadas? Já dobrei a carga horária dos estagiários aqui, já avisei que só podem morrer de estafa depois que o evento acabar, e Sergei já está todo animado, diz que você pode contar com ele também.
Beijos
Yulli.'
'É claro que pode contar conosco durante as Olimpíadas, Alex. Mirian e Celas, estão animadíssimas, nossos filhos irão competir em várias provas e quero ver se Ty vai fazer uso do que aprendeu aqui. A pequena Ártemis parece entender que algo bom vai acontecer e esta sendo um amor, quase não dá trabalho. Ela está cada vez mais linda e eu cada vez mais babão rsrs.
E será bom estar junto dos amigos numa hora destas, ajuda a cicatrizar as feridas.
Abraços
A.W.Chronos'
‘Alex,
Combinei com Madame Máxime e o professor Armand e eu seremos responsáveis pela delegação de Beauxbatons. Espero que tudo esteja bem com você, e sim também sinto muita falta dele. Saudades do Ty.
Beijos
Emily”
'Mãe,
A escola está super agitada, nem acreditei quando recebi sua carta dizendo que iria cuidar da segurança junto com o tio Ben. Estou treinando muito, e ate gostando daqui. Não, não estou passando fome e nem frio. O que mais me deixa animado com as olimpíadas, é rever meus amigos, e você acredita que os picolés ácidos daqui estão achando que vão ganhar de lavada? Quero ver quando tiverem que encarar a muralha americana ou a agilidade dos franceses... Micah meu amigo americano disse que eles são muito bons no Trancabola e o cara não é de ficar contando vantagem, é amigo do Gabriel, e John disse que vai me derrubar desta vez há, há, e ele pensa que vai superar o mestre. ;) . Tomara que eles fiquem na nossa república. E Miyako vai se dar muito bem com as garotas daqui, algumas não são chatas. Jean me escreveu contando que até Desireé vai vir como voluntária e Riven vem para ajudar a equipe de tia Louise. Enfim estes jogos vão ser irados. Emily já avisou que vem.
Mãe, você pode me trazer uma caixa que deixei embaixo da minha cama? Não abra ok? São coisas pessoais hehe. E não, não vou explodir nada.
Ty'
‘Cara Alexandra
A equipe texana vai se apresentar em Durmstrang via chave de portal, conforme o esquema que você nos passou. Annabeth e o treinador da equipe de trancabola serão os responsáveis.
Tenho certeza que este evento será um sucesso.
Abraços
Paige Warrick Carter
Diretora
Escola de Magia do Texas'
“Alex
Vou estar presente em alguns jogos, pois alguns dos meus sobrinhos estarão jogando, gostaria de revê-la. Mande-me uma resposta.
L.”
'Logan
Que bom que seus sobrinhos vão competir e você irá apóiá-los. Vou estar muito ocupada cuidando da segurança do evento e supervisionando meus alunos da Academia de Aurores, com certeza nos esbarraremos em algum momento da competição.
Alexandra McGregor'
' Querida prima
Não poderemos estar presente em todas as competições, então contamos com você para cuidar dos nossos filhos. A gangue McGregor vai estar reunida e tremo em pensar nas coisas que eles podem fazer para "não ficarem entediados" ;)
Cá entre nós: Os jogos inter escolares já foram ótimos, imagina uma Olimpíada em nossa época? Teriam sido fantásticos. *Nostálgica*
Até os jogos.
Beijos de suas primas:
Alice, Hanna e Elizabeth
P.S. – Patrícia e Dylan estão brigando novamente, e acho que desta vez teremos um divórcio na família.
"Senhor Ivanovitch
Agradecemos a gentileza de seu convite, e aproveito para avisá-lo de que estarei chegando na sua escola na manhã de sexta feira, junto com alguns auxiliares dos outros membros do comitê organizador para os ajustes necessários.
Obrigada pela atenção.
Alexandra S. McGregor
Academia de Aurores"
Friday, June 29, 2007
- Scott está procurando por sobreviventes, mas não há mais ninguém na sala, Minerva não estava lá – ela falou afobada, tentando manter a voz controlada
- Acha que eles- - mas Megan não pode completar a frase, a palavra ficou presa em sua garganta
- Não, eles não conseguiriam com essa facilidade toda! – Louise falou convicta – Vou procurar por ela e ajudar Scott!
- Está na hora de me juntar a eles e pegar alguns de surpresa – Megan tirou as vestes de comensal da bolsa e vestiu – Vejo você nos jardins, não me acerte nenhum feitiço! – ela riu antes de colocar a máscara e descer as escadas correndo
Os jardins da escola já estavam sendo dominados quase em totalidade pelos comensais, mas logo dezenas de aurores e membros da Ordem da Fênix invadiram o gramado, surpreendendo-os. Era impossível distinguir quem duelava com quem, os jatos coloridos que cortavam o ar e iluminavam o espaço mesmo à luz do dia impediam uma visão clara. Trajando a manta dos comensais, eles deixaram que Megan se aproximasse sem saber quem ela era. Era um movimento arriscado, mas sua tropa estava ciente do que ela estava fazendo e isso lhe permitiu derrubar alguns deles sem grandes dificuldades.
- Potter, vá buscá-lo! – a voz rouca de Dashwood perto de seu ouvido a assustou – O Lorde das Trevas quer matá-lo pessoalmente, temos que levá-lo vivo, não se esqueça! Não posso sair daqui, terá que se virar sozinho! Dolohov e Rookwood já foram atrás dele, mas estão demorando demais com os outros! Tirem-no pelo armário que Draco consertou outra vez, depressa!
Ela assentiu com a cabeça e correu de volta para o castelo. Precisava tirar o garoto dali, aquilo tudo era por causa dele e os comensais estavam dispostos a dizimar toda a escola se fosse preciso isso para levá-lo embora. Estava tão centrada em encontrá-lo que esqueceu que ainda usava aquelas vestes. Livrou-se da máscara pelo caminho e percebeu que fez isso a tempo: Scott e Louise já estavam com as varinhas apontadas contra seu peito, prontos para derrubá-la.
- CALMA! – ela ergueu as mãos depressa e eles abaixaram as varinhas
- Por Merlin, tire essa roupa! – Scott brigou com ela, assustado por quase ter matado a irmã – Alguém do nosso lado vai acabar atingindo você!
- Essa roupa me permitiu saber que eles vieram para levar o Harry e como pretendem tirá-lo daqui, fui encarregada de buscá-lo! Onde está a Minerva?
- Na ala leste com os outros professores, tem muitos comensais lá, e sua brigada está lutando ao lado dela! – Louise respondeu aflita
- Droga, disse que eles deveriam se esconder!
- São seus alunos, Megan. Não sei o que andou lhes ensinando durante o ano, mas certamente não foi para correrem do perigo, e sim enfrentá-lo
- Preciso de ajuda para tirar o Harry daqui – Megan tinha um tom de orgulho na voz e Scott sabia que ela estava pensando nos garotos – Não posso sozinha
- Eu vou com você – Scott se pôs ao seu lado – Lou, pode ajudar os outros lá fora?
Louise concordou e logo desapareceu da vista dos dois. Os dois irmãos correram na direção oposta, sem saber aonde procurar. Era obvio que Harry não estava na torre da Grifinória como lhe foi ordenado, ele nunca obedecia a ordens superiores. O combate entre os professores e os alunos de Megan contra os comensais parecia equilibrado, e embora ela quisesse ajudar, sabia que tinha algo de mais importante a fazer naquele momento. Harry não podia morrer, ou ninguém mais seria capaz de derrotar Voldemort. Doeu-lhe muito ver que uma das meninas havia sido derrubada por um homem duas vezes maior que ela, mas ela precisava seguir.
Os gritos de várias pessoas vindo dos corredores do 7º andar chamou sua atenção e os dois dispararam escada acima. Vários alunos, muitos delas Megan reconheceu como do 7º ano da Grifinória, disparavam feitiços aleatórios em 5 homens encapuzados. Dois deles caíram desacordados, restando três. Eles avançaram na direção dos recém-chegados, mas Scott e Megan foram mais rápidos.
- ESTUPEFAÇA! – dois jatos vermelhos saíram ao mesmo tempo das varinhas dos irmãos, derrubando dois dos comensais ainda em pé
- Vá procurar o garoto, eu cuido dele! – Megan assentiu com a cabeça e no instante seguinte, Scott travava uma batalha com Dolohov
- Onde está o Harry? – Megan segurou o filho dos Longbotton antes que ele corresse. Ele tinha o mesmo distintivo dos corvinais, mas o seu era vermelho.
- Hermione e Ron o levaram daqui, foram na direção da torre de astronomia!
- Obrigado, vou atrás deles
- Eu posso ajudar você a encontrá-lo! Não sou tão bom quanto meus amigos, mas aprendi muitas coisas esse ano!
- Sei que pode, mas outras pessoas precisam mais da sua ajuda do que eu – Megan pôs as mãos nos ombros dele e sorriu – Tem um grupo de alunos no 5ª andar, perto do banheiro dos monitores, que precisa da sua ajuda. Já vi do que você é capaz, Neville, não deixe que ninguém diga o contrario e te coloque para baixo. Agora encontre quem mais puder ajudar e tire aquelas crianças em segurança dos corredores, encontrem um local seguro para todas elas, e não as deixem sozinhas, elas precisam de vocês lá!
O garoto deu um meio sorriso e apertou a varinha na mão, chamando os amigos para ajudá-lo. Megan ficou satisfeita em ver que ele liderava o grupo que estava indo ajudar os alunos do 1º e 2º ano que estavam sozinhos escondidos. Mas não havia mais tempo para sentir orgulho de alunos, e ela deixou seu irmão segurando Dolohov para ir atrás dos três.
Foi fácil encontrá-los. Com a quantidade de comensais espalhados pela escola, a corrida até a torre fora retardada diversas vezes. Hermione e Ron estavam no chão e ajudavam um ao outro enquanto Harry duelava com Mulciber, que estava com uma vantagem sobre o garoto: ele tinha coragem de usar maldiçoes imperdoáveis.
- AVADA KEDAVRA! – Megan usou a maldição da morte pela primeira vez naquela manhã. Ela só a usava quando era necessário, e aquele era um desses momentos – Depressa, os três venham comigo!
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO? Harry berrou com raiva
- Estão atrás de você, e tenho que tirá-lo daqui!
- NÃO VOU A LUGAR ALGUM, NÃO VOU FUGIR!
- Ninguém está pedindo que fuja, estou apenas dizendo que você VAI vir comigo, a menos que queira morrer aqui mesmo e não cumprir com o seu dever! Agora pare de gritar e aja como alguém a altura do fardo que está carregando!
- HARRY, VAMOS EMBORA LOGO, POR FAVOR! – agora foi Hermione que gritou quase chorando e ele se assustou, obedecendo às ordens de Megan e correndo com ela para fora do castelo
- Quero que fiquem junto de mim, não se afastem sob hipótese alguma! – ela olhou firme para Harry – Me entendeu, Harry?
O garoto assentiu com a cabeça e os quatro apertaram o passo em direção aos jardins. Megan não fazia idéia de como ia tirar o garoto dos terrenos da escola sem ser impedida pelos comensais, mas não havia tempo para parar e montar uma rota. Uma vez que eles estivessem em Hogsmeade, poderiam aparatar.
- Estão todos bem? – Megan parou quando passou por seus alunos, todos muito machucados, mas inteiros. Alguns alunos da Lufa-lufa que foram treinados por Ben e usavam um distintivo amarelo estavam entre eles
- Sim, derrubamos todos eles! – Luna Lovegood era a menos machucada e parecia ter acabado de varrer a poeira para debaixo do tapete
- Onde estão Chloe e Bridget? – Megan demonstrou preocupação na voz pela primeira vez
- Foram com Terry e Anthony checar se Malfoy e os outros ainda estavam retidos, e reforçar o feitiço se fosse necessário – Ernie MacMillan respondeu depressa
- Ótimo – ela parecia aliviada – Vocês foram excelentes. Estou orgulhosa, de todos. Agora procurem se abrigar, pois preciso tirar Harry, Ron e Hermione da escola e não quero que nenhum de vocês corra mais riscos por hoje.
- Não! – Luna encarou Megan decidida – Vamos ajudá-la a tirá-los daqui e não pode nos impedir! Vocês nos ensinaram a enfrentar nossos medos de frente, e não temer a morte se fosse para lutar por algo que acreditamos. E todos nós acreditamos que Harry pode destruir Voldemort, e para isso ele tem que sair ileso do castelo! Portanto, somos sua nova guarda!
Os alunos da Corvinal e da Lufa-lufa que ela e Ben treinaram durante o ano inteiro formaram uma fila diante dela e dos três grifinórios, as varinhas em punho e expressões adultas nos rostos, nem de longe lembrando os alunos assustados e confusos com a morte de Alvo Dumbledore do começo do ano. Ela sentiu um orgulho imenso por ter tido a oportunidade de trabalhar com eles durante um ano inteiro, e sabia que estavam todos preparados para a vida fora dos muros da escola. Sentia orgulho em saber que suas filhas gêmeas também faziam parte desse grupo, e que apesar de terem apenas 14 anos, tinham maturidade o suficiente para encarar qualquer coisa.
- Não quero ninguém se atirando para receber feitiço de outra pessoa, me entenderam?? – todos concordaram e Megan recomeçou a correr, agora com mais de 10 alunos cercando ela, Harry e os amigos
Os duelos nos jardins estavam mais controlados agora. Muitos dos comensais foram detidos pelos aurores, alguns mortos, mas muitos ainda resistiam. Haviam baixas dos dois lados, mas Megan estava concentrada em alcançar os portões e não prestou atenção aos que estavam caídos no gramado. Seguindo suas ordens, nem Harry, nem Ron ou Hermione usaram as varinhas para rebater os feitiços, e corriam junto a ela apenas repelindo os que vinham em suas direções.
- Acabaram seus truques de mágica, ranhoso? – Megan ouviu Louise provocar Snape. Eles duelavam de igual para igual a poucos metros de onde ela estava com os meninos
- CRUC- Snape começou a pronunciar o encantamento, mas nunca chegou a terminá-lo
- SECTUSEMPRA! – Louise apontou a varinha para seu peito e Snape foi derrubado com seu próprio feitiço – Gostosa a sensação, não é?
- LOU, CUIDADO! – Megan berrou e Louise virou assustada
Um lobo imenso saltava em sua direção e suas patas a derrubaram com violência, fazendo sua varinha se partir em 2 pedaços. Megan empurrou Harry para trás e ia ao socorro de Louise quando dois jatos vermelhos bateram contra a pele do lobo e ele caiu para o lado, permitindo que Louise levantasse. Remo e Carlinhos vinham correndo na direção de Fenrir Greyback lançando feitiços para cima dele, mas a fera já estava outra vez de pé e avançada depressa para cima de Louise, que estava indefesa.
- AVADA KEDAVRA! – Remo não pensou duas vezes e derrubou o lobisomem antes que ele chegasse até ela – Você está bem??
- Sim, ele só me arranhou – sua respiração estava ofegante – Lobisomens não morrem apenas com bala ou punhal de prata?
- Não seja por isso! – Carlinhos puxou uma adaga da bota e cravou no peito do lobo, forçando tanto que o som de osso se partindo pode ser ouvido mesmo em meio aos gritos ao redor deles
Certa de que todos estavam bem e já se ocupando com novos comensais, Megan correu de volta até Harry. Os alunos cobriam a área ao redor deles e estavam derrubando os comensais com sucesso, mas logo cada um estava ocupado com um diferente, restando apenas três para dar cobertura. Neville agora estava nos jardins e duelava ao lado de Luna. Eles formavam uma excelente dupla, eram sem dúvida os alunos dos quais Megan e Quim mais se orgulhavam.
- Neville, Luna, tirem Harry daqui! – Megan gritou para os dois
- Aonde você vai?? – Luna gritou sem saber o que fazer
Lucius Malfoy derrubou três de seus alunos de uma vez só e vinha correndo na direção de Harry, a varinha apontada para sua direção e uma expressão de ódio estampada no rosto pálido. Megan olhou na direção da entrada do castelo e viu Scott descer as escadas correndo direto até onde estavam. Malfoy atirou Ron para longe em um gesto rápido e apontou a varinha outra vez na direção de Harry.
- AVADA KEDAVRA!
- NÃO!! – a maldição lançada por Malfoy foi abafada pelo grito de Scott
Harry estava caído no chão, os olhos arregalados de pavor. Ao seu lado, o corpo inerte de Megan. Quando viu que Malfoy ia matar Harry, Megan se atirou em sua frente, sem pensar duas vezes. Agora Luna e Hermione gritavam para que Harry levantasse da grama, mas o garoto não se movia. Malfoy se aproximava outra vez e dessa vez não tinha ninguém para se jogar na frente dele.
- AVADA KEDAVRA!
Outra vez Harry tinha os olhos arregalados em pavor, dessa vez encarando o corpo de Malfoy desfalecido no chão. Ele desviou os olhos do corpo para ver Scott com a varinha apontada para Malfoy, sua respiração falhando e os olhos vermelhos. Os gritos de Luna e Hermione pareciam distantes com tudo que acabara de acontecer.
- Não faça com que a morte de minha irmã tenha sido em vão, Harry – a voz de Scott saiu vacilante – Vá com elas, outros darão cobertura a você quando alcançarem o portão.
O garoto sacudiu a cabeça assustado e levantou do chão, sendo agarrado pelos braços por Hermione e Luna. Neville ajudou Ron a se levantar e correram atrás deles. Logo os cinco alcançaram os portões da escola e todos os aurores e membros da Ordem haviam dominado todos os comensais. Mas o som dos feitiços cortando o ar foi substituído por choros, soluços e gritos, à medida que cada um reconhecia o corpo que Scott segurava nos braços. Sua irmã gêmea, aquele que sempre fez tudo por ele, estava morta em seus braços e ele não teve a chance de ajudá-la...
Someday I'll wish upon a star
Wake up where the clouds are far behind me
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney top that’s where you'll find me…
Somewhere Over the Rainbow
Thursday, June 28, 2007
Abriu os olhos, afastando as lembranças das últimas palavras trocadas com seu marido. Seus olhos estavam secos. Olhou ao redor e viu seus amigos a olharem com um pesar tão grande que ela queria gritar para que não fizessem isso, ou ela não iria suportar. E ela precisava ser forte. Olhou para um ponto mais afastado e Logan estava com os olhos fixos nela e parecia enviar-lhe um recado e dizer: Reaja! Você é mais forte que isso...
Sim, ela iria reagir, outros ainda dependiam dela e a guerra ainda não havia acabado. Era apenas uma trégua para as despedidas, e isso era feito em ambos os lados.
Olhou para o jovem alto ao seu lado. O filho estava sério, e vez ou outra disfarçava uma fungada. Uma mancha azulada no queixo dele a lembrou de que quase o perdera também e não conseguiu evitar um arrepio ao perceber que a dor o fizera crescer rápido demais.
Desviou os olhos para a familia reunida. Sua sogra era amparada pelos filhos, a dor em seus olhos era tão grande que ela havia envelhecido uns vinte anos da noite para o dia.
- Nenhuma mãe merece ver o filho morto, Alexandra... Esta não é a ordem natural das coisas...- as palavras dela ainda ecoavam em sua mente e para não começar a chorar, fixou os olhos nos sobrinhos, seus olhares para ela tinham a revolta misturada as lágrimas. Eles faziam uma barreira de proteção em volta de seu filho e ela conhecia o jeito de cada um daqueles garotos: eles queriam vingança e vingança só traria mais dor. Forçou-se a olhar para onde ele estava, seu coração falhou uma batida, ao vê-lo tão bonito. Parecia dormir, quase sorriu ao sentir vontade de mandar que ele se levantasse. Olhou para seus amigos buscando apoio novamente e Alucard disse telepaticamente:
- Precisamos deixá-lo ir Alex....
- Não sei se vou conseguir, Lu. Acho que ele está só dormindo...- ela teimou mais uma vez, mas respirou fundo, segurou a mão do filho e pegou a mão de Emily e caminharam juntos em direção ao barco na beira do lago. Os filhos tocaram a mão do pai em despedida e ficaram ao lado. Dava pra ver como Ty trancava o maxilar e Emily deixou suas lágrimas correrem livremente. Alex pela ultima vez beijou-o enquanto acariciava seus cabelos e sussurrou:
- Adeus meu querido. Continue a olhar por nós, esteja onde estiver.
Suas mãos tremeram quando ela levantou a tocha que segurava e ateou fogo ao barco quando ele começou a deslizar. As gaitas de fole começaram o seu lamento. O barco deslizou queimando rápido até quase o meio do lago, quando uma onda escura se ergueu e o levou ao fundo. Nessie havia vindo buscar mais um dos McGregors. As ondas ainda se remexeram por um tempo e depois se acalmaram. Começou a voltar para os amigos quando percebeu através da pele pálida e dos olhos avermelhados a fúria de Alucard atingir seu limite. Ele apenas olhou mais uma vez para onde o corpo de Kyle havia desaparecido e saiu intempestivamente. Seth e Griffon o seguiram e Mirian após um pedido de desculpas, foi atrás deles. Ela só teve forças para pedir em pensamento que eles ficassem bem. Já haviam perdido gente demais.
Remember,
I will still be here
As long as you hold me
in your memories
Remember,
when your dreams have ended,
Time can be transcended,
Just remember me
O dia finalmente havia chegado ao fim.
Ela entrou no quarto que dividiu com o marido por tanto tempo e percebeu como ele estava vazio. Olhou para o pijama dele dobrado em cima da cama e o pegou, abraçando-o junto ao corpo. Seus olhos começaram arder e sua garganta, se apertava. E ela gritou! Gritou como um animal ferido, gritou até ficar rouca, e sua cabeça girar. Sentiu-se exausta. Adormeceu agarrada ao pijama dele, como se pudesse atraves do cheiro, traze-lo de volta. Nem que fosse pra brigar com ele pela sua imprudência, pela sua traição. Sim, ele a havia traído. Não a traição através da infidelidade, mas a traição de se deixar matar. Ele não conseguiu cumprir a última promessa feita, a promessa de que ele ficaria bem e voltaria sempre para ela.
Remember
When your dreams have ended
Time can be transcended
I live forever
Remember me
Remember me
Remember…
Me.
N.AUTORA: música do filme Tróia: Remember, Josh Groban
Wednesday, June 27, 2007
- E por onde quer que a gente passe? Não íamos largá-lo no meio da floresta, pode nos ser útil de alguma maneira – Scott fez o corpo de Yaxley cair sem delicadeza alguma no chão
- Na verdade, já encontrei uma utilidade para ele. Podmore, retire suas vestes de comensal – Megan tinha uma expressão divertida no rosto e olhou para o irmão – Onde está a máscara dele?
- O que pretende fazer com isso? – ele lhe entregou a máscara, desconfiado
- Me infiltrar – ela dobrou as vestes e cuidadosamente as guardou – Mas não agora, no momento certo
- Já estão todos aqui? – Louise perguntou – Não encontramos com nenhum comensal além desse pelo caminho, e isso está estranho. Eles já deveriam estar por perto, não?
- Sim, também não estou gostando disso, estou desconfiada de que possa ter alunos da Sonserina envolvidos na operação deles
- E o que vamos fazer? McGonagall deixou claro que não poderíamos interferir nas aulas ou fazer qualquer coisa contra os alunos, a não ser que tivéssemos provas
- Não se preocupem com isso, tenho um grupo de alunos da Corvinal que venho treinando desde o inicio do ano, e eles estão me passando relatórios diários sobre os alunos dos quais estou suspeitando. Ah, ai vem um deles!
Um garoto de porte forte, alto e cabelos castanhos vinha correndo na direção do grupo, carregando uma prancheta. Era fácil notar que ao lado do brasão da Corvinal tinha um distintivo azul com as letras OdF desenhadas. Scott achou melhor não perguntar nada e apenas observou o menino se aproximando.
- Diga, Entwhistle. Algum problema? – Megan de repente ficou séria
- Professora, é a Parkinson – o garoto lhe entregou um pedaço de pergaminho e assumiu um ar adulto – Lisa e Padma estão com ela no banheiro da Murta, mas não acho que conseguirão retê-la por muito mais tempo, Malfoy e Zabini já notaram sua ausência
- Por que estão com ela presa no banheiro da Murta?
- Parkinson estava com um espelho de suas vias passando coordenadas a alguém de fora do castelo e pelo susto que levou quando as meninas a surpreenderam, nossas suspeitas se confirmam
- Ok, quero que faça o seguinte: encontre o Cornfoot, Goldstein, Boot e Corner e segurem Malfoy, Zabini, Nott, Crabbe e Goyle. Não deixem que eles se aproximem do banheiro sob hipótese alguma, prendam os cinco em algum lugar e montem guarda. E quero a Lovegood naquele banheiro em 5 minutos, encontre-a primeiro e peça que vá até lá – o garoto assentiu com a cabeça e atravessou o gramado apressado – Scott, Lou, vocês vem comigo nessa. Doge, Podmore, encontrem os outros membros da Ordem que já estão no castelo e fiquem preparados. Tenho razoes para acreditar que os comensais já estão aqui
Megan saiu andando em direção à turma que assistia à aula de Trato de Criaturas Mágicas e parou perto dos alunos. Hagrid sorriu para ela e interrompeu a aula, como se já esperasse por isso.
- Hagrid, vou ter que roubar uma de suas alunas, se me permite, é claro
- Sem problemas Megan, não precisa de minha autorização
- Claro que preciso, você é o professor! – Megan sorriu de volta para Hagrid e olhou para os alunos – Chloe, preciso que venha comigo, por favor.
Uma menina loira de olhos verdes e óculos levantou do gramado e seguiu o grupo. Ela também tinha o distintivo azul no peito e o mesmo ar sério de sua mãe. Scott riu ao ver as duas caminhando lado a lado. Chloe era Megan com 14 anos, usando óculos.
- Oi dindo, oi tia Louise – a menina falou sorrindo, abandonando o ar adulto
- Oi meu amor – Scott beijou sua testa e a abraçou, encarando a irmã em seguida - Alguém pode me explicar o que está acontecendo?
- Prometo explicar depois, quando tiver tempo. No momento, isso é algo que não temos!
ººº
Mesmo antes de pisarem no corredor do 2º andar onde ficava o banheiro da Murta-que-geme, o grupo pode ouvir os gritos de uma garota. Megan foi a primeira a correr, sendo imitada pelos demais. Uma menina ruiva abriu a porta do banheiro no momento em que eles a alcançaram e tinha o rosto arranhado e os cabelos bagunçados.
- Turpin, o que aconteceu?
- Parkinson está resistindo, nosso feitiço não está sendo suficiente para segurá-la! Padma e Su estão lá dentro, mas ela está gritando muito!
- Chloe, sabe o que fazer, não é? – a garota assentiu com a cabeça e entrou no banheiro. Os gritos ecoaram pelo corredor quando ela abriu a porta – Onde está a Lovegood?
- Aqui, já cheguei! Kevin que tirou de uma aula de Herbologia muito interessante, estávamos discutindo os efeitos colaterais em quem é mordido por uma planta carnívora...
- Depois podemos discutir sobre isso, sei tudo sobre os efeitos. Agora preciso que você use o que lhe ensinei sobre legilimência, pode fazer isso?
- Claro que posso! – Luna apontou para o distintivo e sorriu – Prometi ajudar e tenho palavra!
- Ótimo, então vamos entrar. Chloe já deve tê-la acalmado, não ouço mais gritos
Quando a porta do banheiro foi novamente aberta, não se ouviam mais gritos. Padma e Su estavam apoiadas na pia do banheiro com a respiração acelerada e Chloe estava ajoelhada em frente a Pansy, com as mãos em sua testa e os olhos fechados. Quando viu que sua mãe entrara, ficou de pé outra vez e estava fraca.
- Li, pode levar Chloe até a enfermaria?
- Eu estou bem, mãe – a garota reassumiu o ar adulto – Quero ficar e ajudar
- Vai ajudar mais se estiver em condições de se manter em pé sem ajuda. Obedeça, poderá voltar quando se recuperar
Su deixou que Chloe se apoiasse em seu ombro e seguiu para a enfermaria com ela, fechando a porta ao passar. Pansy estava presa à cadeira sem cordas, apenas com um feitiço de cola muito bem executado por Padma Patil, e foi à vez de Luna Lovegood se ajoelhar diante dela. A menina perdeu o ar lunático e desconcentrado que a marcavam e olhou Pansy dentro dos olhos muito séria.
Ninguém interrompeu o contato visual entre as duas, e o dom que Chloe possuía de enfraquecer as pessoas apenas com o toque das mãos permitiu que Luna tivesse total acesso à mente de Pansy sem que a garota a repelisse. Luna estava tão concentrada que dificilmente alguém que não a conhecesse, diria que seu apelido era Di-Lua. A garota abriu os olhos de repente e saltou do chão, procurando Megan.
- Os comensais já estão no castelo! Malfoy deixou que eles entrassem apenas há algumas horas e eles estão indo para o escritório da professora McGonagall!
- Não se chegarmos lá primeiro! – Scott abriu a porta com violência e saiu disparado com Louise ao seu lado
- Procurem os meninos, esperem que Chloe se recupere e peçam que ela faça Malfoy e seus amigos adormecerem profundamente. Alertem todos os alunos para procurarem um local seguro e não deixem que saiam de lá. Não quero nenhum aluno nos jardins, e nem vocês, isso é uma ordem!
As meninas assentiram com a cabeça e deixaram o banheiro carregando uma Pansy desacordada nos braços na direção da sala onde os meninos mantinham Malfoy e os amigos presos. O som de vidro se partindo vindo de todos os lados do castelo não deixava duvida: a guerra havia começado.
TO BE CONTINUED...
Tuesday, June 26, 2007
Resolvi colocar no papel tudo o que sei, quem sabe assim posso aliviar um pouco a saudade que sinto, e entender como o ser humano pode ser tão cruel a ponto de machucar uns aos outros sem remorso, e não se cansar disso.
Tudo começou com as informações que obtivemos sobre um ataque surpresa no vilarejo próximo da escola Beauxbatons. A escola já estava com aurores caçando um psicopata de codinome Lobo, que já havia matado algumas pessoas e seqüestrado outras. Após uma reunião com os Ministros da França, da Suécia, Irlanda, ficou decidido que faríamos nossa resistência e que os lugares alvos seriam protegidos. Teríamos que fazer isso sem o conhecimento de Rufus Strugeus, que tinha reservas contra os homens de Dumbledore, e apesar da morte dele, ainda seguíamos o ideal de proteger nosso mundo contra Voldemort, custasse o que custasse.
Estes locais seriam: Beauxbatons, o vilarejo próximo da escola, as Ilhas Hébridas, e Hogwarts. Kyle se encarregaria da segurança do vilarejo com uma equipe menor, mas experiente, eu ajudaria os outros aurores em Beauxbatons, mas se fosse preciso nos deslocaríamos ao vilarejo. Yulli ficaria no vilarejo junto com Sam e Josh, pois não poderiam ficar no castelo comigo. Até parece que eles ficariam longe da ação com o perigo rondando a nossa Miyako e os filhos de nossos amigos.
Alex fora encarregada das Ilhas Hébridas, já que Carlinhos havia ido para Londres e integrava o grupo de resistência de Megan Foutley, responsável por Hogwarts junto com Scott, Louise, Remo e Ben. Claro que lá, tínhamos McGonagal com seus professores e Hagrid, havia treinado seu irmão gigante para ajudar, tudo parecia estar nos eixos.
Infelizmente, as coisas não foram tão simples assim...
Eu estava rondando a ala norte do castelo, quando Ducasse, passou rápido ao meu lado:
- Menken, a última vítima do Lobo está com Máxime.
Ele não precisou dizer duas vezes, corremos até o escritório da diretora e a menina seqüestrada, estava machucada, mas dizia claramente tudo o que era perguntada. Então ela contou que ele estava na floresta e nisso ouvimos um barulho parecido com um tiro, alguns aurores correram para lá enquanto outros de nós mantínhamos a segurança no castelo. Enquanto aguardávamos, parecia que os estudantes haviam percebido a movimentação e começaram a se espalhar para os corredores, e por mais que disséssemos para se recolherem um ou outro conseguia burlar a ordem e paramos de nos estressar com isso, e os deixamos lá. Vi quando Miyako, Griffon e Seth se aproximaram.
- Pegaram o Lobo?- perguntou Seth ansioso.
- Parece que sim, e pelo jeito não é você. – respondi enquanto bagunçava seu cabelo.
- Ele é teimoso, só vai acreditar quando olhar bem para o safado e der um chute no traseiro dele. - respondeu Griff provocando o irmão.
- Onde está o Ty? – perguntei.
- Está com a Rory. Pode cair o mundo que nada faz ele largar a namorada. - respondeu Miyako. Ficamos conversando quando a Rory se aproximou de nós, e vinha com uma cara preocupada:
- Com licença... Vocês viram o Ty?
- Ele foi se encontrar com você nos jardins a um tempão atrás. - respondeu Miyako.
- Não, ele não foi. Ele me mandou um bilhete, disse que me encontraria na biblioteca. Esperei até agora e com esta movimentação toda vim ver se ele estava aqui. Ao ouvir a menina falar, tive um mau pressentimento e me pareceu que Seth sentiu o mesmo.
- Seth, quero que faça uma busca rápida no castelo e tente encontrar o Ty, eu vou para o outro lado, nos vemos nos jardins. Griffon, fique com elas. - como fizeram caras de que iriam desobedecer, eu disse mais enérgico:
- É uma ordem! Não ousem sair daqui.
- Sim, senhor. – eles responderam de olhos arregalados, e logo eu e Seth fazíamos nossa busca. Encontramo-nos no jardim e não havia sinal do Ty, nossa atenção foi desviada, pelo grupo de aurores vindo da floresta trazendo um prisioneiro, mas o que me gelou foi ver Ducasse trazendo um garoto no colo. Aproximamo-nos e vimos que se tratava de seu filho, e ele jazia morto.
- Havia mais alguém com ele?- perguntei apontando com a cabeça para o prisioneiro.
- Ele não falou nada. Teremos que interrogá-lo com Veritasserum. - respondeu-me Lafayette.
Durante o interrogatório, perguntei se ele havia aprisionado o Ty, mas ele disse que não. Saí porta afora e os garotos me esperavam, querendo noticias do amigo e já fui dizendo:
- Ele não está com o Ty, preciso buscar o pai dele.
- Deixa que eu vou tio, sou mais rápido. – disse Seth e assenti com a cabeça, enquanto ele com uma agilidade incrível desaparecia de vista.
- Nós precisamos fazer alguma coisa... - disse Rory nervosa.
- Vocês devem ficar aqui, não quero ter que me preocupar com a segurança de vocês. Com o Kyle e o Seth ajudando vamos achar o Tyrone logo. - disse para confortá-las, mas eu precisava ouvir isso em voz alta.
- Eu quero ajudar também. - pediu Griffon.
- Há gente aqui precisando dos seus poderes Griffon, então vá até a enfermaria e ajude no que precisar. Pegamos o Lobo, mas há comensais lá fora ainda, portanto nada de tentar um resgate sozinho. - avisei a eles e tornei a sair do castelo.
Algo me dizia que o Ty estava perdido em algum lugar, precisando de ajuda e eu estava certo. Seth me encontrou a meio caminho e seguindo sua intuição fomos rápido até uma cabana abandonada bem no meio da floresta. Chegando lá, um combate violento estava sendo travado, eram oito comensais contra dois. Kyle e Alucard lutavam com determinação, e nos pusemos a lutar também.
Vi quando uma mulher loira se aproximou pelas costas do Kyle e o atacou antes que ele conseguisse retirar o Ty do meio do fogo cruzado. Ele projetou o cotovelo para trás e a golpeou com força, e ela caiu desmaiada. Continuamos a lutar violentamente e vi quando Kyle pegou o filho e aparatou com ele. Pude ver que o garoto tinha a face pálida como papel e precisava de ajuda o mais rápido possível. Acabamos vencendo graças á força sobre humana de Alucard e Seth.
Estava conjurando cordas para prender os comensais, e levá-los ao castelo quando percebi que a mulher loira havia sumido, mas no lugar onde ela estava havia um punhal negro, sujo de sangue. Alucard se aproximou rápido e o tirou de minha mão, e o cheirou, após fazer isso soltou um urro como se tivesse sido golpeado, seus olhos estavam injetados de sangue e suas presas á mostra, isso fez os prisioneiros se encolherem, Seth começou a falar e tinha a voz embargada:
- Pai... O tio Kyle... - e Alucard apenas balançou a cabeça afirmativamente e me olhou sério. Vi a dor em seus olhos e me recusei a acreditar que algo muito sério havia acontecido com o Kyle.
Fomos até o castelo e entregamos os prisioneiros aos outros aurores. Encaminhamo-nos para a enfermaria e alguns estudantes estavam pelos corredores chorando e sussurrando sobre o que havia acontecido na floresta, Yulli havia chegado ao castelo e chorava abraçada a Miyako e Emily. Griffon disse agitado:
- Não me deixam entrar lá, tio. Sei que posso ajudar. Eu não pude fazer nada pelo tio Kyle... - e algumas lágrimas caíram de seus olhos.
- Vou cuidar disso Griff.
Respirei fundo e comecei a andar para entrar na enfermaria, quando ouvi o som de uma porta se abrindo e ao redor tudo ficou quieto. Virei-me para trás e Alexandra caminhava em minha direção. Ela estava pálida, os olhos brilhavam com lágrimas não derramadas e percebi o quanto seu maxilar estava travado. Só havia visto aquele ar dolorido em seu rosto uma vez, há muitos anos atrás, quando ela e Kyle haviam se separado na juventude. Esperei enquanto ela vinha na nossa direção, Alucard entrou na sua frente e disse rouco:
- Se eu tivesse tido mais tempo eu o faria, só para você não passar por isto.
- Eu sei meu amigo, mas ele não aprovaria e iria nos chamar de crianças irresponsáveis como daquela vez, não é? – disse com um meio sorriso e Alucard concordou com ela. Ela me olhou e disse:
- Quero ver meu filho primeiro. – e entramos na enfermaria juntos. Quando entramos a enfermeira veio rápido e disse:
- Senhora McGregor, preciso que espere lá fora, seu filho está muito machucado e... - mas ela não parou para ouvir, aproximou-se da cama e ficou encarando o corpo inerte do filho e seu queixo tremeu um pouco, mas ela se segurou, enquanto acariciava o rosto dele. - a enfermeira começou a dizer:
- Pedi ajuda ao St. Napoleon, seu filho foi torturado e não tenho os recursos necessários para fazê-lo melhorar, temo que haja seqüelas...
- Por favor, Madame Magaly, deixe Griffon Chronos entrar, ele saberá como ajudar o meu filho. Depois disso, a senhora poderá fazer a transferência para o St. Napoleon, se julgar necessário. Meu marido disse alguma coisa antes de morrer?
- Não senhora. Corremos para atender ao seu filho, nem sabíamos que ele estava ferido, só fomos descobrir quando ele caiu sem vida no corredor, nos braços da professora Emily. Após examiná-lo, verifiquei que ele foi golpeado por algum objeto envenenado, que perfurou o seu pulmão, precisou de uma força sobre humana para conseguir aparatar com o filho até aqui. - Alex fez que havia entendido, e a enfermeira se retirou. Vi quando a mulher trouxe Griffon para dentro e o levou até o Ty, isolando-os com a cortina. Alex caminhou devagar até o final da enfermaria e havia dois corpos deitados em macas. Ela passou e olhou o primeiro corpo que era de Michel Ducasse e uma lágrima caiu de seus olhos, e eu respirei fundo mais uma vez. Não pude evitar o pensamento de que poderia ser o Ty deitado ali. Demos mais alguns passos e ela parou ao lado do corpo do Kyle, ele estava todo sujo de sangue ainda, mas parecia dormir. Ela pegou um pano com água numa mesinha próxima e começou a limpá-lo devagar e acabei perguntando, enquanto a ajudava:
- Como soube Alex?
- Estava junto com a Morgan e havíamos terminado de expulsar alguns invasores da Ilha, quando olhei para frente e vi o Kyle sorrindo. No princípio achei que ele estava realmente lá, mas notei que ele tinha a mesma aparência de quando vocês se formaram na academia, até os cabelos estavam mais compridos, lembra? Andei devagar em sua direção e antes que eu chegasse perto ele sorriu e disse: "Eu vou te amar para sempre, nosso filho precisa de você", e desapareceu. Nesta hora algo aqui dentro de mim, se partiu. Senti que ele havia nos deixado. Peguei a chave de portal que ele havia me dado antes de ir para a Irlanda e vim para cá o mais rápido possível. Quando cheguei ao vilarejo, Josh me disse que ele havia vindo para o castelo, e... – e as lágrimas dela começaram a cair.
Não havia mais nada a dizer. Abracei-a e choramos juntos por um longo tempo. Eu havia perdido meu melhor amigo, o irmão que a vida havia me dado, e ela havia perdido o seu companheiro. Era dor demais para suportar, e parece que alguém lá em cima resolveu enviar ajuda. Mirian Chronos havia entrado na enfermaria e com seu abraço, aliviou a pressão em nosso peito.
Pedi a Odin com todas as minhas forças, que o sacrifício do Kyle não fosse em vão e que meu afilhado sobrevivesse. Depois que isso estivesse resolvido, eu iria atrás da assassina do meu amigo, mesmo que isso fosse a última coisa que eu fizesse na vida. Infelizmente antes do fim da guerra para salvar o nosso mundo, o nosso lado sofreria mais perdas irreparáveis.