Thursday, July 13, 2006

Se...

Do diário de Yulli Hakuna

- Para se casar a pessoa não deve somente amar a outra com toda a sua força, mas deve estar preparada para compartilhar a vida, a rotina, os problemas e as soluções...

Desliguei a tv entediada. Parece que quando se está fugindo de uma coisa, ela te cerca em todos os lados. O rádio com essas músicas românticas, a tv com essas terapeutas de casais e filmes que sempre acabam em finais felizes para os protagonistas apaixonados e além disso, os jornais e revistas resolveram publicar reportagens positivas sobre o matrimônio...

Encostei a cabeça no travesseiro a tempo de ouvir a campainha tocar.

YH: Já não era sem tempo! Meu estômago está roncando... – disse abrindo a porta. Fiquei pálida ao ver que não era entrega do restaurante e deixei o dinheiro cair. – Sergei...
SM: Posso entrar?
YH: Pode claro. Eu estava esperando uma comida que pedi...

Fechei a porta e sentei de frente pra ele ainda em choque.

YH: Então?
SM: Você pensou? – ele disse sorrindo ao ver um exemplar da revista em cima da mesa com uma noiva na capa.
YH: Ham, me desculpa, esses últimos dias foram totalmente pesados no trabalho e... Não há o que pensar sobre isso. Eu já disse, não posso... Se ele me olhar com aquele jeito abandonado eu não vou conseguir resistir...

Dito e feito. Ele levantou os olhos com a sua expressão mais carente no rosto. Ele não sabe o tanto que aquilo me desestrutura. Desviei o olhar pro chão e ficamos em silêncio. A campainha tocou de novo...

YH: Meu jantar! –levantei um pouco depressa, como se estivesse querendo uma desculpa pra sair dali a muito tempo.

Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração

YH: Obrigada.
-Boa noite.

Carreguei a comida até a mesa. Sergei continuava me encarando calado. Ok, eu precisava me acalmar e agir naturalmente... Vamos fingir que você não tem dois olhos azuis e carentes te encarando toda hora!

SM: Fugindo de mim de novo...
YH: Como? Eu estou aqui com você!
SM: E ao mesmo tempo não está. Porque você não olha pra mim e me responde que não quer e pronto?
YH: Por que... eu quero!
SM: Você quer???
YH: Eu não disse nada!
SM: Mas pensou. Quero dizer... O silêncio confirma!

Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim...
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não

Sentei novamente sem saber o que dizer. Eu queria dizer que aceitava me casar com ele, mas então alguma coisa me impedia de dizer e eu me sentia cheia de dúvidas de novo...

SM: Porque não? – ele segurou minha mão e senti um arrepio.

Porque não? Nem eu sei responder isso... Ele mora em Paris, é auror, eu aqui no Japão, tenho uma vida corrida, e com certeza a dele não deve estar fácil nesses tempos! Mas...

SM: Se você está se recusando por achar que moramos longe, ou que não teremos tempo pra nos vermos, ou qualquer outra coisa eu...
YH: Você o que? Você mora longe, trabalha o dia todo, eu tenho minha vida aqui e é bem corrida!
SM: Mas nós passamos no teste de aparatação pra isso mesmo... Em poucos segundos eu posso me locomover de lá pra cá. E o mesmo tempo que você tem pra estar em casa, eu estou tendo pra estar no apartamento!

Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não,
Mas você adora um se

YH: Isso não vai dar certo...
SM: Porque não daria?
YH: Não sei... Eu sou um tanto individualista!
SM: Eu também, mas a gente pode dar um jeito nisso juntos. Casa comigo?

Ele apertou minha mão e eu já não conseguia pensar em mais nada que opusesse isso... Ta, eu o amo, mas casar?

YH: Ai, como você é insistente! Ok, eu caso!
SM: Você não viu nada! – abrindo um sorriso e me beijando em seguida. – Eu amo você!
YH: Eu também te amo!

Depois que ele me apertou em um abraço até pensei que a vida de casada não deve ser tão ruim assim...

Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não.

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Música: Se- Djavan
Obs da autora: Aleluia, agora eu casei ela!

Tuesday, July 11, 2006

Planos perdidos – Parte II

Por Louise Graham Storm

Alguém me sacudiu desesperado e abri os olhos lentamente. Estava em uma sala branca e fortes luzes ofuscavam minha visão. Minha cabeça doía, meu corpo doía... O rosto de Scott aos poucos entrava em foco e ele parecia aliviado. Onde eu estava? O que aconteceu na noite passada? Meu amigo me puxou devagar da cama e me sentei. Olhei para meu braço, ele estava arranhado. Foi então que lembrei. Remo! Onde ele estava??

- Scott, cadê o Remo??
- Calma Lou, você esta machucada, não pode levantar ainda!
- Não, eu preciso encontrá-lo. Aconteceu alguma coisa ontem, não consigo me lembrar, acho que desmaiei e...
- Lou, o Remo... ele... ele morreu...

As palavras de Scott caíram como um baque sobre mim. Morto? Remo estava morto? O que ele acabara de dizer ainda estava sendo processado, mas eu já caia em prantos. Não podia ser! Quem o matara? Lembro de que estava sozinha com ele, ele estava prestes a me atacar e eu não estava armada, não posso ter atirado nele. E eu nunca faria isso, nem mesmo para me defender! Scott sentou ao meu lado e me abraçou.

- Comensais da morte. Alguns os seguiram ontem, você teve sorte de estar viva. Um deles a acertou com um galho de arvore e você desmaiou, mas parece que o Remo não teve a mesma sorte.
- Onde está o corpo dele? – falei com dificuldade, as palavras saiam atravessadas.
- Não encontramos nada, apenas muito sangue onde vocês estavam. Eles devem tê-lo levado e...
- Mas então ele pode estar vivo!
- Não Lou, sinto muito... Alex ouviu no Ministério alguns dos comensais capturados dizerem que ele estava morto.
- Mas a gente... Nós... – mas não consegui terminar a frase
- Eu sei... Sinto muito, de verdade. Sabe que estou aqui pro que você precisar, não é?

Scott me abraçou forte e encostei a cabeça em seu ombro, às lagrimas. Ele me explicava e eu entendia, mas não queria acreditar que fosse verdade. Nós íamos nos casar, havíamos decidido há apenas 3 dias. Agora ele estava morto e eu não sabia o que fazer, como agir. Havia desaprendido a viver sem ele... Tudo que sabia era que não queria mais ficar ali, queria ir embora pra longe, onde nada me lembrasse ele, nada me trouxesse recordações que me fizessem sofrer. Scott me apoiou, disse que talvez fosse mesmo a melhor coisa a se fazer e que iria comigo pra onde quer que fosse, bastava eu pedir. E naquele momento eu decidi: ia embora de Londres, pra nunca mais voltar.

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Acordei na manhã seguinte e instintivamente levei a mão ao peito, buscando as marcas que, por certo, ela teria deixado. Todavia, as marcas não estavam lá. Não fui baleado. Não estava morto. Ela me poupara. Suspirei aliviado e imediatamente olhei ao redor, procurando por ela. Contundo, não vi ninguém.

- Louise! – Chamei. Minha voz rouca ecoou na floresta. O som me foi devolvido, mas não obtive resposta.
- Louise! – Gritei mais alto. O resultado foi o mesmo.

Começava a ficar aflito. O que teria acontecido com ela? Teria sido atacado por alguma outra coisa que justifique eu estar vivo? Não. Não podia ser. Tinha certeza de que não havia mais ninguém conosco… De repente, parei. Um terrível arrepio percorreu minha espinha. Não, não podia ser. Não podia acreditar. Eu não tinha feito àquilo que imaginava… mas… só podia ser… aquela mancha enorme ao seu lado… aquele galho de árvore ensangüentado que jazia junto da mancha vermelha… Isso explicava porque não havia levado um tiro… eu a ataquei. Tudo que sempre temi, aconteceu: matei a pessoa que mais amara na vida.
Desesperado, me deixei cair sobre os joelhos, gritando.

Uma lágrima rolou pela minha face pálida. Acabou. Não queria lembrar mais nada, não podia mais voltar e encarar a realidade. Então me levantei com dificuldade e comecei a caminhar, sem intenção de parar enquanto não estivesse o mais longe possível, em algum lugar que não me trouxesse lembranças...

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- No que está pensando?
- Nada demais.. é que... até hoje me pergunto porque os comensais disseram que você estava morto...
- Tenho algumas teorias, mas vamos esquecer isso, é passado. Só o que interessa agora é o presente e o futuro.
- Tem razão... O que importa é que estamos juntos.
- E que nada vai nos separar dessa vez... Vamos, o vôo deles chega daqui à uma hora, é melhor irmos.
- Sim, vamos indo, deixe-me só guardar isso...

Fechei o diário e o guardei dentro da gaveta com cuidado, saindo com Remo para buscar nosso filho no aeroporto. Elas agora eram apenas lembranças ruins que eu desejava nunca mais reviver...

Sunday, July 09, 2006

Planos perdidos - Parte I

Por Louise Graham Storm

28 de Outubro de 1981


- Lou... Esta acordada?
- Ahan... – falei me virando para ele. Remo me beijou e ficou me encarando, sorrindo – O que foi? Porque está me olhando assim?
- Você... Você quer casar comigo?

Levantei da cama espantada e ele se sentou, parecendo ansioso.

- Como é?
- Vamos nos casar. Nós moramos juntos há quanto tempo?
- Quase dois anos, eu acho. Mas você...
- Eu te amo Louise, quero ficar com você pro resto da minha vida. Casa comigo?

Ele me olhava com um jeito tão meigo, os cabelos bagunçados por termos acabado de acordar. Sentei ao seu lado, o beijando.

- Eu também te amo...
- Isso é um sim?
- É...

Ele me abraçou forte e me ergueu da cama, me girando no ar. Eu o amava e iríamos nos casar. As coisas não poderiam estar melhores.

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29 de Outubro de 1981

- Ham-ham, posso falar?

Remo levantou da mesa rindo, tentando fazer com que todos calassem a boca. Estávamos com nossos amigos em um bar de Londres comemorando o noivado. Foi idéia do Scott, que insistiu que precisávamos nos encontrar para fazer um brinde a isso e aproveitar que Yulli e Alex estavam na cidade por uns dias. Então estávamos todos lá: Yul, Cott, Alex e Kyle que agora estavam casados, Mark e sua noiva, Sam e Josh que também tinham se casado, Quim, Sirius sozinho como sempre e Tiago e Lílian que já tinham ate um filho de um ano chamado Harry. Todas as diferenças da época da escola ficaram pra trás, éramos todos amigos agora.

- Então, obrigado por me aceitarem e me deixarem entrar no circulo. – falou indicando Scott, Yulli, Alex, Sam e Mark com a cabeça. Começamos a rir. - Ah qual é, vocês são um grupo bem fechado, me apoie aqui Kyle!

Os risos aumentaram quando Kyle levantou e lhe deu leves tapas nas costas, fazendo que sim com a cabeça e desejando sorte.

- Realmente, não é um grupo fácil de lidar - Kyle falou
- Mas... Vale a pena o sacrifício. Posso afirmar com toda certeza que sou o homem mais sortudo de Londres.

Ele estendeu a mão me levantando e nos beijamos. Sirius em seguida levantou também propondo um brinde a nós dois e todos ergueram as taças. Não me lembrava da ultima vez que me senti tão feliz assim...


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1º de Novembro de 1981

- Chora. – eu dizia de olhos inchados, acariciando seus cabelos. – Coloca para fora tudo o que você está sentindo. Vai te fazer bem.

Ele baixou os olhos, sem conseguir me encarar.

- Não consigo... – murmurou. – Ainda não.
- Eu estou aqui. Também estou sofrendo e é quase insuportável te ver assim. De qualquer forma, eu estou do seu lado. Se precisar de um ombro para chorar, se precisar falar, se precisar ficar quieto e calado, só assimilando tudo o que aconteceu... Eu estou aqui.

Remo me abraçou, agradecido. Ele queria falar, sim, mas as palavras pareciam presas na sua garganta, junto com lágrimas que não conseguia derramar. Ficou assim algum tempo. O calor do meu corpo pareceu tê-lo enchido de forças para falar.

- Estão dizendo que Sirius foi quem os entregou a Voldemort
- Você não acredita nisso, não é?
- Não sei no que acreditar, Lou. Ele era o fiel do segredo de Tiago e Lílian, nenhuma outra pessoa poderia ter encontrado a casa deles a não ser que Sirius falasse.
- Mas Remo, não faz o menor sentido! Sirius e Tiago sempre foram melhores amigos, quase irmãos!
- Também não faz sentido pra mim, mas não vejo outra explicação que não seja essa. Eu...
- Você o que?
- Eu preciso ter certeza. Preciso encontrar Sirius e tirar essa historia a limpo.
- O ministério inteiro já esta atrás dele, o que o faz pensar que vai achá-lo primeiro?
- Não sei, mas não posso ficar aqui sentado imaginando.
- Remo, por favor, fique aqui. Não vá fazer nenhuma besteira, as coisas já estão bem ruins.

Mas ele não me ouviu e se levantou. Fora de si, ele saiu de casa, batendo a porta. Eu o segui e olhei o céu, me lembrando. Era noite de lua cheia! Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que esquecemos por completo desse detalhe. Remo não devia estar ali, devia estar se preparando para ser acorrentado e não machucar ninguém! Estava escurecendo. Ele não podia sair de noite. A lua logo ia estar no céu...
Sai atrás dele disposta a impedir um acidente, mas tarde demais. A lua apareceu mais depressa do que o esperado e iluminou os cabelos louros de Remo, como se fossem um sol. De longe, eu o vi se transformar. Não era mais o homem que eu amava e com quem partilhava minha vida. Era um lobisomem, sedento de sangue, que corria sem rumo.
Respirei fundo e corri atrás dele. Na sua forma de lobo ele era imensamente mais rápido e, pela primeira vez desejei ter concluído meus testes de animagia, não ter abandonado o processo, para poder correr mais rápido e alcançá-lo.
Segui-o até a orla de uma floresta. Ele parara junto de uma árvore e me aproximei.
Num ápice, eu fiz menção de ir ate lá e ele abriu a boca, mostrando os caninos afiados, querendo pô-los para trabalhar. Os seus olhos não tinham mais a doçura de costume. Não possuíam qualquer expressão humana.

- Remo… - Falei com calma, tentando trazê-lo à realidade.

Em vão. Algo dentro dele o impedia de voltar a ser o jovem meigo de sempre. Algo o impedia de ser humano… E ele ia me atacar, sem dó nem piedade. Não me reconhecia…

A última coisa que me lembrava era daquele momento: ele, de caninos afiados, pronto para me atacar. Depois… não conseguia lembrar de mais nada. Perdi os sentidos. Desmaiei…

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((Continua...))

Wednesday, July 05, 2006

O recomeço de Alex e Kyle

Memórias de Alex McGregor

Londres, final de 1979
Entrava em meu alojamento na Academia de Auror, doida por um banho quando, uma coruja batia no vidro da janela. Era uma carta de Virna, dizendo que meu avô havia morrido. Sentei-me na cama e comecei a chorar. Não demorou muito e Logan entrou porta adentro e me abraçou:
AM - Como soube?
LW - Seu amigo Sergei, me avisou. Vim o mais rápido que pude...
AM - Tenho que ir até lá... Não sei... As passagens... Ele não podia ter morrido, Logan.- enquanto as lágrimas caiam.
LW – Ssshiii, calma. Já providenciei tudo, o jatinho da empresa, está à nossa espera. - sorri e me deixei embalar pelo seu abraço.

A ausência de Kyle foi muito sentida no funeral. Sergei desolado com a morte do vovô, não havia conseguido encontra-lo. A leitura d testamento seguiu-se no mesmo dia, seguindo as ordens de meu avô. Ele havia deixado para cada um de nós um imóvel em Londres e alguma soma em dinheiro. Ao final o testamenteiro me entregou uma chave, dizendo ser a chave do cofre dos meus pais no Gringotes.
Após Logan insistir muito, fui até lá e encontrei um cofre que me garantiria pelo resto da vida e alguns livros. Coloquei os livros numa caixa e fui para casa. Um dos que me chamou a atenção era um diário, bem antigo cheio de fotos e recortes, descobri ser da minha mãe e comecei a lê-lo. Lá descobri que meus pais eram Inomináveis e faziam a projeção astral junto com o pai do Kyle, mas o que me espantou mais foi o seguinte trecho...

Londres, 1961

Entramos em acordo e vamos suspender as pesquisas naquele arco. Usaremos a projeção para localização de pessoas e auxílio, isto é o melhor... Hoje é o aniversário de Alexandra e Kyle lhe presenteou com um medalhão antigo, afinal é seu padrinho.
Virna e eu nos desentendemos na casa Kinloch. Ela cismou que Alexandra é filha de Kyle, pois não puxou os cabelos claros de Connor, somente porque nas reuniões familiares Kyle nos cobre de atenções. Disse a ela que olhasse bem para mim e visse que eu e Kyle somos parecidos, mesmo sendo primos de terceiro grau. Ela se fez de surda.
Prefere acreditar que foi traída, a ouvir a razão. Nunca vi uma mulher tão insegura em relação ao amor do marido quanto Virna. Espero que você não sofra com estas loucuras da Virna, minha filha...

Londres, final de 196l.
Estamos sendo seguidos e não entendo o porquê... Connor teve a idéia de usar um espelho de duas vias para nos comunicarmos. Uma esta conosco e o outro com Kyle. Não podemos contar ao resto da família o que fazíamos no Ministério, por isso vamos nos esconder por um tempo. Não vou deixar que machuquem meu bebê.




Esta foi a última página do diário de mamãe. Ao fechá-lo notei que estava chorando por eles. Tantas confusões, tantos sofrimentos... Tudo não passou de um mal entendido. Não sou irmã de Kyle... E após todos estes anos de separação, o que eu devo esperar?
Droga e o que eu faço? – virando o anel de noivado no dedo, enquanto pegava uma valise e ia jogando algumas coisas para viajar. Iria passar o fim de semana com Logan em sua casa de campo, mas antes vou passar no apartamento que Sergei e saber do Kyle.
Desci em Traffalgar Square e fui andando até o apartamento deles ali perto. Bati na porta e Sergei atendeu:
SM - Oi Alex, que bom que veio. Kyle acabou de chegar e...
AM - Ele está aqui? Preciso contar pra ele... - e já fui entrando rápido em direção do quarto, ignorei quando Sergei me mandou esperar.
Abri a porta do quarto e entrei. Kyle estava parado no meio do quarto sem camisa. Olhou-me espantado e logo seus olhos assumiram um brilho intenso, mas ele se controlou e olhou-me serenamente:
KM - Olá, há quanto tempo... Continua impulsiva. - e começou a pôr a camisa.
Avancei doida para me jogar em seus braços quando uma moça saiu do banheiro dizendo:
- Kyle... Precisaremos reformar o banheiro antes de nos casarmos...
Fiquei parada em choque, e logo balbuciei algumas desculpas, enquanto olhava da linda moça loira para ele:
AM - Por favor me desculpem, eu não sabia....
Sai dali, e encontrei Sergei no meio do corredor:
SM - Eu tentei te alertar de que ele estava acompanhado...
AM - Tudo bem, eu vou embora.
SM - O que você queria contar a ele? Parecia importante...
Segurei o diário de minha mãe com força, e disse:
AM – Não era nada... Nada importante. Tenho que ir, Logan esta me esperando... - sai dali e me dirigi ate a casa de Logan. Fui recebida pelos elfos e fixei um sorriso no rosto, enquanto tomávamos chá e eu ouvia pela enésima vez, as reclamações da senhora Warrick, sobre como ela estar ficando velha e Logan ainda não lhe ter lhe um neto. E ele pacientemente repetiu que ela já tem netos, afinal suas irmãs, já lhe deram seis netos saudáveis.
- Mas não carregam o sobrenome Warrick, espero que você não demore a se casar. - me dando mais uma de suas diretas, que eu polidamente ignorei e a forcei a mudar de assunto, falando dos narcisos haverem florescido mais cedo.

Mais tarde no quarto ele disse:
LW - Querida, o que está havendo?
AM - Nada, Logan.
LW - Eu a conheço Alexandra, sei quando alguma coisa está perturbando-a.
AM - Andei lendo o diário de minha mãe, apenas isso.
Ele me abraçou forte, e disse:
LW - Você andou descobrindo alguma coisa ruim? Sobre seus pais?
AM - Eles não são meus irmãos. - disse de uma vez, e ele inspirou fundo como se precisasse de forças para me dizer o que veio depois:
LW - Kyle já sabe?
AM - Não.
LW - Porque não?
AM - Porque acabei de descobrir e ainda vou contar aos meus parentes; depois alguém da família conta para ele, afinal ele está de volta a Londres... Ele... Estava com a noiva dele no apartamento...
LW - Você precisa contar ao Kyle.- disse sério.
AM - Não há pressa. Assim que der eu falo. Agora temos muitas coisas a resolver com nossa viagem de férias e...
LW - Acho que você deveria resolver isto primeiro. Para ter certeza, sabe?
AM - Vamos mudar de assunto? Afinal isto é um assunto de família.
LW - Claro, eu não sou ninguém para interferir nos assuntos da sua família. - disse magoado.
AM - Desculpe, fui ríspida com você, e você não merece isto.
LW - Deixe para lá. Só quero que você resolva isto com ele. Não quero que você se sinta obrigada a se casar comigo. Se vier para mim, será porque me ama, e não para ter alguém em quem se agarrar enquanto o Kyle refaz a vida dele. - disse sério.
Comecei a brincar com uma mecha de seu cabelo, próxima do pescoço, e senti que sua pele se arrepiava.
AM - Vou contar para o Kyle está bem? Apesar de que não sei se quero que alguma coisa mude. Passou-se tanto tempo após terminar o namoro, mudamos muito nosso jeito de pensar e de agir. E no momento eu me sinto muito bem em estar ao seu lado. - disse colando meu corpo ao dele.
Ele pareceu se convencer e logo abaixava a cabeça para me beijar. Porém, quando eu fechei os olhos, era o rosto do Kyle que eu via.

Sunday, July 02, 2006

Casa comigo?

- Mas dona Yulli, as coisas aqui estão totalmente fora de foco!
YH: Escuta Sammy, eu vou chegar aí amanhã cedo e a gente vai conseguir arrumar tudo. Agora, já está tarde, porque não descansa um pouco? Você está trabalhando como um elfo doméstico enquanto os duendes do Gringotes nem se interessam com tudo isso...
- Eles não colaboram! Sempre que vou dizer que providências devem ser tomadas, eles me olham torto e dizem que do Gringotes cuidam eles... Arghh
YH: Ta vendo? Não vale a pena... Vai descansar! Amanhã a gente vê o que faz.

Depois de muita insistência, consegui desligar o celular. Sammy estava tomando conta do escritório enquanto eu estava ausente, e diariamente me ligava desesperado, me passando relatórios. Eu estava sozinha no hotel terminando de juntar minhas coisas para voltar ao Japão na manhã seguinte, quando o telefone tocou.

- Sra. Kinoshita, desculpe incomodá-la, mas tem um senhor aqui na recepção que está insistindo em subir para falar com você...
YH: E quem é? Será que não percebem que já está tarde e não é hora para visitas? –disse cansada.
- Sergei Menken. Ele insiste que é importante... Posso deixá-lo subir?

Senti a voz falhando e disse que sim. Um minuto depois ele bateu na porta do quarto e abri, fazendo sinal para entrar. Ele se sentou e observou a mala aberta em cima da cama.

SM: Então você já vai?
YH: Sim, amanhã bem cedo...
SM: Porque não fica mais uns dias?
YH: Não posso, tenho que trabalhar. O que veio fazer aqui?

Ele abriu a boca pra falar, mas não disse nada e fechou novamente. Fiquei o encarando angustiada, mas ele apenas encarou o chão em silêncio.

YH: Vai falar ou n...
SM: Casa comigo?
YH: Como? – é claro que eu tinha entendido perfeitamente a pergunta, mas o choque não conseguia me deixar raciocinar. Ele respirou fundo e levantou a cabeça me encarando.
SM: Quer casar comigo?
YH: Você... Ham? Mas...
SM: Casa ou não casa?
YH: Não, não, er, quero dizer não posso! Não dá...
SM: E porque não?
YH: Porque não dá, oras... Sergei, olha, você está confundindo as coisas.
SM: Não, você é que não está encarando elas como são. Se nós estamos juntos, ou pelo menos penso que estamos, e gostamos de ficar juntos, porque não prolongar isso para a vida toda? Eu sou sozinho, você é sozinha, eu adoro a sua filha...
YH: Mas o que acontece entre nós é só um caso...

Ele se levantou e andou até a janela.

SM: Porque você foge de mim?
YH: Eu não fujo de você... – é, bem, na verdade eu fugia dele mesmo, e nem sabia o porquê, mas a idéia de casar com alguém me apavorava.
SM: Não? Você nunca pensou em ter algo mais sério comigo... Por quê? Bom, talvez porque você não goste de mim o suficiente...
YH: Eu nunca gostei tanto de uma pessoa como gosto de você! – odiava me render ao sentimentalismo, mas a sinceridade escapou espontaneamente. Ele sorriu um pouco mais confortável.
SM: Casa comigo Yulli?

Porque ele faz isso comigo? Porque eu não conseguia, apesar de tudo, responder que sim de uma vez?

YH: Me desculpa, mas... Eu tenho a minha vida, o meu trabalho, as minhas coisas, minha filha. Eu aprendi a ser assim, a não ter nada sério com ninguém. Não dá!

Novamente o quarto caiu em silêncio. Ele foi caminhando para a porta, e antes de sair me olhou desanimado...

SM: Eu não desistiria fácil de você... Pensa sobre isso?

Um pouco constrangida, afirmei com a cabeça e ele saiu. A mente mergulhou em um mar de dúvidas e confusões. O choque ainda não havia passado, mas o que mais me assustava era que eu passava a considerar a idéia...