Dos escritos de Sergei Menken
Resolvi colocar no papel tudo o que sei, quem sabe assim posso aliviar um pouco a saudade que sinto, e entender como o ser humano pode ser tão cruel a ponto de machucar uns aos outros sem remorso, e não se cansar disso.
Tudo começou com as informações que obtivemos sobre um ataque surpresa no vilarejo próximo da escola Beauxbatons. A escola já estava com aurores caçando um psicopata de codinome Lobo, que já havia matado algumas pessoas e seqüestrado outras. Após uma reunião com os Ministros da França, da Suécia, Irlanda, ficou decidido que faríamos nossa resistência e que os lugares alvos seriam protegidos. Teríamos que fazer isso sem o conhecimento de Rufus Strugeus, que tinha reservas contra os homens de Dumbledore, e apesar da morte dele, ainda seguíamos o ideal de proteger nosso mundo contra Voldemort, custasse o que custasse.
Estes locais seriam: Beauxbatons, o vilarejo próximo da escola, as Ilhas Hébridas, e Hogwarts. Kyle se encarregaria da segurança do vilarejo com uma equipe menor, mas experiente, eu ajudaria os outros aurores em Beauxbatons, mas se fosse preciso nos deslocaríamos ao vilarejo. Yulli ficaria no vilarejo junto com Sam e Josh, pois não poderiam ficar no castelo comigo. Até parece que eles ficariam longe da ação com o perigo rondando a nossa Miyako e os filhos de nossos amigos.
Alex fora encarregada das Ilhas Hébridas, já que Carlinhos havia ido para Londres e integrava o grupo de resistência de Megan Foutley, responsável por Hogwarts junto com Scott, Louise, Remo e Ben. Claro que lá, tínhamos McGonagal com seus professores e Hagrid, havia treinado seu irmão gigante para ajudar, tudo parecia estar nos eixos.
Infelizmente, as coisas não foram tão simples assim...
Eu estava rondando a ala norte do castelo, quando Ducasse, passou rápido ao meu lado:
- Menken, a última vítima do Lobo está com Máxime.
Ele não precisou dizer duas vezes, corremos até o escritório da diretora e a menina seqüestrada, estava machucada, mas dizia claramente tudo o que era perguntada. Então ela contou que ele estava na floresta e nisso ouvimos um barulho parecido com um tiro, alguns aurores correram para lá enquanto outros de nós mantínhamos a segurança no castelo. Enquanto aguardávamos, parecia que os estudantes haviam percebido a movimentação e começaram a se espalhar para os corredores, e por mais que disséssemos para se recolherem um ou outro conseguia burlar a ordem e paramos de nos estressar com isso, e os deixamos lá. Vi quando Miyako, Griffon e Seth se aproximaram.
- Pegaram o Lobo?- perguntou Seth ansioso.
- Parece que sim, e pelo jeito não é você. – respondi enquanto bagunçava seu cabelo.
- Ele é teimoso, só vai acreditar quando olhar bem para o safado e der um chute no traseiro dele. - respondeu Griff provocando o irmão.
- Onde está o Ty? – perguntei.
- Está com a Rory. Pode cair o mundo que nada faz ele largar a namorada. - respondeu Miyako. Ficamos conversando quando a Rory se aproximou de nós, e vinha com uma cara preocupada:
- Com licença... Vocês viram o Ty?
- Ele foi se encontrar com você nos jardins a um tempão atrás. - respondeu Miyako.
- Não, ele não foi. Ele me mandou um bilhete, disse que me encontraria na biblioteca. Esperei até agora e com esta movimentação toda vim ver se ele estava aqui. Ao ouvir a menina falar, tive um mau pressentimento e me pareceu que Seth sentiu o mesmo.
- Seth, quero que faça uma busca rápida no castelo e tente encontrar o Ty, eu vou para o outro lado, nos vemos nos jardins. Griffon, fique com elas. - como fizeram caras de que iriam desobedecer, eu disse mais enérgico:
- É uma ordem! Não ousem sair daqui.
- Sim, senhor. – eles responderam de olhos arregalados, e logo eu e Seth fazíamos nossa busca. Encontramo-nos no jardim e não havia sinal do Ty, nossa atenção foi desviada, pelo grupo de aurores vindo da floresta trazendo um prisioneiro, mas o que me gelou foi ver Ducasse trazendo um garoto no colo. Aproximamo-nos e vimos que se tratava de seu filho, e ele jazia morto.
- Havia mais alguém com ele?- perguntei apontando com a cabeça para o prisioneiro.
- Ele não falou nada. Teremos que interrogá-lo com Veritasserum. - respondeu-me Lafayette.
Durante o interrogatório, perguntei se ele havia aprisionado o Ty, mas ele disse que não. Saí porta afora e os garotos me esperavam, querendo noticias do amigo e já fui dizendo:
- Ele não está com o Ty, preciso buscar o pai dele.
- Deixa que eu vou tio, sou mais rápido. – disse Seth e assenti com a cabeça, enquanto ele com uma agilidade incrível desaparecia de vista.
- Nós precisamos fazer alguma coisa... - disse Rory nervosa.
- Vocês devem ficar aqui, não quero ter que me preocupar com a segurança de vocês. Com o Kyle e o Seth ajudando vamos achar o Tyrone logo. - disse para confortá-las, mas eu precisava ouvir isso em voz alta.
- Eu quero ajudar também. - pediu Griffon.
- Há gente aqui precisando dos seus poderes Griffon, então vá até a enfermaria e ajude no que precisar. Pegamos o Lobo, mas há comensais lá fora ainda, portanto nada de tentar um resgate sozinho. - avisei a eles e tornei a sair do castelo.
Algo me dizia que o Ty estava perdido em algum lugar, precisando de ajuda e eu estava certo. Seth me encontrou a meio caminho e seguindo sua intuição fomos rápido até uma cabana abandonada bem no meio da floresta. Chegando lá, um combate violento estava sendo travado, eram oito comensais contra dois. Kyle e Alucard lutavam com determinação, e nos pusemos a lutar também.
Vi quando uma mulher loira se aproximou pelas costas do Kyle e o atacou antes que ele conseguisse retirar o Ty do meio do fogo cruzado. Ele projetou o cotovelo para trás e a golpeou com força, e ela caiu desmaiada. Continuamos a lutar violentamente e vi quando Kyle pegou o filho e aparatou com ele. Pude ver que o garoto tinha a face pálida como papel e precisava de ajuda o mais rápido possível. Acabamos vencendo graças á força sobre humana de Alucard e Seth.
Estava conjurando cordas para prender os comensais, e levá-los ao castelo quando percebi que a mulher loira havia sumido, mas no lugar onde ela estava havia um punhal negro, sujo de sangue. Alucard se aproximou rápido e o tirou de minha mão, e o cheirou, após fazer isso soltou um urro como se tivesse sido golpeado, seus olhos estavam injetados de sangue e suas presas á mostra, isso fez os prisioneiros se encolherem, Seth começou a falar e tinha a voz embargada:
- Pai... O tio Kyle... - e Alucard apenas balançou a cabeça afirmativamente e me olhou sério. Vi a dor em seus olhos e me recusei a acreditar que algo muito sério havia acontecido com o Kyle.
Fomos até o castelo e entregamos os prisioneiros aos outros aurores. Encaminhamo-nos para a enfermaria e alguns estudantes estavam pelos corredores chorando e sussurrando sobre o que havia acontecido na floresta, Yulli havia chegado ao castelo e chorava abraçada a Miyako e Emily. Griffon disse agitado:
- Não me deixam entrar lá, tio. Sei que posso ajudar. Eu não pude fazer nada pelo tio Kyle... - e algumas lágrimas caíram de seus olhos.
- Vou cuidar disso Griff.
Respirei fundo e comecei a andar para entrar na enfermaria, quando ouvi o som de uma porta se abrindo e ao redor tudo ficou quieto. Virei-me para trás e Alexandra caminhava em minha direção. Ela estava pálida, os olhos brilhavam com lágrimas não derramadas e percebi o quanto seu maxilar estava travado. Só havia visto aquele ar dolorido em seu rosto uma vez, há muitos anos atrás, quando ela e Kyle haviam se separado na juventude. Esperei enquanto ela vinha na nossa direção, Alucard entrou na sua frente e disse rouco:
- Se eu tivesse tido mais tempo eu o faria, só para você não passar por isto.
- Eu sei meu amigo, mas ele não aprovaria e iria nos chamar de crianças irresponsáveis como daquela vez, não é? – disse com um meio sorriso e Alucard concordou com ela. Ela me olhou e disse:
- Quero ver meu filho primeiro. – e entramos na enfermaria juntos. Quando entramos a enfermeira veio rápido e disse:
- Senhora McGregor, preciso que espere lá fora, seu filho está muito machucado e... - mas ela não parou para ouvir, aproximou-se da cama e ficou encarando o corpo inerte do filho e seu queixo tremeu um pouco, mas ela se segurou, enquanto acariciava o rosto dele. - a enfermeira começou a dizer:
- Pedi ajuda ao St. Napoleon, seu filho foi torturado e não tenho os recursos necessários para fazê-lo melhorar, temo que haja seqüelas...
- Por favor, Madame Magaly, deixe Griffon Chronos entrar, ele saberá como ajudar o meu filho. Depois disso, a senhora poderá fazer a transferência para o St. Napoleon, se julgar necessário. Meu marido disse alguma coisa antes de morrer?
- Não senhora. Corremos para atender ao seu filho, nem sabíamos que ele estava ferido, só fomos descobrir quando ele caiu sem vida no corredor, nos braços da professora Emily. Após examiná-lo, verifiquei que ele foi golpeado por algum objeto envenenado, que perfurou o seu pulmão, precisou de uma força sobre humana para conseguir aparatar com o filho até aqui. - Alex fez que havia entendido, e a enfermeira se retirou. Vi quando a mulher trouxe Griffon para dentro e o levou até o Ty, isolando-os com a cortina. Alex caminhou devagar até o final da enfermaria e havia dois corpos deitados em macas. Ela passou e olhou o primeiro corpo que era de Michel Ducasse e uma lágrima caiu de seus olhos, e eu respirei fundo mais uma vez. Não pude evitar o pensamento de que poderia ser o Ty deitado ali. Demos mais alguns passos e ela parou ao lado do corpo do Kyle, ele estava todo sujo de sangue ainda, mas parecia dormir. Ela pegou um pano com água numa mesinha próxima e começou a limpá-lo devagar e acabei perguntando, enquanto a ajudava:
- Como soube Alex?
- Estava junto com a Morgan e havíamos terminado de expulsar alguns invasores da Ilha, quando olhei para frente e vi o Kyle sorrindo. No princípio achei que ele estava realmente lá, mas notei que ele tinha a mesma aparência de quando vocês se formaram na academia, até os cabelos estavam mais compridos, lembra? Andei devagar em sua direção e antes que eu chegasse perto ele sorriu e disse: "Eu vou te amar para sempre, nosso filho precisa de você", e desapareceu. Nesta hora algo aqui dentro de mim, se partiu. Senti que ele havia nos deixado. Peguei a chave de portal que ele havia me dado antes de ir para a Irlanda e vim para cá o mais rápido possível. Quando cheguei ao vilarejo, Josh me disse que ele havia vindo para o castelo, e... – e as lágrimas dela começaram a cair.
Não havia mais nada a dizer. Abracei-a e choramos juntos por um longo tempo. Eu havia perdido meu melhor amigo, o irmão que a vida havia me dado, e ela havia perdido o seu companheiro. Era dor demais para suportar, e parece que alguém lá em cima resolveu enviar ajuda. Mirian Chronos havia entrado na enfermaria e com seu abraço, aliviou a pressão em nosso peito.
Pedi a Odin com todas as minhas forças, que o sacrifício do Kyle não fosse em vão e que meu afilhado sobrevivesse. Depois que isso estivesse resolvido, eu iria atrás da assassina do meu amigo, mesmo que isso fosse a última coisa que eu fizesse na vida. Infelizmente antes do fim da guerra para salvar o nosso mundo, o nosso lado sofreria mais perdas irreparáveis.
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