Saturday, January 27, 2007

Armadilhas do destino...- parte 2

Memórias de Alex McGregor

A pouca luz no quarto mostrava dois homens conversando. Um era loiro e tinha o rosto e as roupas amassadas pelo sono. O moreno andava de um lado a outro, falando ansiosamente:
- Você terminou o noivado? Por quê? Seria tão bonito dois casamentos na família... – e o loiro chamado Sergei fazia uma cara debochada.
- Elizabeth terminou comigo. Disse que estávamos nos precipitando, que eu não tinha certeza dos meus sentimentos, e... - respondeu o moreno chamado Kyle.
- E? – insistiu o loiro.
- Ela disse que eu falei o nome da Alex enquanto... Quer dizer... Numa hora imprópria entende?- respondeu o moreno sem graça.
- Uau, e ela te deixou viver depois disso? Huahuahua – gargalhou Sergei.
- Pára de rir Sergei. É sério. - resmungou Kyle.
- OK, mas porque eu acho que você está aliviado com o fim do seu noivado? Não faça esta cara ultrajada. Você chegou aqui e me acordou pra contar do chute que levou, então vai me escutar. Desde que o Warrick te contou que você e a Alex não eram irmãos, você mudou.
- Mudei como?
- Você está mais feliz. E isto pra mim só pode significar uma coisa: você vai roubar a noiva dele não é?
- Eu só quero saber se ela ainda sente o mesmo por mim, seria isso errado?
- Não. Mas procure ser cuidadoso. Ela pode realmente ter partido pra outra.
- Não, ela ainda tem dúvidas.
- Porque você diz isso?
- Ainda vejo aquela luz nos olhos dela... Aquela curiosidade de quando ela tinha 15 anos, e isso faz meu sangue correr mais rápido. – o loiro riu e disse:
- Vai ser uma briga boa...
- Entre o garoto e eu?- o moreno disse presunçoso.
- Não meu amigo, entre a Alex e você. Ela vai querer que você a reconquiste, e não vai facilitar.
- Verdade. Mas eu vou me esforçar bastante.
- Ótimo. Agora vamos dormir porque precisamos estar de pé daqui algumas horas. - disse o loiro cobrindo-se e virando-se para o lado.
A luz se apagou e o apartamento mergulhou em silencio.


Alguns dias depois...

- Ai que tédio... Nada de emocionante acontece há dias..- reclamava novamente Michael.
- Pára de reclamar, queria que o outro lado, estivesse nos dando trabalho e machucando gente?- disse Megan.
Eu apenas observava os dois enquanto fazia uma lista de coisas a fazer antes do meu casamento com Logan. Os outros estavam perdidos tentando usar as roupas trouxas que Kyle havia mandado. Logo ele chegou todo agitado, usando jeans e jaqueta. Uma sombra de sorriso começou ao me ver, mas ele se controlou.
KM - Trouxeram dinheiro trouxa? Sabem usa-lo?
MS - Sim, a Alex nos ensinou direitinho.
KM - Bem, então vamos, o dia vai ser longo, estão nos esperando.
Saímos dali, e fomos para o lado trouxa, pegamos o metrô fomos para o subúrbio. Ele ia nos dando instruções por todo o caminho.Chegamos num hospital trouxa, e antes de entrarmos Kyle disse:
KM - Aqui sou conhecido como capitão McGregor, e faço trabalho voluntário no hospital. Todos farão o serviço que pedirem sem reclamar por hoje, e sem magia. Vocês são cadetes da Academia de polícia.
- Porque faremos isso senhor?- perguntou Michael.
- Isso é para que nunca nos esqueçamos que bruxos e trouxas sofrem igual. Alguns lá fora pregam que somos melhores que eles, mas não somos. Eles merecem viver neste mundo tanto quanto nós, e cabe a nós aurores nunca deixar de entender isso, para realizarmos bem nosso trabalho.
Meus colegas estavam abismados e eu estava curiosa. Nunca soube que Kyle fazia isso.
Entramos no hospital e uma enfermeira que devia ser a chefe veio nos receber. Fomos separados e ajudamos em tudo que era pedido, arrumar estoques, trocar os leitos, ajudar a dar banhos em pacientes, e após terminar minhas tarefas a enfermeira veio falar comigo:
ENF - Cadete McGregor, está ocupada?
AM - Não, e pode me chamar de Alex, senhora.
ENF - Alex, será que você podia nos ajudar na ala pediátrica? Algumas crianças estão agitadas demais, e precisamos distraí-los para o bem dos outros.
AM - Claro.
Fui com ela até a ala pediátrica e entrei num quarto com algumas crianças. O lugar era enfeitado com aviões, ursinhos com pára-quedas nas paredes, alem das cores serem suaves. Apresentei-me e perguntei se eles gostariam de ouvir uma história.
- Ah mas isto é muito chato....
- Aposto que são daquelas histórias melosas, afinal ela é uma garota...
AM - Não sei o que tem de meloso num jogo de vassouras voadoras, numa guerra travada pelos Texugos contra os Corvos pela Taça de Cristal ...- e fui saindo porta afora.
- Espera, moça.... Eles voam? Igual foguete? - Perguntou o garoto que disse que seria chato.
- Sim, em vassouras e são bravos guerreiros....
Então comecei a contar a historia e fazia caras, bocas e vozes diferentes, para atrair a tenção dos garotos, e houve um momento em que me senti observada, mas logo me concentrei nas aventuras dos guerreiros texugos.
No final todos aplaudiram, pois algumas enfermeiras e pais pararam para ouvir.
AM - A senhora sabe onde encontro o Capitão McGregor?
ENF - Ele deve estar com os bebês. Se eu fosse uns 10 anos mais jovem, adoraria ganhar um colo daqueles. - ela disse e demos risada.
Explicou-me o andar e fui até lá para perguntar se podia ir embora, pois havia acabado meu trabalho e os outros já haviam ido embora.
Encontrei a enfermaria e pelo vidro vi Kyle com um bebê no colo. Ele embalava a criança com cuidado, fiquei hipnotizada pela cena, pois nunca havia visto algo tão terno e ao mesmo tempo sexy. Senti minha boca seca.
Ele percebeu que era observado e olhou para mim. Logo uma enfermeira veio até a porta.
ENF - Oi, o senhor McGregor pediu pra você entrar, venha por aqui. - e me conduziu a uma sala, onde eu coloquei as mesmas roupas que Kyle usava e fui encontrá-lo.
KM - Aconteceu alguma coisa?
AM – Está tudo bem. Fui dispensada e queria saber se podia ir embora.... - nesta hora fomos interrompidos pela enfermeira:
KM - Kyle tem um prematuro vindo aí, já acabou?
KM - Sim, pode mandar. Se quiser ir pode ir Alex, eu preciso ficar. Vá encontrar seu noivo.
AM - Logan está viajando, e posso ajudar mais um pouco. O que eu preciso fazer?- disse pra enfermeira.
ENF - É só ficar com o bebê no colo por um tempo, dando carinho, para ele sentir-se amado entende? São prematuros, e precisam de carinho extra.
AM - Eu ajudo com ele. - e nesta hora uma enfermeira entrou empurrando uma encubadora com um bebezinho dentro. Era tão frágil e fiquei enternecida por ele. Ensinaram-me o que deveria fazer e passei algum tempo com aquele bebê.
Engraçado que ao olhar para a criança me pegava pensando em como seria eu ter o meu filho e comecei a divagar: Um filho com olhos cinzentos... Que loucura a minha os filhos do Logan teriam olhos negros ou verdes como os meus.
E começava a me sentir estranha, como se estivesse com febre.
Vez ou outra meus olhos encontravam o de Kyle e ele me olhava de um jeito estranho. Já tinha visto aquele olhar antes, era quando ele tinha ótimas cartas no jogo de poker e com isso ele podia provocar á vontade. Ri lembrando-me das brigas que ele tinha com Sergei por causa disso e percebi quando ele invadiu minha mente e começou a rir também. A enfermeira apenas nos olhava e dizia: Ah estes jovens...
Ao final da noite, fomos dispensados pelo médico responsável pela UTI Neonatal, e saímos para ir embora.
KM - Quer comer alguma coisa? Pelo que me disseram você não comeu direito o dia todo, e sua performance como contadora de histórias merece um prêmio.- disse sorrindo.
AM - Então era você? Não estou com fome, mas gostaria de tomar um café.
Andamos silenciosos até um café ali perto e nos sentamos para comer. Eu acabei de rendendo ao cheiro delicioso que vinha da cozinha e pedi algumas panquecas para comer com melado. Kyle estava faminto, pediu hambúrguer duplo com fritas, refrigerante e um milk shake.
AM - Uau, já me sinto satisfeita em ver toda esta comida.
KM - Você sabe que sou guloso. – lá estava aquele olhar provocante novamente junto com o comentário de duplo sentido. Resolvi jogar água fria nele.
AM - Eu sei como é... Logan depois de comer muito, ainda consegue espaço para a sobremesa. – dei uma risadinha maliciosa e ele ficou sério.
Comemos em silêncio e volta e meia trocávamos olhares, não resisti quando seu queixo ficou sujo de mostarda e limpei com a ponta do dedo. Ficamos nos olhando e perguntei para espantar aquele momento:
- Há quanto tempo trabalha no hospital?
- Desde que voltei, deste ultimo trabalho no exterior. O sobrinho do mestre Khan é médico intensivista lá, e precisava de voluntários para ajudar na pesquisa, e acabei ficando.
- Ele é trouxa?
- Bruxo, mas trabalha com os trouxas e os bruxos. Como sua amiga Louise vai fazer.
Então nos pusemos a falar das profissões que cada um de meus amigos seguiu, pois precisávamos de um assunto seguro. Depois que comemos, fiz menção de me levantar para ir embora e ele levantou junto:
- Eu vou levar você em casa. - ele disse e pelo tom não havia argumentação.
Ele me levou ate a porta do meu prédio e dali desaparatou para seu apartamento.
A cada dia que passa fica mais difícil não pensar nele. Ele ainda acredita que sejamos irmãos...
O que eu faço???

Friday, January 19, 2007

Armadilhas do destino...

Diário de Alex McGregor

Estava fazendo uma arrumação no meu closet quando uma caixa caiu no chão e espalhou várias coisas. Abaixei-me para juntar e encontrei uma foto antiga: era o meu primeiro dia no meu emprego de auror e alguns amigos que não via há muito tempo estavam nela.
Lembrei das alegrias e dos problemas que eu tive naquele ano de 1981.

Após a reunião de família onde eu não tive coragem de contar ao Kyle que não éramos irmãos, Logan e eu voltamos para Londres. O fato de ter um dom como a projeção astral, me dava créditos nas matérias da academia, eu iria me formar antes do tempo, portanto já poderia começar meu estágio. Cheguei cedo, e no andar indicado encontrei mais cinco pessoas esperando ansiosas, respirei aliviada quando encontrei Megan Foutley entre eles. Significava que trabalharíamos juntas. Ficamos por ali conversando, e eu estava de costas para o corredor, e falei brincando:
- Espero que nosso chefe não seja um gordão frustrado e careca, senão vai nos fazer trabalhar feitos escravos. - e começamos a rir, mas logo os meus colegas pararam de rir com os olhos arregalados.
- Não sou gordo e nem frustrado senhorita McGregor, e costumo ser justo com minha equipe. – era Kyle parado atrás de mim, junto com outro auror que não conhecia, mas tinha feições familiares.
- Bom dia a todos! Sou Kyle McGregor e serei responsável pelo estágio de vocês aqui e este é meu assistente Gideon Prewett. Vamos para nosso escritório, já temos trabalho esperando.
Entramos numa sala cheia de bisbilhocopios, sensores de segredos e alguns começaram a apitar como doidos. Ficamos meio constrangidos e Kyle, dando uma risadinha cínica, sacudiu a varinha e eles silenciaram.
- Vou avaliar o desempenho de cada um e deixo claro que não serei coagido por bajulações, presentes ou mesmo pelo sangue, nome de família ou quaisquer outros sentimentos. - olhando-me diretamente fazendo com que todos olhassem para mim.
AM - Não se preocupe Kyle, não vou dar trabalho.
KM – Prefiro ser chamado de senhor. – disse frio.
AM - Desculpe... Senhor. - respondi com o rosto afogueado e ele continuou:.
KM - Primeiro ponto: minhas ordens são obedecidas sem questionamentos. – (olhou para todos e seus olhos se detiveram em mim alguns segundos). Vamos realizar algumas buscas ordenadas pelo ministério em alguns locais suspeitos. Creio que todos aprenderam técnicas de defesa pessoal e operações em grupo. Somos uma equipe e ninguém é deixado para trás. Fui claro?
E assentimos positivamente. Continuou falando sobre as regras do departamento, ate que tocou num ponto delicado: os alojamentos mistos. Eu e Megan nos olhamos curiosas e logo depois descobrimos o que era: Não havia divisões entre os alojamentos feminino e masculino. Éramos aurores e todos “iguais”, portanto nossos chuveiros, nossos armários, as camas onde dormiríamos quando dobrássemos turnos, ficariam todos juntos sem separações. Kyle, e ele deve ter notado o quanto eu estava desconfortável com a situação e sugeriu:
KM - Vocês podem combinar um jeito de dar privacidade uns aos outros, especialmente para as moças.
Megan e eu nos olhamos decididas a não pedir concessões por sermos mulheres e respondi:
AM - Não será necessário senhor.
KM - Como quiserem. - e deu de ombros.
No final de um mês, após exaustivos treinos de defesa pessoal e regras surgiu uma missão. Lá fomos nós para nossa primeira “batida” na travessa do Tranco, pois o lado das Trevas estava crescendo. Alguns locais começavam a fechar as portas quando chegávamos, mas quando viam as ordens do ministério, liberavam nossa entrada. Alguns espertinhos tentavam fugir pelas portas dos fundos, mas sempre havia alguém de guarda.
Revistamos várias lojas e a última era num beco bem sujo e escuro:
- Vamos juntos nesta última loja.
Enquanto olhávamos tudo, notei um tapete no chão e olhei fixamente.
- O que você está olhando?- Kyle perguntou.
- O tapete...
- Se gostou dele, volte depois para comprar. – respondeu..
- Não é estranho um lugar sujo destes, e só este tapete estar limpo?
- Mulheres e sua mania de limpeza, vai ver o tapete é o preferido. - disse Michael e começou a rir com os outros rapazes. – ignorei seu comentário e abaixei para levantar o tapete e descobri embaixo dele uma tábua recortada em forma de alçapão, e o riso deles morreu.
Fiz sinal para se prepararem e fui abrir o alçapão. Depois de aberto, Michael foi à frente e fez um reconhecimento parcial do local, disse que estava tudo liberado e nós descemos. Kyle e eu fomos andando por entre as coisas quando notei um armário, com algumas coisas esculpidas na frente da porta, adiantei-me para abri-la e ouvi um grito:
- Cuidado!- Kyle se jogou em cima de mim, bem na hora que o armário explodiu. Voaram pedaços de madeira para todo lado, e ficamos caídos no chão, um por cima do outro.
KM - Tudo bem?
AM - Sim.
Ele levantou-se e me puxou junto, soltando-me em seguida. Depois que nos separamos ele disse bravo:
KM - Nunca mais abra nada suspeito, sem verificar o interior com o seu dom antes, fui claro?
AM - Sim, senhor. Obrigada, senhor.
Fizemos uma enorme apreensão de artefatos das Trevas, e o dono da loja foi mandado para julgamento.
Após horas fazendo relatórios, revendo passo a passo da missão, os erros e acertos, fomos dispensados. Como estava coberta de poeira e não teria tempo de ir para casa me aprontar para sair com Logan, resolvi tomar um banho no alojamento.Havia acabado quando, a porta do box se abre repentinamente.
Minha primeira reação foi tentar me cobrir, mas com o quê? A tolha estava longe e Kyle parado na minha frente, impedindo minha passagem.
AM - O que você quer?
KM - A água do meu banheiro acabou e vim tomar banho aqui. Achei que todos tivessem ido embora. – explicou.
AM - Ahn... Eu já terminei. – sentia meu rosto pegando fogo.
Ele podia ter virado as costas e ido embora, mas parecia disposto a me provocar.
KM - Não precisa ter vergonha... Não seria a primeira garota que vejo sem roupas. - disse presunçoso.
Que ódio que eu senti dele nesta hora.
AM - Não tenho vergonha do meu corpo. Meus colegas já estão acostumados a me ver assim. Não há privilégios aqui... Senhor... – disse passando por ele de cabeça erguida, e caminhando até onde estava minha toalha e deliberadamente demorei a me cobrir.
Olhava para ele confiante e via a mistura de sentimentos em seu rosto. Notei quando ele respirou fundo, parecia querer se controlar.
KM - Termine logo com isso e vá embora. – disse ríspido saindo porta afora.
No dia seguinte agimos como se nada houvesse acontecido. Mas alguma coisa havia mudado em mim.
Que Mérlin me ajudasse, mas eu ainda me sentia atraída por ele.

Continua....

Monday, January 08, 2007

Alguns meses em poucas linhas....

Por Morgan S. M. O. H. Weasley

Quando voltamos para nossa casa nas Ilhas Hébridas, não esperava o comitê de recepção organizado por tia Bertha. Claro que ela já havia contado todas as aventuras pelas quais eu passei neste ano na Beauxbatons, e que para fechar com chave de ouro havia me casado, e já estava grávida, e que meu marido, graças a Merlim, era um tratador de dragões, melhor do que um almofadinha, nas palavras dela.
Era engraçado as mulheres mais velhas abençoarem minha barriga com caras felizes e depois olharem para meu marido com ares reprovadores do tipo "seu animal" rsrsrs, isso durou até a hora em que tia Bertha falou que se ela fosse uns 10 anos mais jovem, ela é quem teria se casado com Carlinhos, gerando o riso de todas. A partir daí elas se soltaram, começaram a tentar mimá-lo, trazendo-lhe pratos de comida ou mesmo perguntando coisas sobre os filhos que ele nem conhecia ainda. Tia Emeraude, queria saber o que ele achava da cirurgia plástica dos trouxas, porque ela estava cansada das poções bruxas que não faziam o que prometiam: rejuvenescer. E ela queria se casar novamente, pois era jovem ainda.
Ele ficou em dúvida sobre o que responder, já que esta tia da minha mãe, tinha pelo menos 80 anos. Segurei o riso enquanto ele dizia a ela, que tudo que ela decidisse fazer seria bem feito, afinal ela era uma mulher muito interessante. Aproximei-me e pedi a Carlinhos que pegasse algo para mim, pois estava com sede. Ele saiu aliviado, e tia Emeraude comentou, enquanto olhava as costas dele:
-Você arrumou um bom homem para marido. Bonito, educado, gentil, e pelos calos nas mãos é trabalhador.
- Obrigada. Tenho que agradecer aos pais dele.
- Sim, e agradeça também pela bundinha dura que nem ovo cozido. Yaammi. Não o deixe escapar.
Comecei a rir enquanto ela ia em direção aos outros membros mais velhos para dizer que meu marido estava aprovado.

Alguns meses depois...

- Não corre... Respira... Não sei por que fui concordar com isso. Acabei de voltar de viagem, estamos cheios de problemas na Ilha e...
- Vamos logo, estamos atrasados. E isso é pelos seus filhos.
- Mas um curso de parto natural "trouxa"? Onde você estava com a cabeça? E você está com quase 8 meses de gestação, eles vão ter que nascer de qualquer jeito.
- Louise disse que isso é muito bom e vai me ajudar na hora do parto. Além de que você precisa de mais tempo para ficar comigo. E vovô Weasley iria adorar saber que os trouxas fazem curso pra isso, quem sabe ele não traz sua mãe. – respondi risonha enquanto entravamos numa sala cheia de mulheres grávidas e seus companheiros. Imitamos os outros casais e nos sentamos no chão. Quer dizer, pelo tamanho da minha barriga, nos últimos tempos eu encalho no lugar mais confortável e Carlinhos banca o guindaste.
Logo uma mulher oriental, entrou na sala calmamente e se apresentou:
- Bom dia. Sou Ming Na, e vou ajudá-los a se preparar para o maior acontecimento em suas vidas. O nascimento dos seus filhos. - ela falou de um jeito tão teatral que fiquei em dúvida se estava na aula certa, pois alguns casais bateram palmas.
- Vamos começar pelas apresentações.
Cada um dos casais dizia o nome, o que faz e o sexo dos filhos, quando chegou a nós Carlinhos disse:
- Carlos Weasley, minha esposa Morgan, somos veterinários, e vamos ter gêmeos. – disse todo sorridente e notei que algumas mulheres ficaram com inveja, e os homens olharam Carlinhos com admiração, enquanto ele estufava o peito.
Como se a decisão do óvulo de se dividir em dois e gerar dois bebês fosse dele e não do meu corpo. Homens... ¬¬
Depois começamos com alguns exercícios de respiração, os pais tiveram que se sentar atrás de nós, passando óleo e alisando as barrigas, falando coisas bonitas para os bebês. E Carlinhos como já fazia isso faz tempo, falava em romeno, nossos bebês se dividiam entre se agitar e ficar calmos.
- Muito bem, agora vamos ver um vídeo de como será o parto normal de vocês.
Nenhuma novidade, pois eu sabia como era um parto natural. Tudo ia bem, ate a hora em que começaram a mostrar cenas da mulher, fazendo esforço para ter o bebê.
- Er... Porque ela não toma algum remédio para dor? Vai ser mais fácil. – comentei.
- Mas uma verdadeira mãe agüenta as dores, é da natureza da mulher. - respondeu um dos homens, e algumas mulheres concordaram. Outras ficaram caladas. Talvez estivessem tão assustadas quanto eu.
- Amor, quer ir embora?- Carlinhos me perguntou baixinho, ao notar o quanto eu apertava a mão dele.
- Não. - respondi insegura.
Em determinado momento o médico disse que o bebê era muito grande e abriram as pernas da mulher de tal forma que bastava um pequeno puxão e ela se rasgaria ao meio. Quando aquele bebê de quase 5 kilos saiu de dentro dela, eu estava chorando. Não de emoção, mas de verdadeiro pavor. Outras mães começaram a derramar algumas lágrimas e a professora disse:
- Não é emocionante? Todas passarão por esta alegria...
Não terminei de ouvir o resto. Levantei-me o mais rápido que podia e sai dali. Carlinhos estava ao meu lado e logo chegávamos à rua.
- Morgan mais devagar...
- Eles não vão nascer... Não daquele jeito. - disse chorando.
Não conseguia parar para ouvir, tudo o que eu queria naquele momento, era me esconder do mundo e que meus filhos nunca saíssem da minha barriga. No que dependesse de mim, eles ficariam aqui.

Dois dias depois...
- Morgan abre esta porta...
- Não.
- Morgan, eu quero entrar no nosso quarto, tomar um banho e dormir na nossa cama. Eu trabalhei feito um escravo e preciso dormir. - Carlinhos disse irritado.
- Você não dorme nesta cama, nunca mais.
- O que está havendo?- ouvi tia Bertha perguntar no corredor.
- A Morgan não me deixa entrar no quarto, passou o dia trancada, não comeu o dia todo. Foi o que o Porshy acabou de me contar. - respondeu Carlinhos.
- Porshy eu vou mandar você embora, seu fofoqueiro. - gritei do quarto.
- Mas a Morgan não pode ficar sem comer, ainda mais na fase final, precisa de forças para a hora do parto.
- Não preciso não. Já estou super gorda, nem posso me movimentar direito sem ajuda. (funguei). Eles vão ficar quietos aqui, vão... AIIIIIIII.-
- Morgan o que tá acontecendo, por Merlim abre a porta. – Carlinhos gritou desesperado ao ouvir meus soluços.
POP - ouvi o barulho e Porshy apareceu do meu lado dentro do quarto.
-A mestra vai ter os bebês não é? Por isso está nervosa. - e foi me empurrando em direção à cama.
- BOMBARDA.
Ouvimos uma explosão e a porta do quarto havia era derrubada. Carlinhos entrou rápido.
- Amor, o que está havendo?- abaixava-se ao meu lado.
- São os bebês, eles querem nascer. – respondeu o Porshy.
- Mas já? Ainda é cedo... Amor, calma ok? – enquanto eu sentia outra dor.
Porshy me olhou sério e disse:
- Mestra, você não ama seus bebês?
- Amo, mas estou com medo. Ainda são novinhos ainda...
- Se vão nascer, é porque já se sentem prontos mestra. O mestre está aqui, não vai deixar nada de ruim acontecer com vocês. E a mestra teve dores o dia todo não é?- enquanto ele punha as mãos sobre minha barriga. Sacudi a cabeça afirmativamente.
- Amor, eu preciso que você seja forte só mais um pouquinho ok? Não vai acontecer com você o mesmo que aquela mulher. Ninguém precisa sofrer assim
- E se eles não gostarem de mim Carlinhos? Não sei muita coisa...
Carlinhos acabou entendendo que meu maior medo não eram as dores do parto, mas medo de não ser boa mãe.
- São meus filhos, já receberam os genes do meu amor por você, não tem como errar. – respondeu amoroso e naquela hora uma calma enorme abateu-se sobre mim. Sorri e disse olhando nos olhos dele:
- Porshy busque as poções que preparei... - tia Bertha entrou no quarto e disse:
- Já estão aqui querida, Carlinhos pelo jeito dela, não vai demorar. - enquanto dava uma poção para amenizar a dor, sem interferir no trabalho de parto.
Carlinhos saiu do meu lado por alguns minutos para se preparar e logo voltou de banho tomado e pronto para me ajudar no parto.
Após algum tempo que me pareceram horas, ouvi o choro do meu primeiro bebê:
- É um menino! – gritou tia Berta, enquanto eu voltava a fazer força e após algum tempo nasceu uma menina. - Carlinhos se aproximou carregando nossos bebês e falando com eles:
- Agora vocês vão conhecer a mamãe. - enquanto punha nossos filhos em meus braços e enxugava as lágrimas de alegria de seus olhos.
Minha exaustão e cansaço passaram como por milagre enquanto olhava para aquelas duas cabecinhas tão parecidas e com uma penugem ruiva.
- Como vamos chamá-los? – perguntou Carlinhos.
- Pensei em dar-lhes os nomes de meus pais... O que você acha?
- Deixe-me ver... - enquanto os segurava novamente. Após algum tempo sorriu e disse:
- Bem vindos: John e Elizabeth O’Hara Weasley.
Naquela noite antes de adormecer, ouvi Carlinhos falando com eles numa voz calma e o pouco que ouvi era:
- ... De repente aquela garota linda saiu da parede e, caiu em cima de mim, eu me apaixonei á primeira vista....
Sorri satisfeita. Começava um novo ciclo em nossas vidas.

Sunday, January 07, 2007

Velha casa, velhos assuntos...

Por Scott Foutley

- Ah, ótimo presente, muito útil!
- Uhuuu Karen, vai amarrar o Kegan no pé da mesa!
- Melhor reforçar com uma real, essas são fraquinhas, quebra fácil!

Era Natal e estávamos todos reunidos na nossa velha casa na Suécia, fazendo uma brincadeira de amigo oculto sacana. Megan havia acabado de dar um par de algemas peludas para Karen e Wayne debochava das algemas, dando a entender que já fez bom uso de um par igual. Papai assistia a tudo calado, rindo discretamente na sua poltrona de sempre, sem participar da brincadeira. As crianças, obviamente, estavam todas brincando no jardim e não estavam presenciando a bagunça. Viemos todos esse ano a pedido dele, até Louise, Remo, Gabriel, Nicholas e Ben, o último depois de muita insistência minha. Era a vez de Wayne entregar o presente dele e pelo sorriso estilo ‘O Grinch’ estampado na cara dele, tinha certeza que eu era seu amigo oculto. E acertei.

- Feliz Natal mano! – Wayne tinha um sorriso largo no rosto, preocupante
- Posso abrir? Não vai explodir? – todo mundo riu
- Pode abrir, não explode. Passei dessa fase já.

Peguei o pacote da mão dele e dei uma sacudida de leve para tentar adivinhar o que era, mas não fez barulho nenhum. Rasguei o embrulho então, para descobrir que o conteúdo estava escondido no meio de vários papeis picados. Coloquei a mão devagar e quando puxei, saiu uma calcinha de renda com um zíper na frente. Nem deu tempo de processar o presente e já estavam todos caindo no sofá de tanto rir. Papai tossiu na cadeira tentando evitar o riso e subiu para o escritório sem falar nada. Ótimo, ele ainda não aceitava isso como afirmava aceitar.

- Obrigado Wayne, não sei se agradeço pelo presente ou pelo fato do papai ter se incomodado com a brincadeira. – falei rindo
- Deixa o papai pra lá, o velho ta ficando ultrapassado.
- O que exatamente eu deveria fazer com ‘isso’? – falei pegando a calcinha com a ponta dos dedos
- Ah, bem, essa parte é com você e com o Ben, não tenho nada com isso!
- Eu não vou usar isso! Pega ai Ben! – joguei a calcinha pra ele e Ben agarrou no ar rindo
- E o que te faz pensar que eu vou usar?? – Ben falou indignado, jogando para Louise – Lou, fica pra você e o Remo aproveitarem!
- E ela terá bom uso, eu garanto! – Louise falou rindo e Remo puxou a calcinha da mão dela, analisando.
- Já volto pessoal, vou ver aonde o velho foi...

Sai da sala para procurar meu pai e eles continuaram fazendo a brincadeira. Da escala podia ouvir Louise entregando o presente dela para Wayne e todos dando gargalhada. Da janela do corredor pude ver as crianças correndo no jardim, numa árdua batalha com bolas de neve. Não demorei a encontrar meu pai. Como havia deduzido, ele estava em seu velho escritório, sentado na mesma poltrona, encarando a mesmíssima janela. Sempre tive medo de entrar nesse escritório, em cada fase da minha vida por um motivo diferente. Quando era criança tinha medo de entrar porque papai sempre guardou todas as suas coisas nele e era uma espécie de santuário sagrado, só ele podia pisar e quem entrasse sem autorização era punido; na adolescência temia entrar nele, pois era sempre aqui que papai recebia as notificações da escola sobre nosso péssimo comportamento; foi nele também que eu estava jogando xadrez de bruxo com Wayne quando recebemos a noticia de que mamãe tinha falecido; e também foi nesse escritório que contei ao meu pai que era gay.
Abri a porta devagar e sem fazer barulho, para descobrir que ele não estava sozinho com de costume. A figura de uma criança sentada no chão perto da janela chamou minha atenção. Era Nicholas. Ele estava sentado de frente para o meu pai com um pote de biscoitos caseiros no colo e eles conversavam concentrados. Pigarreei alto e eles olharam para mim.

- Foi a tia Megan que me deu o pote de biscoito – Nicholas falou depressa – Ela disse que eu podia comer
- Tudo bem, Nicholas. Hoje é Natal, acho que não faz mal se você comer alguns biscoitos a mais – disse rindo e ele sorriu, tornando a abrir o pote – Por que você não vai brincar com os seus primos lá embaixo? Eles estão brincando de guerra de bolas de neve.
- Oba! Vou brincar com eles! – ele levantou do chão e passou correndo por mim animado
- Não corre na escada! – me vi berrando quando ele passou feito um foguete pela porta do escritório – Ele não estava lhe perturbando, não é?
- Não, nem um pouco – papai respondeu encostando-se à poltrona outra vez – ele é um ótimo menino. Muito inteligente, sabia disso?
- Sim, já percebi isso. Por que saiu da sala de repente? – perguntei direto
- Já estava cansado e vocês não precisavam de mim lá, já estavam se divertindo sozinhos.
- Ora papai, sabe que o que está dizendo não é verdade. – disse sentando na cadeira ao lado dele – Desde que chegamos e o senhor viu que o Ben veio, está com essa cara que não esboça reação alguma!
- Não diga bobagens Scott! Não sabe o que está dizendo...
- Sei sim papai. Conheço o senhor, sei que apesar de dizer que está tudo bem, a verdade é outra. Por que não admite logo que ainda não aceitou o fato de que sou gay?

Papai ficou mudo e desviou o olhar de mim, passando a encarar a neve que caia pelo vidro da janela. Eu sabia o quanto isso incomodava ele, por mais que ele negasse. Sabia que desde o dia em que lhe contei isso, há mais de 15 anos atrás, ele tentava de toda maneira aceitar, conviver com isso e ao mesmo tempo entender. Ele continuou encarando a neve por alguns segundos que pareceram uma eternidade e então voltou à atenção para mim.

- Quero que você entenda uma coisa, pois parece que você ainda não compreendeu: eu não me importo com o que você é ou deixa de ser. Você é meu filho, sempre vai ser, e isso é o que importa. Suas escolhas na vida não precisam da minha aprovação, nunca precisaram. Você sempre foi independente, sempre deixou claro que não precisava de ajuda para nada.
- Não é bem assim, pai. Não é porque eu não preciso da sua autorização para nada que eu não queira sua aprovação. Pra mim é importante que você aceite.
- Filho, eu não tenho nada contra o Ben, acredite. Sei que no começo foi difícil aceitar, sei que nos desentendemos e sei que ele não gosta muito de mim, mas isso é passado. Só o que me importa é que você esteja feliz. Você está feliz com ele?
- Sim, muito.
- Então o resto não importa.
- O Ben não tem nada contra o senhor, ele só acha que você o odeia.
- Bobagem. Vou conversar com ele depois, não quero que ele vá embora achando que não é bem vindo à minha casa. Quero que você passe a me visitar mais e não apenas 2 vezes ao ano. Sinto sua falta por aqui, Scott.
- Prometo vir mais vezes. Sabe, nunca achei que fosse dizer isso, mas foi bom voltar. Não sabia o quanto sentia falta dessa velha casa.
- Então fiquem mais alguns dias, para o Ano Novo!
- Também não força a barra, papai!

Papai sorriu como há muito tempo não o via sorrir e levantou da poltrona, me abraçando. Acho que de alguma maneira, ele sentiu que tirou um peso das costas ao me dizer que me aceitava do jeito que eu era. Senti que ele há muito tempo queria me dizer isso, mas não encontrava a melhor maneira. E de alguma forma, eu me sentia mais aliviado também. Agora sabia que podia voltar sempre que quisesse e sempre encontraria tudo como sempre foi.