Friday, March 02, 2012

Algumas memórias de Alexandra McGregor Warrick

Marrocos, Valentine’s Day, 2017

Ao longo dos anos, grandes líderes mundiais são protegidos por agentes especiais, que são selecionados dentre os diversos serviços de segurança em seus países. E antes de assumirem suas funções, têm que passar por um teste final em seu treinamento e a equipe inicial de vinte pessoas das mais variadas etnias, havia sido reduzida a seis: duas mulheres e quatro homens, e alguns deles eram bruxos. O objetivo destes poucos escolhidos era conseguir a mais alta honraria no curso: o diamente azul. Não era uma jóia, mas sim uma tatuagem que representava não só a dureza do agente como a natureza multifacetada de seu treinamento, e isso era o Oscar, na categoria de proteção pessoal, e os tornaria aptos a proteger e servir em qualquer lugar do mundo.
Cassandra Cooper, era a mais jovem do grupo e seria normal estar nervosa, porém ela não estava. Era durona, afinal tinha sido a primeira da classe na Academia de Aurores de New York e sido considerada a melhor atiradora na Academia de policia trouxa. O teste seria simples: ela teria que proteger a esposa de um milionário em visita a um país estrangeiro, e o local escolhido havia sido o Marrocos, e ela teria que guiar a mulher pelo mercado de tapetes. A missão parecia simples, se a mulher em questão não fosse Alexandra McGregor Warrick, uma ex-agente da Scotland Yard e uma auror extremamente exigente e muito respeitada no mundo bruxo e trouxa. Cassandra havia assistido uma palestra com ela, quando entrou na Academia de Auror, e sabia que teria que ir muito bem em seu teste. Qualquer agente de segurança seria enfático em não permitir que uma ação deste tipo ocorresse, pois era praticamente impossível de controlar o resultado, mas isso não era problema dos ricos e chefes de Estado, era problema de seus seguranças e eles que dessem conta.
- Depressa ou você vai me perder. – disse rispidamente Alexandra, enquanto andava rápido se misturando à multidão que lotava o mercado.
- Nem pensar Madame.- respondeu Cassandra calmamente, percebendo que a avaliadora, tentava distraí-la com conversa, sendo que já havia distrações demais no local. Muitas jóias de ouro nas barracas, tapetes maravilhosos pendurados em varais que poderiam esconder um assassino, e pessoas usando os mais diversos trajes se misturando aos turistas em um terreno irregular, onde um passo em falso poderia torcer um tornozelo e pôr em risco a missão ou leva-la ao fracasso. Cassandra processava todas as informações, enquanto afastava um adolescente paquerador que tentou segurar o seu braço, e mesmo assim não perdia a mulher bem vestida de vista. De repente um mercador de tapetes entrou na sua frente, e ela viu que Alexandra continuava em frente. Ela tentou se livrar do homem de forma educada, mas ele insistia em lhe mostrar seus artigos e tentou segurar sua cintura, e nesta hora, muito mais rápido que um piscar de olhos, ela segurou o homem pelo pescoço e o enrolou num tapete e logo se afastou. E notou que não via Alexandra em lugar algum.Cassandra correu pelo mercado, afinal sua protegida não podia ter se afastado tanto. Virou num beco chegando numa praça e o que viu a deixou paralisada: caída no chão, com os joelhos juntos ao peito, estava Alexandra e três homens a agrediam para valer. Cassandra não portava arma e nem varinha, mas mesmo assim entrou em modo automático, e enquanto corria, conseguiu soltar um varal cheio de tapetes e levou aquela corda atrás dela e gritou quando chegou mais perto:
- Hey babacas!
E os três levantaram suas cabeças e foram atingidos em cheio pelos tapetes ainda úmidos, e a corda de nailon, se enrolou embaixo dos queixos deles. Deu um chute no peito do que estava mais perto e ele caiu por cima dos outros. Cassandra, se certificou que eles ficassem no chão, dando beliscões na base de seus pescoços, os paralisando.
Ela correu para Alexandra e a levantou dizendo animada:
- Viu, Madame? Consegui vencer aqueles babacas improvisando.Tenho certeza que a senhora nunca viu nada assim...- e parou quando uma faca de prata estava apontada para sua garganta pela própria Alexandra, que na verdade não era a sua protegida, mas sim uma isca.
- Você está morta! – disse a falsa Alexandra.
- Sim.- concordou Alexandra saindo das sombras. - E se você está morta, sua protegida também está morta. Você fracassou.- Cassandra suspirou resignada.
- Foi um truque sujo, Madame Warrick.- disse tentando soar respeitosa, sem grande sucesso e Alexandra riu:
- Claro que foi, mas a vida real é assim, Cooper. Você é excelente, mas precisa de um pouco mais de refinamento. Onde você errou?
- Em não me livrar do mercador, assim que ele parou na minha frente.- Cassandra respondeu fácil.
- Exato! A vida dele é insignificante perto das vidas de seus protegidos. A morte de um deles pode causar uma guerra.
- Mas eu não posso sair machucando pessoas inocentes.- protestou Cassandra e Alexandra disse séria:
- Eu sei, e é por isso que você ainda não está pronta, Cassie. Você tem capacidade, mas carece de foco e decisão. Vou recomendar seu novo teste para daqui a três meses. – e a mulher lhe deu um aperto no ombro para encorajá-la. Começaram a andar de volta para o mercado, e se reunir aos outros alunos testados, quando um homem alto, usando jeans e chapéu de cowboy veio correndo na direção delas. Cassandra o reconheceu como sendo o marido de Alexandra, ele havia dado uma aula especial no curso sobre venenos.
- Logan? O que houve? – a mulher quis saber preocupada e ele respondeu tenso:
- Precisamos ir para Londres. Haley e Julian foram sequestrados. – e Cassandra nunca pensou que fosse ver a sua avaliadora sempre tão fria e controlada desmoronar na sua frente.

o-o-o-o-o-o-

Quando chegamos em Londres, nos dirigimos ao Ministério da Magia, Quim já nos aguardava com uma chave de portal. Minha nora Rory já estava nos esperando ansiosa e antes que eu dissesse algo ela foi dizendo:
- Chamei Caleb e Megan para cuidarem de Selene, e tia Millie já estava a caminho.- assenti concordando que ela havia escolhido os melhores para cuidar e proteger a minha neta mais nova.
Chegamos na escola, Alucard, Mirian e os aurores do clã já estavam lá, junto com George e Ben. McGonnagal havia cedido uma sala ao lado do salão principal para ser o QG da operação de resgate e também para que entendêssemos os porquê deste sequestro, uma vez que nossas fontes haviam dito que esta não era uma operação de Cadarn. Uma mesa grande estava colocada no centro da sala e havia mapas espalhados sobre ela. Ty e Micah estavam lá e eram os responsáveis por nos atualizar sobre tudo o que havia acontecido, inclusive a tentativa de resgate frustrada, não me contive quando Ty começou com as explicações.
- Você levou um monte de adolescentes sem treinamento a um resgate, Tyrone? Enlouqueceu? Como você permitiu isso, Micah? - perguntei tensa e Ty respondeu:
- Era fazer isso, ou correr o risco deles irem sozinhos atrás dos amigos, mãe.Micah, não pôde fazer nada, a não ser nos dar cobertura no meio do caminho, toda a responsabilidade é minha. – e Artemis tomou a defesa do padrinho:
- Quando meu padrinho chegou no Três Vassouras para evacuar os alunos, é que ele soube que Haley e Julian haviam sido levados, nós já estavamos saindo para ir atrás deles, tia Alex, então se alguém tem que ser responsabilizado por colocar em risco a segurança dos alunos, sou eu. Posso não me lembrar de muita coisa, mas eu sei que proteger os meus amigos, é algo que eu nunca esqueceria. – suspirei resignada:
- Tudo bem, Arte, eu entendo e peço desculpas, ainda esqueço que Ty e Micah, já são aurores experientes e não fariam nada que eu mesma não fizesse em situações extremas. - Micah assentiu, e Ty continuou:
- Eles são alunos excepcionais, George e Ben, os ensinaram muito bem e alguns deles serão ótimos aurores. Clara, Justin e Devon se transformaram em lobos, e isso nos deu uma enorme vantagem sobre os vampiros, só não conseguimos ir além porque se dividiram levando os reféns para pontos diferentes. Não conseguimos nenhum prisioneiro vivo, para obtermos mais informações.
- Certo, então o que você tem em mente , Alucard?- quis saber Logan e Lu tomou a palavra expondo os locais onde os sequestradores haviam se dividido e começamos a falar sobre as tentativas frustradas de Ty em usar a projeção astral, quando um patrono, na forma de uma serpente entrou pela janela, e começou a dizer a sua mensagem:
'Sei que a esta hora, os sangues ruins que se autodenominam Chronos e seus aliados patéticos já estão reunidos imaginando quem teria a coragem de lhes dar um tapa na cara. Sou Cibelle Lestrange, e tenho o enorme prazer de convida-los a assistir a execução de Alexandra e Kyle McGregor, na clareira da floresta depois do vilarejo.Este será o primeiro de vários passos definidos para a derrocada dos Chronos’.- e a serpente após um silvo se desfez no ar.
Todos começaram a falar ao mesmo tempo e a verificar os mapas, a planejar estratégias, e entrar em contato com outros aliados, eu os olhava como se estivesse fora de meu corpo. Vi Alucard e Ty planejarem o posicionamento na floresta, Micah e Logan verificarem suas armas, me despedi de Artemis que parecia cansada, e também de Mina e Luthien, que não iriam na missão. Rory se aproximou de mim e disse tensa:
- Uma vez você me perguntou caso este dia chegasse, a quem eu seria leal, Alex. Digo que a minha lealdade é do meu filho e da familia dele.- peguei a mão dela:
- Eu nunca duvidei que nós éramos a sua familia, Rory, meu filho escolheu bem.- fiquei ao lado de minha nora e vi quando Mirian se aproximou de nós duas e nos mandava forças calmantes para nos ajudar. Sorri agradecida, e mais centrada, me afastei um pouco para olhar pela janela e pensar um pouco, porém sem deixar de ouvir tudo o que era dito à minha volta. Olhava pela janela e comecei a pensar em formas de trazer de volta minha filha e meu neto, sem machucar outras pessoas. Afinal, tudo o que estava acontecendo era minha culpa.
- Vamos dar uma volta! – ouvi Ben falando ao meu lado e me puxando pela mão. Saimos pelo castelo e demos algumas voltas, e reconheci um os caminhos que nos levaria até a Lufa-Lufa.
- Não pense em fazer isso, Alex. Você não conseguirá sozinha.- disse Ben, sério e eu nem tentei negar.
- É vingança pura e simples, Ben. Ela precisa saber que não conseguirá o que quer, porque está com as pessoas erradas.
- Talvez ela achar que está com as pessoas certas é o que os mantém vivos, Alex. Já passamos por coisas deste tipo, sabemos como funciona. E uma atitude desesperada, é muito perigosa. - assenti.
- Você tem razão Ben, estou me deixando dominar pela emoção, por relembrar que já passamos por isso, quando ela pegou o Ty. Daquela vez ela me tirou o Kyle, meu medo é que ela me tire mais alguém.
- Isso não vai acontecer, porque estamos preparados e vamos agir juntos, e...- ouvimos barulho e sacamos nossas varinhas ao mesmo tempo quando vimos Olivia e Daniel virarem o corredor e dar de cara conosco, e pularem assustados:
- Vovó! – disse Olivia correndo ao meu encontro e eu a abracei com força. Quando a soltei, puxei Dan para um abraço, e Ben disse:
- O dia hoje está tenso demais para eu descontar pontos de suas casas por estarem fora de seus salões comunais.- Olivia corou e Dan abaixou a cabeça:
- Lembro que nós adoravamos passear por estes corredores à noite...- eu disse provocando e Ben fez cara feia: - Obrigado, por incentivar a desobediência, Alex.
- Disponha, professor.- respondi e quando me virei para minha neta, nossos olhares se cruzaram e automaticamente uma conexão se fez e sem querer vi as memórias recentes dela, e descobri que em algum lugar daquele castelo, Artemis, Clara, Justin e vários outros alunos, haviam saído para resgatar Haley e Julian, foi como se como se fossem... uma armada.
- Ai meu Deus! Ben...- comecei e ele completou, enquanto Olivia e Daniel piscavam aturdidos:
- Eles já devem estar na clareira, se não pudermos impedi-los, pelo menos poderemos salva-los. Olivia e Daniel vão para os seus dormitórios e não ousem sair de lá ou eu mesmo vou coloca-los de castigo, até os 30 anos.- os garotos correram cada um em uma direção enquanto Ben e eu votlavamos para a sala de reuniões.
Quando entramos, já fomos dizendo o que havia acontecido, somente os aurores que ficaraim na segurança do castelo, foram para caminho oposto ao nosso. Corremos o mais rápido possível para uma parte do castelo, onde pudessemos aparatar e chegarmos na floresta. O dia estava quase amanhecendo e sabiamos que se houvesse um ataque antes da hora, Cibelle iria levar a cabo o seu plano, matando não só minha filha e meu neto, mas filhos de outros grandes amigos e aliados dos Chronos também.
Quando chegamos na floresta, uma batalha violenta já estava em curso, vi alunos do sétimo ano lutando em duplas e derrubando comensais da morte, vampiros tentando atacar e sendo derrubados por patadas de lobos e sendo incinerados por feitiços certeiros, não esperamos um convite, nos pusemos a lutar juntos dos garotos, e eu olhava para o centro da clareira onde Haley e Julian estavam amarrados em um palco e vi Cibelle lutando contra um vampiro. O meu objetivo era me livrar dos meus atacantes o mais rápido possivel e me aproximar do centro da calreira e enfrentar Cibelle. Quando estava mais perto gritei com ela para chamar a sua atenção, enquanto o vampiro aproveitava para fugir:
- Renda-se Cibelle, você não tem chance contra nós... - Quando ela me viu, notei a confusão em seus olhos, ela voltou a olhar para Haley e seus olhos se arregalaram surpresos e dizia frases desconexas.
- Não é possível não pode existir duas de vocês...Isso é magia negra...Mas hoje de algum jeito eu vou matar o seu coração como você matou o meu...- ela aparatou e eu fiz o mesmo tentando chegar perto das crianças, pois ela tinha nas mãos um punhal negro e o lançava na direção do peito de Julian. Não fui rápida o bastante e vi quando Haley se jogou na fente de meu neto. Agarrei Cibelle, e caimos do palco, lutando. Ela era forte, mas eu além de ter experiência estava tão alucinada pelo ódio que guardava contra ela por todos estes anos, que com um golpe certeiro, quebrei seu pescoço, queria me livrar dela o mais rápido possivel, minha filha que precisava de ajuda médica.
Ouvi ao longe um urro e um uivo e me virei para o palco, enquanto me desembarçava do corpo da comensal, vi que o vampiro pairou por cma do corpo de Haley, mas fugiu de medo do lobo castanho avermelhado que erguia Haley e fugia coim ela para a floresta, e os outros lobos iam com ele.
Julian estava se levantando e sua camisa estava toda ensanguentada, mas ele foi abraçado por Rory e Ty se aproximava correndo, Logan, estava todo sujo e coberto de machucados, se aproximou de mim, apavorado:
- Haley está ferida, aquele lobo a levou, ela precisa de atendimento médico... - começamos a ir atrás deles, mas Artemis disse aflita:
- Não vão atrás deles, tia Alex, Justin precisa ficar com ela, é importante...
- Porquê? O que está havendo?- e como ela não soube explicar, Logan e eu nos viramos para ir atras dos lobos, quando fomos impedidos, Logan foi seguro por Alucard e Mirian, me segurava com seus poderes, tudo o que meu marido e eu podiamos fazer por nossa filha naquele momento era chorar desesperados por ela.
Não sei quanto tempo se passou, mas pude ver que o nosso lado havia prendido comensais, e os vampiros que não fugiram estavam incinerados pela clareira. Aos poucos Alucard e Mirian foram afrouxando o aperto, e me soltei, começando a correr em direção à floresta, mas não fui longe, pois dela saíram Clara, Devon, Justin e de mãos dadas com ele, Haley. Corremos até ela, e a abraçamos apertado, chorando emocionados.
- Eu vi o que houve, como???- queria saber Logan, encarando Justin, que exibia um ar exausto, e Clara, disse:
- Não sei explicar, tio mas o Justin de alguma forma, não deixou a Haley ir para a luz, ele a trouxe de volta, é teimoso o nosso Shaman. - Logan, estava tão emocionado, que sua voz falhou um pouco quando disse estendendo a mão:
- Obrigado, filho.- vi o ar surpreso de Justin, enquanto ele apertava a mão de Logan, e Haley os abraçou ao mesmo tempo, rindo feliz e eu me juntei a eles trazendo Clara e Devon para o abraço. Olhei para a clareira, e vi Rory se abaixando e olhando para o corpo da mãe. A tormenta havia passado e feito estragos, agora era lidar com as consequências.