Here we are as in olden days,
Happy golden days of yore.
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us once more.
Through the years
We all will be together,
If the Fates allow
Hang a shining star upon the highest bough.
And have yourself
A merry little Christmas now.
Have Yourself a Merry Little Christmas
- Eu vi alguma coisa! – Nigel gritou apontando para o céu
- Você falou a mesma coisa ainda agora – Nicholas respondeu
- Mas aqui não tem lareira, como o Papai Noel vai deixar os presentes? – Jacob falou desapontado
- Ele entra por debaixo da porta – ouvi Gabriel falar baixo para as crianças, prendendo a risada
- É, ele toma uma pílula que faz ele encolher – Chloe trocou um olhar travesso com ele e riu – Fica tão pequeno que passa debaixo da porta
A cadeira onde Jacob estava de pé voou longe quando ele saltou para o chão e correu na direção da porta, deslizando no piso e parando deitado ao lado dela. Nicholas, Allison, Becky, Nigel e Otter correram até ele e os seis deitaram os rostos no chão, tentando olhar por debaixo da porta. Passei perto dos dois e apertei os braços deles reprimindo a brincadeira com os pequenos, mas não desmenti. O fato era que enquanto esperavam pela visita do Papai Noel, não faziam bagunça. A casa estava cheia pela primeira vez desde que vim morar no Brasil, e de última hora meus primos de Londres, junto com meu irmão, vieram com os filhos. Estava tudo uma verdadeira bagunça, era sorte Scott e Ben morarem apenas dois andares abaixo ou não teria como acomodar a todos. Kegan já havia desaparecido com os presentes das crianças que estavam na árvore e se aprontava no apartamento do irmão.
- Ei molecada, o que estão fazendo ai no chão? – Scott ergueu Jacob e Otter, os mais leves, e os outros olharam para ele
- Estamos esperando para ver o Papai Noel passar por aqui – Nicholas respondeu de imediato
- Mas como acham que ele vai passar se estão com as caras coladas na fresta? Saiam daí, ou vão acabar aspirando o pobre velhinho e ficar sem presentes!
Não foi preciso falar mais nada. Em questão de segundos todas as crianças já estavam sentadas afastadas da porta, mas ainda assim com os olhos colados nela, sem piscar. Não queriam perder nada. E não demorou para o que tanto esperavam chegar. Alguns minutos depois Kegan aparatou dentro do apartamento fantasiado de Papai Noel e os seis voaram na direção dele, todos tentando falar e abraçá-lo ao mesmo tempo. Foi difícil e demorou certo tempo até que ele conseguisse acalmá-las e começasse a distribuir os presentes. Depois que todas já estavam ocupadas rasgando seus embrulhos, Kegan caminhou até os mais velhos e também lhes deu presentes, incluindo a filha da Patrícia e a namorada de Gabriel. Todos ganharam alguma coisa e passaram o resto da noite provocando uns aos outros por terem recebido presente do “Papai Noel”.
Ainda não tinha contado a ninguém que estava grávida. Depois de voltar do consultório da Patrícia, onde o ultrassom confirmou a suspeita de Scott, pensava em uma forma de contar. Não queria fazer alarde com tanta gente em casa, e voltei tão transtornada da clinica que não consegui contar no mesmo dia. Fui enrolando, enrolando, e agora estava mais do que enrolada. Mas não precisei pensar demais, pois os dois únicos que sabiam deram um jeito de me dar um empurrão, mesmo que sem querer. Estava sentada no balcão conversando com Patrícia e Scott e sem perceber enchi uma taça com vinho para tomar. Quando pus a taça na boca, Patrícia tomou-a da minha mão.
- Está louca? – disse severa – Não pode beber!
- Lou, você precisa contar logo ao Remo – Scott pegou a taça da mão dela e bebeu – Não posso monitorar você 24h para que não esqueça que não pode beber, mas ele sem dúvida irá lembrá-la disso!
- E se contar logo, não vai correr o risco de esquecer – Patrícia completou e Scott assentiu com a cabeça
- Eu sei que tenho que contar a eles, mas não sei como! – falei em tom de aflição – Não sei como Remo vai reagir a isso. É um risco o bebê nascer como ele, e sei que ele vai pensar nisso!
- Você está sendo irracional. Acha mesmo que Remo não vai gostar de saber que vão ter outro filho? – Patrícia falou muito séria
- Ela tem certa razão em estar preocupada, Patrícia – Scott falou pensativo – Remo certamente irá se lembrar desse fato
- Scott, não está me ajudando! – ela olhou torto para ele e segurou minha mão – Lou, podemos fazer testes se for o caso, mas tenho certeza que não vai acusar nada. E antes de pensar no que pode dar errado, que tal pensar em tudo que pode, e vai, dar certo? Conte ao Remo, mas conte hoje. É natal, não vai poder dar um presente melhor a ele e ao Gabriel.
- Me contar o que? – Remo apareceu atrás de mim e levei um susto - Você esteve estranha a noite toda, Louise. O que está acontecendo?
- Vamos lá fora – Levantei do banco respirando fundo e o puxei pela mão para longe de todo mundo
Fechei a porta de vidro da varanda para abafar o falatório na sala e sentei em uma das cadeiras, ficando de frente para ele. Remo me olhava com uma expressão preocupada, mas não perguntou outra vez, esperou que eu falasse primeiro.
- Eu não planejei nada disso, sei que não é a melhor hora – comecei a falar sem parar – Na verdade acho que nunca seria boa hora pra isso, mas aconteceu e agora não tem mais volta. Não há mais nada que possamos fazer!
- Lou, calma, respira – ele segurou minhas mãos para que parasse de gesticular como uma louca e o encarei – O que está acontecendo? Você está me assustando.
- Eu estou grávida – disse de uma vez por todas
- O que? – a cara de choque que ele fez me deixou mais agoniada ainda
- Eu sei, eu sei, não temos mais idade pra criar um bebê, mas não tem como voltar no tempo! Se tivesse não teria entrado naquela maldita banheira em...
Não terminei de falar. Remo cortou o que dizia com um beijo tão intenso que até me esqueci do que estava reclamando. Quando me soltou estava com um sorriso enorme no rosto, parecia as crianças quando viram Kegan aparecer vestido de Papai Noel. Seus olhos quase brilhavam.
- Está falando sério? – disse já colocando a mão na minha barriga – Está mesmo grávida?
- Sim, descobri ontem – olhava pra ele sem entender nada – Está mesmo feliz com a notícia?
- Lou, essa é a melhor notícia que poderia receber – ele me abraçou forte e me senti aliviada – Como não poderia ficar feliz?
- Acredite, tenho uma lista de motivos
- Gabriel nunca apresentou os sintomas, não há motivo para pensar que agora teríamos problemas – disse sabendo do que estava falando
- Você não sabe como me sinto aliviada de saber que não surtou como eu quando descobri
- Vai dar tudo certo – ele me beijou outra vez e a porta da varanda abriu. Gabriel estava parado com uma cara preocupada
- Mãe, pai, o que está acontecendo? – disse entrando – Tio Scott mandou que viesse aqui porque vocês queriam falar comigo. Está chorando, mãe? O que houve?
- Vem até aqui, Gabriel – Remo o chamou e ele fechou a porta, ainda preocupado
- Vocês estão com caras esquisitas... Devo ficar com medo?
- Não, deve ficar feliz – falei já sorrindo – Pediu tanto que foi atendido: você vai ganhar um irmão, ou irmã.
- Você está grávida?? – falou afoito e virou para Remo procurando uma confirmação – Ela está grávida??
Quando confirmamos ao mesmo tempo ele me abraçou com tanta força que chegou a me erguer do chão alguns centímetros. Tinha um sorriso que ia de uma orelha a outra. Olhei para a sala através do vidro e percebi que não precisaria me dar ao trabalho de contar aos outros, pois Scott e Patrícia já haviam se encarregado de espalhar aos quatro ventos, e agora todos olhavam sorridentes para a varanda. E acabei descobrindo que não estava assustada com a novidade, mas sim muito feliz. Que venha mais um membro para a família.
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