Tuesday, November 27, 2007

Visita da cegonha

‘Então... O que você acha?’ Perguntei preocupada e Yuri levantou os olhos dos exames que eu tinha levado para ele analisar, e sorriu.

‘Eu acho não. Eu tenho certeza. Yulli, você está grávida! Parabéns!’ Ele abriu um sorriso ainda maior e veio em minha direção me abraçar. Mas eu estava sem ação. Dura. Estática. Grávida? Ri da possibilidade.

‘Ok, para de brincar e diz se esses enjôos que eu estou sentindo são sérios. Você está me deixando mais nervosa com essa história de gravidez’.

Disse sarcástica e tensa, e Yuri parou na minha frente ainda sorrindo parecendo realmente feliz. Ele segurou meus braços e pude ver em seus olhos que ele não estava brincando. Era sério: eu realmente estava grávida. Me larguei na cadeira chocada.

‘Como? Eu já tenho quase 40 anos! Como fui ficar grávida nessa altura da vida? Isso não é arriscado? Eu morro de medo, Yuri! Você sabe, não sabe?! Até adotei a Miyako de tanto medo que tinha de gravidez, e agora... Estou grávida!’ Yuri se sentou ao meu lado e agarrou minha mão.

‘Calma ok? Não precisa ter medo de nada. É a coisa mais natural do mundo, você vai ver. E a idade não conta. Se você quiser ter esse filho, nós vamos cuidar para que ele nasça saudável o suficiente para viver uma vida bem longa. E acho que não preciso explicar como foi que você ficou grávida, preciso?’ Ele perguntou gozador e ri nervosa, o abraçando forte. Ainda sentia meus músculos paralisados. ‘O primeiro passo é contar a Sergei, Miyako e seus amigos... ’

‘Você acha que eles vão gostar da notícia?’ Perguntei um pouco mais calma. Ele riu.

‘É claro que vão!!! Quem não ia adorar essa notícia? Eu como tio já estou babando... ’

‘Você tem razão. Também acho que vão gostar... ’ levantei. ‘Obrigada!’

‘Para isso que servem os irmãos. ’

°°°
Era o último dia das Olimpíadas. As competições dos voluntários também já estava terminando, e na manhã seguinte todas as delegações voltariam para suas próprias escolas. Decidi que era a hora ideal de contar para Sergei e Miyako que eu estava grávida, e aproveitei a tarde livre de ambos para chamá-los até o Salão Comunal da Lufa-lufa. Naquela hora, ele estava completamente deserto. Os dois se sentaram de frente para mim e me olhavam ansiosos. Suspirei.

- Tem uma coisa que preciso contar, e quero que vocês dois sejam os primeiros a saberem.
- O que aconteceu? – Sergei perguntou preocupado e eu sorri.
- Me dêem suas mãos.

Os dois se entreolharam tensos e sem entender, mas mantive o sorriso. Miyako olhou para mim como se quisesse se certificar de que eu estava bem e falando sério.

- Rápido. Me dêem suas mãos!

Um pouco relutante, os dois estenderam uma das mãos e eu as agarrei colocando sobre minha barriga. Miyako realmente me encarou como se eu estivesse ficando doida, mas o brilho nos olhos de Sergei foi instantâneo. Ele procurou os meus esperando uma confirmação, e eu sacudi a cabeça.

- Sim, Sergei. Você vai ser pai. E você Miyako, vai ter um irmãozinho. Ou irmãzinha. – disse finalmente e ri. Os dois se levantaram de um pulo.
- VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA? DE VERDADE? – Miyako gritou empolgada e eu confirmei. Ela saltou em meu pescoço. – EU VOU TER UM IRMÃO!!! Ah, mamãe, estou muito feliz. Muito. Parabéns! E para você também, Sergei! – ela se livrou de mim e o abraçou, mas ele também parecia paralisado, pois estava em pé me encarando com os olhos molhados.

Me levantei para ficar no mesmo nível que ele e esperava alguma reação. Ela não se demorou. Miyako se afastou com um sorriso imenso e Sergei avançou me puxando para um abraço apertado seguido de vários beijos. Não precisou dizer nada. Agachou e beijou minha barriga, meio rindo e meio chorando, e eu soube que ele estava amando a notícia. Para ser sincera, eu também já estava adorando a novidade...

°°°
Quando as delegações finalmente partiram, e só restaram os voluntários em Hogwarts, convidei todos os meus amigos para uma despedida no Três Vassouras, e após todos se acomodarem e beberem uma dose de cerveja amanteigada, contei a eles. Todos pareciam tão assustados quanto eu, por um minuto, mas estão se explodiram em vivas, parabéns, abraços e etc.

- Então o russo finalmente vai ser pai? – Alex perguntou feliz e embora Sergei ainda estivesse um pouco hostil com ela, por causa de Logan, deixou isso de lado e concordou radiante. Os dois se abraçaram. – Vocês merecem.
- Ainda bem que você deixou para contar quando eu estivesse junto, Yulli. Ou teríamos problemas. – Scott disse e me abraçou com força.
- Eu me recusaria a contar se você não estivesse perto. Você sabe disso.

Rimos. Louise, Remo, Ben, Sam, Josh, Lu e Mirian também nos deram parabéns e Alex levantou sua própria taça.

- Um brinde ao novo membro da família Menken.

°°°
- O que você acha? Que é menino, ou menina? – Sergei perguntou enquanto eu encostava minha cabeça no peito dele.
- Não sei. O que você prefere?
- Tanto faz. Se for menina, vai ser linda como você. Se for menino, vai ser garanhão, que nem o pai. – ele disse estufando a voz, orgulhoso. Ri.
- E modesto também, eu imagino... – ele riu também e se mexeu para me encarar. Estava encantado.
- Eu te amo, já disse isso hoje?
- Já.
- Meu maior sonho sempre foi ser pai. Por isso eu me apeguei tanto ao Ty. E à Miyako. Mas agora, um meu, de verdade! É um sonho?!
- Não, Sergei, não é um sonho. Mas agora será que podemos dormir? Amanhã eu tenho que voltar para o trabalho, você tem que voltar para o trabalho... – comecei cansada.
- Dormir? Você está achando que depois de me dar uma notícia dessas vamos simplesmente dormir?
- E o que você pretende fazer?
- Não sei. Com certeza tenho planos muito melhores para comemorar essa notícia. E esses planos não se incluem algumas horas de sono.
- Ótimo. – Me sentei na cama o encarando. Ele ria maroto. – Então pode me mostrar quais são os planos?
- Posso. Posso sim. – ele riu e me puxou, me fazendo deitar de novo. Depois pulou em cima de mim.
- Estou começando a gostar desses planos... – ri puxando a camiseta dele.
- Eu disse que eram bons. – ele me deu um beijo na barriga e foi subindo até o pescoço em várias escalas. Depois disse perto do meu ouvido – Será que nosso filho já pode ouvir o que estamos fazendo? – ele perguntou parecendo assustado com a idéia e eu sacudi os ombros o puxando para um beijo.
- Se ouvir, não tem problema. Pior seria se ele pudesse ver...

Ele riu e se livrou da minha camisola em um segundo. A noite estava só começando.

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