Tuesday, December 05, 2006

Era melhor ter alugado um filme – Parte II

Por Scott Foutley

Estacionei o carro perto da Central do Brasil e fui caminhando com Ben e Nicholas pelas ruas, àquela altura todas já fechadas para o transito, indo ao encontro de Louise e Remo. Flávio já tinha se separado deles e devia estar perdido no meio do mar de componentes que concentravam momentos antes do inicio do ensaio. Esse ritual já havia virado rotina desde que começaram a ter esses ensaios por aqui, dois meses antes do carnaval de fato. Sempre íamos para a casa dele ou ele ia para a nossa e saímos os quatro juntos para vir assistir, beber a noite toda, rir dos desengonçados que não sabiam nem rebolar muito menos sambar, criticar tudo, brincar e ir embora pra casa. Hoje não seria diferente.

Louise já estava engatada num animado papo com o ambulante que sempre paramos para beber enquanto Remo olhava a movimentação, ainda receoso. Ben enfiou um imenso saco de pipoca na mão de Nicholas, cada um pegou uma cerveja e subimos para a arquibancada do Setor 5, pois a bateria já aquecia e estavam prestes a abrir o portão e dar inicio ao ensaio.

- Olha lá o Flavinho! FLAVIOOOO! – Louise deu um grito acenando para o Flavio, que passava distraído na avenida e se assustou, acenando e rindo de volta
- Louise, fala baixo, ta todo mundo olhando! – Remo a puxou pra sentar perto dele sem graça
- Relaxa Remo, isso aqui é Brasil, as pessoas falam alto! – Scott falou já animado, chamando um ambulante pra comprar outra cerveja – principalmente aqui, na Marques de Sapucaí. Se falar baixo, não é ouvido!
- Dá um desconto pro cara, gente! Ele não ta entendendo nada que se passa aqui – Ben falou rindo

Ele tinha razão. Aquela agitação toda era novidade para Remo, que além de não saber exatamente o que estava acontecendo na passarela, nem falava português! Louise andava ensinando algumas coisas e no próprio trabalho no Ministério ele aprendia, mas ainda não era nada que pudesse lhe salvar a vida numa situação de emergência. Nicholas então, só havia aprendido a falar bobagem que eu tinha ensinado, apesar dos protestos do Ben. Ele estava sentado quieto na arquibancada, atracado ao saco de pipoca, olhando tudo em volta curioso e fascinado. Agora ele prestava atenção em Louise, que tentava resumir para Remo o que exatamente eram esses ensaios e o que eles significavam. Pela cara de ambos, estavam entendendo e se interessando.

A escola já estava na metade do ensaio quando algumas pessoas resolveram descer do alto da arquibancada e se espremer na grade, onde estávamos posicionados. Minha reação imediata foi puxar Nicholas pra perto, vendo que Ben ainda não tinha voltado do banheiro. Remo logo segurou o braço de Louise, mas ela o puxou para onde estávamos empurrando as pessoas e não se importando com quem estivesse na frente. Estiquei o pescoço para tentar localizar Ben, mas não havia sinal dele. Droga!

- Será que dá pra senhora parar de empurrar? Tem uma criança aqui! – Louise falou irritada pra senhora que estava causando o tumulto
- Não vou sair daqui e quero ver quem vai me tirar! – a mulher respondeu presunçosa

Louise cruzou os braços e podia sentir que ela estava fazendo um esforço imenso para não virar a mão na cara da mulher. Remo também sentiu isso, pois segurou sua mão firme, não tirando os olhos dela. A mulher arrogante continuou empurrando as pessoas para tentar se aproximar mais e senti uma pancada nas costas que me lançou pra frente, imprensando Nicholas na grade. Uma outra mulher, esta uma senhora, chegou revoltada por estar sendo esmagada e veio rebocando todo mundo que estava no caminho, até chegar à causadora da confusão e dar-lhe uma bofetada. Sobrou braçada até pra Louise!

- PAPAI, PAPAI! – Nicholas gritava desesperado, sendo quase carregado pela confusão.

Inspirado pela tia, sai rebocando as pessoas no meu caminho e agarrei o braço dele, jogando-o no meu ombro e subindo os degraus gritando para que Louise e Remo me ouvissem e saíssem no meio da confusão. Eles conseguiram sair do meio da embolação alguns minutos depois e nos dirigimos à saída da arquibancada, bufando.

- Chega, vamos embora! – Louise bufava
- Cadê o meu pai? – Nicholas falava quase chorando, assustado.
- Não sei, mas vamos achar ele e ir embora daqui. – falei tentando acalmá-lo
- Melhor sairmos daqui, estou vendo alguns seguranças irritados subirem as escadas – Remo sugeriu e descemos depressa, antes que eles alcançassem a confusão

Quando já estávamos do lado de fora do Setor 5, deixei Nicholas com Louise e Remo e voltei para procurar Ben. Não demorei a encontrá-lo, desesperado nos procurando no meio da confusão que agora dominava metade da arquibancada. Descemos ao encontro dos outros, já cansados da noite, nada estava dando certo. Nicholas correu para abraçá-lo quando descemos, ainda assustado, e caminhamos devagar de volta ao carro.

Todos agora voltariam comigo já que Flávio ainda estava ocupado fotografando a escola e nos apertamos todos dentro do meu carro. Não havíamos nem chegado à Central do Brasil quando ele começou a engasgar, perder velocidade, até parar por completo. Dei um soco no volante irritado. E agora? O que mais falta acontecer??

- Por favor, diga que você desligou o carro porque esqueceu alguma coisa no sambódromo... – Louise falou baixo
- O que houve? – Ben arriscou
- Bom não sei, deixei minhas cartas de tarô e os búzios em casa. – respondi estressado – tenho cara de mecânico??
- Brigando não vamos resolver o problema, não comecem! – Remo falou também começando a se estressar
- Foi aquele careca gordo! – falei socando o volante outra vez e abrindo a porta puto – tenho certeza que a batida dele danificou meu carro!
- Ah Cott, não começa com o drama! – Ben falou saindo do carro também – nem ta arranhado direito! E não adianta me olhar com essa cara de revolta!
- Parem os dois, ou vou ser obrigada a bater em vocês! – Louise também saiu do carro, sentando na calçada.
- Ok, ok, vou ligar pro seguro e ver se eles mandam algum inútil aqui pra nos rebocar.

Catei o telefone dentro do carro e fiquei andando de um lado para o outro, discutindo com a anta que me atendeu, tentando explicar o que tinha acontecido. Ben tirou Nicholas do carro e ele sentou no colo de Louise na calçada, cansado. Depois ele e Remo começaram a fuçar o motor do carro, como se estivessem entendendo alguma coisa, mas a verdade era que queriam se manter ocupados. Tanto é que só ficaram olhando cada canto dele, sem tocar em nada. Depois de gritar com 3 pessoas diferentes, eles mandaram um mecânico de moto para olhar o carro, mas o homem tava com mais medo de ficar ali tarde da noite do que outra coisa, e não resolveu o problema, dizendo que ia pedir para um reboque ir até lá.

Já havia desistido de me estressar e sentei na calçada ao lado de Louise e Nicholas, e ficamos os três observando e rindo dos dois fingindo que estavam procurando o problema que nem o mecânico encontrou. Hora ou outra eles soltavam algo como ‘deve ser problema no carburador’. Começava a desconfiar que fosse a única parte do motor que eles sabiam o nome. Estávamos esperando o tal reboque há mais de uma hora quando escuto alguém gritando no meio da rua, cantando um samba desafinado e mandando beijos para a rua vazia. Flavio vinha pendurado no carrinho de um ambulante, como se estivesse em cima de uma alegoria, mandando o senhor empurrar ele mais rápido. Ele estava completamente embriagado e acenava para as ‘pessoas na platéia’, como se realmente estivesse no desfile. O senhor parou o carrinho do lado do carro e ele desceu, agradecendo a carona e pagando as cervejas que estava tomando.

- O que houve crianças? Vão esperar o ensaio de amanha aqui?
- O carro enguiçou, mas não pergunta o problema, porque não fazemos idéia – respondi logo
- Não ia perguntar, sabe que não entendo patavina de carros – respondeu procurando algo nos bolsos – Eu dou carona pra vocês, meu carro está aqui perto. Mas alguém vai ter que ir dirigindo, não estou em condições
- Bom, eu não vou abandonar meu carro aqui, mas vocês devem ir com ele. Vou ficar e esperar o reboque.
- Não, não vou largar você aqui sozinho essa hora, esperamos também. – Ben falou
- O Nicholas já ta desmaiando de tão cansado, vai com ele pra casa, eu fico. Você quer ir embora, não quer? – perguntei a Nicholas do meu lado
- Quero sim tio Scott... – disse sonolento – mas me diverti! Podemos vir de novo semana que vem?
- Vou pensar no seu caso... – Ben respondeu por mim puxando ele da calçada e tomando as chaves da mão de Flávio – eu dirijo.
- Vai com eles também Remo, eu vou ficar aqui com o Scott. – Louise falou levantando da calçada
- O que? E deixar você aqui essa hora? Nem pensar, eu fico também.
- Eu sei que você já ta cansado dessa agitação toda, pode ir, não tem problema. E também, quero conversar com ele. Não se preocupe, qualquer coisa desaparatamos na hora!
- Tem certeza?

Louise beijou Remo e ele se juntou ao outros, indo embora atrás de Flávio para o carro. Quando eles já estavam do outro lado da rua ela sentou ao meu lado de novo, encostando a cabeça no meu ombro, cansada. Encostei minha cabeça na dela e ficamos sem falar nada por um tempo. Depois de alguns minutos eu quebrei o silêncio.

- Você está feliz, não está?
- Como há muito tempo não me sentia – ela respondeu ainda de olhos fechados, mas sorrindo – Você também está, não é?
- Demais. – fiz uma pausa antes de terminar de falar – acha que nossas vidas se acertam dessa vez?
- Hmmm – ela fez uma cara pensativa de brincadeira – meu dom intuitivo nunca foi bom e já falhou algumas vezes, mas tenho a sensação de que dessa vez vamos sossegar...
- É, também tenho essa sensação. Endora ficaria orgulhosa se dessa vez acertarmos. – falei rindo - Que Merlin a tenha.
- E vê se você para de brigar com o Ben por qualquer coisa! – falou me beliscando
- O que? Quando eu briguei com ele? Ta doida? – respondi alisando onde ela beliscou
- Hoje, ora! Você foi muito estúpido, ele só perguntou qual era o problema do carro!
- Ah, eu estava nervoso...
- Eu sei, mas não é desculpa. – disse me encarando séria – vocês acabaram de voltar, por favor, não complica as coisas de novo!
- OK, eu sei que fui estúpido, vou me desculpar quando chegar em casa
- Bom, muito bom. Porque eu não iria agüentar você solteiro de novo, com saudades dele... – disse rindo
- Haha, muito engraçada... Você também não estava muito agradável depois que voltou de Paris e teve um ‘momento flashback’ com ele.
- Nós estávamos insuportáveis, não é mesmo? – disse encostando a cabeça no meu ombro outra vez
- Muito. Até hoje não entendo como o Flávio sobreviveu aos meses de fossa, pensei que ele iria pedir divorcio da gente
- Mas já acabou, graças a Merlin!
- Sim, chega dessas emoções fortes, cansei delas. – disse beijando sua testa e tornado a encostar minha cabeça da dela – agora quero paz.
- E da próxima vez que discordarmos sobre o destino do sábado à noite, vamos alugar um filme e ficar em casa comendo pipoca, ok?
- Com certeza!

Ficamos calados de novo, de olhos fechados, apenas esperando o reboque chegar. Ainda dava para ouvir a 2ª escola começando seu ensaio, o barulho um pouco mais baixo por causa da distancia, mas ainda assim forte. O funcionário da seguradora chegou em menos de meia hora e depois de amarrar meu carro no alto do reboque, fomos embora para casa. Para uma noite só, já tivemos aventuras demais!

Sunday, December 03, 2006

Era melhor ter alugado um filme... – Parte I

Por Louise Storm

- Inauguração da árvore da Lagoa!
- Ensaio técnico!
- Não, árvore! Ele é criança!
- Tem criança no sambódromo e não é chato!

Estávamos no apartamento do Flávio, um fotógrafo amigo nosso, e Scott e eu estávamos discutindo tentando decidir o programa para nosso sábado à noite. Flávio, Ben e Remo estavam sentados no sofá nos olhando sem omitir opinião, apenas esperando que chegássemos a um consenso. Eu queria levar o Nicholas para ver a inauguração da árvore de natal da Lagoa, mas Scott insistia que era tumultuado e monótono, que poderíamos ver a árvore acesa por um mês, então que era melhor irmos ao ensaio das escolas de samba que haviam começado na noite anterior.

- Mas Cott, no sambódromo também é cheio! Já esqueceu do ano passado?
- Aquilo foi uma coisa à parte, não tem tumulto nenhum, você sabe disso!
- O que aconteceu ano passado? – Remo arriscou incerto.
- Scott levou um soco no ombro, que não era pra ele, e caiu por cima de uma gorda. Acho que ele rolou com a gorda uns 5 degraus e só parou porque tem uma grade de proteção. – Ben respondeu rindo, lembrando da cena
- E vocês querem levar uma criança de 6 anos pra isso?? – ele falou indignado
- Eu já falei que foi um acidente! – Cott falou impaciente – e se formos analisar, foi culpa sua, Lou...
- Como minha culpa??
- Ora, foi você quem insistiu que tínhamos que ficar no Setor 1. Você e aquela historia besta de ‘calor humano’. A confusão é lá, vamos correr dele hoje.
- Ta bom, eu assumo, foi uma idéia imbecil... – falei desistindo – vamos fazer o seguinte: ainda é cedo, vamos lá ver a festa da inauguração da árvore e se tiver chato, vamos pro sambódromo, que tal?
- Se tiver aquele coral de novo, eu vou embora!
- Ok chato, mas vamos logo!

Ben foi até o quarto chamar Nicholas e saímos em direção à Lagoa. Flávio morava em Botafogo, quase do outro lado, então foi preciso ir de carro. Remo e eu fomos no carro do Flávio e Scott foi com Ben e Nicholas no dele. Logo ao sairmos de casa, um enorme engarrafamento se formou, e depois de meia hora parados praticamente no mesmo lugar chegamos à conclusão que todos aqueles carros estavam indo para a Lagoa. Meu celular logo tocou.

- Estou voltando! – Scott falava alto e irritado – sem chance de ir até lá e... ARGH NÃO ACREDITO!
- O que houve Scott?? – falei assustada

O barulho de uma batida cortou a voz de Scott e em seguida pude perceber pelo som que ele atirou o telefone no chão e saiu do carro xingando alguém e batendo a porta. Comecei a esticar o pescoço dentro do carro tentando localizar eles mais a frente, até que Remo os encontrou. Tinha um carro encostado na lateral do carro do Scott e ele estava batendo boca com o dono. Flávio largou o carro no meio da rua mesmo e corremos até eles. Uma confusão já estava formada: Scott apontava para o arranhado do carro nervoso e quase engolindo o dono do carro que bateu nele, que por sua vez tentava se desculpar e de alguma forma jogar a culpa nele, enquanto Ben tentava segurar Scott, que ficava cada vez mais irritado. Nicholas assistia tudo de dentro do carro, chocado.

- O que aconteceu?? – falei depressa, parando ao lado deles
- Esse senhor aqui! – Scott falou apontando pro homem – Parece que ele pensava estar dirigindo o Batmóvel e imaginou que passaria entre o poste e o meu carro! Olha o arranhado! Amassou tudo!!!

Olhei para onde Scott apontava estressado e vi que Ben tinha uma expressão impaciente no rosto. Logo entendi por que. O amassado imenso que Scott apontava nada mais era que um arranhão pequeno, com um amassado quase imperceptível.

- Cott, quase não dá pra ver! Do jeito que você fala, parece que um trator passou em cima do carro!
- Como não da pra ver?? Esse risco todo no meu carro novo é o que??
- Ok, se acalma, deixa que a gente resolve isso, ok? – Ben falou calmo, empurrando Scott pra cima de mim.

Puxei-o pra longe da confusão enquanto os três falavam com o senhor, que já estava suando. Devia estar achando que Scott ia bater nele. Consegui acalma-lo e depois de um tempo eles vieram até nós, com tudo acertado.

- Ele vai pagar o conserto, não?
- Vai Scott, calma! – Ben falou controlado – o homem estava achando que você ia dar um soco nele, sorte a policia estar presa no transito!
- Bom, será que podemos ir ao Sambódromo agora? Eu disse que essa maldita árvore gigante não era uma boa idéia.
- Sim ranzinza, vamos pra cidade então! – falei rindo e ele riu também.

Voltamos aos carros e saímos do engarrafamento, seguindo na direção contraria rumo ao centro da cidade. Fomos rindo o caminho todo dos exageros do Scott. Ele sempre foi dramático, ainda mais se tratando se um arranhão no precioso carro dele. Como íamos para o outro lado, em questão de minutos estávamos no Sambódromo. A movimentação não era muito diferente da Lagoa, com a diferença que aqui a animação ganhava de 10 x 0. Estacionamos os carros um pouco mais afastados e nos separamos de Flávio, que estava ali à trabalho para fotografar o ensaio. Até agora não parecia que nada ia sair do controle por aqui.

((Continua))

Tuesday, November 07, 2006

Perto demais das tentações....

Por Alex McGregor

- Sou seu marido, sei o que é melhor nesta situação...
- E desde quando o meu marido resolve se eu cumpro uma ordem do Ministério ou não? Cumprimos ordens, é o nosso trabalho, esqueceu disso?
- Tá agitada porque vai ficar alguns dias sozinha com ele?
- Que tipo de mulher acha que eu sou? Eu não vou lá para ficar “sozinha com ele”... Vou trabalhar. Parece que bebeu. Solte-me.
- Alexandra, eu estou avisando...
- Se você continuar machucando meu braço deste jeito, não vou precisar de outro motivo para te deixar, e desta vez será pra sempre.


Acordei com a movimentação perto de mim, pois o avião havia acabado de aterrissar. Peguei minha mala e desembarquei juntos com os outros passageiros. No desembarque, esquadrinhei o saguão e logo vi Paige Carter, irmã mais velha do Logan e diretora da Escola de Magia e Bruxaria Americana acompanhada de Annabeth, sua filha mais velha e professora de Feitiços.
- Alex, querida, há quanto tempo...- enquanto nos abraçávamos.
- Paige, você não muda nada, e você Annabeth está cada dia mais bonita.
- Estamos todos bem, e agora que você veio nos dar uma força, ficaremos melhor.
Observei que éramos seguidas e disse com a mão na varinha:
- Temos companhia...
Ela segurou minha mão e disse:
- É um assistente novato do Logan. É um favor á família dele, que são boticários como nós. Meu irmão acha que ele deve passar por todas as etapas, para cuidar melhor dos negócios.- ela virou o rosto na direção do homem e disse: - McBride, ela já percebeu você, venha nos ajudar com as malas, por favor?
E o homem se aproximou de nós. Era alto, de cabelos claros e usava óculos escuros.
- Desculpe senhora Carter. Senhora McGregor. – acenou com a cabeça e pegou minha mala para por no carro, todo sem graça.
- Eu disse a você que a Alex, era treinada neste tipo de coisa. Você teve sorte de mamãe segurá-la a tempo, ela ia acabar com você. - provocou Annabeth.
Notei quando uma veia pulsou no pescoço dele, quando ele olhou para a sobrinha do Logan, voltei meu olhar para Paige, que piscou para mim como fazia nos velhos tempos. Isso significava que ela me contaria as fofocas quando estivéssemos a sós
- Como vai sua mãe? E o Logan?
- Mamãe está viajando com as amigas do clube da terceira idade. São muito animadas, fazem bailes, festas, então ela nunca está sozinha. Até arranjou um pretendente...
- Que gracinha...
- Demais, mas mamãe disse a ele que quer curtir a vida. E o Logan está viajando a negócios, vai ficar fora por alguns dias, não sei se ele volta a tempo de te ver aqui. – continuamos falar sobre todos os assuntos, e também sobre o real motivo de eu estar ali: uma aluna que possivelmente faça projeção astral e logo estávamos na escola.
O dia na escola passou rápido e a aluna se mostrou capaz de fazer projeção astral, porém devido ao seu descontrole estava um pouco debilitada. Havia providências a serem tomadas, visando a proteção da garota, coisas que Endora fez para mim e agora eu teria a oportunidade de passar adiante.
Mandei um relatório ao Ministro americano e ao francês, aproveitei e solicitei que pudesse ficar mais alguns dias por ali. Se a garota resolvesse utilizar os dons precisaria de algumas orientações básicas. Kyle não gostou muito, e não respondeu a minha carta.

Alguns dias depois...

- Pois não senhores, verei com a família da jovem as medidas para suprimir este poder... ...Sim, é uma pena, mas a jovem está segura do que quer. Logo entrarei em contato. Boa noite senhores e obrigado por me ouvirem....- e as chamas da lareira se extinguiram. Guardei minhas anotações quando ouvi uma batida na porta e logo em seguida ela foi aberta, e Logan entrou. Estava em trajes de viagem e exibia um ar cansado:
- Oi Alex.
- Olá Logan, como vai? Desculpe-me por estar no seu escritório. Paige me mandou usa-lo...
- Eu sei, mandei que ela o pusesse à sua disposição. Como estão as coisas? - antes que respondesse, Annabeth veio dizendo rápido:
- Tio ainda bem que chegou, vamos levar a Alex naquele bar novo que abriu? Tem boa musica, boa comida... Desde que chegou aqui, ela trabalhou direto, então vamos levá-la para se divertir um pouco? Por favor, por favor, por favor...
- Pode ser, mas a Alex pode estar cansada. - e me olhou em dúvida.
- Estou bem, mas, vou ter problemas com as roupas, não trouxe nada apropriado, além de que seu tio acabou de chegar de viagem, e...
- Não vai ter não, temos o mesmo tamanho, e você trouxe suas botas. E o tio Logan depois de um banho ficará bem. Vamos?
Olhei para Logan e ele levantou as sobrancelhas esperando minha resposta. Concordei e ela saiu pela casa soltando um grito animado, dizendo que chamaria os outros primos para nos encontrarem lá.

Chegamos ao bar e era um galpão parecido com um celeiro, cheio de mesas, todo decorado com rodas de carroças e lustres antigos, touro mecânico numa espécie de arena, com um cheiro forte de couro, serragem espalhada pelo no chão.
Logo estávamos dançando, pois os outros sobrinhos do Logan, eram muito divertidos. Depois de algum tempo, nos sentamos, a garçonete trouxe cervejas geladas, enquanto conversávamos, quando vimos McBride chegar.
- Uau, aquele é o McBride? Tá explicado porque Annabeth o provoca tanto. Em roupas comuns, ele é um deus...
- Não faz meu tipo... – disse Logan brincando e demos risada, enquanto o rapaz se aproximava. Annabeth logou percebeu a presença dele e veio se aproximando da mesa:
- Logan... Alex... Annabeth... - disse tocando a aba do chapéu.
Uma música animada começou e ele perguntou:
- Alex, você gostaria de dançar comigo?
- Claro. – eu aceitei logo, sempre gostei de dançar, porém percebi que Annabeth ficou um pouco desapontada, mas Logan a levou para a pista, e ela se animou.
...
- Você dança bem Alex. – o rapaz comentava entre uma volta e outra.
- O Logan me ensinou alguns passos, há muitos anos atrás.
- Entendo... - Nesta hora começou uma música lenta e Logan se aproximou:
- Ei, vaqueiro, posso dançar com esta moça bonita?
- Claro, eu vou dançar com alguma garota que queira um cowboy namorador e não ligue para isso... - Annabeth ao ouvir isso saiu chateada do salão e antes que Logan dissesse alguma coisa, eu resolvi interferir.
- Adoro Annabeth, e já percebi que tem alguma coisa mal resolvida entre vocês dois, você pode não estar interessado, é um direito seu, mas não a magoe.
- Sim senhora. Vou conversar com Annabeth e resolver as coisas. Com licença. – McBride respondeu arrependido. Acabei relaxando, quando o vi se aproximar dela, falar algumas palavras e os dois saírem juntos do bar.
- Incrível que poucas palavras convenceram este cabeça-dura. Deve ter sido a postura de mãe defendendo a cria que você assumiu. Isso assusta sabia? rsrsrs. Sabe... Você devia ficar aqui e resolver alguns problemas que ando tendo com meu pessoal.- disse Logan.
- Eu teria que ter um motivo muito forte para ficar. Algo que me prendesse... - e ele me puxou para mais perto.
- Assim? – começamos a rir e continuamos a dançar.
- Como vai seu casamento?
- Bem.
- Pela resposta curta, vocês devem estar brigados. E o motivo foi sua vinda para cá...
- Uma discussão não é uma coisa séria. Você sabe disso.
- Sim, eu sei. Vocês vão ficar bem.
- Acha mesmo?
- Você o ama como nunca me amou; nada abala isso.
- Às vezes eu queria que o Kyle tivesse esta certeza, mesmo após estes anos todos ele ainda fica inseguro, fica chateado com coisas bobas...
- Vocês dois são muito intensos nos sentimentos. Amam e odeiam com facilidade, e por isso ocorrem estes choques entre vocês. Aposto que você também fica insegura quando encontra alguma mulher que fez parte do passado dele, mesmo sem ter motivos para isso. Dava para ver o medo que você sentiu do fantasma da mãe da filha dele. Sim, eu senti o seu medo, quando me contou a história. Mesmo que se erga um muro entre vocês, vocês acabarão ficando juntos. – fiquei quieta, pois ele tinha razão.
Continuamos a dançar e voltamos para casa tarde da noite. Annabeth iria voltar com McBride.
Tomei um banho e fiquei lendo na cama. Após algum tempo senti meu estômago roncar. Levantei-me e fui para a cozinha pegar alguma coisa para comer. Estava escuro, e a única luz vinha da enorme geladeira aberta, aproximei-me devagar:
- Está com fome também?- alguém perguntou e vi Logan sair de lá, segurando uma bandeja de frango frito.
Estava descalço, sem camisa e com o primeiro botão da calça jeans aberto e tinha os cabelos molhados e despenteados.
- O banho espantou o meu sono. Como sabia que era eu? – perguntei.
- Seu perfume. E você sempre visitou a cozinha durante a noite, mesmo quando estávamos na escola.
Peguei pão, e começamos preparar sanduíches para nós lado a lado, estiquei minha mão para pegar a maionese e ele também. Nossas mãos ficaram unidas por alguns segundos, eu a soltei e ele se virou para buscar mais alguma coisa na geladeira.
Fui até o armário pegar os copos e como eles estavam no alto fiquei na ponta dos pés para alcançá-los. Sem que eu percebesse Logan se posicionou atrás de mim e os pegou. Fiquei parada esperando que ele se mexesse, mas ele ficou ali com o corpo próximo ao meu. Nenhum de nós dois se mexeu por alguns segundos, quando ele pôs a mão no meu ombro e me virou de frente para ele. Eu conhecia aquele jeito de olhar, e alguma coisa dentro de mim, se agitou, pois ele começou a se aproximar bem devagarzinho.
A razão me dizia que eu devia me afastar, mas a minha curiosidade estava falando mais alto.
A porta da frente bateu estrondosamente e nos afastamos, indo cada um para um lado. Annabeth entrou na cozinha como um furacão:
- Estou faminta, tem alguma coisa decente nesta geladeira? – e sentou-se para comer junto conosco.
Depois de comer rápido, Annabeth nos deu boa noite e subiu.
Antes que Logan falasse alguma coisa que nos deixasse constrangidos, eu disse:
-Vou embora amanhã, depois que fizer o feitiço para retirar o poder de projeção da garota. Obrigada por tudo... – ele fez um gesto afirmativo com a cabeça e eu fui para o meu quarto.
Deitei-me para tentar dormir e não consegui. Vi uma sombra parada na porta do quarto e aguardei. Após alguns segundos de hesitação, ela se foi, e eu respirei aliviada.
.............

Paris...

Quando abri a porta do apartamento de noite, o chão estava coberto com pétalas de rosas, velas acesas, e Kyle me esperava no meio da sala, segurando uma rosa vermelha.
- Desculpe não ter ido te buscar no aeroporto, queria te fazer uma surpresa. – disse se aproximando.
- Que lindo! - peguei a rosa e a cheirei.
- Sei que sou um idiota por ter ciúmes de você com o Warrick... Sei que vivo te pedindo desculpas por isso, mas quando percebo já falei um monte de besteiras...
- Ssshii. Não quero falar sobre isso, eu preciso de você Kyle. Muito.
No dia seguinte quando fui desfazer a mala, havia uma fivela de cinto, com a forma de um mustang, e uma mensagem do Logan:
"Use isto se estiver em perigo. Não importa onde você estiver eu te encontro."
Fiquei segurando aquilo por alguns segundo e resolvi guardá-lo numa caixa de lembranças que tenho, desde a época da escola e que o Kyle nunca mexeu. Há certas coisas que devem ficar guardadas, para que não haja confusão.

Wednesday, November 01, 2006

Acerto de contas

Por Scott Foutley

Havia saído de casa com o intuito de realizar a reunião que fora marcada há um mês com os funcionários do meu restaurante, mas o fato é que não consegui desenvolver os tópicos separados pelo meu puxa-saco mor. Já tinha dispensado todos para seus serviços e circulava impaciente pela cozinha, acabando por atrapalhar quem estava trabalhando. Lúcio, meu puxa-saco, entrou apavorado procurando por mim.

- Sr. Foutley tem um homem lá fora dizendo que quer falar com o senhor... Já disse que está ocupado, mas ele é insistente!
- Não deixei ninguém entrar, Lúcio! Estou falando sério! – disse sabendo de quem se tratava
- Vai ficar fugindo de mim como uma criança? – Ben falou empurrando a porta que Lúcio tentava manter fechada
- Aqui não é lugar e nem é hora para conversarmos.
- Não vou a lugar nenhum sem antes você me escutar – ele falou agarrando a camisa de Lúcio – e você me solta ou vou te dar umas porradas!
- Deixe Lúcio, solte-o... – falei cansado – por favor, nos deixem a sós um minuto.

Os funcionários que circulavam pela cozinha saíram atrás de Lúcio, que ajeitava a camisa indignado e resmungando, mas sem coragem de enfrentar Ben. Ele fechou a porta assim que eles passaram e veio caminhando na minha direção.

- O que você quer Benjamin?
- Quero que você me escute antes de sair tomando decisões precipitadas.
- Decisões precipitadas? Você só pode estar brincando!
- Sim, precipitada, pois não acredito que nesse tempo todo você não sentiu minha falta.
- Pra ser bem sincero com você, não senti não. Já estava até me perguntando se você um dia realmente tinha passado pela minha vida. Por mim, poderia ter desaparecido de vez. Volta pra sua vida, Ben. Volta pra ela e me esquece, ok?
- Não posso... – ele fez uma pausa como se estivesse escolhendo bem as palavras – a verdade é que eu menti pra você sobre a razão da minha volta...
- E posso saber qual é a verdade então? – disse já me estressando
- A verdade é que estou doente, um tumor inoperável. Voltei por que você é a única pessoa em quem confio para cuidar do Nicholas.
- O que? Está brincando, não é? – falei já com a voz falhando
- Sim, claro que estou brincando, minha saúde está perfeita! Mas viu como você sente minha falta? Já ia começar a gaguejar!
- Isso não teve graça! – falei irritado e sai andando
- Ah qual é Cott, desculpa, não era pra você ficar irritado! Volta aqui... – e me segurou pelo braço
- Como pode brincar com uma coisa dessas? Se quiser conversar desse jeito, pode ir embora. Pra fazer palhaçada basta procurar um circo.
- Ta bom, ta bom, desculpa, foi uma brincadeira de mau gosto, eu sei. Mas agora sei que você está mentindo e que sentiu sim a minha falta durante esse tempo. E sentiria se eu sumisse de novo!
- Tem uma grande diferença entre sumir no mundo e morrer! Vou perguntar outra vez: o que você quer?
- Quero a vida que tinha com você de volta. Quero que você me perdoe pelas coisas que disse.
- Ben, eu sinto muito, mas não consigo simplesmente esquecer tudo que aconteceu. Queria poder apagar tudo com essa facilidade toda, mas a verdade é que não consigo.
- Tubo bem, não estava esperando que você fosse esquecer tudo rápido, sei que você demora a digerir esse tipo de coisa. E também não estou pedindo isso.
- E o que quer que eu faça então?
- Só quero que você me dê uma chance. Uma chance pra tentar consertar tudo. Acha que consegue isso?

Ben se aproximou mais e apertou meu ombro. Estava fazendo um enorme esforço para não encara-lo, mas era impossível. Ele me olhava com aquele sorriso irônico que sempre me irritou profundamente, mas hoje não estava me tirando do sério. Não conseguia passar uma borracha em toda a confusão que nos separou, mas senti tanto a falta dele nesses meses que estava disposto a tentar superar tudo para termos nossa vida de volta.

- Vamos precisar providenciar um quarto para o menino... – falei sorrindo e ele pareceu respirar aliviado
- Ah, bom, ele não ocupa muito espaço, não vai ser difícil.
- Você tem alguma idéia de como criar uma criança??
- Só sei que preciso mantê-lo vivo e que se ele emagrecer, é porque não estou dando comida suficiente, obvio...
- Foi o que imaginei... – disse rindo – acho que um bom começo seria procurar um terapeuta pra ele.
- E por que?
- Porque? Ele acabou de perder a mãe, o pai é gay e vai ser criado por ele e o namorado! Que criatura não ia precisar de um terapeuta??

Demos risada da situação e deixei o restaurante sob os cuidados de Lúcio enquanto voltava para casa com ele para conhecer direito a criança. Não era bem do jeito que eu imaginava acertas as coisas com Ben, mas acho que vamos tirar isso de letra. E não há como negar que vai ser deveras engraçado...

Wednesday, October 25, 2006

Delicada relação

Por Scott Foutley

Havia voltado da minha corrida diária com Louise, hoje com Remo tentando nos acompanhar, e tinha uma reunião às 9hs com o staff do Underground. Tudo normal, se não fosse por um fato que em um segundo estragou todo um dia: Ben havia invadido meu apartamento e estava plantado no meio da minha sala, com a cara mais lavada do mundo. Louise foi logo abraça-lo, mas me mantive imóvel, puto.

- Não vai falar mesmo comigo? – ele falou em tom de brincadeira
- Como você entrou aqui?
- Ainda tenho a chave...
- Ah sim, claro. Pode devolve-la, por favor?
- Calma Scott, nós temos muito que conversar.
- Não me pede para ter calma, porque eu não estou nervoso. Estou calmo, pedindo calmamente que você me devolva a minha chave e saia do meu apartamento – falei serio, apontando para a porta ainda aberta.
- Cott... – Louise começou
- Olha aqui, lavei a mão dessa vez, pode ver! – uma criança gordinha saiu do meu banheiro com as mãos estendidas, mostrando-as a Ben.
- Sim, agora estamos combinados. – Ben falou parando ele – Nicholas, essa é a Louise e aquele é o Scott. Esse é o Nicholas, meu filho...
- SEU O QUE? - Louise e eu falamos ao mesmo tempo

Minha amiga tinha uma cara de espanto e a minha não devia estar muito diferente, pois fez até com que eu fosse até eles, esquecendo que estava revoltado. Ele mandou o menino ir assistir televisão e começou a explicar a complicada historia que terminava nele sendo pai. Aparentemente uma amiga dele que sempre quis ser mãe solteira conseguiu seu maior desejo numa festa há 7 anos, onde ele fez questão de ressaltar que estávamos separados na época, e só contou a ele que o porre havia dado resultado há 2 meses, pois estava para morrer. Olhei para o menino no sofá e não tinha nem o que contestar sobre a paternidade, ele era a cara do Ben!

- Vou conversar com ele um pouco, vocês dois tem muito assunto para por em dia... – Louise falou se afastando e levando o garoto pra varanda
- Filho? – falei encarando ele – Foi por isso então que voltou?
- Não, na verdade. E você sabe muito bem disso.
- Há muito tempo que não sei de nada, Ben. Nem de noticias suas! Você passou quase um ano fora sem nem dar sinal de vida.
- Eu liguei pra você, inúmeras vezes, mas você não me atendia e não retornava as ligações!
- Pra que? Pra discutirmos mais pelo telefone? As coisas já estavam ruins demais sem mais essa.
- Eu não queria ter saído daquele jeito, me senti péssimo.
- Mas não te impediu de ir, certo?
- Eu precisava ir, não tinha opção, tenho um contrato com os Duendeiros a cumprir! Quer dizer, tinha.
- Como tinha? O que quer dizer?
- Tentei falar com você antes para contar isso. Sai da banda, essa turnê foi minha ultima.
- Saiu até quando? Você não consegue ficar longe muito tempo, sabe disso.
- É definitivo, já tem ate outra pessoa no meu lugar. – ele disse agora sério – não podia mais continuar com isso.
- Bom, claro que não, você agora tem um filho e precisa cuidar dele. E não era viajando todo mês que iria conseguir isso.
- Nicholas não foi o motivo do meu desligamento da banda, Cott. Foi você.

Por que? É só isso que pergunto: por que? Por que agora, depois de tanto tempo, depois de já ter me acostumado com os fatos, de ter seguido em frente, ele me vem com essa? Continuei calado, sem me manifestar, encarando-o e deixando que ele terminasse de falar sem interrupções.

- Percebi, assim que bati aquela porta da ultima vez que nos vimos, que não queria continuar fazendo isso, ter que ir embora de repente, sem data pra voltar. Eu te amo cara, não dá pra ficar longe. E eu sei que você também pensa assim, conheço você melhor do que ninguém.
- Você acha que tudo se resolve fácil assim, não é mesmo? – não agüentei e falei – que basta voltar depois de meses e como num passe de mágico tudo que aconteceu vai desaparecer e vamos viver felizes para sempre!
- Mas as coisas são simples! A vida é simples, são as pessoas que tornam ela difícil.
- Não acredito nisso... – falei puto
- Droga Cott, você tem sempre que complicar as coisas! Sempre!
- É, eu sou um cara complexo...

Virei as costas quase bufando, apanhei as chaves do carro em cima do balcão e sai batendo a porta. Nem me despedi ou disse aonde ia, só precisava sair dali. Não podia lidar com isso, não agora. Não podia e não queria também. Minha cabeça latejava e sai batido para o restaurante. Já estava atrasado para a reunião, nem mesmo tomei banho e me arrumei, sai com a roupa do copper. Ao menos por um tempo iria me ocupar com outra coisa e não pensar no que está acontecendo.

Tuesday, October 24, 2006

Corridas e visitas inesperadas

Por Louise Storm

- Lou, espera um pouco. Alguém ta morrendo ali atrás...

Scott segurou meu braço e tirei o fone do ouvido, parando para olhar pra trás. Scott e eu estávamos fazendo nossa corrida diária em volta da lagoa, mas era a primeira vez que Remo nos acompanhava e estava claramente com dificuldade de manter o nosso ritmo. Depois de 5km, ele se largou em um banco sem cerimônias e voltamos para arrasta-lo.

- Levanta Remo, ainda faltam 2,5km! – falei e ele me olhou como se tivesse dito uma ofensa
- Você fala 2,5km como se fosse a mesma coisa que atravessar a rua! – ele disse chocado – não, só continuo se descansar 5 minutos!
- Já corremos 5km, agora é a parte fácil – Scott falou sentando ao lado dele – Pra um auror, você ta muito fora de forma!
- Desculpe se não estou acostumado a correr em volta de um lago... – falou sarcástico
- Primeiro que isso não é um lago, é uma lagoa! – falei ofendida – e segundo, não começa a me irritar já cedo! Levanta desse banco ou vamos deixar você pra trás!
- Dá um desconto Lou, teve lua cheia há dois dias, ainda estou debilitado – Remo falou tentando soar convincente.
- Boa tentativa, mas você já usou demais essa desculpa quando ainda morávamos em Londres! – e Scott engasgou tentando segurar o riso – e você ta rindo de que?
- Nada, só imaginei em que situação ele usava essa desculpa...
- Ei, não é nada disso que você ta pensando! – Remo falou ofendido e dei risada
- Você não sabe o que estou pensando...
- Eu sei exatamente o que você esta pensando, só pelo sorriso debochado estampado na sua cara.
- Ok, chega de papo, vamos embora terminar o circuito! – falei levantando do banco e puxando os dois.

Scott e eu logo retomamos o ritmo, mas Remo ainda vinha mais devagar. Decidi que não ia pegar no pé dele e deixei que ele viesse mais atrás. Já perto do ponto de partida passou um homem maravilhoso, um Deus grego, correndo na direção contraria a nossa. Foi instantâneo: Cott e eu viramos o rosto para vê-lo passar. Mais que depressa Remo tomou fôlego e emparelhou comigo.

- Que cara de pau, hein Dona Louise?? – ele falou sério
- Dona?? Nossa, nasceram 5 fios de cabelo branco agora! – e Scott riu
- Ta reclamando de que, Remo? Melhor acostumar, porque você também vai levar muitos beliscões dela...
- Beliscão por que?

Assim que ele perguntou, passou uma garota de no máximo 25 anos correndo na mesma direção do homem, com quase nada de roupa, marcando o tempo no cronômetro. A cabeça de Remo virou automaticamente e agarrei seu braço, também séria, o beliscando.

- Por causa disso!
- OK, entendi, vamos acabar logo essa corrida... Isso doeu, viu?

Scott começou a rir e segurei a mão de Remo para que ele não ficasse para trás outra vez, acelerando agora. Completamos os 7,5km por volta das 8hs e paramos para tomar café no quiosque de sempre, já que Scott estava com preguiça de fazer em casa. Antonio, que era o garçom que sempre nos atendia, trouxe o jornal para que fossemos lendo enquanto preparavam o café. Remo pediu uma água e bebeu tudo em questão de segundos, encostando-se na cadeira e deixando a cabeça cair para trás.

- Estou vendo pontinhos quando fecho os olhos...
- Isso é normal, você ta fora de forma. Não abaixa a cabeça que é pior, senta direito que logo passa. – falei abrindo o jornal – Cott, olha isso, já vão começar os ensaios!
- Huuum muito bom, já estava começando a sentir falta!
- Estava pensando em chamar o pessoal para passar o carnaval aqui, o que acha?
- Excelente idéia! As meninas vão adorar, Yulli principalmente...
- Acha que consegue arrumar umas fantasias para desfilarmos?
- Não sei, talvez... Fala com elas primeiro, para sabermos quantas são, que vou dar um jeito. Alguma preferência?
- Não, qualquer uma, é só pela farra.
- Fantasia? Desfile? Do que vocês estão falando?
- Aaah Remo, você vai adorar! – Scott falou caindo na gargalhada
- Vou detestar, não é? – ele perguntou vendo que eu também estava rindo
- Não, vai gostar sim, Scott é idiota. – falei parando de rir – é uma festa que tem aqui uma vez por ano, por uma semana. É muito divertido, desfilamos desde que mudei pra cá! Só o Gabriel já foi umas 4 vezes!
- Sim, você vai gostar sim, é que é uma idéia engraçada você usando aquelas roupas doidas e tentando sambar! – Cott falou rindo ainda mais
- Não da ouvidos a ele, só ignora... – mas estava difícil conter o riso

O café chegou em seguida e mudamos de assunto. Scott ia dizendo que hoje não poderia enrolar em casa, pois teria uma reunião com os funcionários do restaurante às 9hs e nos apressamos, voltando para casa. Remo foi direto para o nosso apartamento, pois já estava quase atrasado, e subi com Scott ate o apartamento dele para pegar umas coisas que havia largado por lá. Entramos conversando distraídos e esbarrei nele, que parou de repente.

- Ai, o que foi?

Cott continuou parado e a expressão em seu rosto, que antes era de descontração, ficou séria. Olhei para frente sem entender nada, mas a compreensão veio em seguida quando dei de cara com a figura de Ben parado no meio da sala, segurando um copo. Corri para abraça-lo e ele logo abriu um sorriso, mas Scott continuou parado no mesmo lugar, sem se mover. Ok, eu até estava cansada, trabalhei a noite toda e ainda não havia dormido, mas meu sono acaba de evaporar, junto com o cansaço! Acho que a casa vai cair e é agora!

Wednesday, October 04, 2006

Presentes de aniversário...

Do diário de Yulli Hakuna

YH: Scott ligou de novo! Sinal de que estão chegando... Alex, anda logo com isso, temos que nos esconder! Mark, se esconda com a Vanessa e avise o Lu a Mirian, o Carlinhos e a Morgan pra fazerem o mesmo. Sergei, o que você está fazendo aí??? ALEX, rápido!
AM: Não dá pra ir mais depressa com você buzinando no meu ouvido! – Alex deu o último nó no fio que segurava um grande balão no teto e desceu da cadeira parecendo satisfeita.
YH: Vamos, venha se esconder!

Mal tinha terminado a frase e colocado a cadeira no lugar, e ouvimos vozes no hall de entrada. Pelo jeito, Scott e Lou estavam acabando de sair do elevador e conversavam animados...

LS: ... aí, você acredita que ela, vendo todos me dando presentes, recolheu a seringa que tínhamos acabado de usar e me deu de presente dando parabéns? Tadinha, totalmente biruta! Olhei pro Heitor e ele parecia estar segurando o riso com todas as suas forças.

Os dois começaram a gargalhar quando ouvimos um barulho de chaves tilintando. Alguns segundos depois, a maçaneta girou e eles entraram no apartamento escuro. Louise apalpou a parede e conseguiu ligar a luz, mas quando tudo ficou claro, um grito cronometrado soou por todos os lados do apartamento.

- SURPRESAAAAAA!!!

Começamos a cantar parabéns e Scott rindo largamente, apanhou as sacolas de compras da mão da Lou, levando-as até a mesa e se juntando ao coro. Lou parecia em choque. Quando terminamos de cantar, Remo se adiantou e beijou-a.
Scott veio nos abraçar empolgadíssimo pelo sucesso do plano, enquanto nos enfileirávamos para abraçar Louise.

Terminados os cumprimentos, Lou passou do estado pálido de choque para um corado. Mal tínhamos começado a cortar o bolo, quando Sam e Josh chegam. Sam olhou cautelosamente antes de entrar, então, quando viu Louise à mesa observando-a sorridente, pareceu extremamente aborrecida e começou a dar tapas no Josh.

SW: Eu... te... disse... que... íamos... chegar... atrasados! Olha só! Louise já está aqui! Argh Josh!
LS: Obrigada pelos parabéns Sam!

Sam pareceu notar que estava no meio do apartamento e todos riam da cena. Um pouco constrangida, parou de violentar Josh e deu um grande abraço em Louise, que já estava com os braços abertos.

SW: Eu queria realmente ter chegado antes de você Lou, mas o Josh é um lerdo! – lançando um olhar maligno pra Josh, que abaixou a cabeça sem graça.
YH: Sempre atrapalhada né, dona Samantha? – dei um grito do fundo da sala!

Sam correu e abraçou a todos nós, esquecendo que estava irritada. Depois de comermos e colocarmos as conversas em dia, Louise se sentou no sofá ao lado de Remo e puxou a pilha de presentes, abrindo-os um por um. Troquei um olhar ansioso com Scott e Alex quando ela agarrou um pequeno baú trancado a chave.
Tentou abrir, mas não teve sucesso. Já ia puxando a varinha, quando Mark segurou sua mão lançando um olhar apreensivo pra Vanessa, sua nova esposa, trouxa.

LS: Ah, sim, certo! – disse soltando um sorriso meigo e largando a varinha. – Então, quem me deu esse baú?

Eu, Scott e Alex levantamos a mão em sincronia, com caras inocentes.

LS: Claro que foram vocês! Não sei nem porque perguntei... Querem fazer o favor de me dar a chave? Ou pretendem fazer segredo do conteúdo?
AM: A chave está ali... – Alex apontou o dedo para o balão no teto, feliz.
LS: Hum... entendo! Ok, então me deixa estourar logo isso!

Louise levantou esperançosa indo até o balão. Antes que pudesse esticar as mãos para ele, Kyle surgiu lhe entregando um bastão, enquanto Sergei tapava seus olhos com uma venda, começando a girá-la.

YH: Você não achou que íamos entregar nosso presente fácil assim né Lou?

Sergei parou de rodá-la e ela cambaleou um pouco, quase se desequilibrando.

SF: Vai lá Lou! Você só precisa acertar o bastão uma vez no balão... É moleza!
LS: Claro!

Ela andou uns passos a frente, um pouco tonta, então parou a poucos centímetros de onde o balão estava pendurado. Nesse momento, Quim abriu a porta sorridente, entrou e ficou calado observando Lou agitar o bastão. Ela jogou o bastão pra trás e de uma vez, com toda sua força, arremessou o bastão pra frente. Ele escorregou da sua mão, passou estourando o balão, deu um rasante na cabeça da Mirian que teve que se desviar, e acertou em cheio a cabeça de Quim com um baque surdo.

Foi a vez de Quim ficar tonto e cambalear. Seus olhos giraram uma órbita completa, um tanto vagos, quando ele caiu com estrondo, sem reação. Sam soltou um grito aflito, e todos foram correndo se aglomerar em volta de um Quim inconsciente. Louise ouvindo os gritos arrancou a venda e foi correndo ver o estrago. Pediu pra nos afastarmos e jogou um copo de água na cabeça de Quim, que engasgou e abriu os olhos lentamente.

LS: QUIM! Você sabe quem eu sou?
QS: A aniversariante do dia, totalmente maluca, que agride um amigo convidado com as melhores intenções?

Todos riram, inclusive Louise, parecendo muito aliviada.

LS: Certo! Quantos dedos tem aqui? – ela fez 4 com a mão e colocou diante dos olhos de Quim.
QS: Oito? – ao ver Lou soltar um suspiro aborrecido, ele começou a rir – Quatro!
LS: Maravilha! Se sabe matemática, está bem!
YH: Sim, se eu tivesse que perder a memória, faria questão de apagar primeiro a matemática!

Todos recomeçaram a rir, e Lou pediu pra ajudarem a levantá-lo. Remo, Kyle e Sergei se adiantaram pra ajudá-lo a levantar e sentar na poltrona.

QS: Caramba Lou, você nasceu pra ser batedora mesmo! Essa foi certeira! – Quim passou a mão no calo fazendo uma careta.
LS: Desculpa! – ela nos olhou severamente. – Façam alguma coisa correta e arrumem uma bolsa de gelo para o Quim, por favor...

Corri até a cozinha e peguei o gelo. Quando chapou-a no hematoma fazendo outra careta, Louise voltou sua atenção para o balão murcho no chão.

LS: Cadê a chave?

Alex apanhou-a no chão e jogou pra Lou, que agarrou o baú e o destrancou. Assim que abriu a tampa, uma série de coisas diferentes pularam da caixa para o colo dela, e ela soltou uma gargalhada levantando os conteúdos para todos verem.

LS: Kit Lua-de-mel... Para garantir a diversão constante dos recém-casados! Vamos ver o que temos aqui... Uma caixa de remédios para dor de cabeça! – soltando uma gargalhada, leu as escritas da caixa. – Para Louise nunca ter desculpas esfarrapadas!

Remo sorriu silenciosamente. Louise o olhou atrevida e tirou um pacote embrulhado. De dentro tirou uma máscara preta que só cobria os olhos, e um chicote.

LS: Para dar mais emoção, imagino... – minha amiga balançou o chicote levemente encarando Remo, que já estava roxo de vergonha. – Pelo menos isso dói menos do que o bastão...
QS: Alegre-se Remo! A pior pancada já foi minha. O que vier do chicotinho, é lucro!

Remo sorriu constrangido novamente e não respondeu, enquanto o restante estava aos prantos.

LS: Mais alguns remedinhos especiais e... O que é esse outro embrulho aqui hein?

Louise agarrou o embrulho e começou a desembrulhar.

AM: Bom, nós tentamos achar um branco na loja Lou...
YH: Sim, para fazer uma imitação do que imaginamos ser o do Remo!
SF: Mas eles são os mais cobiçados! Você não teve sorte! Só lhe sobrou o...
LS: Preto e grande, como o do Quim! – Louise havia acabado de desembrulhar o presente, e estava chorando de rir, enquanto segurava com firmeza na mão um pênis de chocolate. – Maravilha! Deve ser uma delícia!

Quim parecia estar passando mal de tanto rir, enquanto Remo encarava o objeto chocado e totalmente sem graça. Carlinhos atirou uma almofada nele, que a agarrou e tentou soltar um sorriso, mas estava com vergonha demais para parecer sincero.
Louise depositou o chocolate de volta no baú, com todas as outras coisas, e beijou Remo. Quando se soltaram, ele a encarava um pouco constrangido, enquanto ela ria.

LS: Ei, ta com essa cara porque? Você sabe que eu prefiro os branquinhos! Com todo o respeito, Quim...
QS: Tudo bem! – rindo.

Passamos um bom tempo ainda conversando, e aos poucos todos foram indo embora. Os primeiros a se despedirem foram Lu e Mirian. Seguidos por Mark e Vanessa. Carlinhos e Morgan se levantaram ao mesmo tempo de Sam e Josh. Quando Alex e Kyle se levantaram, eu e Sergei seguimos a onda nos despedindo de Louise.
Antes de irmos embora, Remo, um pouco mais a vontade comentou...

RL: Acho que deu para imaginar como vai ser a despedida de solteiras de vocês!

Rindo dele, entramos no elevador, deixando Louise e Scott enxugando lágrimas.

Tuesday, September 12, 2006

Não fico sem você.

Anotações de Morgan O’Hara Weasley

Acordei com o som de conversas e após algum tempo me levantei. Apesar dos problemas de todas havia sido uma noite divertida. O dançarino mascarado, acabou fazendo o lado dos homens se roerem de ciúmes e para minha surpresa Carlinhos estava entre eles. Ele tinha um olhar irado no rosto, quando me viu dançando animada. O mais engraçado é que os homens nem sequer desconfiavam que o "stripper" é amigo de todos eles.
Estávamos de pé na cozinha, tomando um farto café preparado pelo Scott, sim, agora o chamo de Scott, depois de dançarmos daquele jeito na noite anterior, não havia sentido em chamá-lo de senhor Foutley. Quando Yulli apareceu:
- Cadê o Scott?
- Saiu, dizendo que tinha uns assuntos a resolver, deve voltar logo. - disse Louise, enquanto comíamos. A campainha tocou e Alex foi atender, e logo me chamou:
Fui até a sala e Carlinhos estava parado na porta:
- Oi, posso falar com você um pouco?
- Claro. Podemos sair para dar uma volta... - respondi e recebi uma piscada da Alex, quando dei-lhe um beijo de despedida.
Caminhamos até um café ali perto, e nos sentamos numa mesa de frente um para o outro.
CW - Você está bem? E o bebê?
MOH - Estamos ótimos. Louise me examinou ontem...
CW - Passou mal, depois de ficar dançando com aquele cara não? Não tem juízo? Podia ter caído e se machucado ou machucado o bebê....
Depois disso, não iria dizer a ele, que Louise afirmou que eu teria gêmeos. Mas, como ela havia tomado uns drinks, achou melhor que eu fosse até o hospital confirmar assim que a semana começasse.
MOH - Acha que eu prejudicaria nosso filho? Você é tão idiota. - disse levantando da mesa e ele segurou minha mão.
CW - Não, não vá embora, por favor. Desculpa. Foi difícil eu ver o jeito que você dançava ontem e agora você dizendo que foi examinada pela Louise, assustou-me. Mais uma vez desculpa.
MOH - Louise me examinou ontem e me receitou algumas vitaminas que me que farão bem. - como ele ficasse me olhando eu continuei:
- Devo ir embora amanhã. Alex vai me mandar para a Irlanda através do Ministério. Quando o bebê nascer eu te aviso ok?
CW - Não.
MOH - Não vai querer ser avisado quando o seu filho nascer? – a garçonete ouviu o que eu disse e quase jogou a xícara de café quente em cima dele.
CW - Você não vai ficar lá sozinha com a Bertha. Você precisa de cuidados especiais e na Ilha não vai ter isso...
MOH - Vou ter todo o cuidado que preciso, tia Bertha e Porshy saberão o que fazer quando chegar à hora. Não vou discutir mais isso. Não vou ser a primeira mulher a dar a luz.
CW - Mas vai ser a mãe do meu filho. Quero estar com você quando acontecer.
MOH - Ah e como você vai fazer isso? Sua mãe não vai permitir que você more numa casa que não é sua. Ou quem sabe ela o convenceu que eu não sou boa o bastante para você. Ou quem sabe resolveu que você ainda é criança... – cutuquei. Como eu queria que ele reagisse, estava doida para brigar...
CW - Minha mãe já deu a opinião dela sobre o assunto, e não vou mais discutir sobre isso com você. Numa coisa ela está certa: nenhum de nós dois se preparou para ser pai ou mãe. Veja bem... Nem como marido e mulher estamos dando certo.
Eu estava esperando um pedido de desculpas, declarações de amor e ele me vêm com isto? Fiquei chocada, mas procurei disfarçar.
CW - Eu... Eu vou pedir para a Bertha um emprego na Ilha. Acho que poderemos conviver pacificamente pelo bem do nosso filho.
MOH - Você vai para lá comigo? Vamos ficar juntos? – disse esperançosa, mas ele continuava sério.
CW - Vou lá para ajudá-la até a hora que o bebê nascer. Não vou deixar você sozinha numa hora destas.
MOH - Deixa ver se eu entendi: você vai ficar na Ilha, mas apenas como empregado da tia Bertha? É isso? ¬¬
CW - Você escolheu me deixar, tá lembrada? Nosso vinculo será o bebê. Vou ajudar a criá-lo, é minha responsabilidade.
MOH - Sua responsabilidade era me amar Carlinhos. – explodi.
CW - Eu a amo mais do que você consegue imaginar. Mas temos modos diferentes demais de encarar esta situação. Tenho deveres assumidos que tenho que cumprir, porque quero um mundo mais seguro para o nosso filho. O jeito será nós sermos apenas amigos, pelo bem do bebê.
Eu queria voltar para a cama e dormir novamente. Isso não podia estar acontecendo. Meu rosto deve ter mostrado a minha dor, porque ele segurou minha mão e disse travesso:
CW - Tá vendo como dói a gente achar que perdeu quem a gente ama?
MOH - Você estava brincando quando disse aquelas coisas? Não teve graça. - funguei e ele parou de rir ficando preocupado.
CW – Não chora amor. Eu decidi ir com você para a Ilha, você tinha razão quando disse que eu estava sendo machista. Fui um idiota.
Pelo tempo que estávamos juntos eu o conhecia bem demais, e sabia que ele estava abrindo mão de coisas que acreditava para ficar comigo. Não poderia haver prova de amor maior que esta. Porém, isto não seria justo:
MOH - Vamos morar na Ilha, mas você vai continuar com a ODF. Tenho amigos na Irlanda que querem ajudar também.
CW - Mas você queria que eu saísse da ordem... :s *confuso*
MOH - Sim, eu ainda quero, mas não vou deixar você abrir mão de uma coisa que você acredita por um capricho meu. Já perdemos Dumbledore, e se a Ordem começar a perder seus colaboradores, não teremos mais esperança. E como já disse várias vezes: eu vou ajudar, nem que seja ficando em nossa casa cuidando do nosso filho, por um tempo. Não seria justo com nossos amigos que vão continuar a lutar, se nós dois ficássemos lá.
CW – Vai ser uma correria... Vai conseguir suportar?
MOH – Saber que você vai estar do meu lado incondicionalmente, me faz suportar qualquer coisa.
CW - Esta é a minha garota. Sabe que quando vi você dançando ontem comecei a ter umas idéias. Eu estava esquecendo antes de você se tornar mãe, você é uma mulher linda e sexy. Acha que pode perdoar o meu vacilo?- fingi analisar a situação e disse:
MOH – Vou pensar em várias formas para você me compensar.
Saímos dali e fomos encontrar um lugar onde ficássemos sozinhos. Hoje era um novo dia, e iríamos aproveitar para fazer as pazes. Quem sabe quanto tempo esta trégua iria durar.

Thursday, September 07, 2006

Happy Together

Do diário de Yulli Hakuna

SF: Ele vai te procurar, eu tenho certeza que vai!
YH: Francamente? Não tenho tanta certeza assim...
SF: Ele vai vir! Tenha um pouco de paciência ok?
YH: Ta, vamos ver...

Essas foram as últimas palavras que troquei com Scott, antes dele rebocar a Lou para o aeroporto, ou perderiam o avião para o Brasil. Agora estava novamente sozinha. Depois de toda a confusão com os homens, minhas amigas pareciam ter se encaminhado a uma reconciliação com eles... Eu no começo achei que Sergei viria atrás de mim, logo que amanhecesse, pedindo pra conversarmos civilizadamente, mas não aconteceu!

Me joguei tensa no sofá. Olhei na parede uma foto de Sergei com Alex e Kyle e um gosto amargo desceu na minha boca. Se eu mesma tinha falado pra ele não me procurar até que eu fosse atrás dele, porque estava querendo que ele aparecesse mais que tudo?

Imagine me and you, I do
I think about you day and night
It’s only right
To think about the girl you love,
And hold her tight.
So happy together

Como não adiantaria ficar no apartamento dele, estava me preparando pra voltar pra casa quando…

SM: Então você vai mesmo embora sem nem me dar uma chance de me explicar?

Virei assustada pra trás e dei de cara com Sergei na porta, sério. Ele entrou e trancou à chave ainda me encarando...

SM: Será que eu posso conversar com você? Pelo menos tentar me explicar?

Sem saber o que responder, soltei um suspiro e sentei no sofá esperando.

If I should call you up
Invest a dime
And you say you belong to me
And ease my mind
Imagine how the world would be
So very fine
So happy together

SM: Eu não estava defendendo o Kyle! Aliás, estava, mas é porque eu sabia que a Emily era a filha dele! Você deve me conhecer o suficiente pra saber que se ele tivesse traído a Alex eu seria o primeiro a ir contra ele!
YH: Ok, isso agora já não é nada. – me levantei olhando a janela.
SM: Então quer dizer que tudo bem? Você me entende?

Meu sangue ferveu e peguei a primeira coisa que estava ao meu alcance. Devo dizer que se ele não tivesse adquirido bons reflexos na Academia de Aurores, teria morrido naquele momento por um jarro tailandês arremessado na sua cabeça.

SM: TÁ LOUCA???
YH: Eu? EU SOU A LOUCA? Sabe o que você é russo? Um cachorro! Um canalha! Um pilantra e não passa disso! Você sabia que invadir os pensamentos das pessoas sem a permissão delas é invasão de privacidade? Você sabia que me decepcionou muito? Sabia? Você pensou nisso?

Foi a vez dele de desabar no sofá sem palavras e soltar um longo suspiro...

SM: Eu tive medo... Você é a mulher que eu mais amo em toda a minha vida, e se eu não conseguisse fazer você se casar comigo? Então eu tomei essa atitude desesperada pra te conquistar, e nem pensei nas conseqüências. Você tem todo o direito de querer me matar!

I can’t see me loving nobody but you
For all my life
When you’re with me
Baby the skies will be blue
For all my life

YH: Você teria conseguido se casar comigo de qualquer jeito, porque eu já te disse que eu te amo! Eu não preciso de você me mimando pra sentir que vamos ser felizes!

Sentei no sofá cansada, e ele veio até mim, e se ajoelhou segurando minhas mãos. Se ele tivesse lendo meus pensamentos naquela hora, saberia que eu estava prestes a ceder a severidade que estava carregando.

Me and you
And you and me
No matter how they toss the dice
It has to be
The only one for me is you
And you for me
So happy together

SM: Me perdoa? Por favor! Eu juro que isso nunca mais vai acontecer, e que seus pensamentos vão ficar só pra você! Até porque, se for pra pagar uma conta igual ao daquele restaurante toda vez que eu invadir seus pensamentos, eu realmente vou ter que declarar falência em breve!
YH: Esse é o preço a se pagar por pensar que eu era boba! E por ter se abusado de mim! Hunf... Eu devia era jogar esse outro vaso em você, isso sim!

Ele encarou o chão amargurado, e eu não agüentando mais me fazer de séria, sorri e levantei seu rosto com a mão fazendo ele me encarar.

YH: Promete que não vai mais fazer isso?
SM: Juro! E você promete que não vai mais me julgar machista e incompreensível sem antes me escutar?
YH: Ham, ta bom, ta bom!
SM: E nem vai mais ficar se divertindo com um dançarino no meu apartamento?
YH: Ah, aí você ta exagerando!

Ele me encarou bravo e eu ri ainda mais.

YH: Vou ter que contratar um pra minha despedida de solteira!
SM: Ok, pra despedida de solteira eu deixo... Mas só pra essa data ok? Então promete que você vai se casar comigo? E a gente vai esquecer tudo isso?
YH: Me diz: eu tenho outra opção?
SM: Não! Agora que eu te achei não deixo mais você ir embora assim tão fácil!
YH: Apesar de você ser machista, incompreensível, inseguro e bobo, eu ainda te amo.
SM: É? Então me prova! Me mostra como se dança... Finge que eu sou o dançarino de ontem...

É tão bom reatar relações quando se tem uma cama tão perto...

I can’t see me loving nobody but you
For all my life
When you’re with me
Baby the skies will be blue
For all my life
So happy together, happy together…


**NA: Música: Simple Plan – Happy Together.

Wednesday, September 06, 2006

Antes tarde do que nunca

Por Louise Storm

Só restava Yulli e eu no apartamento do Sergei quando Scott voltou, dizendo que se não partíssemos naquele momento perderíamos o vôo para o Brasil. Despedi-me da minha amiga, que também estava para voltar ao Japão, e fui embora. Mo caminho do aeroporto Scott ia me contando sobre o que foi fazer no apartamento do Quim, de como os homens reagiram e do quanto ele estava revoltado, pois havia conversado a sós com Remo depois que todos saíram, e mesmo assim ele não apareceu para ao menos se despedir de mim.

A viagem de volta pra casa foi péssima. Por já estarmos atrasados, fomos direto para Heatrow, Scott já havia colocado as malas no carro antes dessa confusão toda começar. O tempo de vôo é de aproximadamente 9hs e eu posso dizer que por certo, chorei durante 5hs. Não queria chorar, me esforçava para parecer que não estava dando importância, mas era o Cott que estava comigo, não precisava fingir nada, pois só de me olhar ele já sabia o que eu pensava. Eu ficava imaginando o que iria dizer ao Gabriel e em como ele ia falar que já esperava por isso. O táxi nos deixou em frente ao prédio onde moramos na Lagoa e eu estava pagando ao homem quando meu amigo começou a me cutucar insistentemente.

- Que foi Cott? Você esta branco, viu fantasma??
- Olha lá Lou...
- Olha lá o que?
- Ali! – e agarrou meu rosto, virando ele na direção do prédio.

Por sorte não havia nada de quebrar na minha bolsa, pois a deixei cair na mesma hora. Sentado em um banco ao lado do prédio estava Remo. Ele mantinha a cabeça baixa e ainda não tinha percebido que havíamos chegado. Olhei para Scott esperando que ele me dissesse que sabia de tudo e estava me enganando, mas sua cara denunciava que ele estava tão surpreso quanto eu. Deixei minhas malas com ele para subir e fui até lá.

- Remo?
- Lou? Ah, já estava pensando que George tinha me passado o endereço errado, ele ficou um pouco relutante.

Ele levantou depressa do banco sorrindo e foi logo puxando minha mão. Mulher é um bicho mole mesmo: ainda tentei me manter seria, mas acabei retribuindo ao sorriso dele. Acho que isso o tranqüilizou, pois parecia menos ansioso.

- O que você veio fazer aqui?
- Vim tentar consertar uma burrada que eu fiz
- Ah é? Bom, eu...
- Por favor, me deixa falar. - ele encostou a ponta do dedo nos meus lábios e parei de falar – Primeiro me desculpe por não tê-la alcançada ainda em Londres, mas vou explicar isso em um instante. Eu ate agora estou tentando entender porque brigamos, porque eu disse que não me mudaria. Eu tenho sim minha vida lá, assim como você tem a sua aqui, mas o fato é que minha vida não é completa sem você, então de que adianta ficarmos onde queremos, mas separados?
- Remo...
- Não fazia sentido, eu já sabia disso, mas Scott me fez compreender de uma vez por todas que meu lugar é onde você estiver. Eu não trouxe nada comigo, sai às pressas quando vi que você já tinha ido embora, mas vou voltar para fazer as malas, eu vou ficar aqui, do seu lado, e nunca mais vamos nos separar. Isso, claro, se você ainda me quiser...

Não foi necessária uma resposta em palavras para aquela pergunta. Envolvi meus braços em volta dele e o beijei, apagando os últimos dois dias de briga da memória. Ouvi Scott gritar da varanda de seu apartamento, mas ele correu para dentro de casa quando olhamos para cima. Remo me soltou e começou a tatear os bolsos da roupa, até que encontrou o que procurava.

- O motivo pelo qual eu não consegui alcança-la ainda em Londres foi porque precisei ir até minha casa procurar por isso.
- Remo, você não... – falei assustada quando vi que ele puxou uma caixa antiga do bolso
- Comprei isso há 16 anos e não tive a oportunidade de lhe dar, mas guardei comigo, não consegui me desfazer. Bom, antes tarde do que nunca, certo?
- Eu... eu...
- Sei que não posso oferecer muita coisa, mas acho que depois de tudo que passamos, conseguimos enfrentar qualquer coisa e...
- Ah Remo, você sabe que eu nunca me importei com isso! Isso nunca foi problema e não é agora que vai começar a ser.
- Você disse sim há 16 anos atrás. Então, ainda quer casar comigo?
- Claro que eu quero...

Remo pôs a aliança que havia comprado quando me pediu em casamento pela 1ª vez no meu dedo e me abraçou, me beijando. Minhas pernas estavam fracas e sentia que estava tremendo, ainda sem acreditar que há menos de 10 minutos estava pensando que nunca mais fosse beijá-lo outra vez. Scott gritou de novo da sacada, mas dessa vez não se escondeu quando olhamos para cima, tinha um sorriso tão largo quanto os nossos. Ele jogou as chaves e subimos ao encontro dele. Agora ali era nossa casa, não mais só minha.

Sunday, September 03, 2006

da hora da verdade ninguém escapa

Do diário de Alex McGregor

- Vai logo Alex....
- Não, melhor não. Não me sinto preparada. E se... Ah, esquece, vou ficar aqui...
- De um jeito ou de outro, vocês vão ter que resolver esta situação.
- Me diz o que você sabe Scott. Você não estaria nesta calma toda, me mandando de volta até a minha casa falar com o Kyle, se não soubesse de nada.
- Sim, sei de algumas coisas, porém seu marido é que tem que falar com você. Vai logo que ele está te esperando, e vá preparada porque ele está com um humor do cão.


Estava parada há mais de 10 minutos em frente a minha casa, relembrando a conversa com Scott e criando coragem para enfrentar o Kyle. Meus amigos sabiam que por mais que eu estivesse zangada, magoada com ele, eu ainda não me sentia forte o bastante para terminar tudo e estava me odiando por isso. Mas como ele insistiu com Scott que deveríamos conversar, e meu amigo apelou para que eu fosse racional, aceitei o encontro.
Abri a porta cautelosamente, para disfarçar o meu nervosismo. Fui até a sala e Kyle que estava sentado no sofá levantou dizendo:
- Tive receio que não viesse. Você está linda como sempre. – ele havia tomado banho, se barbeado, mas as olheiras denunciavam sua noite mal dormida. Meu coração me traiu quando o viu, mas a mágoa me fez reagir:
- O que você quer? Se for sobre o divórcio, a única coisa que quero é meu filho.
- Eu não tenho motivos para me divorciar de você. Amo você desde o nosso primeiro beijo e vou continuar amando.
Ele acha que sendo charmoso, eu vou me jogar em seus braços? É muito cara de pau...
- Ok, era só isso? Estou indo.
- Não, por favor, me escuta. - aproximou-se rápido e segurou meu braço para me deter. Olhei zangada para ele e ele retirou a mão rapidamente:
- Você tem 5 minutos. – disse olhando no relógio.
- Vamos nos sentar?
- Menos 3 segundos...
- Ok, ok. O Ty realmente me viu com uma garota jovem na joalheria.
- Meu filho não mentiria sobre isso. ¬¬
- Claro que não, mas se o NOSSO filho tivesse entrado e falado comigo ele poderia conhecê-la.
- Claro, ele iria adorar conhecer a nova "mamãe". - disse sarcástica.
- Que droga Selene, você não facilita também.
- Vejamos: Você me trocou por uma garota com metade da minha idade. Estes dias maravilhosos aqui, foram uma mentira... Então tenho que facilitar por quê? O tempo continua correndo. – minha voz estava mais alterada do que eu queria e comecei a respirar fundo para não chorar ou ceder a tentação de jogar alguma coisa nele.
Sim, eu gostava de bancar a durona, mas sempre fui uma manteiga derretida em assuntos do coração.
- O nome daquela garota é Emily Owen, ela é auror e como estava fazendo 20 anos, eu fui comprar-lhe um presente.
- Acabou de fazer 20? Vejo que preferiu uma mais nova ainda... É você sempre teve vocação para professor, espero que ela não te ache... Ultrapassado em alguns aspectos... – provoquei.
- Pára com isso. Eu não tenho um caso com ela e nunca tive. Ela é minha filha.
Arregalei o olho, enquanto sentava devagar no sofá. Ele aproveitou que eu fiquei muda e continuou:
- Ela é minha filha com a Elizabeth, lembra-se dela? Vocês se conheceram no final de 76, as nossas primas estavam juntas... - ele disse se sentando ao meu lado, muito próximo.
- E porque você escondeu esta menina de mim? Achou que eu fosse dar cabo dela???- disse irritada por não ter percebido o quão perto ele estava. Podia sentir o seu cheiro bom.
- Por Merlim, você diz cada coisa. Eu nem sabia que eu tinha uma filha. Começaram uns rumores no escritório sobre ela estar dando em cima de mim, então eu resolvi tirar isto a limpo.
- Ah, uma coisa destas acontecendo e você não me diz nada? Tenho que adivinhar o que acontece por ai? Isto é falta de confiança sua em mim.
- Não, não foi nada disso, mulher. Eu só queria resolver as coisas, ai quando ela me contou a verdade, eu... Eu quis primeiro confirmar tudo e ai o tempo foi passando, e eu fui esperando ter uma ocasião para contar. Então nossas noites eram tão... Perfeitas, que eu temia estragar, então fui adiando...
- Até que nosso filho teve uma enorme decepção com você. Você tem idéia do inferno em que nos jogou?
- No inferno eu estou desde quando você saiu de casa e só piorou quando vi aquele caipira te pegando daquele jeito.
- Foi pra isso que eu vim aqui? Pra você ficar falando do dançarino?
- Não, não, desculpa. Você tem razão! Eu só quero saber se você me perdoa, por não ter contado logo quando eu soube.
- É, eu sempre gostei de saber das coisas que possam afetar minha vida em primeira mão. E a Elizabeth? Vocês já... Relembraram os velhos tempos?- disse.
- Ela morreu há dois anos. Somente quando o fim estava próximo ela contou para a menina sobre mim. Ela temia atrapalhar nossa família, por isso ficaram longe. – explicou e como eu estivesse quieta digerindo tudo que ouvira ele continuou:
- Você não falou a sério quando pediu o divórcio, não é? Eu nunca traí você. – ele estava tão perto, que eu podia contar os riscos da sua íris.
- Er... Eu já tinha começado a odiar você.
- Olha você tem razão em ficar zangada com tudo. Mas eu acho que nós podemos ficar mais fortes com esta crise, nós nos amamos. Eu não faria este tipo de coisa com vo...
Não deixei que ele terminasse de falar.
Beijei-o como se aquela separação de dois dias durasse dois anos. Não houve mais palavras, ou pedidos de desculpas, não havia tempo para sutilezas, tamanha era nossa urgência em provar um ao outro, que superaríamos tudo.

Thursday, August 31, 2006

Clube dos Abandonados

Lamentações de Sergei Menken

Ta, isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto dessas mulheres! Eu ainda não entendi direito o porquê de tudo isso, só sei que estou sentindo meu sangue fervendo e uma vontade louca de gritar em alto e bom som: YULLI, PARA COM ISSO AGORA! Quim teve que me segurar quando fui determinado e de boca cheia até a sacada do apartamento dele afirmando que se eu fizesse isso podia em seguida me jogar de lá mesmo porque aí sim não teria mais nenhum tipo de solução esse caso.

Essa mulher sofre de dupla personalidade, só pode. É claro que a Alex já tinha me alertado que ela sofria de inconstâncias, mas sofrer de inconstâncias é uma coisa, e pirar de uma hora pra outra é outra coisa bem diferente!
Vou relatar em detalhes o que aconteceu...

Saí do trabalho e aparatei direto pra casa dela. Assim que cheguei, sem querer (é sério, dessa vez não foi intencional) a ouvi pensando consigo mesma que queria ir jantar no novo restaurante. É claro que eu não ia deixar de convidá-la pra jantar lá né? Já tinha escutado mesmo...
E assim nós fomos. Jantamos tranquilamente, e conversamos sobre os trabalhos e outras coisas. Estava tudo tão bom, tão amigável, quando os celulares dos dois tocam simultaneamente...

SM: Fala Kyle...
KM:Sergei, aconteceu uma tragédia!
SM: Como? O que foi???
KM: A Alex me deixou, saiu de casa...
SM: O que??? Porque?
KM: Ty me viu com a Emily na joalheria e pensou que era minha amante... Aí, bem, quando cheguei em casa... Você conhece o Ty né? E conhece muito bem a Alex...
SM: Ela provavelmente nem deu tempo de você se explicar?!
KM: Exatamente. Ela saiu, não sei pra onde vai. Tenta descobrir com a Yulli pra onde ela vai, por favor? Preciso conversar com ela!
SM: Ta, calma, eu vou ver o que posso fazer e te retorno! Não faça mais besteiras...
KM: Vou tentar! Até mais.

Desliguei o telefone um tanto perplexo, mas nada comparado ao estado que fiquei depois que Yulli desligou o telefone dela. Disse que ia embora, que a Alex estava na porta do MEU apartamento, que estava chorando, que tinha sido traída, e que a conta do restaurante era pra mim de presente.

Ela, TAMBÉM, não esperou eu nem argumentar que o Kyle não tinha traído a Alex, e como eu tentei falar isso rápido, fui cortado instantaneamente e acusado de ser igual, infiel, e de ajudar o Kyle só porque ele é homem. As mulheres pensam realmente que nós temos um tipo de código de honra? E porque elas não deixam a gente se defender? Ela simplesmente levantou da mesa, puxou a chave e saiu porta afora, me deixando lá encarando a taça de vinho boquiaberto.

E quando eu penso que tudo já estava ruim demais pra ser verdade...

-Sua conta senhor...

O garçom estendeu o braço entregando a conta. Não sei sinceramente o que tinha no meio daquele sushi, mas provavelmente devo ter comido diamantes cozidos e não pude nem saborear direito. O que quero dizer com isso? Aquilo não era uma conta! Era uma cobrança conjunta de todos os impostos que eu pago como morador de cidade trouxa por ANO! Eu arregalei os olhos e soltei uma gargalhada como se dissesse ao garçom: “Minha conta está errada! Essa daqui serve para uma mesa com pelo menos 150 pessoas!” Mas ele não devolveu meu sorriso, e apenas permaneceu ali sério, esperando que eu devolvesse já com o dinheiro. Obrigado Yulli, meu amor, você acaba de me falir! Nunca pensei que tivesse que parcelar uma conta de restaurante em 30 vezes! Não se lembra que o Ministério está em crise e que não me pagam tanto assim? Ótimo, agora eu realmente estou me sentindo feliz com essa noite!

Sai de lá revoltado e liguei pro Kyle avisando que as duas tinham ido pro meu apartamento, a tempo de me decidir ir pro apartamento do Quim, logo em frente ao meu. Batemos na porta do Quim e entramos. Kyle correu pra sacada e ficou de tocaia encarando a sacada do meu apartamento, com a luz ligada.

Depois de pestanejar e entender que pelo menos naquela noite era melhor deixar tudo como estava, sentamos nós três na sala e começamos a entornar uma garrafa de whisky de fogo que Quim havia aberto.

A campainha tocou e Quim se levantou de um salto pra atender.

QS: Remo? Carlinhos? Ah não, vocês dois também...
CW: Também...
RL: A Louise é uma cabeça dura, sabiam?

Agora éramos cinco homens, bebendo, com olhos fundos e mau-humor. O mau-humor do Quim deve-se à insônia dele, claro. Kyle que estava calado, depois de uns copos de whisky e uns de vinho, começou a falar com os olhos vermelhos...

KM: Eu nunca trai a Alex, nunca. Olha que já tive muitas oportunidades, mas sempre amei minha mulher. E quando eu preciso que ela me escute cinco minutos, o que ela faz? Ameaça me matar!
SM: Kyle, não exagera! Só umas duas garotas deram bola pra você nestes anos todos.
QS: A simplicidade sempre foi seu ponto forte meu amigo...
KS: Ah, vocês sabem do que estou falando. Algumas novatas preferem simplesmente agradar seus chefes a ter que pegar serviços muito pesados no ministério...
CW: Olha Kyle, me desculpa, mas você não está saindo com uma garota do Ministério? Pelo menos foi isso que eu fiquei sabendo.
KM: Sabendo de onde?
CW: Ora, lá da ordem...
RL: É, todo mundo está comentando isso realmente. Aliás, não sei como a Alex e as outras não ficaram sabendo disso antes...
KM: Um bando de fofoqueiros que não tem nada pra fazer e não cuidam de suas próprias vidas. E a moça em questão é minha filha!
CW: Só queria saber se a Morgan chegou bem em casa.
KM: Fala sério garoto, sua mulher te largou e você não sabia nem pra onde correr!
QS: E eu agora, aparentemente, virei dono de uma pensão... Certo?

Antes que algum de nós se preocupasse em responder à pergunta do Quim, um som alto explodiu da varanda do meu apartamento. Foi instantâneo! Nós cinco, Quim na finalização, saímos correndo aos tropeços até a sacada espiar.

O que vi pela janela me fez querer lançar uma maldição imperdoável a longa distância. Lá estavam todas elas. Alex, Yulli, Morgan e Louise. É, pra quem estava chorando no telefone até secar, a Alex parecia bem feliz naquele momento. Junto com elas, em cima da mesa e com pouquíssimos trajes, estava um dançarino. Sim, um desses de boate mesmo. Elas estavam alucinadas! Dançavam, gritavam, bebiam e ALISAVAM o dançarino com tanta vontade, que cheguei a duvidar que uma delas estivesse na fossa como nós do outro lado. Kyle começou a gritar indignado com Carlinhos. Remo estava prestes a urrar, e eu sinceramente pensei na hipótese de ir até lá arrancar aquele “prostituto” pelos cabelos pra fora e forçar a Yulli a me ouvir!

Uma delas foi até a sacada e puxou as cortinas, tapando os acontecimentos da “festinha”. Quim então, tomando a decisão mais sensata da noite, nos arrastou novamente pra dentro e abriu mais duas garrafas de whisky.

CW: A Morgan foi embora porque não aceita esperar termos nossa própria casa.
KM: Mas pelo que eu saiba, ela já tem até uma ilha!
RL: Qual o problema dessas mulheres com suas casas? Que coisa mais irritante...
CW: Elas não aceitam é a idéia de serem contrariadas. Se as coisas não saem exatamente do jeito que elas querem, pronto, ficam histéricas!
RL: E depois ainda dizem que nós somos os cabeça-duras.
SM: Ótimo! Hoje a noite eu sou um homem falido e novamente encalhado, pelo que vejo... Ah sim, e sem teto também, uma vez que a única coisa que não tive que hipotecar pra pagar uma conta de restaurante, está nesse momento sob a posse de um grupo de mulheres malucas e um dançarino, rebolando em cima da minha mesa de centro!
KM: É o Logan! Esse dançarino é o Logan, eu tenho certeza disso! Aposto que largou meu filho por aí e veio consolar a Alex. Eu vou matá-lo bem devagar!

Todos nós tomamos mais um longo gole de whisky e ficamos em silêncio. O som que vinha de lá estava me deixando tenso. Remo começou então a nos contar que Louise simplesmente tinha batido o pé por não querer se mudar pra Londres pra morar com ele, alegando ter vida feita no Brasil. Eu não conseguia pensar em mais nada pra dizer, e pra falar a verdade, nem estava escutando mais. Fechei os olhos e me concentrei o máximo pra dormir por um longo tempo...

Ouvi um estrondo e abri os olhos. Estava deitado no sofá, e o sol entrou diretamente no meu olho que chegou a lacrimejar. Olhei em volta pra saber o que tinha acontecido, e vi Scott Foutley no meio da sala, com cara de poucos amigos, e uma mesa tombada do lado dele. Me forcei a sentar e tive a sensação de ter uma bigorna na cabeça.
Os outros também estavam olhando sem entender a figura postada ali.

SF: Ok, agora acabou a palhaçada! Se vocês não pretendem passar o resto da vida choramingando e empatando a vida do Quim, acho bom começarem a agir! Eu que sou o gay e vocês que ficam com essa viadagem? Ninguém aqui vai tomar nenhum tipo de providência pra solucionar essa situação toda? Que bando de trouxas são vocês?
RL: Scott, o que você está fazendo aqui?
SF: Fica quieto Remo, minha conversa com você vai ser depois!

Ok, aquele discurso estava lindo e eu realmente me senti atingido, mas resolvi me intrometer...

SM: Foutley, você tem consciência que elas levaram um prostituto ontem pra se divertirem?

Ele soltou uma risada larga depois que disse isso.

KM: Prostituto nada! Era o Logan... A Alex se recuperou rápido!
QS: E daí? Não me olhem assim! Vocês tem de concordar que homem nenhum seria capaz de agüentar quatro mulheres revoltadas.
SF: Kyle, não diga besteiras! Não era o Logan com elas, posso lhe garantir isso. Mas e se fosse? Até o momento a Alex pensa que foi traída por você, então é mais do que direito dela ter um pouco de diversão.
KM: Diversão? Não me faça rir Scott. Ela estava adorando aquilo tudo.
CW: Olha, aquele cara que tava lá era um sem vergonha. Nem respeita uma grávida!
SF: Por Merlin, superem isso! O que pretendem fazer pra reverter a situação? Nada? Estão esperando o que para tirarem as bundas desse sofá e irem até lá reconquistarem elas? E você, Sergei? Engoliu a língua junto com o Whisky?
QS: Olhem só, vocês todos. O Scott é a pessoa mais sensata dessa sala! Vocês passaram a noite toda bebendo e resmungando como um bando de velhos rabugentos. E vocês amam essas mulheres! Elas contrataram um dançarino sim, mas está na cara que era pra deixar vocês assim, exatamente como estão agora, de fossa e de ressaca! E se querem saber de uma coisa, eu não tenho vocação nenhuma pra ser babá de um bando de cuecas velhas! Se não forem falar com elas, procurem outro lugar pra chorar as mágoas!

SF: Obrigado pelo apoio, Quim! Elas não sabem que eu estou aqui e vejam bem, se eu me dei ao trabalho de vir até vocês tentar resolver essa situação, é porque ela é por demais patética! Acho que vocês me conhecem o suficiente para saberem que se por acaso eu considerasse que elas tem total razão, estaria lá ajudando a malha-los!
E Weasley aprenda uma coisa: a Morgan antes de ser "uma grávida" como você fica enfatizando, é mulher e quer que o homem dela aja como tal.
KM: Ok, vamos supor que você tenha alguma razão. A Alex aceitaria conversar comigo?
SF: Não vou mentir, elas vão todas virar a cara e mandar vocês saírem. Mas não desistam! Não saiam enquanto elas não toparem conversar... Não tem outro jeito.

SM: Pois eu vou lá é agora! Não sou homem de ficar esperando no altar!
SF: Tem uma coisa que já ensinei ao Remo há muito tempo, mas que pelo jeito ele esqueceu e cabe a esse momento: as mulheres têm sempre razão! Não importa o quanto elas estejam erradas, pra vocês elas têm sempre razão! Entendam isso e ninguém mais vai ter crise conjugal!

KM: Quero falar com a Alex em casa!
SF: Posso convencê-la de ir até lá...

Francamente? Eu seria realmente capaz de dar um abraço no Scott naquele momento. De gratidão mesmo. Ficamos sentados ali um tempo, apenas em silêncio. Scott se despediu e voltou para o meu apartamento. Remo se levantou, desejou sorte, e saiu parecendo inseguro. Carlinhos o seguiu um tanto nervoso. Kyle vestiu a capa, disse um “obrigado” para Quim e desapareceu na lareira indo pra casa dele. Quim me encarou um pouco impaciente como se tivesse me dizendo “e aí? Vai ou não vai sair daqui e falar com ela?”
Pensei que estava realmente sendo idiota, e fiz um Quim aliviado se jogar no sofá sorrindo quando estava fechando a porta do apartamento e indo reconquistar aquela que tinha escolhido pra minha mulher!

Thursday, August 24, 2006

Guerra dos Sexos...

Do diário de Alex McGregor

Após uma longa espera, Yulli chegou com a chave do apartamento do Sergei. Abrimos a porta e me atirei no primeiro sofá que encontrei, chutando meus sapatos:
- Alex, conta tudo que aquele canalha fez. Quero saber em detalhes para poder usar aquela espada que tenho em casa. - disse Yulli irritada.
- Me traiu com uma menina. Simples assim, depois destes anos todos. - e as lágrimas corriam soltas.
- Você o matou dolorosamente quando o pegou, não? - disse Louise.
- Não, não peguei, foi pior: O Ty os viu juntos numa joalheria.
- Típico de velho sem vergonha, agradando a ninfeta deslumbrada.
- Ah, mas eu vou matá-lo junto com aquele amigo puxa-saco dele. "o Kyle nunca faria isso com a Alex, Yulli". - disse Yulli numa tentativa engraçada de imitar a voz de Sergei.
- Desculpe, Alex, mas sabe pelo pouco que os conheço, nunca achei que ele fosse capaz disso... Vejo que me enganei. - disse Morgan depressa, quando olhamos iradas para ela.
- Preciso beber alguma coisa bem forte, ou vou surtar aqui. - disse Louise e eu disse:
- Tem vodka no freezer, e os copos estão no bar, junto com alguns salgadinhos. Ah, e a cerveja ele guarda num balde pendurado fora da janela, pra ficar sempre gelada.
Yulli parou no meio do caminho e me olhou com os olhos espertados:
- Como é que você sabe onde está tudo aqui hein?
- Porque fui eu que ajudei com a mudança para cá, oras. Ou você acha que ele ia saber comprar um jogo de toalhas que combinasse com os lençóis? Ou teria um jogo de pratos decente para comer? – expliquei antes que houvesse um homicídio.
- É, se ele tivesse comprado toalhas combinando com os lençóis, não seria coisa de homem mesmo. Scott quase surtou quando a lavanderia perdeu um lençol todo chique dele. - comentou Louise pegando as bebidas, e Yulli me olhava mais calma.
- Vamos beber logo alguma coisa, antes que o Sergei apareça. - disse Louise, e ela trouxe uma lata de refrigerante para Morgan.
- Ele não vai se atrever a vir aqui, ele tem amor á vida. - disse Yulli.
- Como não? A casa é dele não é? - disse Morgan.
- Vocês brigaram? Por quê?- perguntei.
- Ora, porque ele veio dizendo que o Kyle nunca trairia você, e também porque eu descobri que ele anda me enganando.
- O que? O Sergei também? Russo sem vergonha, deve ser irmão de sangue daquele lá. Eu devia ter usado uma tesoura de jardinagem que tenho em casa, e circuncidado aqueles dois quando tive chance. - disse revoltada, virando meu terceiro copo de vodka.
- Me deixa contar: Descobri que aquele canalha andava lendo meus pensamentos pra me conquistar... Sabem legilimência! E eu pensando que ele tinha a alma mais sensível de todas e que conseguia me compreender perfeitamente! Hunf... Mandei ir pastar e curar as dores do amigo! Ainda aconselhei, pra segurança dele, que não aparecesse por aqui por um bom tempo! Acho que meu noivado acabou mais rápido do que começou!
- Aaaah mas homem não presta mesmo! Olha que cretino. Fez muito bem amiga! Acho bom nenhum deles aparecer aqui, pois a coisa vai ficar feia! Tenho certeza que agora um está apoiando o outro e dizendo que nós é que somos as neuróticas... Teimosas...
- Pelo menos o Remo se salva não é... -Yulli comentou um pouco insegura da resposta que viria, enquanto olhávamos para Louise.
- Se você acha que ele se salva, pode levar pra casa! Isso é, se a casa ficar em Londres, porque ele não pode ultrapassar esse perímetro!
- Ah, vai dizer que ele não quis se mudar com você? Tem medo de escuro é?
- Como? Você também brigou com o Remo??? Putz! O que colocaram na nossa comida?
- Não sei, mas posso sugerir colocarmos veneno e mandar um elfo entregar?
- É... Genocídio Masculino é uma boa nesse momento! - encarando amargurada o copo de vodka.
- Não, ele não quer se mudar, só faltou bater o pé! Argh cabeça dura! Se o seu noivado foi relâmpago, essa nossa reconciliação entrou pro guiness book!
- Não seria mais fácil, vingar-se primeiro? Tipo algo que os faça sofrer?- disse Morgan, até então a mais calada.
- Excelente ideia Morgan... Alias, o que trás você aqui? Brigou com o Carlinhos também?
- É... O que aconteceu? O casamento de vocês foi relâmpago também, pelo visto...
-Ele não sai da barra da saia da mamãe. Ela se mete em tudo e ele escuta como um bom menino. Imagina, ela falando mal do fato dele ter se casado comigo, sem ter uma casa própria, se eu já tenho casa, porque quero outra? Mas não, ele ficou quietinho, ouvindo a mamãe e se sentindo inferior por isso. Olha que atitude machista. Se ele quer ficar com ela, que faça bom proveito.
- Ah, mas a sua sogra é um porrinho minha querida... A melhor coisa que a Alex fez foi terminar o namoro com o irmão dela, senão aquela coisinha ia ser cunhada dela!
- Sim, Merlim abriu os meus olhos. Seu marido ia ser órfão de mãe Morgan. Nossa tá calor aqui. - levantei e fui abrir a janela, sem querer olhei pro apartamento de frente que era do Quim, e quem eu vejo do outro lado? Kyle, Sergei, Quim, Remo e Carlinhos, acabando de chegar.
- Me dá uma bomba agora pra explodir aqueles idiotas. - disse pras minhas amigas e Louise, pegou o celular e começou a discar.
- Não! Vamos explodi-los de outro jeito. Alô, Scott? Onde você está? Ainda? Não, não aconteceu nada... AINDA! Vem pro apartamento do Sergei imediatamente! Ah sim, e traga aquele seu, hum... Equipamento que te dei de presente de natal ano passado... Sim, já vem pronto!
O pior era olhar para o outro lado de cara feia e eles nos encararem, de nariz empinado. Como se estivessem certos, e fossem os maiorais. Nós, ficamos ali bebendo e encarando de volta e quando a campainha tocou, entramos correndo, e eles ficaram lá olhando da sacada do apartamento. Logo, pusemos uma música alta, e a festa começou.
O tal "visitante" usava uma roupa de cowboy, e usava máscara. Corremos para a sala para abrir espaço e procurar uma mesa bem resistente. Enquanto ele dançava, ao som de It’s raining a man, nós começamos a dançar junto com ele, e disfarçadamente olhávamos para ver as reações do inimigo.
O mascarado pegou um chicote que estava na cintura, estalou enquanto me segurava por trás, passando a língua na minha orelha. Nesta hora, o Kyle quase pulou de um prédio ao outro sem vassoura, mas foi seguro pelo Quim e pelo Carlinhos, juro que pensei ter o ouvido soltar um palavrão.
O cowboy me soltou, tomou uma garrafa de vodka da mão de Yulli, indo na direção da Louise. Ela nem se atreveu a olhar para fora daquela janela e já foi arrancando o que restava da camisa, fazendo voar botões para todos os lados, e se esfregando nele. Ele a segurou com força e virou a garrafa na sua boca, olhando fixamente para a janela, e a puxou antes que ela engasgasse, nos dando tempo de ver Remo ameaçar sacar a varinha e ser contido por Sergei.
Logo ele virava para Morgan, puxou-a rápido pra cima da mesa e enquanto ela o acariciava, ele foi deslizando o chicote pelo corpo dela, e fazendo com que ela encaixasse a perna nele e ambos colados, iam se abaixando devagar, se encarando. Olhei disfarçadamente para a sacada e juro que o Weasley tinha lágrimas nos olhos, de tanto ódio.
Quim, não sabia para que lado corria, pois tinha que segurar os amigos. Sergei sempre tão controlado, quase perdeu a cabeça quando Yulli, que até então estava em seu estado alto, dava pulinhos e gritinhos de animação, soltou uma exclamação sobrenatural quando o mascarado veio pra cima dela. Ele que já estava em sua condição mínima de roupas, pegou-a pela cintura com força e ela reagiu alisando cada milímetro do peitoral definido do stripper, sem poupar nada! Acho que, o que deixou o russo irado, foi o olhar de prazer que minha amiga tinha no rosto. Sabe, aquela coisa de mulher em êxtase, após ser bem amada? Sergei sempre tão seguro de si, tinha o rosto vermelho de cólera. Logo o mascarado estava apenas de sunga, e para provocar um pouco mais o outro lado, resolvemos tirar algumas peças também.
Eles quase caíram da sacada, quando eu maldosamente fechei a cortina da janela, dando a entender, que a coisa ainda iria longe.
É, rapazes.... A vingança é uma delicia!