Do diário de Alex McGregor
- Vai logo Alex....
- Não, melhor não. Não me sinto preparada. E se... Ah, esquece, vou ficar aqui...
- De um jeito ou de outro, vocês vão ter que resolver esta situação.
- Me diz o que você sabe Scott. Você não estaria nesta calma toda, me mandando de volta até a minha casa falar com o Kyle, se não soubesse de nada.
- Sim, sei de algumas coisas, porém seu marido é que tem que falar com você. Vai logo que ele está te esperando, e vá preparada porque ele está com um humor do cão.
Estava parada há mais de 10 minutos em frente a minha casa, relembrando a conversa com Scott e criando coragem para enfrentar o Kyle. Meus amigos sabiam que por mais que eu estivesse zangada, magoada com ele, eu ainda não me sentia forte o bastante para terminar tudo e estava me odiando por isso. Mas como ele insistiu com Scott que deveríamos conversar, e meu amigo apelou para que eu fosse racional, aceitei o encontro.
Abri a porta cautelosamente, para disfarçar o meu nervosismo. Fui até a sala e Kyle que estava sentado no sofá levantou dizendo:
- Tive receio que não viesse. Você está linda como sempre. – ele havia tomado banho, se barbeado, mas as olheiras denunciavam sua noite mal dormida. Meu coração me traiu quando o viu, mas a mágoa me fez reagir:
- O que você quer? Se for sobre o divórcio, a única coisa que quero é meu filho.
- Eu não tenho motivos para me divorciar de você. Amo você desde o nosso primeiro beijo e vou continuar amando.
Ele acha que sendo charmoso, eu vou me jogar em seus braços? É muito cara de pau...
- Ok, era só isso? Estou indo.
- Não, por favor, me escuta. - aproximou-se rápido e segurou meu braço para me deter. Olhei zangada para ele e ele retirou a mão rapidamente:
- Você tem 5 minutos. – disse olhando no relógio.
- Vamos nos sentar?
- Menos 3 segundos...
- Ok, ok. O Ty realmente me viu com uma garota jovem na joalheria.
- Meu filho não mentiria sobre isso. ¬¬
- Claro que não, mas se o NOSSO filho tivesse entrado e falado comigo ele poderia conhecê-la.
- Claro, ele iria adorar conhecer a nova "mamãe". - disse sarcástica.
- Que droga Selene, você não facilita também.
- Vejamos: Você me trocou por uma garota com metade da minha idade. Estes dias maravilhosos aqui, foram uma mentira... Então tenho que facilitar por quê? O tempo continua correndo. – minha voz estava mais alterada do que eu queria e comecei a respirar fundo para não chorar ou ceder a tentação de jogar alguma coisa nele.
Sim, eu gostava de bancar a durona, mas sempre fui uma manteiga derretida em assuntos do coração.
- O nome daquela garota é Emily Owen, ela é auror e como estava fazendo 20 anos, eu fui comprar-lhe um presente.
- Acabou de fazer 20? Vejo que preferiu uma mais nova ainda... É você sempre teve vocação para professor, espero que ela não te ache... Ultrapassado em alguns aspectos... – provoquei.
- Pára com isso. Eu não tenho um caso com ela e nunca tive. Ela é minha filha.
Arregalei o olho, enquanto sentava devagar no sofá. Ele aproveitou que eu fiquei muda e continuou:
- Ela é minha filha com a Elizabeth, lembra-se dela? Vocês se conheceram no final de 76, as nossas primas estavam juntas... - ele disse se sentando ao meu lado, muito próximo.
- E porque você escondeu esta menina de mim? Achou que eu fosse dar cabo dela???- disse irritada por não ter percebido o quão perto ele estava. Podia sentir o seu cheiro bom.
- Por Merlim, você diz cada coisa. Eu nem sabia que eu tinha uma filha. Começaram uns rumores no escritório sobre ela estar dando em cima de mim, então eu resolvi tirar isto a limpo.
- Ah, uma coisa destas acontecendo e você não me diz nada? Tenho que adivinhar o que acontece por ai? Isto é falta de confiança sua em mim.
- Não, não foi nada disso, mulher. Eu só queria resolver as coisas, ai quando ela me contou a verdade, eu... Eu quis primeiro confirmar tudo e ai o tempo foi passando, e eu fui esperando ter uma ocasião para contar. Então nossas noites eram tão... Perfeitas, que eu temia estragar, então fui adiando...
- Até que nosso filho teve uma enorme decepção com você. Você tem idéia do inferno em que nos jogou?
- No inferno eu estou desde quando você saiu de casa e só piorou quando vi aquele caipira te pegando daquele jeito.
- Foi pra isso que eu vim aqui? Pra você ficar falando do dançarino?
- Não, não, desculpa. Você tem razão! Eu só quero saber se você me perdoa, por não ter contado logo quando eu soube.
- É, eu sempre gostei de saber das coisas que possam afetar minha vida em primeira mão. E a Elizabeth? Vocês já... Relembraram os velhos tempos?- disse.
- Ela morreu há dois anos. Somente quando o fim estava próximo ela contou para a menina sobre mim. Ela temia atrapalhar nossa família, por isso ficaram longe. – explicou e como eu estivesse quieta digerindo tudo que ouvira ele continuou:
- Você não falou a sério quando pediu o divórcio, não é? Eu nunca traí você. – ele estava tão perto, que eu podia contar os riscos da sua íris.
- Er... Eu já tinha começado a odiar você.
- Olha você tem razão em ficar zangada com tudo. Mas eu acho que nós podemos ficar mais fortes com esta crise, nós nos amamos. Eu não faria este tipo de coisa com vo...
Não deixei que ele terminasse de falar.
Beijei-o como se aquela separação de dois dias durasse dois anos. Não houve mais palavras, ou pedidos de desculpas, não havia tempo para sutilezas, tamanha era nossa urgência em provar um ao outro, que superaríamos tudo.
Sunday, September 03, 2006
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