Por Louise Storm
- Inauguração da árvore da Lagoa!
- Ensaio técnico!
- Não, árvore! Ele é criança!
- Tem criança no sambódromo e não é chato!
Estávamos no apartamento do Flávio, um fotógrafo amigo nosso, e Scott e eu estávamos discutindo tentando decidir o programa para nosso sábado à noite. Flávio, Ben e Remo estavam sentados no sofá nos olhando sem omitir opinião, apenas esperando que chegássemos a um consenso. Eu queria levar o Nicholas para ver a inauguração da árvore de natal da Lagoa, mas Scott insistia que era tumultuado e monótono, que poderíamos ver a árvore acesa por um mês, então que era melhor irmos ao ensaio das escolas de samba que haviam começado na noite anterior.
- Mas Cott, no sambódromo também é cheio! Já esqueceu do ano passado?
- Aquilo foi uma coisa à parte, não tem tumulto nenhum, você sabe disso!
- O que aconteceu ano passado? – Remo arriscou incerto.
- Scott levou um soco no ombro, que não era pra ele, e caiu por cima de uma gorda. Acho que ele rolou com a gorda uns 5 degraus e só parou porque tem uma grade de proteção. – Ben respondeu rindo, lembrando da cena
- E vocês querem levar uma criança de 6 anos pra isso?? – ele falou indignado
- Eu já falei que foi um acidente! – Cott falou impaciente – e se formos analisar, foi culpa sua, Lou...
- Como minha culpa??
- Ora, foi você quem insistiu que tínhamos que ficar no Setor 1. Você e aquela historia besta de ‘calor humano’. A confusão é lá, vamos correr dele hoje.
- Ta bom, eu assumo, foi uma idéia imbecil... – falei desistindo – vamos fazer o seguinte: ainda é cedo, vamos lá ver a festa da inauguração da árvore e se tiver chato, vamos pro sambódromo, que tal?
- Se tiver aquele coral de novo, eu vou embora!
- Ok chato, mas vamos logo!
Ben foi até o quarto chamar Nicholas e saímos em direção à Lagoa. Flávio morava em Botafogo, quase do outro lado, então foi preciso ir de carro. Remo e eu fomos no carro do Flávio e Scott foi com Ben e Nicholas no dele. Logo ao sairmos de casa, um enorme engarrafamento se formou, e depois de meia hora parados praticamente no mesmo lugar chegamos à conclusão que todos aqueles carros estavam indo para a Lagoa. Meu celular logo tocou.
- Estou voltando! – Scott falava alto e irritado – sem chance de ir até lá e... ARGH NÃO ACREDITO!
- O que houve Scott?? – falei assustada
O barulho de uma batida cortou a voz de Scott e em seguida pude perceber pelo som que ele atirou o telefone no chão e saiu do carro xingando alguém e batendo a porta. Comecei a esticar o pescoço dentro do carro tentando localizar eles mais a frente, até que Remo os encontrou. Tinha um carro encostado na lateral do carro do Scott e ele estava batendo boca com o dono. Flávio largou o carro no meio da rua mesmo e corremos até eles. Uma confusão já estava formada: Scott apontava para o arranhado do carro nervoso e quase engolindo o dono do carro que bateu nele, que por sua vez tentava se desculpar e de alguma forma jogar a culpa nele, enquanto Ben tentava segurar Scott, que ficava cada vez mais irritado. Nicholas assistia tudo de dentro do carro, chocado.
- O que aconteceu?? – falei depressa, parando ao lado deles
- Esse senhor aqui! – Scott falou apontando pro homem – Parece que ele pensava estar dirigindo o Batmóvel e imaginou que passaria entre o poste e o meu carro! Olha o arranhado! Amassou tudo!!!
Olhei para onde Scott apontava estressado e vi que Ben tinha uma expressão impaciente no rosto. Logo entendi por que. O amassado imenso que Scott apontava nada mais era que um arranhão pequeno, com um amassado quase imperceptível.
- Cott, quase não dá pra ver! Do jeito que você fala, parece que um trator passou em cima do carro!
- Como não da pra ver?? Esse risco todo no meu carro novo é o que??
- Ok, se acalma, deixa que a gente resolve isso, ok? – Ben falou calmo, empurrando Scott pra cima de mim.
Puxei-o pra longe da confusão enquanto os três falavam com o senhor, que já estava suando. Devia estar achando que Scott ia bater nele. Consegui acalma-lo e depois de um tempo eles vieram até nós, com tudo acertado.
- Ele vai pagar o conserto, não?
- Vai Scott, calma! – Ben falou controlado – o homem estava achando que você ia dar um soco nele, sorte a policia estar presa no transito!
- Bom, será que podemos ir ao Sambódromo agora? Eu disse que essa maldita árvore gigante não era uma boa idéia.
- Sim ranzinza, vamos pra cidade então! – falei rindo e ele riu também.
Voltamos aos carros e saímos do engarrafamento, seguindo na direção contraria rumo ao centro da cidade. Fomos rindo o caminho todo dos exageros do Scott. Ele sempre foi dramático, ainda mais se tratando se um arranhão no precioso carro dele. Como íamos para o outro lado, em questão de minutos estávamos no Sambódromo. A movimentação não era muito diferente da Lagoa, com a diferença que aqui a animação ganhava de 10 x 0. Estacionamos os carros um pouco mais afastados e nos separamos de Flávio, que estava ali à trabalho para fotografar o ensaio. Até agora não parecia que nada ia sair do controle por aqui.
((Continua))
Sunday, December 03, 2006
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