Saturday, January 27, 2007

Armadilhas do destino...- parte 2

Memórias de Alex McGregor

A pouca luz no quarto mostrava dois homens conversando. Um era loiro e tinha o rosto e as roupas amassadas pelo sono. O moreno andava de um lado a outro, falando ansiosamente:
- Você terminou o noivado? Por quê? Seria tão bonito dois casamentos na família... – e o loiro chamado Sergei fazia uma cara debochada.
- Elizabeth terminou comigo. Disse que estávamos nos precipitando, que eu não tinha certeza dos meus sentimentos, e... - respondeu o moreno chamado Kyle.
- E? – insistiu o loiro.
- Ela disse que eu falei o nome da Alex enquanto... Quer dizer... Numa hora imprópria entende?- respondeu o moreno sem graça.
- Uau, e ela te deixou viver depois disso? Huahuahua – gargalhou Sergei.
- Pára de rir Sergei. É sério. - resmungou Kyle.
- OK, mas porque eu acho que você está aliviado com o fim do seu noivado? Não faça esta cara ultrajada. Você chegou aqui e me acordou pra contar do chute que levou, então vai me escutar. Desde que o Warrick te contou que você e a Alex não eram irmãos, você mudou.
- Mudei como?
- Você está mais feliz. E isto pra mim só pode significar uma coisa: você vai roubar a noiva dele não é?
- Eu só quero saber se ela ainda sente o mesmo por mim, seria isso errado?
- Não. Mas procure ser cuidadoso. Ela pode realmente ter partido pra outra.
- Não, ela ainda tem dúvidas.
- Porque você diz isso?
- Ainda vejo aquela luz nos olhos dela... Aquela curiosidade de quando ela tinha 15 anos, e isso faz meu sangue correr mais rápido. – o loiro riu e disse:
- Vai ser uma briga boa...
- Entre o garoto e eu?- o moreno disse presunçoso.
- Não meu amigo, entre a Alex e você. Ela vai querer que você a reconquiste, e não vai facilitar.
- Verdade. Mas eu vou me esforçar bastante.
- Ótimo. Agora vamos dormir porque precisamos estar de pé daqui algumas horas. - disse o loiro cobrindo-se e virando-se para o lado.
A luz se apagou e o apartamento mergulhou em silencio.


Alguns dias depois...

- Ai que tédio... Nada de emocionante acontece há dias..- reclamava novamente Michael.
- Pára de reclamar, queria que o outro lado, estivesse nos dando trabalho e machucando gente?- disse Megan.
Eu apenas observava os dois enquanto fazia uma lista de coisas a fazer antes do meu casamento com Logan. Os outros estavam perdidos tentando usar as roupas trouxas que Kyle havia mandado. Logo ele chegou todo agitado, usando jeans e jaqueta. Uma sombra de sorriso começou ao me ver, mas ele se controlou.
KM - Trouxeram dinheiro trouxa? Sabem usa-lo?
MS - Sim, a Alex nos ensinou direitinho.
KM - Bem, então vamos, o dia vai ser longo, estão nos esperando.
Saímos dali, e fomos para o lado trouxa, pegamos o metrô fomos para o subúrbio. Ele ia nos dando instruções por todo o caminho.Chegamos num hospital trouxa, e antes de entrarmos Kyle disse:
KM - Aqui sou conhecido como capitão McGregor, e faço trabalho voluntário no hospital. Todos farão o serviço que pedirem sem reclamar por hoje, e sem magia. Vocês são cadetes da Academia de polícia.
- Porque faremos isso senhor?- perguntou Michael.
- Isso é para que nunca nos esqueçamos que bruxos e trouxas sofrem igual. Alguns lá fora pregam que somos melhores que eles, mas não somos. Eles merecem viver neste mundo tanto quanto nós, e cabe a nós aurores nunca deixar de entender isso, para realizarmos bem nosso trabalho.
Meus colegas estavam abismados e eu estava curiosa. Nunca soube que Kyle fazia isso.
Entramos no hospital e uma enfermeira que devia ser a chefe veio nos receber. Fomos separados e ajudamos em tudo que era pedido, arrumar estoques, trocar os leitos, ajudar a dar banhos em pacientes, e após terminar minhas tarefas a enfermeira veio falar comigo:
ENF - Cadete McGregor, está ocupada?
AM - Não, e pode me chamar de Alex, senhora.
ENF - Alex, será que você podia nos ajudar na ala pediátrica? Algumas crianças estão agitadas demais, e precisamos distraí-los para o bem dos outros.
AM - Claro.
Fui com ela até a ala pediátrica e entrei num quarto com algumas crianças. O lugar era enfeitado com aviões, ursinhos com pára-quedas nas paredes, alem das cores serem suaves. Apresentei-me e perguntei se eles gostariam de ouvir uma história.
- Ah mas isto é muito chato....
- Aposto que são daquelas histórias melosas, afinal ela é uma garota...
AM - Não sei o que tem de meloso num jogo de vassouras voadoras, numa guerra travada pelos Texugos contra os Corvos pela Taça de Cristal ...- e fui saindo porta afora.
- Espera, moça.... Eles voam? Igual foguete? - Perguntou o garoto que disse que seria chato.
- Sim, em vassouras e são bravos guerreiros....
Então comecei a contar a historia e fazia caras, bocas e vozes diferentes, para atrair a tenção dos garotos, e houve um momento em que me senti observada, mas logo me concentrei nas aventuras dos guerreiros texugos.
No final todos aplaudiram, pois algumas enfermeiras e pais pararam para ouvir.
AM - A senhora sabe onde encontro o Capitão McGregor?
ENF - Ele deve estar com os bebês. Se eu fosse uns 10 anos mais jovem, adoraria ganhar um colo daqueles. - ela disse e demos risada.
Explicou-me o andar e fui até lá para perguntar se podia ir embora, pois havia acabado meu trabalho e os outros já haviam ido embora.
Encontrei a enfermaria e pelo vidro vi Kyle com um bebê no colo. Ele embalava a criança com cuidado, fiquei hipnotizada pela cena, pois nunca havia visto algo tão terno e ao mesmo tempo sexy. Senti minha boca seca.
Ele percebeu que era observado e olhou para mim. Logo uma enfermeira veio até a porta.
ENF - Oi, o senhor McGregor pediu pra você entrar, venha por aqui. - e me conduziu a uma sala, onde eu coloquei as mesmas roupas que Kyle usava e fui encontrá-lo.
KM - Aconteceu alguma coisa?
AM – Está tudo bem. Fui dispensada e queria saber se podia ir embora.... - nesta hora fomos interrompidos pela enfermeira:
KM - Kyle tem um prematuro vindo aí, já acabou?
KM - Sim, pode mandar. Se quiser ir pode ir Alex, eu preciso ficar. Vá encontrar seu noivo.
AM - Logan está viajando, e posso ajudar mais um pouco. O que eu preciso fazer?- disse pra enfermeira.
ENF - É só ficar com o bebê no colo por um tempo, dando carinho, para ele sentir-se amado entende? São prematuros, e precisam de carinho extra.
AM - Eu ajudo com ele. - e nesta hora uma enfermeira entrou empurrando uma encubadora com um bebezinho dentro. Era tão frágil e fiquei enternecida por ele. Ensinaram-me o que deveria fazer e passei algum tempo com aquele bebê.
Engraçado que ao olhar para a criança me pegava pensando em como seria eu ter o meu filho e comecei a divagar: Um filho com olhos cinzentos... Que loucura a minha os filhos do Logan teriam olhos negros ou verdes como os meus.
E começava a me sentir estranha, como se estivesse com febre.
Vez ou outra meus olhos encontravam o de Kyle e ele me olhava de um jeito estranho. Já tinha visto aquele olhar antes, era quando ele tinha ótimas cartas no jogo de poker e com isso ele podia provocar á vontade. Ri lembrando-me das brigas que ele tinha com Sergei por causa disso e percebi quando ele invadiu minha mente e começou a rir também. A enfermeira apenas nos olhava e dizia: Ah estes jovens...
Ao final da noite, fomos dispensados pelo médico responsável pela UTI Neonatal, e saímos para ir embora.
KM - Quer comer alguma coisa? Pelo que me disseram você não comeu direito o dia todo, e sua performance como contadora de histórias merece um prêmio.- disse sorrindo.
AM - Então era você? Não estou com fome, mas gostaria de tomar um café.
Andamos silenciosos até um café ali perto e nos sentamos para comer. Eu acabei de rendendo ao cheiro delicioso que vinha da cozinha e pedi algumas panquecas para comer com melado. Kyle estava faminto, pediu hambúrguer duplo com fritas, refrigerante e um milk shake.
AM - Uau, já me sinto satisfeita em ver toda esta comida.
KM - Você sabe que sou guloso. – lá estava aquele olhar provocante novamente junto com o comentário de duplo sentido. Resolvi jogar água fria nele.
AM - Eu sei como é... Logan depois de comer muito, ainda consegue espaço para a sobremesa. – dei uma risadinha maliciosa e ele ficou sério.
Comemos em silêncio e volta e meia trocávamos olhares, não resisti quando seu queixo ficou sujo de mostarda e limpei com a ponta do dedo. Ficamos nos olhando e perguntei para espantar aquele momento:
- Há quanto tempo trabalha no hospital?
- Desde que voltei, deste ultimo trabalho no exterior. O sobrinho do mestre Khan é médico intensivista lá, e precisava de voluntários para ajudar na pesquisa, e acabei ficando.
- Ele é trouxa?
- Bruxo, mas trabalha com os trouxas e os bruxos. Como sua amiga Louise vai fazer.
Então nos pusemos a falar das profissões que cada um de meus amigos seguiu, pois precisávamos de um assunto seguro. Depois que comemos, fiz menção de me levantar para ir embora e ele levantou junto:
- Eu vou levar você em casa. - ele disse e pelo tom não havia argumentação.
Ele me levou ate a porta do meu prédio e dali desaparatou para seu apartamento.
A cada dia que passa fica mais difícil não pensar nele. Ele ainda acredita que sejamos irmãos...
O que eu faço???

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