Diário de Alex McGregor
Estava fazendo uma arrumação no meu closet quando uma caixa caiu no chão e espalhou várias coisas. Abaixei-me para juntar e encontrei uma foto antiga: era o meu primeiro dia no meu emprego de auror e alguns amigos que não via há muito tempo estavam nela.
Lembrei das alegrias e dos problemas que eu tive naquele ano de 1981.
Após a reunião de família onde eu não tive coragem de contar ao Kyle que não éramos irmãos, Logan e eu voltamos para Londres. O fato de ter um dom como a projeção astral, me dava créditos nas matérias da academia, eu iria me formar antes do tempo, portanto já poderia começar meu estágio. Cheguei cedo, e no andar indicado encontrei mais cinco pessoas esperando ansiosas, respirei aliviada quando encontrei Megan Foutley entre eles. Significava que trabalharíamos juntas. Ficamos por ali conversando, e eu estava de costas para o corredor, e falei brincando:
- Espero que nosso chefe não seja um gordão frustrado e careca, senão vai nos fazer trabalhar feitos escravos. - e começamos a rir, mas logo os meus colegas pararam de rir com os olhos arregalados.
- Não sou gordo e nem frustrado senhorita McGregor, e costumo ser justo com minha equipe. – era Kyle parado atrás de mim, junto com outro auror que não conhecia, mas tinha feições familiares.
- Bom dia a todos! Sou Kyle McGregor e serei responsável pelo estágio de vocês aqui e este é meu assistente Gideon Prewett. Vamos para nosso escritório, já temos trabalho esperando.
Entramos numa sala cheia de bisbilhocopios, sensores de segredos e alguns começaram a apitar como doidos. Ficamos meio constrangidos e Kyle, dando uma risadinha cínica, sacudiu a varinha e eles silenciaram.
- Vou avaliar o desempenho de cada um e deixo claro que não serei coagido por bajulações, presentes ou mesmo pelo sangue, nome de família ou quaisquer outros sentimentos. - olhando-me diretamente fazendo com que todos olhassem para mim.
AM - Não se preocupe Kyle, não vou dar trabalho.
KM – Prefiro ser chamado de senhor. – disse frio.
AM - Desculpe... Senhor. - respondi com o rosto afogueado e ele continuou:.
KM - Primeiro ponto: minhas ordens são obedecidas sem questionamentos. – (olhou para todos e seus olhos se detiveram em mim alguns segundos). Vamos realizar algumas buscas ordenadas pelo ministério em alguns locais suspeitos. Creio que todos aprenderam técnicas de defesa pessoal e operações em grupo. Somos uma equipe e ninguém é deixado para trás. Fui claro?
E assentimos positivamente. Continuou falando sobre as regras do departamento, ate que tocou num ponto delicado: os alojamentos mistos. Eu e Megan nos olhamos curiosas e logo depois descobrimos o que era: Não havia divisões entre os alojamentos feminino e masculino. Éramos aurores e todos “iguais”, portanto nossos chuveiros, nossos armários, as camas onde dormiríamos quando dobrássemos turnos, ficariam todos juntos sem separações. Kyle, e ele deve ter notado o quanto eu estava desconfortável com a situação e sugeriu:
KM - Vocês podem combinar um jeito de dar privacidade uns aos outros, especialmente para as moças.
Megan e eu nos olhamos decididas a não pedir concessões por sermos mulheres e respondi:
AM - Não será necessário senhor.
KM - Como quiserem. - e deu de ombros.
No final de um mês, após exaustivos treinos de defesa pessoal e regras surgiu uma missão. Lá fomos nós para nossa primeira “batida” na travessa do Tranco, pois o lado das Trevas estava crescendo. Alguns locais começavam a fechar as portas quando chegávamos, mas quando viam as ordens do ministério, liberavam nossa entrada. Alguns espertinhos tentavam fugir pelas portas dos fundos, mas sempre havia alguém de guarda.
Revistamos várias lojas e a última era num beco bem sujo e escuro:
- Vamos juntos nesta última loja.
Enquanto olhávamos tudo, notei um tapete no chão e olhei fixamente.
- O que você está olhando?- Kyle perguntou.
- O tapete...
- Se gostou dele, volte depois para comprar. – respondeu..
- Não é estranho um lugar sujo destes, e só este tapete estar limpo?
- Mulheres e sua mania de limpeza, vai ver o tapete é o preferido. - disse Michael e começou a rir com os outros rapazes. – ignorei seu comentário e abaixei para levantar o tapete e descobri embaixo dele uma tábua recortada em forma de alçapão, e o riso deles morreu.
Fiz sinal para se prepararem e fui abrir o alçapão. Depois de aberto, Michael foi à frente e fez um reconhecimento parcial do local, disse que estava tudo liberado e nós descemos. Kyle e eu fomos andando por entre as coisas quando notei um armário, com algumas coisas esculpidas na frente da porta, adiantei-me para abri-la e ouvi um grito:
- Cuidado!- Kyle se jogou em cima de mim, bem na hora que o armário explodiu. Voaram pedaços de madeira para todo lado, e ficamos caídos no chão, um por cima do outro.
KM - Tudo bem?
AM - Sim.
Ele levantou-se e me puxou junto, soltando-me em seguida. Depois que nos separamos ele disse bravo:
KM - Nunca mais abra nada suspeito, sem verificar o interior com o seu dom antes, fui claro?
AM - Sim, senhor. Obrigada, senhor.
Fizemos uma enorme apreensão de artefatos das Trevas, e o dono da loja foi mandado para julgamento.
Após horas fazendo relatórios, revendo passo a passo da missão, os erros e acertos, fomos dispensados. Como estava coberta de poeira e não teria tempo de ir para casa me aprontar para sair com Logan, resolvi tomar um banho no alojamento.Havia acabado quando, a porta do box se abre repentinamente.
Minha primeira reação foi tentar me cobrir, mas com o quê? A tolha estava longe e Kyle parado na minha frente, impedindo minha passagem.
AM - O que você quer?
KM - A água do meu banheiro acabou e vim tomar banho aqui. Achei que todos tivessem ido embora. – explicou.
AM - Ahn... Eu já terminei. – sentia meu rosto pegando fogo.
Ele podia ter virado as costas e ido embora, mas parecia disposto a me provocar.
KM - Não precisa ter vergonha... Não seria a primeira garota que vejo sem roupas. - disse presunçoso.
Que ódio que eu senti dele nesta hora.
AM - Não tenho vergonha do meu corpo. Meus colegas já estão acostumados a me ver assim. Não há privilégios aqui... Senhor... – disse passando por ele de cabeça erguida, e caminhando até onde estava minha toalha e deliberadamente demorei a me cobrir.
Olhava para ele confiante e via a mistura de sentimentos em seu rosto. Notei quando ele respirou fundo, parecia querer se controlar.
KM - Termine logo com isso e vá embora. – disse ríspido saindo porta afora.
No dia seguinte agimos como se nada houvesse acontecido. Mas alguma coisa havia mudado em mim.
Que Mérlin me ajudasse, mas eu ainda me sentia atraída por ele.
Continua....
Friday, January 19, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
0 comentários:
Post a Comment