Monday, December 15, 2008

Desafios de uma jovem residente, parte 1

Do diário de Morgan Shannon McFust O’Hara Weasley

- Aluna O’Hara, você ainda não arrumou os quartos para os novos pacientes, aquela ala está atrasada. - disse a enfermeira chefe do Hospital Geral de Dublin, onde eu fazia estágio para a escola de Curandeiros.
Quer dizer, por fazer poucas matérias por causa do meu trabalho na Ilha, meus professores me relegaram aos serviços de enfermagem, achando que eu atrasaria a turma, um deles me disse claramente que já que eu era casada e mãe, deveria estar em casa cumprindo meus deveres, fazendo com que eu me sentisse péssima, mas depois de conversar com Carlinhos, eu resolvi não dar ouvidos aos machistas preconceituosos e continuei fazendo o melhor que podia. Então para que eu desistisse, eles me deixavam de fora das rondas, e me empurravam os serviços mais exaustivos do hospital, como limpar comadres, dar banho em pacientes, reorganizar os materiais utilizados nos atendimentos, cuidar da triagem, verificar o estoque de poções, levar os corpos para o necrotério, arquivar os relatórios dos meus colegas. Alguns ali, não deviam conhecer o nosso alfabeto e escreviam cada atrocidade, que eu ficava arrepiada com os erros, mas fazia o que era mandada.
Mal sabiam meus professores que as enfermeiras me passavam os pacientes mais complexos e tudo o que elas sabiam me ensinavam. Algumas inclusive trabalharam com minha mãe, e muitas vezes me chamavam de doutora O’Hara. Como se pudessem matar as saudades dela.
- Já estou indo para lá, enfermeira Bloom, eu estava alimentando o senhor Perkins. Já cuido dos outros quartos. - respondi enquanto tomava um copo de água e a velha enfermeira que tinha a aparência de um buldogue, mas um coração de fada disse:
Acho um absurdo com o seu dom para a cura, não estar no nível avançado. Tem garotos lá que sequer viram uma catapora trouxa, que dirá uma varíola draconiana. E você já as viu e sabe cuidar delas. Não entendo porque não está fazendo as rondas com seus colegas.
- E o professor acha que a Morgan, é o exemplo do que uma jovem não deve fazer antes de terminar os estudos. Velho invejoso, aquele nunca se casou, quem teria coragem? - disse a enfermeira Dolley, enquanto revirava os olhos.
- Anda logo menina, e depois que fizer isso vá tomar um café e comer alguma coisa, você está abatida. Seus olhos estão com sombras arroxeadas... Os gêmeos não dormiram esta noite novamente? Ou foi aquele seu marido bonitão que não te deixou em paz??
- Não entrarei em detalhes, mas só o eu posso dizer, é que havia penas, use a imaginação minha cara. - disse sorrindo, para a velha senhora. Não demorou muito e nosso professor encarregado dos casos clínicos entrou no corredor com a turma. Alguns colegas me cumprimentaram e outros me olharam com o típico desprezo dos que se acham superiores.
- A senhora O’Hara Weasley, pode se juntar a nós hoje...- disse o professor Sherman, e ele começou mostrando alguns casos em que eu já estava familiarizada. Alguns colegas deram suas opiniões, algumas eram um tanto quanto sem noção, e outras coerentes, porém com isso eu pude mostrar que estava atualizada com as matérias, e o professor começou a me olhar de jeito menos crítico. A última parte de nossa ronda, era no pronto socorro. Estávamos vendo alguns casos de feitiços invertidos, algumas queimaduras por explosões de caldeirões de baixa qualidade, quando um barulho chamou nossa atenção.
Um homem jovem entrou no hospital e pedindo ajuda. Trazia nos braços uma jovem com o abdômen avantajado e uma palidez mortal. Começamos a nos movimentar e como eu conhecia a rotina do PS melhor que meus colegas, disse enérgica:
- Sala de trauma 1, se ela entrar em trabalho de parto é a maior sala que temos e está equipada. De quantos meses você está?- ela me olhou preocupada e embora parecesse frágil sua mão segurou meu braço com força.
- Não deixe fazerem mal ao meu bebê. Prometa, que se eu morrer, meu bebê vai ser salvo...
- Ninguém aqui vai morrer se eu puder evitar, de quantos meses você está?- respondi confiante.
- 2 meses e meio... Sou Megan, meu marido é Caleb Langston. - antes que eu processasse a informação, um dos colegas disse:
- Ela está delirando, está com uma barriga de quase 39 semanas...- porém quando eu coloquei minhas mãos sob sua barriga, o chute forte e o som estranho me fizeram parar. Olhei para o marido dela com maior atenção e o homem que me olhou tinha sombras escuras sob os olhos, e os olhos quase negros. Isso contrastava muito com sua pele pálida e seus longos cabelos loiros, e um rosto absurdamente bonito. Ele não parecia ter mais de 20 anos e a garota a mesma coisa.
- Parem tudo o que estiverem fazendo, agora! - falei alto na sala.
- Precisamos salvar a paciente...
- Temos que saber mais coisas antes de fazermos alguma coisa, não é uma gravidez normal, não é? O bebê quebrou a costela dela. - e olhei para o homem e ele falou:
- Quero a doutora O’Hara cuidando da minha mulher... Tirem essa coisa de dentro dela...
- A doutora O’ Hara morreu. Nós é que teremos que cuidar de sua esposa. - disse o meu professor e o homem nos olhou preocupado.
- Não pode ser... Uma amiga disse que quando minha mulher precisasse deveria procurar a doutora O’Hara. Eu não posso perdê-la...
- Você não vai perdê-la. O bebê é um híbrido não?- e o homem me olhou e disse cansado:
- Sim, você tem razão...
- Que história é esta? Temos uma jovem morrendo e a O’Hara falando de criação de híbridos... Eu disse que uma criadora de dragões não tinha nada a oferecer a esta turma. Tire-a da sala professor e nos deixe ser curandeiros de verdade... - disse um dos alunos.
- Cale a boca, Green.- disse o professor ríspido e os alunos se mexeram desconfortáveis.
Os olhos do marido da paciente se iluminaram e perguntou:
- O’Hara? Mas você é tão jovem...
- Sou Morgan O’Hara Weasley. A doutora O’Hara era minha mãe, e ela morreu há 4 anos. Mas eu sei que posso ajudar vocês, porém preciso saber algumas coisas antes...
A jovem segurou minhas mãos e olhou para o marido pedindo:
- Caleb!
O professor ia dar a ordem para que eu saísse da sala quando o homem disse, após olhar para a esposa:
- Ela fica!
- Mas ela nem é uma curandeira de verdade senhor, é uma estudante e está confusa, saia Weasley...- disse meu professor:
- ELA FICA! - E o homem mostrou as presas de vampiro e os olhos brilhando em vermelho, os alunos começaram a recuar com medo, um deles conseguiu sair da sala, devia ter ido chamar a segurança. Eu me mantive em meu lugar e olhei para ele:
- Caleb, se você perder o controle não conseguirei ajudar Megan. Quem disse a você que procurasse minha mãe?
- Uma amiga minha, há muito tempo atrás, por isso quando minha mulher... Adoeceu, eu quis procurá-la, mas Megan não deixou, teve medo... - E a paciente gemeu na mesa e o homem logo estava ao lado dela e continuou falando:
- Alex McGregor, disse que eu procurasse sua mãe, que ela saberia o que fazer. Mas agora... Faça o que for preciso, mas salve a minha mulher.
Olhei ao meu redor e vários colegas ainda estavam em choque pela situação e meu professor que parecia estar recuperado disse:
- O caso é seu Weasley. Conte com meu auxílio, mas seja rápida, logo o Ministério vai estar aqui, espero que todos sobrevivam. - percebi as implicações das palavras de meu professor, peguei minha varinha e conjurei meu patrono e o enviei a Alex pedindo ajuda.
Não bastariam os meus conhecimentos e minha vontade para cuidar daquele caso, precisaria da ajuda de uma auror acostumada com os vampiros, e que tivesse algum conhecimento político se quisesse salvar aquela família.

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