Here we are as in olden days,
Happy golden days of yore.
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us once more.
Through the years
We all will be together,
If the Fates allow
Hang a shining star upon the highest bough.
And have yourself
A merry little Christmas now.
Have Yourself a Merry Little Christmas
- Eu vi alguma coisa! – Nigel gritou apontando para o céu
- Você falou a mesma coisa ainda agora – Nicholas respondeu
- Mas aqui não tem lareira, como o Papai Noel vai deixar os presentes? – Jacob falou desapontado
- Ele entra por debaixo da porta – ouvi Gabriel falar baixo para as crianças, prendendo a risada
- É, ele toma uma pílula que faz ele encolher – Chloe trocou um olhar travesso com ele e riu – Fica tão pequeno que passa debaixo da porta
A cadeira onde Jacob estava de pé voou longe quando ele saltou para o chão e correu na direção da porta, deslizando no piso e parando deitado ao lado dela. Nicholas, Allison, Becky, Nigel e Otter correram até ele e os seis deitaram os rostos no chão, tentando olhar por debaixo da porta. Passei perto dos dois e apertei os braços deles reprimindo a brincadeira com os pequenos, mas não desmenti. O fato era que enquanto esperavam pela visita do Papai Noel, não faziam bagunça. A casa estava cheia pela primeira vez desde que vim morar no Brasil, e de última hora meus primos de Londres, junto com meu irmão, vieram com os filhos. Estava tudo uma verdadeira bagunça, era sorte Scott e Ben morarem apenas dois andares abaixo ou não teria como acomodar a todos. Kegan já havia desaparecido com os presentes das crianças que estavam na árvore e se aprontava no apartamento do irmão.
- Ei molecada, o que estão fazendo ai no chão? – Scott ergueu Jacob e Otter, os mais leves, e os outros olharam para ele
- Estamos esperando para ver o Papai Noel passar por aqui – Nicholas respondeu de imediato
- Mas como acham que ele vai passar se estão com as caras coladas na fresta? Saiam daí, ou vão acabar aspirando o pobre velhinho e ficar sem presentes!
Não foi preciso falar mais nada. Em questão de segundos todas as crianças já estavam sentadas afastadas da porta, mas ainda assim com os olhos colados nela, sem piscar. Não queriam perder nada. E não demorou para o que tanto esperavam chegar. Alguns minutos depois Kegan aparatou dentro do apartamento fantasiado de Papai Noel e os seis voaram na direção dele, todos tentando falar e abraçá-lo ao mesmo tempo. Foi difícil e demorou certo tempo até que ele conseguisse acalmá-las e começasse a distribuir os presentes. Depois que todas já estavam ocupadas rasgando seus embrulhos, Kegan caminhou até os mais velhos e também lhes deu presentes, incluindo a filha da Patrícia e a namorada de Gabriel. Todos ganharam alguma coisa e passaram o resto da noite provocando uns aos outros por terem recebido presente do “Papai Noel”.
Ainda não tinha contado a ninguém que estava grávida. Depois de voltar do consultório da Patrícia, onde o ultrassom confirmou a suspeita de Scott, pensava em uma forma de contar. Não queria fazer alarde com tanta gente em casa, e voltei tão transtornada da clinica que não consegui contar no mesmo dia. Fui enrolando, enrolando, e agora estava mais do que enrolada. Mas não precisei pensar demais, pois os dois únicos que sabiam deram um jeito de me dar um empurrão, mesmo que sem querer. Estava sentada no balcão conversando com Patrícia e Scott e sem perceber enchi uma taça com vinho para tomar. Quando pus a taça na boca, Patrícia tomou-a da minha mão.
- Está louca? – disse severa – Não pode beber!
- Lou, você precisa contar logo ao Remo – Scott pegou a taça da mão dela e bebeu – Não posso monitorar você 24h para que não esqueça que não pode beber, mas ele sem dúvida irá lembrá-la disso!
- E se contar logo, não vai correr o risco de esquecer – Patrícia completou e Scott assentiu com a cabeça
- Eu sei que tenho que contar a eles, mas não sei como! – falei em tom de aflição – Não sei como Remo vai reagir a isso. É um risco o bebê nascer como ele, e sei que ele vai pensar nisso!
- Você está sendo irracional. Acha mesmo que Remo não vai gostar de saber que vão ter outro filho? – Patrícia falou muito séria
- Ela tem certa razão em estar preocupada, Patrícia – Scott falou pensativo – Remo certamente irá se lembrar desse fato
- Scott, não está me ajudando! – ela olhou torto para ele e segurou minha mão – Lou, podemos fazer testes se for o caso, mas tenho certeza que não vai acusar nada. E antes de pensar no que pode dar errado, que tal pensar em tudo que pode, e vai, dar certo? Conte ao Remo, mas conte hoje. É natal, não vai poder dar um presente melhor a ele e ao Gabriel.
- Me contar o que? – Remo apareceu atrás de mim e levei um susto - Você esteve estranha a noite toda, Louise. O que está acontecendo?
- Vamos lá fora – Levantei do banco respirando fundo e o puxei pela mão para longe de todo mundo
Fechei a porta de vidro da varanda para abafar o falatório na sala e sentei em uma das cadeiras, ficando de frente para ele. Remo me olhava com uma expressão preocupada, mas não perguntou outra vez, esperou que eu falasse primeiro.
- Eu não planejei nada disso, sei que não é a melhor hora – comecei a falar sem parar – Na verdade acho que nunca seria boa hora pra isso, mas aconteceu e agora não tem mais volta. Não há mais nada que possamos fazer!
- Lou, calma, respira – ele segurou minhas mãos para que parasse de gesticular como uma louca e o encarei – O que está acontecendo? Você está me assustando.
- Eu estou grávida – disse de uma vez por todas
- O que? – a cara de choque que ele fez me deixou mais agoniada ainda
- Eu sei, eu sei, não temos mais idade pra criar um bebê, mas não tem como voltar no tempo! Se tivesse não teria entrado naquela maldita banheira em...
Não terminei de falar. Remo cortou o que dizia com um beijo tão intenso que até me esqueci do que estava reclamando. Quando me soltou estava com um sorriso enorme no rosto, parecia as crianças quando viram Kegan aparecer vestido de Papai Noel. Seus olhos quase brilhavam.
- Está falando sério? – disse já colocando a mão na minha barriga – Está mesmo grávida?
- Sim, descobri ontem – olhava pra ele sem entender nada – Está mesmo feliz com a notícia?
- Lou, essa é a melhor notícia que poderia receber – ele me abraçou forte e me senti aliviada – Como não poderia ficar feliz?
- Acredite, tenho uma lista de motivos
- Gabriel nunca apresentou os sintomas, não há motivo para pensar que agora teríamos problemas – disse sabendo do que estava falando
- Você não sabe como me sinto aliviada de saber que não surtou como eu quando descobri
- Vai dar tudo certo – ele me beijou outra vez e a porta da varanda abriu. Gabriel estava parado com uma cara preocupada
- Mãe, pai, o que está acontecendo? – disse entrando – Tio Scott mandou que viesse aqui porque vocês queriam falar comigo. Está chorando, mãe? O que houve?
- Vem até aqui, Gabriel – Remo o chamou e ele fechou a porta, ainda preocupado
- Vocês estão com caras esquisitas... Devo ficar com medo?
- Não, deve ficar feliz – falei já sorrindo – Pediu tanto que foi atendido: você vai ganhar um irmão, ou irmã.
- Você está grávida?? – falou afoito e virou para Remo procurando uma confirmação – Ela está grávida??
Quando confirmamos ao mesmo tempo ele me abraçou com tanta força que chegou a me erguer do chão alguns centímetros. Tinha um sorriso que ia de uma orelha a outra. Olhei para a sala através do vidro e percebi que não precisaria me dar ao trabalho de contar aos outros, pois Scott e Patrícia já haviam se encarregado de espalhar aos quatro ventos, e agora todos olhavam sorridentes para a varanda. E acabei descobrindo que não estava assustada com a novidade, mas sim muito feliz. Que venha mais um membro para a família.
Wednesday, December 26, 2007
Pelos olhos de Ethan
O menino franzino estava parado no meio do quarto espaçoso, enquanto mantinha os olhos fechados, como se estivesse sonhando. Talvez se fizesse isso a sensação de conforto que a cama quente e macia evocava e o doce cheiro de bolo de limão ainda permanecessem ao seu redor por mais algum tempo e ele não precisaria ter que procurar algum abrigo público que oferecesse comida aos necessitados, ou quem sabe revirar algumas latas de lixo pela vizinhança.
Não, ele não tinha mais que fazer isso, ele agora estava com Alex e Logan, e eles o tratavam bem. Queriam que ele fizesse parte da família deles. Recordava os olhares amorosos que eles trocavam entre si e pensava se um dia iria viver aquilo, quando crescesse. Provavelmente não.
Um raio nunca caía no mesmo lugar duas vezes... Já estava bom ter um teto e comida quente... O que viesse, além disso, era lucro.
Alexandra e Logan... Eles o salvaram e talvez nunca se dessem conta disso. - pensou enquanto vestia as roupas quentes que ganhara e deixava para trás no espelho a imagem do menino com machucados na alma.
Surgimos, que dizer, aparatamos perto do portão de entrada e começamos a caminhar para uma casa enorme de pedras cinzentas, quando a porta da frente se abriu e vários homens jovens apareceram e alguns correram para ajudar com a bagagem e outros ficaram na porta esperando. Para Alex devia ser uma coisa normal, mas eu me retraí, pois estava chocado com a aparência deles:
- Eles usam saias...
- Chama-se kilt. – foi o comentário de Logan, e senti que ele também estava tenso.
- Eles são bichas?- perguntei de olhos arregalados olhando para aqueles rapazes usando saias com o mesmo tom de xadrez, parecia um uniforme.
- Não, eles são escoceses. – Alex respondeu quando um garoto alto, de cabelos negros e um enorme sorriso na cara a levantava num abraço:
Logan pareceu entender meu receio e disse baixinho, antes que ele se virasse para nós:
- Também fiquei assustado na minha primeira vez aqui, depois me acostumei filho. Vai dar tudo certo. – e acreditei em cada palavra que Logan disse, me acalmei.
- Oi mãe. Tio Logan... E ai? Você é o Ethan? Bem vindo ao clã. Meu nome é Ty. – o garoto disse sorrindo e esticando a mão.
Embora eu sentisse o receio revirar minhas entranhas, apertei sua mão estendida. Depois ele ajudou com as malas e começou a falar de coisas, e pessoas que eu não conhecia, sobre a escola. Vi quando Alex relaxou os ombros aliviados, e me senti seguro. Segundo Logan, ela era o elo forte da família, que estávamos formando, e eu entendia o que ele queria dizer, ao vê-la feliz no meio de toda aquela gente.
A casa era um lugar enorme, toda decorada com galhos de visgo espalhados, e tinha muitas luzes pequeninas, que quando cheguei perto percebi que eram fadinhas, não iguais à Sininho do Peter Pan, porém diferentes e eu confesso: esquisitas.
Um enorme pinheiro todo enfeitado estava a um lado da sala e embaixo deles, havia muitos pacotes, fechados e o brilho do papel de presente chegava a ofuscar. No lado oposto da sala, estavam dois homens velhos, concentrados numa partida de xadrez. Parei para observar e pulei para trás quando a torre branca, atacou o cavalo negro.
- Uau! – foi só o que consegui dizer.
- Xadrez de bruxo! Igual ao xadrez normal, porém as peças são mais temperamentais. Quero jogar com você, Orwell. Quero uma revanche. - disse Logan amistoso e o mais velho dos dois disse:
- É sempre bom, pôr as mãos no dinheiro dos jovens. O dobro?
- Não esperava menos. - respondeu Logan e os dois riram.
- E o nosso jovem? Também joga?- o velho perguntou.
- Sim, mas ainda é um aprendiz Orwell, conto com seus ensinamentos.
- Será bem vindo, jovem aprendiz. - e sorri de volta.
Continuei a olhar pela sala enorme, e meu olhar foi atraído para a lareira onde com certeza cabia um ser humano de pé, toda enfeitada com meias, e podiam-se ler os nomes nelas, uma menina de cabelos longos, se aproximou e empurrou uma meia na minha mão e falou como se nos conhecêssemos há anos:
- Nossa, como você demorou, venha pôr sua meia na lareira.
- Uma meia? Eu?- fiquei confuso. Sentia meu estômago se mover de jeito esquisito, parecia enjoado, enquanto olhava para ela.
- Claro, Ethan você é um de nós agora, precisa colocar sua meia na lareira, ou o Papai Noel não vai te trazer nada. Venha tem lugar ao lado da minha meia. - apontou e naquela hora soube que seu nome era Brianna e ela era a coisa mais bonita que eu já tinha visto.
O dia de natal amanheceu com uma alta camada de neve do lado de fora. Acordamos com Brian e Brianna entrando no quarto e gritando, seguidas das outras primas:
- Presentes! Acordem! Olhem os presentes.
Levantei-me devagar, quando ela veio me cutucar:
- Vamos Ethan, abra seus presentes.
- Presente? Pra mim?
- Claro, que sim, hoje é Natal, todos ganham presentes.
Olhei para os pés da cama e havia um monte de pacotes, Declan disse:
- Hey, baixinho, os pacotes não se abrem sozinhos... - e vi quando ele abriu uma caixa da sua pilha e jogou um sapo de chocolate na boca e disse olhando a figurinha:
- Valeu Chloe, não tinha esta figurinha na coleção.
Ty se aproximou e disse, ao me ver hesitante:
- Ethan, são seus pode abrir.
- Mas eu nunca ganhei presentes de Natal antes... E se que Papai Noel não existe... - e me arrependi. Todos pararam e ficaram me encarando e senti minhas orelhas queimarem de vergonha. Brian e Brianna olharam espantados para os primos mais velhos:
- Ele não existe? Papai Noel não existe?
- Claro que existe, a prova disso são os presentes, quem traria tantos numa noite só? – disse John e eles relaxaram.
Ty completou:
- Ele existe e te deixou um monte de coisas, além dos nossos presentes. E se não abrir isso logo, mamãe vai achar que não gostou de nada e vai querer devolver. Viu como estava chorona ontem? E não era por causa do eggnogg. – assenti e aproximei-me devagar e peguei um pacote, abri com cuidado, e era um dos robôs do Transformers, todo amarelo. Logo o que ruído que se ouvia no quarto eram de pacotes sendo rasgados, as garotas voltaram aos seus quartos para pegar seus presentes, ficamos ali por horas conversando, rindo e comendo os doces ganhos. Alex, veio nos chamar para tomarmos um café muito caprichado, e depois fomos para o quintal, aproveitar que a neve estava alta, e fizemos vários bonecos de neve, e também fizemos uma guerra de neve, muito divertida.
Brianna com as bochechas vermelhas por causa do frio e da agitação, se aproximou e perguntou empurrando uma bola de neve na minha mão:
- Viu como Papai Noel existe?
- Sim, agora eu sei que ele existe.
Aquele foi o Natal mais feliz da minha vida e eu não queria que acabasse.
Não, ele não tinha mais que fazer isso, ele agora estava com Alex e Logan, e eles o tratavam bem. Queriam que ele fizesse parte da família deles. Recordava os olhares amorosos que eles trocavam entre si e pensava se um dia iria viver aquilo, quando crescesse. Provavelmente não.
Um raio nunca caía no mesmo lugar duas vezes... Já estava bom ter um teto e comida quente... O que viesse, além disso, era lucro.
Alexandra e Logan... Eles o salvaram e talvez nunca se dessem conta disso. - pensou enquanto vestia as roupas quentes que ganhara e deixava para trás no espelho a imagem do menino com machucados na alma.
Surgimos, que dizer, aparatamos perto do portão de entrada e começamos a caminhar para uma casa enorme de pedras cinzentas, quando a porta da frente se abriu e vários homens jovens apareceram e alguns correram para ajudar com a bagagem e outros ficaram na porta esperando. Para Alex devia ser uma coisa normal, mas eu me retraí, pois estava chocado com a aparência deles:
- Eles usam saias...
- Chama-se kilt. – foi o comentário de Logan, e senti que ele também estava tenso.
- Eles são bichas?- perguntei de olhos arregalados olhando para aqueles rapazes usando saias com o mesmo tom de xadrez, parecia um uniforme.
- Não, eles são escoceses. – Alex respondeu quando um garoto alto, de cabelos negros e um enorme sorriso na cara a levantava num abraço:
Logan pareceu entender meu receio e disse baixinho, antes que ele se virasse para nós:
- Também fiquei assustado na minha primeira vez aqui, depois me acostumei filho. Vai dar tudo certo. – e acreditei em cada palavra que Logan disse, me acalmei.
- Oi mãe. Tio Logan... E ai? Você é o Ethan? Bem vindo ao clã. Meu nome é Ty. – o garoto disse sorrindo e esticando a mão.
Embora eu sentisse o receio revirar minhas entranhas, apertei sua mão estendida. Depois ele ajudou com as malas e começou a falar de coisas, e pessoas que eu não conhecia, sobre a escola. Vi quando Alex relaxou os ombros aliviados, e me senti seguro. Segundo Logan, ela era o elo forte da família, que estávamos formando, e eu entendia o que ele queria dizer, ao vê-la feliz no meio de toda aquela gente.
A casa era um lugar enorme, toda decorada com galhos de visgo espalhados, e tinha muitas luzes pequeninas, que quando cheguei perto percebi que eram fadinhas, não iguais à Sininho do Peter Pan, porém diferentes e eu confesso: esquisitas.
Um enorme pinheiro todo enfeitado estava a um lado da sala e embaixo deles, havia muitos pacotes, fechados e o brilho do papel de presente chegava a ofuscar. No lado oposto da sala, estavam dois homens velhos, concentrados numa partida de xadrez. Parei para observar e pulei para trás quando a torre branca, atacou o cavalo negro.
- Uau! – foi só o que consegui dizer.
- Xadrez de bruxo! Igual ao xadrez normal, porém as peças são mais temperamentais. Quero jogar com você, Orwell. Quero uma revanche. - disse Logan amistoso e o mais velho dos dois disse:
- É sempre bom, pôr as mãos no dinheiro dos jovens. O dobro?
- Não esperava menos. - respondeu Logan e os dois riram.
- E o nosso jovem? Também joga?- o velho perguntou.
- Sim, mas ainda é um aprendiz Orwell, conto com seus ensinamentos.
- Será bem vindo, jovem aprendiz. - e sorri de volta.
Continuei a olhar pela sala enorme, e meu olhar foi atraído para a lareira onde com certeza cabia um ser humano de pé, toda enfeitada com meias, e podiam-se ler os nomes nelas, uma menina de cabelos longos, se aproximou e empurrou uma meia na minha mão e falou como se nos conhecêssemos há anos:
- Nossa, como você demorou, venha pôr sua meia na lareira.
- Uma meia? Eu?- fiquei confuso. Sentia meu estômago se mover de jeito esquisito, parecia enjoado, enquanto olhava para ela.
- Claro, Ethan você é um de nós agora, precisa colocar sua meia na lareira, ou o Papai Noel não vai te trazer nada. Venha tem lugar ao lado da minha meia. - apontou e naquela hora soube que seu nome era Brianna e ela era a coisa mais bonita que eu já tinha visto.
O dia de natal amanheceu com uma alta camada de neve do lado de fora. Acordamos com Brian e Brianna entrando no quarto e gritando, seguidas das outras primas:
- Presentes! Acordem! Olhem os presentes.
Levantei-me devagar, quando ela veio me cutucar:
- Vamos Ethan, abra seus presentes.
- Presente? Pra mim?
- Claro, que sim, hoje é Natal, todos ganham presentes.
Olhei para os pés da cama e havia um monte de pacotes, Declan disse:
- Hey, baixinho, os pacotes não se abrem sozinhos... - e vi quando ele abriu uma caixa da sua pilha e jogou um sapo de chocolate na boca e disse olhando a figurinha:
- Valeu Chloe, não tinha esta figurinha na coleção.
Ty se aproximou e disse, ao me ver hesitante:
- Ethan, são seus pode abrir.
- Mas eu nunca ganhei presentes de Natal antes... E se que Papai Noel não existe... - e me arrependi. Todos pararam e ficaram me encarando e senti minhas orelhas queimarem de vergonha. Brian e Brianna olharam espantados para os primos mais velhos:
- Ele não existe? Papai Noel não existe?
- Claro que existe, a prova disso são os presentes, quem traria tantos numa noite só? – disse John e eles relaxaram.
Ty completou:
- Ele existe e te deixou um monte de coisas, além dos nossos presentes. E se não abrir isso logo, mamãe vai achar que não gostou de nada e vai querer devolver. Viu como estava chorona ontem? E não era por causa do eggnogg. – assenti e aproximei-me devagar e peguei um pacote, abri com cuidado, e era um dos robôs do Transformers, todo amarelo. Logo o que ruído que se ouvia no quarto eram de pacotes sendo rasgados, as garotas voltaram aos seus quartos para pegar seus presentes, ficamos ali por horas conversando, rindo e comendo os doces ganhos. Alex, veio nos chamar para tomarmos um café muito caprichado, e depois fomos para o quintal, aproveitar que a neve estava alta, e fizemos vários bonecos de neve, e também fizemos uma guerra de neve, muito divertida.
Brianna com as bochechas vermelhas por causa do frio e da agitação, se aproximou e perguntou empurrando uma bola de neve na minha mão:
- Viu como Papai Noel existe?
- Sim, agora eu sei que ele existe.
Aquele foi o Natal mais feliz da minha vida e eu não queria que acabasse.
Thursday, December 20, 2007
Ligeiramente grávida
Por Louise Storm Lupin
- Alguém tem alguma pergunta, antes de encerrarmos por hoje? – Scott falou se recostando no balcão e sorrindo pra mim. Estava assistindo pela primeira vez a uma aula de culinária dele na cozinha do Underground
- Na mesa lá fora tinham alguns enfeites feitos com frutas – uma mulher morena levantou a mão – Como fez isso? Sempre tive essa curiosidade! Tentei fazer uma vez com laranjas, mas estraguei três delas
Scott sorriu para ela e pegou um limão da cesta, começando a descascar tão depressa que era impossível acompanhar. Depois começou a retorcer a casca (que saiu inteira, por sinal) e segundos depois tinha uma rosa na mão. A mulherada na cozinha olhava encantada.
- Foi essa que você viu? – a mulher confirmou pegando a rosa – É bem fácil, mas não dá tempo de ensinar agora. Prometo elaborar uma aula só com esses detalhes decorativos para depois das festas. E laranjas não são boas para isso. Dê preferência ao limão, pois depois você ainda pode reaproveitar e fazer uma caipirinha! – todo mundo riu – Agora nosso tempo acabou. Bom Natal pra todo mundo, e nos vemos semana que vem. Não se esqueçam da nossa brincadeira de amigo oculto!
Uma a uma elas foram saindo e se despedindo dele, e logo só restávamos nós dois na cozinha. Scott havia liberado todos os funcionários para passarem o natal em casa, mas nenhuma das alunas quis abrir mão da aula mesmo que fosse dia 23 de Dezembro, então somente ele veio. E hoje resolvi acompanhá-lo, pois combinamos de preparar todas as comidas para a festa aqui. Ninguém estava disposto a sujar a cozinha da casa, sem contar que no restaurante o espaço era imensamente maior.
Ele puxou a varinha do bolso e agitou, sumindo com todas as coisas usadas na aula e organizando o que íamos precisar. A idéia de cozinhar aqui havia sido realmente boa. Com a quantidade de gente que vem esse ano para o natal, precisaríamos de espaço. Além de nós dois, Remo, Gabriel e a namorada, Ben e Nicholas, esse ano Patrícia, a filha Alice e Renato ficariam no Rio de Janeiro, e Susan, recém divorciada, também estaria aqui com Lucas. Kegan e Karen também viriam com Chris, e Wayne e a esposa resolveram vir com os dois filhos e as gêmeas de Megan, junto do pai de Scott. Ninguém queria uma comemoração calma e vazia, para não deixar as meninas pensarem nos pais. E também Anna, a irmã mais nova de Ben, viria com o marido Peter e o filho de 4 anos deles, Jacob.
- Então... – Scott falou com um tom de voz debochado – Natal com a norinha. Como está se sentindo?
- Estou sentindo que vou atirar esse tomate em você se não calar a boca – Respondi olhando atravessada para ele, que só riu mais
- Ah qual é, Louise! A menina é legal, dê uma chance a ela
- Mas estou dando, não pedi que Gabriel a convidasse para o natal? – olhei para o relógio na parede – Aliás, amanhã essa hora ela já deve estar chegando pela chave de portal. Que horas Wayne falou que autorizou as outras?
- Só à noite! Não precisamos de cinqüenta pessoas circulando pela casa atrapalhando os preparativos.
- Aonde você colocou aquele limão? – olhei ao redor da cozinha cansada – Estou enjoada com esse tanto de comida nos cercando e com sede. Aquela caipirinha cairia bem agora...
Ele riu e apontou para o outro lado do balcão. Larguei o que estava fazendo e fui preparar a bebida. Estava um calor infernal na rua, e o ar-condicionado da cozinha não estava mais dando conta do recado. Preparei logo um capão para cada e entreguei o de Scott na mão dele.
- A um natal quente, barulhento e sem surpresas – ele disse erguendo o copo
- Amém!
Brindamos e viramos a caipirinha depressa. E com a mesma rapidez que pus na boca, cuspi. Scott levou o jato no meio da camisa por estar perto demais e me encarou perplexo, o copo pela metade parado no ar.
- Pode me explicar o que foi isso?
- Desculpa. Acho que errei a mão no limão, ficou horrível
- Fez elas separadas? Porque a minha está perfeita – disse bebendo mais um pouco
- Deixa provar a sua – tomei o copo da mão dele e bebi, mas cuspi outra vez
Scott ficou me encarando sem falar nada por alguns segundos, uma expressão preocupada e pensativa no rosto. Curiosa, parei e o encarei também. Então um sorriso podre começou a surgir no rosto dele, lembrando muito um Grinch. Ele secou a camisa ainda rindo e caminhou para trás de mim, apertando meu ombro com uma massagem. Senti-o aproximar o rosto do meu ouvido.
- Querida, você está grávida...
A gargalhada que soltei foi tão espontânea e sincera que Scott até se assustou. Estava agora de frente para ele e ainda ria bastante, até que ele começou a rir também. Mas não era uma risada como a minha. Era como se estivesse rindo por eu estar achando graça do que ele havia dito. O sorriso no meu rosto começou a morrer aos poucos, até que fiquei séria e alarmada. Ele parou de rir também.
- Não posso estar grávida – disse com a voz falhando
- Mas você está – ele foi categórico
- Como pode ter tanta certeza?
- Porque já passamos por isso antes, e conheço você. Só hoje em duas horas você me deu quatro motivos diferentes para levantar a suspeita. Agora rejeita uma caipirinha deliciosa. Ah meu amor, pode começar a fazer o enxoval. Você está gravidíssima!
Apoiei as mãos no balcão sentindo minhas pernas perderem força e Scott correu para pegar uma cadeira onde pudesse sentar. Passei a mão na testa e estava suando frio. Comecei então a forçar a memória para algo que me confirmasse que Scott tinha razão. Não foi preciso pensar muito. Logo a última semana das Olimpíadas me veio a mente e me lembrei da pequena imprudência no banheiro dos monitores em Hogwarts. Maldita Hogwarts!
- Scott, isso não pode ser sério – minha voz soou desesperada – Tenho quase 40 anos, não posso estar grávida!
- E qual o problema de ter outro filho aos 40? Yulli também está grávida, e está adorando! Não foi você quem disse a ela que a idade não fazia a menor diferença?
- Eu menti! Só queria que ela não se apavorasse, falaria qualquer besteira como essa!
Afundei o rosto nas mãos e abaixei a cabeça, reprimindo a vontade louca que estava de gritar. Ouvi Scott puxar outra cadeira e sentar do meu lado, me abraçando e rindo.
- Vai dar tudo certo, Lou. Não tem motivo pra se preocupar – ele puxou minhas mãos para destapar meu rosto – E pense em como Remo e Gabriel vão ficar felizes com essa notícia.
- Oh meu Deus, preciso contar a eles – falei ainda em estado de choque
- Seria bom. A não ser que queira que eles descubram sozinhos... Pode ser engraçado, mas acho que eles vão demorar alguns meses para notar. Talvez quando você entrar em trabalho de parto – disse em tom sério e acabei rindo
- Não fale nada, ainda. Preciso confirmar isso antes.
- Claro. E acho seguro dizer que não vamos terminar mais nada hoje, então que tal irmos até a clínica da Patrícia? Ela deve estar com saudades...
Concordei com a cabeça e respirei fundo antes de levantar. Trancamos o restaurante e fomos direto para a clínica da nossa amiga. Nada como uma ultra-sonografia rápida para tirar de vez todas as dúvidas. Já podia ver os olhos do Remo e do Gabriel brilhando se isso se confirmasse. Apesar de assustada com essa possibilidade, não pude deixar de sorrir ao imaginar a felicidade dos dois...
- Alguém tem alguma pergunta, antes de encerrarmos por hoje? – Scott falou se recostando no balcão e sorrindo pra mim. Estava assistindo pela primeira vez a uma aula de culinária dele na cozinha do Underground
- Na mesa lá fora tinham alguns enfeites feitos com frutas – uma mulher morena levantou a mão – Como fez isso? Sempre tive essa curiosidade! Tentei fazer uma vez com laranjas, mas estraguei três delas
Scott sorriu para ela e pegou um limão da cesta, começando a descascar tão depressa que era impossível acompanhar. Depois começou a retorcer a casca (que saiu inteira, por sinal) e segundos depois tinha uma rosa na mão. A mulherada na cozinha olhava encantada.
- Foi essa que você viu? – a mulher confirmou pegando a rosa – É bem fácil, mas não dá tempo de ensinar agora. Prometo elaborar uma aula só com esses detalhes decorativos para depois das festas. E laranjas não são boas para isso. Dê preferência ao limão, pois depois você ainda pode reaproveitar e fazer uma caipirinha! – todo mundo riu – Agora nosso tempo acabou. Bom Natal pra todo mundo, e nos vemos semana que vem. Não se esqueçam da nossa brincadeira de amigo oculto!
Uma a uma elas foram saindo e se despedindo dele, e logo só restávamos nós dois na cozinha. Scott havia liberado todos os funcionários para passarem o natal em casa, mas nenhuma das alunas quis abrir mão da aula mesmo que fosse dia 23 de Dezembro, então somente ele veio. E hoje resolvi acompanhá-lo, pois combinamos de preparar todas as comidas para a festa aqui. Ninguém estava disposto a sujar a cozinha da casa, sem contar que no restaurante o espaço era imensamente maior.
Ele puxou a varinha do bolso e agitou, sumindo com todas as coisas usadas na aula e organizando o que íamos precisar. A idéia de cozinhar aqui havia sido realmente boa. Com a quantidade de gente que vem esse ano para o natal, precisaríamos de espaço. Além de nós dois, Remo, Gabriel e a namorada, Ben e Nicholas, esse ano Patrícia, a filha Alice e Renato ficariam no Rio de Janeiro, e Susan, recém divorciada, também estaria aqui com Lucas. Kegan e Karen também viriam com Chris, e Wayne e a esposa resolveram vir com os dois filhos e as gêmeas de Megan, junto do pai de Scott. Ninguém queria uma comemoração calma e vazia, para não deixar as meninas pensarem nos pais. E também Anna, a irmã mais nova de Ben, viria com o marido Peter e o filho de 4 anos deles, Jacob.
- Então... – Scott falou com um tom de voz debochado – Natal com a norinha. Como está se sentindo?
- Estou sentindo que vou atirar esse tomate em você se não calar a boca – Respondi olhando atravessada para ele, que só riu mais
- Ah qual é, Louise! A menina é legal, dê uma chance a ela
- Mas estou dando, não pedi que Gabriel a convidasse para o natal? – olhei para o relógio na parede – Aliás, amanhã essa hora ela já deve estar chegando pela chave de portal. Que horas Wayne falou que autorizou as outras?
- Só à noite! Não precisamos de cinqüenta pessoas circulando pela casa atrapalhando os preparativos.
- Aonde você colocou aquele limão? – olhei ao redor da cozinha cansada – Estou enjoada com esse tanto de comida nos cercando e com sede. Aquela caipirinha cairia bem agora...
Ele riu e apontou para o outro lado do balcão. Larguei o que estava fazendo e fui preparar a bebida. Estava um calor infernal na rua, e o ar-condicionado da cozinha não estava mais dando conta do recado. Preparei logo um capão para cada e entreguei o de Scott na mão dele.
- A um natal quente, barulhento e sem surpresas – ele disse erguendo o copo
- Amém!
Brindamos e viramos a caipirinha depressa. E com a mesma rapidez que pus na boca, cuspi. Scott levou o jato no meio da camisa por estar perto demais e me encarou perplexo, o copo pela metade parado no ar.
- Pode me explicar o que foi isso?
- Desculpa. Acho que errei a mão no limão, ficou horrível
- Fez elas separadas? Porque a minha está perfeita – disse bebendo mais um pouco
- Deixa provar a sua – tomei o copo da mão dele e bebi, mas cuspi outra vez
Scott ficou me encarando sem falar nada por alguns segundos, uma expressão preocupada e pensativa no rosto. Curiosa, parei e o encarei também. Então um sorriso podre começou a surgir no rosto dele, lembrando muito um Grinch. Ele secou a camisa ainda rindo e caminhou para trás de mim, apertando meu ombro com uma massagem. Senti-o aproximar o rosto do meu ouvido.
- Querida, você está grávida...
A gargalhada que soltei foi tão espontânea e sincera que Scott até se assustou. Estava agora de frente para ele e ainda ria bastante, até que ele começou a rir também. Mas não era uma risada como a minha. Era como se estivesse rindo por eu estar achando graça do que ele havia dito. O sorriso no meu rosto começou a morrer aos poucos, até que fiquei séria e alarmada. Ele parou de rir também.
- Não posso estar grávida – disse com a voz falhando
- Mas você está – ele foi categórico
- Como pode ter tanta certeza?
- Porque já passamos por isso antes, e conheço você. Só hoje em duas horas você me deu quatro motivos diferentes para levantar a suspeita. Agora rejeita uma caipirinha deliciosa. Ah meu amor, pode começar a fazer o enxoval. Você está gravidíssima!
Apoiei as mãos no balcão sentindo minhas pernas perderem força e Scott correu para pegar uma cadeira onde pudesse sentar. Passei a mão na testa e estava suando frio. Comecei então a forçar a memória para algo que me confirmasse que Scott tinha razão. Não foi preciso pensar muito. Logo a última semana das Olimpíadas me veio a mente e me lembrei da pequena imprudência no banheiro dos monitores em Hogwarts. Maldita Hogwarts!
- Scott, isso não pode ser sério – minha voz soou desesperada – Tenho quase 40 anos, não posso estar grávida!
- E qual o problema de ter outro filho aos 40? Yulli também está grávida, e está adorando! Não foi você quem disse a ela que a idade não fazia a menor diferença?
- Eu menti! Só queria que ela não se apavorasse, falaria qualquer besteira como essa!
Afundei o rosto nas mãos e abaixei a cabeça, reprimindo a vontade louca que estava de gritar. Ouvi Scott puxar outra cadeira e sentar do meu lado, me abraçando e rindo.
- Vai dar tudo certo, Lou. Não tem motivo pra se preocupar – ele puxou minhas mãos para destapar meu rosto – E pense em como Remo e Gabriel vão ficar felizes com essa notícia.
- Oh meu Deus, preciso contar a eles – falei ainda em estado de choque
- Seria bom. A não ser que queira que eles descubram sozinhos... Pode ser engraçado, mas acho que eles vão demorar alguns meses para notar. Talvez quando você entrar em trabalho de parto – disse em tom sério e acabei rindo
- Não fale nada, ainda. Preciso confirmar isso antes.
- Claro. E acho seguro dizer que não vamos terminar mais nada hoje, então que tal irmos até a clínica da Patrícia? Ela deve estar com saudades...
Concordei com a cabeça e respirei fundo antes de levantar. Trancamos o restaurante e fomos direto para a clínica da nossa amiga. Nada como uma ultra-sonografia rápida para tirar de vez todas as dúvidas. Já podia ver os olhos do Remo e do Gabriel brilhando se isso se confirmasse. Apesar de assustada com essa possibilidade, não pude deixar de sorrir ao imaginar a felicidade dos dois...
Wednesday, December 05, 2007
Aumentando a família
Do diário de Alex McGregor
O cheiro de café invadiu os meus sonhos e eu abri os olhos devagar, e vi que Logan estava parado ao lado da cama, segurando uma xícara numa mão e tinha os olhos fixos em mim. Ele estava usando apenas uma calça de pijama e seu cabelo estava bagunçado. Espreguiçei-me lentamente e vi que ele não perdia nenhum dos meus movimentos. Peguei o café e bebi um longo gole e falei, enquanto ele se deitava na cama novamente:
- Você sabe como acordar uma mulher. – provoquei e ele respondeu:
- Desconfio de que você só está comigo, porque sei fazer um bom café.
- É verdade, isso é essencial num homem. – e quando coloquei a xícara na mesa de cabeceira ele disse:
- Agora vou mostrar como você pode acordar mais relaxada...
- Ora, será que ainda temos talentos escondidos?? - rimos e nos beijamos.
Estes encontros matinais, estavam virando rotina, desde que voltamos a sair juntos, há duas semanas. Estávamos nos encontrando em sua casa, em Londres, e parecia que a cada dia descobríamos coisas novas um do outro. Depois de algum tempo, estávamos deitados lado a lado, e vi que ele tinha os olhos fechados. Suspirei e ele abriu os olhos me encarando sério:
- Vamos nos casar!
- Isso foi um pedido?- perguntei sorrindo, achando que era uma brincadeira, mas ele entrelaçou os dedos nos meus e disse:
- Amo você, e acho que você sente o mesmo por mim... Vamos oficializar isso. - e notei que ele estava preocupado, pois me viu ficar séria:
- Já parou para pensar que eu não poderei te dar filhos? Eu ainda sou auror, isso foi uma dos motivos por terminarmos da outra vez.
- Você sabe que meus ‘rapazes’ são lentos, mesmo que você quisesse, eu é quem não poderia te dar mais filhos. E você tem o Ty, sabe que adoro aquele garoto. E eu aceito sua profissão e todos os riscos dela, porque isso faz parte de você.
- Não poderia casar sem meus amigos novamente... - teimei
- E eu faço questão da presença de seus amigos, sei que eles vêm primeiro para você, e também aceito isso. Casa comigo?
- Sim, eu me caso com você. – respondi e ele me abraçou, enquanto voltávamos a nos beijar.
-o-o-o-o-o-o-
Eu e Logan, aparatamos próximos ao hospital trouxa, em que eu e Kyle éramos voluntários e eu estava preocupada com a mensagem que havia recebido naquela manhã. Entramos na recepção e os que me conheciam vinham me dar os pêsames pela morte de Kyle e olhavam Logan curiosos, então eu o apresentava como meu noivo, esperando ver algum tipo de recriminação nos olhos das pessoas, mas elas acabavam sorrindo e nos cumprimentando. Eu queria manter o meu trabalho no hospital, e Logan queria fazer parte disso também. Encontrei a chefe das enfermeiras, e nos abraçamos:
- Alexandra, que bom que pode vir hoje. Como você tem passado?- disse uma mulher de cabelos castanhos, e fios prateados presos num coque severo, e olhos de um castanho claro, protegidos por óculos de aro de tartaruga.
- Estou bem, senhora Wheaham. Quero lhe apresentar meu noivo, Logan Warrick. – ela me olhou séria e depois olhou Logan de cima a baixo antes de estender a mão e dizer:
- Esteve aqui há alguns anos atrás não?- olhei curiosa para Logan e ele confirmou:
- Estive sim senhora, a senhora continua com ótima aparência, além de boa memória. – e mulher me explicou após sorrir para ele:
- Lembra-se quando perdeu um bebê, acho que uns 9 anos atrás? Ele veio visitá-la durante a noite...
- Eu não sabia disso... – murmurei e Logan apertou minha mão, sinalizando que me contaria isso depois, e a mulher mudou de assunto:
- Quero que conheça uma pessoa. É um garoto, está bem machucado, e assim que estiver melhor, será levado para um orfanato. - e fomos andando pelo corredor até a ala pediátrica e nos entregou o prontuário médico que à medida que lia, eu ia ficando horrorizada. O menino sofrera maus tratos, havia sido encontrado desacordado no meio de uma poça de sangue, após uma denúncia anônima, sobre uma briga doméstica. A mãe era uma conhecida da polícia, viciada em drogas e já havia sido presa por prostituição. Segundo testemunhas, ela foi espancada por seu cliente e o homem resolvera que ela não era o suficiente e espancou o menino também. Ele estava foragido e ela morreu em conseqüência das agressões.
- Quer que o ajudemos... Por quê? – perguntou Logan, e vi que ele estava indignado com a situação do garoto.
- Bem, Alexandra e Kyle, algumas vezes conseguiram ajudar algumas destas crianças, e mesmo seus pais, nunca entendi direito o que faziam, mas o faziam bem e as coisas melhoravam. Este menino não fala nada, come apenas para se manter vivo, acostumou-se a passar fome, e nem mesmo nosso psicólogo consegue atravessar aquele muro que ele ergueu em torno de si. Sinto que este menino precisa de um tipo de ajuda que o ‘meu’ mundo não pode oferecer.
Olhei para Logan e ele fez que sim com a cabeça e eu disse para a enfermeira:
- Faremos tudo que pudermos.
- Venham comigo, está na hora da medicação dele. - e pegou os remédios e injeções, e a seguimos para entrar no quarto.
- Olá Ethan! Trouxe uns amigos meus para conhecê-lo.
Olhei para a cama e vimos um garoto com uns 8 anos, mas tão magrinho que parecia ter menos idade. Tinha cabelo loiro escuro, e olhos castanhos, que refletiram medo ao nos ver e ele disse tenso:
- Não vou para nenhum orfanato, prefiro morrer. - e fez uma careta de dor.
- Eu tenho cara de assistente social?- perguntei e olhei-o nos olhos. Ele me encarou um tempo e depois suas orelhas ficaram vermelhas e ele respondeu:
- Não. Você é diferente demais para ser uma delas.
- Obrigada, eu acho. Sou Alexandra, mas pode me chamar de Alex. - respondi sorrindo.
Logan se aproximou e levantou a mão para cumprimentá-lo e o menino se encolheu com medo. Logan recolheu sua mão e disse, como se não houvesse acontecido nada:
- Sou Logan. Como você está hoje?
- Estou bem, logo vou poder ir embora daqui, e ninguém vai... O que vocês querem?- perguntou.
- Não seja mal educado com meus amigos Ethan, são boas pessoas. - a enfermeira chamou-lhe a atenção, e ele nos olhava desconfiado. Ela foi aplicar a injeção e o menino disse teimoso:
- Não vou tomar isso.
- Você precisa tomar a injeção com o antibiótico. Pode ser do jeito fácil ou difícil. – ele olhou para o Logan, e achando que ele fosse obrigá-lo, fez mais marra.
- Não vou tomar. - e Logan disse solidário:
- Eu não gosto destas injeções também enfermeira Wheaham, não conte comigo. - e o menino o olhou com maior interesse, quando Logan foi para mais perto da porta. Olhei para Logan não acreditando no que via e intervi:
- Quer que eu segure sua mão, enquanto conto uma história? Isso ajudava ao meu filho quando ele tinha que tomar vacinas.
- Você tem um filho? Como ele é?- ele perguntou e me aproximei da cama.
- Hoje ele tem 16 anos, mas odeia tomar remédios, e quando era da sua idade e precisava tomar injeções, ele sempre fugia. Até derrubou o médico uma vez, o pobre homem caiu por cima de um armário de remédios, e precisou levar uns pontos. – e o garoto começou a rir comigo, ai perguntei:
- Posso segurar sua mão? Você sabe que a enfermeira não vai sair daqui sem te dar a injeção. - e ele timidamente fez que sim com a cabeça. Aproximei-me e comecei a contar sobre um lugar onde existiam dragões, e quando a enfermeira aplicou a injeção ele apertou minha mão forte, e quando ela acabou ele continuava a me segurar. Ficamos um tempo assim e ele disse, se soltando constrangido, e a enfermeira saía do quarto:
- Obrigado.
- Não há de que... – notei quando ele bocejou:
- Quer que a gente vá embora? Você deve estar cansado. - sugeri.
- Façam como quiser... - e quando levantei da cadeira ele falou como quem não quer nada:
- Gostei do seu cheiro. Deixou o ar daqui melhor. Se quiser voltar, não vou reclamar.
- Obrigada Ethan, muito gentil de sua parte. - ele ficou corado, para disfarçar provocou Logan:
- Eu não tenho medo de injeção, como alguns por aí. – e antes que Logan respondesse, ele fechou os olhos, parecia adormecido. Saímos do quarto e abracei Logan.
- Você tem medo de injeção?- perguntei rindo.
- Medo não, é cautela. Você viu o tamanho daquilo?- e riu comigo.
- Gostei dele Logan, e ele precisa de ajuda.
- Eu sei meu bem. Quando o vi segurando sua mão, pensei que se ele quiser ficar conosco por um tempo, seria bem vindo.
- Não será fácil. - disse pensativa.
- Eu sei que não, mas podemos fazer dar certo. E ele e eu já temos um ponto em comum.
-O quê?
- Ele também gosta do seu cheiro. Sinal de bom gosto. - riu me apertando, nos despedimos da enfermeira Wheaham e dali cada um foi para o seu trabalho, o dia ainda não havia terminado.
O cheiro de café invadiu os meus sonhos e eu abri os olhos devagar, e vi que Logan estava parado ao lado da cama, segurando uma xícara numa mão e tinha os olhos fixos em mim. Ele estava usando apenas uma calça de pijama e seu cabelo estava bagunçado. Espreguiçei-me lentamente e vi que ele não perdia nenhum dos meus movimentos. Peguei o café e bebi um longo gole e falei, enquanto ele se deitava na cama novamente:
- Você sabe como acordar uma mulher. – provoquei e ele respondeu:
- Desconfio de que você só está comigo, porque sei fazer um bom café.
- É verdade, isso é essencial num homem. – e quando coloquei a xícara na mesa de cabeceira ele disse:
- Agora vou mostrar como você pode acordar mais relaxada...
- Ora, será que ainda temos talentos escondidos?? - rimos e nos beijamos.
Estes encontros matinais, estavam virando rotina, desde que voltamos a sair juntos, há duas semanas. Estávamos nos encontrando em sua casa, em Londres, e parecia que a cada dia descobríamos coisas novas um do outro. Depois de algum tempo, estávamos deitados lado a lado, e vi que ele tinha os olhos fechados. Suspirei e ele abriu os olhos me encarando sério:
- Vamos nos casar!
- Isso foi um pedido?- perguntei sorrindo, achando que era uma brincadeira, mas ele entrelaçou os dedos nos meus e disse:
- Amo você, e acho que você sente o mesmo por mim... Vamos oficializar isso. - e notei que ele estava preocupado, pois me viu ficar séria:
- Já parou para pensar que eu não poderei te dar filhos? Eu ainda sou auror, isso foi uma dos motivos por terminarmos da outra vez.
- Você sabe que meus ‘rapazes’ são lentos, mesmo que você quisesse, eu é quem não poderia te dar mais filhos. E você tem o Ty, sabe que adoro aquele garoto. E eu aceito sua profissão e todos os riscos dela, porque isso faz parte de você.
- Não poderia casar sem meus amigos novamente... - teimei
- E eu faço questão da presença de seus amigos, sei que eles vêm primeiro para você, e também aceito isso. Casa comigo?
- Sim, eu me caso com você. – respondi e ele me abraçou, enquanto voltávamos a nos beijar.
-o-o-o-o-o-o-
Eu e Logan, aparatamos próximos ao hospital trouxa, em que eu e Kyle éramos voluntários e eu estava preocupada com a mensagem que havia recebido naquela manhã. Entramos na recepção e os que me conheciam vinham me dar os pêsames pela morte de Kyle e olhavam Logan curiosos, então eu o apresentava como meu noivo, esperando ver algum tipo de recriminação nos olhos das pessoas, mas elas acabavam sorrindo e nos cumprimentando. Eu queria manter o meu trabalho no hospital, e Logan queria fazer parte disso também. Encontrei a chefe das enfermeiras, e nos abraçamos:
- Alexandra, que bom que pode vir hoje. Como você tem passado?- disse uma mulher de cabelos castanhos, e fios prateados presos num coque severo, e olhos de um castanho claro, protegidos por óculos de aro de tartaruga.
- Estou bem, senhora Wheaham. Quero lhe apresentar meu noivo, Logan Warrick. – ela me olhou séria e depois olhou Logan de cima a baixo antes de estender a mão e dizer:
- Esteve aqui há alguns anos atrás não?- olhei curiosa para Logan e ele confirmou:
- Estive sim senhora, a senhora continua com ótima aparência, além de boa memória. – e mulher me explicou após sorrir para ele:
- Lembra-se quando perdeu um bebê, acho que uns 9 anos atrás? Ele veio visitá-la durante a noite...
- Eu não sabia disso... – murmurei e Logan apertou minha mão, sinalizando que me contaria isso depois, e a mulher mudou de assunto:
- Quero que conheça uma pessoa. É um garoto, está bem machucado, e assim que estiver melhor, será levado para um orfanato. - e fomos andando pelo corredor até a ala pediátrica e nos entregou o prontuário médico que à medida que lia, eu ia ficando horrorizada. O menino sofrera maus tratos, havia sido encontrado desacordado no meio de uma poça de sangue, após uma denúncia anônima, sobre uma briga doméstica. A mãe era uma conhecida da polícia, viciada em drogas e já havia sido presa por prostituição. Segundo testemunhas, ela foi espancada por seu cliente e o homem resolvera que ela não era o suficiente e espancou o menino também. Ele estava foragido e ela morreu em conseqüência das agressões.
- Quer que o ajudemos... Por quê? – perguntou Logan, e vi que ele estava indignado com a situação do garoto.
- Bem, Alexandra e Kyle, algumas vezes conseguiram ajudar algumas destas crianças, e mesmo seus pais, nunca entendi direito o que faziam, mas o faziam bem e as coisas melhoravam. Este menino não fala nada, come apenas para se manter vivo, acostumou-se a passar fome, e nem mesmo nosso psicólogo consegue atravessar aquele muro que ele ergueu em torno de si. Sinto que este menino precisa de um tipo de ajuda que o ‘meu’ mundo não pode oferecer.
Olhei para Logan e ele fez que sim com a cabeça e eu disse para a enfermeira:
- Faremos tudo que pudermos.
- Venham comigo, está na hora da medicação dele. - e pegou os remédios e injeções, e a seguimos para entrar no quarto.
- Olá Ethan! Trouxe uns amigos meus para conhecê-lo.
Olhei para a cama e vimos um garoto com uns 8 anos, mas tão magrinho que parecia ter menos idade. Tinha cabelo loiro escuro, e olhos castanhos, que refletiram medo ao nos ver e ele disse tenso:
- Não vou para nenhum orfanato, prefiro morrer. - e fez uma careta de dor.
- Eu tenho cara de assistente social?- perguntei e olhei-o nos olhos. Ele me encarou um tempo e depois suas orelhas ficaram vermelhas e ele respondeu:
- Não. Você é diferente demais para ser uma delas.
- Obrigada, eu acho. Sou Alexandra, mas pode me chamar de Alex. - respondi sorrindo.
Logan se aproximou e levantou a mão para cumprimentá-lo e o menino se encolheu com medo. Logan recolheu sua mão e disse, como se não houvesse acontecido nada:
- Sou Logan. Como você está hoje?
- Estou bem, logo vou poder ir embora daqui, e ninguém vai... O que vocês querem?- perguntou.
- Não seja mal educado com meus amigos Ethan, são boas pessoas. - a enfermeira chamou-lhe a atenção, e ele nos olhava desconfiado. Ela foi aplicar a injeção e o menino disse teimoso:
- Não vou tomar isso.
- Você precisa tomar a injeção com o antibiótico. Pode ser do jeito fácil ou difícil. – ele olhou para o Logan, e achando que ele fosse obrigá-lo, fez mais marra.
- Não vou tomar. - e Logan disse solidário:
- Eu não gosto destas injeções também enfermeira Wheaham, não conte comigo. - e o menino o olhou com maior interesse, quando Logan foi para mais perto da porta. Olhei para Logan não acreditando no que via e intervi:
- Quer que eu segure sua mão, enquanto conto uma história? Isso ajudava ao meu filho quando ele tinha que tomar vacinas.
- Você tem um filho? Como ele é?- ele perguntou e me aproximei da cama.
- Hoje ele tem 16 anos, mas odeia tomar remédios, e quando era da sua idade e precisava tomar injeções, ele sempre fugia. Até derrubou o médico uma vez, o pobre homem caiu por cima de um armário de remédios, e precisou levar uns pontos. – e o garoto começou a rir comigo, ai perguntei:
- Posso segurar sua mão? Você sabe que a enfermeira não vai sair daqui sem te dar a injeção. - e ele timidamente fez que sim com a cabeça. Aproximei-me e comecei a contar sobre um lugar onde existiam dragões, e quando a enfermeira aplicou a injeção ele apertou minha mão forte, e quando ela acabou ele continuava a me segurar. Ficamos um tempo assim e ele disse, se soltando constrangido, e a enfermeira saía do quarto:
- Obrigado.
- Não há de que... – notei quando ele bocejou:
- Quer que a gente vá embora? Você deve estar cansado. - sugeri.
- Façam como quiser... - e quando levantei da cadeira ele falou como quem não quer nada:
- Gostei do seu cheiro. Deixou o ar daqui melhor. Se quiser voltar, não vou reclamar.
- Obrigada Ethan, muito gentil de sua parte. - ele ficou corado, para disfarçar provocou Logan:
- Eu não tenho medo de injeção, como alguns por aí. – e antes que Logan respondesse, ele fechou os olhos, parecia adormecido. Saímos do quarto e abracei Logan.
- Você tem medo de injeção?- perguntei rindo.
- Medo não, é cautela. Você viu o tamanho daquilo?- e riu comigo.
- Gostei dele Logan, e ele precisa de ajuda.
- Eu sei meu bem. Quando o vi segurando sua mão, pensei que se ele quiser ficar conosco por um tempo, seria bem vindo.
- Não será fácil. - disse pensativa.
- Eu sei que não, mas podemos fazer dar certo. E ele e eu já temos um ponto em comum.
-O quê?
- Ele também gosta do seu cheiro. Sinal de bom gosto. - riu me apertando, nos despedimos da enfermeira Wheaham e dali cada um foi para o seu trabalho, o dia ainda não havia terminado.
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