Por Louise Graham Storm
- Anda, sobe logo!
- Calma, assim eu caio!
Scott estava em cima do palco no Moulin Rouge com Yulli enquanto Alex e eu nos preparávamos para subir e dançar com eles, pois antes estávamos ocupadas colocando notas de 50 Euros nas calças de Scott. Alex se juntou a Yulli e Cott me puxou com força pra cima dele enquanto tocava uma musica pra lá de animada. O palco já estava tomado por varias pessoas que assim como nós, exageraram um pouco na bebida àquela noite. Entrei na brincadeira e embalada pelos gritos das mulheres que não sabiam que Scott era gay, comecei a tirar sua jaqueta enquanto dançava. Ele a girou e atirou pra platéia, que fez um escândalo maior ainda. Alex e Yulli puxavam o coro dos gritos enquanto as incentivavam a colocar mais dinheiro nas calças dele.
YH: Rebola mais Cott! Desse jeito você vai pagar a conta hoje!
AM: Pode ser nota inteira mesmo minha querida, não precisa trocar não... – Alex dizia a uma descontrolada que catava o dinheiro na bolsa.
SF: Dá uma ajuda Louise, vamos fazer o seguinte...
Ele cochichou algo no meu ouvido e cai na gargalhada quando entendi o que ele queria. Bom, já estava em cima do palco rebolando, não tenho mais do que me envergonhar... Agarrei Scott pela cintura e comecei a desabotoar sua camisa com os dentes. As meninas rolavam de rir do nosso lado enquanto dançavam empolgadas. Eu já estava chegando ao ultimo botão, quase ajoelhada e deixando as iludidas no chão enlouquecidas pensando onde aquilo ia parar, quando Scott me puxou pra cima depressa, um pouco alarmado.
LS: Que cara é essa? Cara bonito achando que você é hetero? – falei rindo
SF: Não, cara bonito que sabe que sou gay... Vira rápido.
LS: O que? Do que você ta falando?
SF: Cala a boca e olha pra trás...
Scott pegou meu rosto e virou na direção do bar. A principio não achei o que ele queria me mostrar, mas não demorou muito pra entender. Encostados numa mesa estavam Kyle, Sergei e Remo. Sim, o próprio, parado ao lado deles olhando para onde dançávamos e rindo. Podia sentir que meu rosto ia ficando cada vez mais vermelho por eles três terem presenciado o espetáculo que acontecia naquele palco e descemos depressa. Alex se adiantou e fomos logo atrás, nos ajeitando primeiro. Depois de todos se cumprimentarem e Yulli quase me empurrar pra cima do Remo, fomos nos sentar em uma mesa maior.
SM: Porque pararam? O show estava ótimo! – Sergei falou enquanto puxava uma cadeira para Yulli sentar, todo sorridente.
SF: Podemos descansar um pouco, o que arrecadamos dá pra pagar várias rodadas de drinks!
KM: Ótimo então essa é por conta de vocês.
LS: Vou buscar nossas bolsas.
Caminhei ate a mesa que estávamos antes e quando voltei, qual não foi a minha surpresa ao constatar que o único lugar vago na mesa era ao lado dele? Olhei atravessado para meus amigos e me sentei sem falar nada. Logo engatamos em uma conversa animada, mas aos poucos todos iam levantando da mesa. Scott foi o primeiro a sair para conversar com um francês do outro lado do cabaré, seguido por Alex e Kyle que resolveram dançar. Sergei logo se animou com a musica e puxou Yulli, nos deixando a sós na mesa. Começava a desconfiar que aquilo tudo havia sido armado, porque era coincidência demais eles por acaso aparecerem no mesmo cabaré onde estávamos, tendo tantos nessa cidade. Remo ia dizer alguma coisa, mas levantei depressa dizendo que precisava ir ao toilet, não o deixando falar. Ele veio atrás de mim, me puxando no meio do caminho com força.
RL: Será que podemos conversar?
LS: Não, acho que não podemos não.
RL: Porque não? Do que você esta fugindo?
LS: Eu não acredito nisso! Você sumiu por 15 anos!
RL: Você também desapareceu, não jogue a culpa em mim!
LS: Minhas amigas sabiam onde eu estava. Com um mínimo de esforço você me encontrava! Coisa que não pude fazer por você, já que você desapareceu sem deixar rastro!
RL: Não estou mais sumido, estou aqui, não é?
LS: E você acha que é só reaparecer depois de tanto tempo que tudo vai voltar a ser como era antes? Não é bem assim que...
Mas não terminei a frase, pois ele calou a minha boca com um beijo. O empurrei de volta irritada, tentando soltar meus braços de suas mãos, mas ele era mais forte.
LS: Me solta. – pedi por fim, mas não muito convencida de que queria isso.
RL: Não. Será que dá pra você ficar parada?
Ele me puxou pra junto dele e me beijou de novo, mas dessa vez não o afastei. Não sei se era efeito colateral do excesso de drink que misturei ou se foi o beijo mesmo, mas o fato é que estava sem forças para lutar contra ele e não fiz esforço para resistir. Se ele não tivesse segurando firme minha cintura, teria sem duvida alguma desabado no chão, sentia minhas pernas bambas, como se tivesse 15 anos de idade. Antes que eu pudesse perceber já estávamos enroscados em um canto do cabaré, como se tentássemos recuperar o tempo perdido.
RL: Vamos embora.
LS: Embora pra onde?
RL: Não sei... É você quem decide.
LS: Meu hotel não é muito longe daqui, só vou pagar minha parte na conta.
Paguei a conta apressada enquanto ele me esperava do meu lado, sem soltar minha mão. Acho que ele pensava que se a soltasse, poderia me perder de novo. Estávamos quase na porta quando cruzamos com Scott, acompanhado de um francês lindo. Ele riu, fazendo a cara mais debochada que podia.
SF: Já estão de saída?
LS: Já. Avisa as meninas pra mim? Nos vemos amanha pra almoçar.
SF: Ok. Divirtam-se crianças... E juízo hein??
Não pude deixar de rir da cara que ele fez ao nos ver passar juntos, no mínimo comemorando porque o plano deu certo. Fomos para o hotel caminhando, não ficava a mais de 4 quadras do Moulin Rouge. Na altura em que chegamos lá, já não conseguíamos mais tirar as mãos um do outro. Remo me cercou no elevador e saímos dele aos tropeços ate alcançarmos a porta do meu quarto. Eu tateava a procura do lugar pra passar o cartãozinho e ela abrir, ocupada demais para olhar onde estava tentando encaixar ele. Quando finalmente consegui abrir a porta, entramos afobados e pendurei um aviso de “Não Perturbe” do lado de fora antes de trancar e reviver os uivos do passado...
Friday, March 24, 2006
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