Wednesday, March 08, 2006

O verdadeiro espírito de Paris

Por Louise Graham Storm

YH: Não acho que consiga andar agora Alex...
LS: Nem eu! Será que, por favor, podemos pegar um táxi?
AM: Quando foi que vocês começaram a ser preguiçosas? Perdi essa fase...

Descíamos pelo elevador de volta a terra firme depois de um verdadeiro banquete no restaurante Júlio Verne. Atendendo aos nossos apelos, Alex parou um táxi, nos acomodamos e ele nos deixou minutos depois de volta ao Arco do Triunfo. Olhamos meio sem entender o que ela estava planejando, mas a ficha caiu assim que minha amiga estendeu os braços indicando a movimentada avenida à nossa frente: estávamos no inicio da Champs-Elysées, lugar onde se encontram as melhores lojas do mundo, uma perdição para três mulheres descontroladas e com dinheiro no bolso. Alex tomou o cuidado de pedir ao motorista para nos deixar naquele local especifico, pois a avenida ia descendo até a Place de la Concorde, portanto não nos cansaríamos muito com a caminhada. Mas até parece que fazer compras cansa né? Por mais que a gente esteja esgotada, parece que dá uma renovada no animo e até o peso das bolsas desaparece. Respiramos fundo e começamos a descer a avenida.

Não demos nem 10 passos e entrei em uma loja de óculos à minha esquerda, puxando as duas comigo. Faz muito calor no Brasil, o que mais tenho em casa são óculos de sol. Comprei mais ou menos uns 5, tanto pra mim quanto para Gabriel e Scott, e as meninas também pegaram alguns, já pensando nas possíveis férias comigo por lá. Saímos da loja e Yulli parou no meio da calçada, hipnotizada. Acompanhei o olhar dela e logo entendi: do outro lado da rua, cobrindo todo um prédio, uma enorme pasta estilo executivo brilhava. Bem no canto dela uma discreta porta que dava como Yulli mesmo disse, no paraíso das bolsas chiques. Ela saiu atravessando a rua sem prestar atenção e corremos atrás, desviando dos carros.

AM: Ta louca? Não sei como são as pessoas no Japão, mas os franceses não são tão educados no transito quanto são para uma conversa.

Yulli não deu atenção às reclamações de Alex e entrou na loja. Ela parecia criança perdida dentro de loja de brinquedos. Para falar a verdade, todas nós parecíamos. Com menos de 2 minutos lá dentro já havíamos nos perdido umas das outras! Quando conseguimos nos encontrar, mais de uma hora depois, cada uma carregava no mínimo três sacolas com bolsas.

YH: Eu morri e estou no céu não é?
LS: Acho que sim, tenho a sensação de estar no paraíso...
AM: Ai, ai, meninas... Vocês ainda não viram nada! Vamos, a avenida é grande e só entramos em duas lojas.

Daquela loja magnífica, voltamos para o lado esquerdo da avenida e continuamos a andar. Foi a vez de Alex nos arrastar loja adentro, ao passarmos por uma famosa perfumaria. Logo na entrada nos encheram com milhares de tiras de papel, cada uma com um perfume diferente. Era difícil andar por entre as prateleiras com aquela quantidade toda de frascos frágeis carregando tantas sacolas, mas não somos inexperientes nesse assunto e tiramos de letra. Logo nossas cestas já estavam pesadas com tantas caixinhas, é impossível não comprar lembrançinhas paras os amigos e parentes que ficaram em casa. Se eu pisar no Brasil sem pelo menos 3 perfumes diferentes pro Scott, perco o amigo! Falando nele, quando ainda estava procurando seu 2º perfume meu celular tocou e era o próprio.

LS: Oi Cott, tudo bem ai?
SF: Aqui sim, estou mais calmo depois que você ligou avisando que o Gabriel tinha sido encontrado. Esta com as meninas? Onde estão agora?
LS: Estou com elas sim, mas nos separamos dentro dessa loja, estamos na Sephora.
SF: Ah Lou, por Merlin, não esquece de trazer meus perfumes! Você não perdeu o papel onde anotei o nome deles não, né?
LS: Não perdi nada, já ate achei um deles e estou com o 2º na mão, pode ficar tranqüilo.
SF: Ah que bom! Mas não liguei pra isso... Vocês ainda vão ficar por ai uns dias, certo?
LS: Sim... Não pretendo voltar agora, por quê?
SF: Ótimo! Estou chegando aí hoje à noite então!
LS: O QUE? Conseguiu o visto??
SF: Fala baixo, não quero que elas saibam, queria fazer uma surpresa. Consegui sim, vou ficar no mesmo hotel que você está. Vou chegar por volta das 18hs, não sai sem antes me passar o nome do restaurante que vocês vão, senão não vai dar certo isso.
LS: Pode deixar, quando eu chegar ao hotel ligo pra saber onde você esta. Vou desligar agora, elas estão vindo pra cá, beijos!
SF: Beijos! E não esquece minha loção também! – ouvi a voz dele baixa, enquanto desligava o celular depressa.
AM: Achou tudo que queria?
LS: Não, falta um perfume do Cott ainda, só peguei 2 até agora.
YH: Bom, eu acho que não esqueci de ninguém. Se tiver esquecido, tenho a desculpa de voltar e comprar!

Logo encontrei o que estava faltando e pudemos pagar tudo. Ficava cada vez mais difícil carregar as sacolas, mas quem disse que nos importamos? Era a vez agora das lojas de roupa. Era impossível dar mais de 5 passos sem entrar em uma loja e só sair quase uma hora depois. Quando finalmente alcançamos a Place de La Concorde, estávamos esgotadas! Já passava das 17hs e decidimos encerrar o tour do dia, para podermos descansar um pouco antes de sair outra vez. Ficou combinado de nos encontrarmos às 20hs no Taillevent, um restaurante que ficava ali mesmo, no Champs-Elysées. Despedimos-nos de Alex e cada uma entrou em um táxi, empurrando as bolsas sem delicadeza alguma para que todas coubessem no banco traseiro junto conosco. Agora era só encontrar o Cott, largar isso de qualquer jeito perto da mala, tomar um banho de no mínimo uma hora naquela banheira convidativa que tem no quarto do hotel e me arrumar, para uma noite que promete ser bem divertida.

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