Das anotações de Morgan O’Ohara Weasley
Dezembro de 1999
Quase 48 horas haviam se passado desde que Megan Langston havia adentrado pelas portas do hospital se esvaindo em sangue. Eu junto com Mirian Chronos, estávamos cuidando da paciente, Megan, e eu observava fascinada que com a dieta de sangue que eu havia prescrito, a jovem estava visivelmente melhor.
Meu professor, havia saído horas antes com os outros alunos para terminar as rondas e havia dado ordens expressas de que eu era a responsável ali. Claro que era uma faca de dois gumes, mas eu estava disposta a correr o risco e provar que eu poderia ser uma boa curandeira. Mesmo com a falta de descanso, eu me mantinha alerta a tudo e teve um momento que notei Mirian Chronos colocar a mão em meu ombro e senti uma energia restauradora muito boa vindo dela. Estava terminando minhas anotações enquanto Mirian lia, um livro escrito em runas antigas, quando escutei o ruído de canudinho num copo vazio. Olhei para Megan e ela me olhou com ar culpado:
- Desculpe, pode parecer estranho dizer isso, mas estava gostoso.
- Tudo bem, se o seu bebê se acalma com isso, faremos a vontade dele. - como ela tivesse quase a mesma idade que eu perguntei:
- Como conheceu seu marido?
- Ele me salvou. Devo minha vida a ele. - ela respondeu sonhadora.
- Ah que romântico, conte-nos como foi. Este livro está entediante. - disse Mirian e nos sentamos perto da paciente. Como ouvi sua barriga roncar novamente dei-lhe outro copo de sangue gelado e ela disse:
- ...Imaginem, eu andando sozinha à noite no Central Park, quando aqueles homens tentaram me atacar. Caleb não só os afugentou, como impediu que eu ficasse lá desmaiada. Levou-me para seu apartamento e cuidou de mim, enquanto eu me recuperava. Após isso, me levou até a minha casa.
- Imagino o susto dos seus pais...- comentei e ela disse.
- Meus pais morreram há 2 anos, não tenho parentes, e me sentia muito sozinha e deprimida, então quando conheci Caleb foi como...Vocês vão rir do que vou dizer:
- Prometemos não rir. - disse Mirian e eu acenei afirmativamente.
- Quando vi aquele homem lindo e corajoso, cuidando de mim foi como se visse uma luz na escuridão que era a minha vida.
- Ohhnnn!
Fizemos eu e Mirian ao mesmo tempo e nós três acabamos rindo. Após algum tempo de conversa em que pudemos nos conhecer melhor, Megan disse:
- Eles estão demorando não é?Eu sei que os vampiros têm poder de persuasão em nível altíssimo, mas aquela mulher me pareceu tão normal, e ele saiu com ela como se não pudesse desobedecer.
- Não fique com ciúmes, não vale a pena, falo por experiência própria... Com Lu, meu marido também é assim, quando se trata da Alex, e ela é humana, não vampira.
- Deixa Caleb voltar, que eu vou fritar aquele morcego assanhado. - sussurrou Megan irritada e Mirian depois de olhar para mim disse rindo.
- Não se preocupe, Alex é para Cal e Lu, ‘um os rapazes’, quando você os vir juntos, você vai entender.
Nesta hora a porta se abriu e Alex entrou na sala seguida por Alucard Chronos e o marido de Megan, Caleb, e eu pude entender o que ela quis dizer sobre luz na escuridão: os olhos de seu marido eram dourados e ele sorria para ela com uma felicidade genuína.
Após os cumprimentos Alex, se aproximou da maca e disse para Megan, que a olhava acomo se ela fosse uma rival em potencial. Alex percebeu e começou a falar com ela.
- Vejo que está melhor, fico contente com isso. Sou uma velha amiga de Caleb e...
- Você não é velha...- Langston falou e Alex respondeu a ele de bom humor:
- Alôô!! Jovem esposa grávida com ciúmes, não é bom para o bebê. Preciso desenhar??- e Langston ficou sem graça, enquanto Alucard gargalhava na sala dizendo:
- Continua um tapado com as mulheres, é isso que dá sumir no mundo. - e Alex disse:
- Sou amiga de Caleb. Não precisa ter receios comigo. Sempre fui imune ao charme dele.
- O que restava de meu ego foi ao chão. - disse Caleb brincando:
- Porque esta ligação entre vocês? Quer dizer, vocês já...??- a garota perguntou enquanto tomava um copo de shake com sangue gelado. - e Caleb respondeu:
- Alex sempre me rejeitou, ainda sinto o coração despedaçado. - e Alex olhou-o reprovadoramente.
- Eu e Caleb nunca nos envolvemos romanticamente, se é o que você quer saber.
Uma vez durante um luta, Caleb ficou fraco demais, e para não sermos mortos, eu o obriguei a se alimentar com o meu sangue. - vi que Caleb ficou embaraçado e Alucard colocou a mão forte em seu ombro, para lhe dar apoio.
- Ele podia ter perdido o controle... E porque o seu sangue? Ele já estava habituado ao sangue dos animais...- perguntei, pois Megan havia falado sobre a dieta de Caleb.
- Apesar da dieta de animais ser muito boa, ela não dá tanta energia e força aos vampiros quanto o sangue humano. E eram 10 contra 2, por melhor que eu seja boa num duelo, Caleb é 10 vezes melhor quando esta no auge de sua força. - respondeu Alex. E ela continuou:
- Acho que o fato de eu o alimentar, criou um vinculo entre nós, assim como tenho vínculos com Alucard. Por isso, esta afinidade entre nós. Eu os amo como se fossem meus irmãos.
- Kyle dizia que você estava se transformando numa provedora de vampiros. Sangue bom, linhagem forte...- disse Alucard e antes que ele falasse mais alguma coisa, Megan se contorceu quando ouvimos um barulho de mais alguma coisa se quebrando e um jato de sangue saiu pela sua boca. Com uma rápida examinada de Mirian na paciente, ela disse tensa:
- O bebê quebrou a espinha dela, ela vai morrer se não o tirarmos daí.
Meu professor entrou correndo na sala e disse enquanto examinava a paciente e punha luvas cirurgicas:
- Teremos que salvar pelo menos a criança, a mãe esta muito mal. Não há poção regeneradora suficiente para curá-la com o bebê ai dentro...
Peguei um bisturi e tentei cortar sua barriga para fazer uma cesariana de emergência, mas o tecido era muito resistente, olhei para Mirian e ela disse:
- Vou lançar feitiços curativos para ajudá-la a resistir. Caleb precisamos de você.
- Eu posso matá-la...- como ele hesitasse eu disse, largando o bisturi:
- Alucard, abra a barriga dela e tire o bebê. Caleb prepare-se para transformar Megan. - e nesta hora todos olharam para mim e expliquei rápido:
- A única forma de salvarmos Megan é se ela for transformada em vampira antes de morrer.
- Mas eu não posso e isso é muito doloroso...- Caleb começou a dizer e Mirian disse entendendo a minha idéia:
- Você quer salvar sua mulher ou não Caleb? Sem o poder regenerador dos vampiros, ela não vai resistir e pelo jeito o sangue do bebê está muito misturado ao da mãe, os meus poderes de cura não vão ajudar muito. Ela vai morrer.
Alex, puxou a mim e meu professor para trás dela e disse a nós:
-Fiquem atrás de mim. - fez um sinal para Alucard e ele mostrou as presas e as garras, Caleb reagiu automaticamente e enquanto Alucard rasgava a barriga da mulher com as garras e puxava o bebê lá de dentro, todo sujo de sangue e muco, Caleb com os olhos em chamas mordia o pescoço de Megan, e ela se contorcia na mesa.
Achava que era impossível para ela sentir dor, já que sua espinha estava quebrada, mas eu me enganei. Aqueles espasmos eram de dor e eu não podia fazer nada. Só torcer para que ela agüentasse.
Peguei o bebê para limpá-lo e cuidar quando percebi o brilho vermelho nos olhos e os dentes. Aquele bebê com apenas alguns minutos de vida tinha dentes e estava com fome e não era do leite da mãe como todos os outros. Era fome de sangue. Tomei cuidado para não ser mordida.
Caleb mordia a esposa, injetando o veneno e passava a língua em cima das marcas para que elas fechassem e segurassem o veneno dentro dela e a transformação ocorresse logo. Eu limpei o bebê e Mirian começou a falar com ele numa língua estranha e parecia que o bebê a entendia e se acalmou.
Mais alguns minutos e o corpo dilacerado de Megan começou a se regenerar e era uma coisa assustadora de se ver. Ossos se emendavam como se nunca tivessem se partido, a carne se juntava e parecia que ficava mais firme e lisa. E a mudança maior era no rosto. Onde antes havia uma expressão de dor e círculos roxos embaixo dos olhos, surgia uma face pálida e sem marcas de sofrimento, dava até medo de ver tanta beleza na morte.
O bebê depois de algum tempo e acho que sentindo os cheiros de sangue da sala, começou a se remexer com fome, e meu professor conjurou uma mamadeira da ala pediátrica e a enchi com um pouco do sangue das bolsas que estavam ali. Era estranho ver o bebê segurar um pouco de meu cabelo fascinado, enquanto tomava a mamadeira, parecia ter o entendimento de um bebê de 2 anos.
Após se sentir cheio, ele olhou para Caleb e esticou os braços. O pai o pegou e o abraçou com força, ambos se olharam nos olhos e deviam ter estabelecido alguma comunicação, pois Caleb disse:
- Mamãe precisa dormir um pouco Edward, quando ela estiver melhor ela fica conosco.
E o bebê entendeu e fechou os olhos adormecendo. Agora só nos restava esperar e torcer que o organismo de Megan aceitasse a nova condição.
Meu professor se aproximou e disse:
- Quero relatórios completos doutora O’Hara, amanhã na minha mesa...
- Weasley, professor... Senhor...- ele me olhou serio e disse:
- Doutora Weasley, quero os relatórios completos sobre sua paciente e o bebê. Será tópico de aula e discussão. E esteja preparada para fazer as rondas e apresentar os casos com os internos do ultimo ano. Estar aqui dentro por 48 horas, e ainda estar de pé já conta pontos a seu favor.
- Mas eu ainda sou novata...
- Depois de tudo o que vi hoje aqui, percebi que você entende os pacientes e faz de tudo para salvar vidas, isso é um dom. E não sou de desperdiçar um talento quando vejo um. Eu sei que você estuda mais que qualquer um dos meus alunos puxa-saco, suas notas provam isso, então não me custa nada, dar créditos extras a você para que você se forme e logo esteja na minha equipe do hospital. - e saiu me deixando aturdida.
Olhei em volta e Alex sussurrava algumas coisas para o bebê adormecido em seu colo. Alucard e Mirian estavam sentados de mãos dadas e esperavam a transformação de Megan, junto com Caleb. Ele estava tenso. Parecia congelado ao lado da mulher.
Respirei fundo e me sentei para esperar. Se eu tinha que fazer um relatório sobre toda esta situação, pelo menos precisava saber de toda a historia até o fim, e eu esperava que o final fosse feliz.
Wednesday, January 07, 2009
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