Diário de Morgan S.M.O’Hara, no momento ex- Weasley
-Quero ir embora...
-Ainda não posso ir...
-Vou na frente...
-Não quero você longe de mim... Vai conseguir me deixar aqui sozinho?? Carlinhos dizia isso com cara de hipogrifo abandonado, sempre que começávamos a discutir sobre meu desejo de ir embora da sede da Ordem e na noite passada não foi diferente. Claro que quando ele começava a me beijar e falar algumas coisas em romeno eu perdia noção de onde estava, e acabava cedendo.
Ele sempre estava fora, em alguma missão que McGonnagal lhe dava, e enquanto isso eu me sentia cada vez mais sufocada. A senhora Weasley me tratava bem, mas sabe quando você se sente sobrando? Era este o meu caso. Harry ficou indignado quando disse que eu ajudaria a pagar as despesas da casa. Disse que considerava os Weasleys como a família dele e que devia muito à ajuda que recebera do Carlinhos no torneio Tribruxo. E que a casa era para ser usada pelos membros da ODF, sem restrições. Dormia a sono solto, quando senti um feixe de luz em meu rosto. Senti um pouco de frio, e virei-me para abraçar Carlinhos, porém encontrei seu lugar na cama vazio e frio. Revirei-me mais um pouco e acabei perdendo o sono. Resolvi pegar alguns biscoitos na cozinha e voltar para a cama, sentia-me com dor de cabeça. Coloquei o roupão e desci. Ainda era cedo e a casa estava silenciosa. A única luz vinha da cozinha. Aproximei-me e ouvi:
- Não sei onde você estava com cabeça ao se casar assim...
- Fiz o que era certo mamãe...
- Sim, mas se ambos tivessem mais juízo...
- Eu iria me casar com a Morgan cedo ou tarde, eu a amo... - senti meu coração se aquecer com a voz dele.
- Como você se casa sem nem ter onde morar? O que você ganha não dá para manter uma família... A única coisa que vocês têm é uma aliança...
- Molly querida nosso filho já tem problemas suficientes, sem nossa interferência.
- Sim, problemas que ele devia ter pensando antes de se envolver com aquela menina. Porque embora vocês estejam casados, não deixa de ser o que são: crianças.
Fiquei esperando a reação dele dizendo que nos amávamos mais que tudo, que ele se casou comigo por me amar, que nosso filho vai completar nossa felicidade, que ele vai me ajudar a cuidar das Ilhas Hébridas, que éramos adultos e sabíamos o que fazíamos.
Infelizmente estas palavras não vieram.
Meu sangue subiu. Só senti minhas pernas fazendo o caminho de volta para o quarto, entrei peguei uma mala e joguei algumas roupas dentro. Troquei minhas roupas, peguei meu dinheiro e ia saindo quando ele voltou ao quarto.
- Onde você pensa que vai?
- Vou embora.
- De novo esta história? Vem pra cama e...
- Sai. - empurrei sua mão.
- Morgan o que foi?
- Eu entrei neste casamento pra valer. Mas até o momento não estamos vivendo isso na realidade. Estamos brincando de ser marido e mulher.
- Você ouviu minha mãe. Esqueça o que ouviu. - Disse chateado.
- Não estou chateada com as palavras dela. Estou chateada com a sua ausência de palavras. Você deu razão a ela, ficando calado.
- Não vou ficar brigando com a minha mãe por isso. Ela sempre pega no pé dos filhos, mas depois esquece...
- Só que eu não esqueço. Não tenho o seu sangue de barata, para ouvir ofensas disfarçadas de comentários bem intencionados e ficar calada. Vou embora.
- Olha o drama que você está fazendo e depois diz, que minha mãe é exagerada.
- Você está me comparando com ela? É isto que acabei de ouvir? ¬¬
- Baby, você anda nervosa com a sua gravidez, por isso ta fazendo esta tempestade em copo d’água. - ele mudou o jeito de falar e tentou me abraçar, eu o empurrei derrubando-o na cama. Ele me olhou chocado como se tivesse acordado.
- Deste jeito até parece que você quer acabar o nosso casamento.
- Que casamento? Um casamento em que você não defende a sua opção em ficar comigo, eu quero sim. Quero que você lute por nós, e não fique abaixando a cabeça para sua mãe. Você é um homem adulto, aja como tal.
Ele riu, sarcástico:
- E você bancando a menina mimada, batendo o pezinho porque as coisas não são como você quer, é muito adulta mesmo. Agindo assim, está dando razão á minha mãe. Vai provar que tudo não passou de farra para você, e agora que você percebeu que eu não posso te oferecer muita coisa, pula fora. Você casou com um cara pobre, esta é a realidade. No momento não posso te dar uma casa só sua. - disse agressivo.
- Se eu quisesse um homem rico, teria me casado com o Duncan, hoje eu seria uma viúva rica. Ou quem sabe cedido aos encantos do professor de Mitologia, ele era bonito, bem de vida, embora fosse um canalha. E eu já tenho casa. Quando falamos em nos casar você aceitou dividir o que tenho, não sei por que este orgulho idiota agora.
- Não estou sendo idiota, todo homem quer dar um monte de coisas pra mulher dele.
- Só que esta mulher aqui, quer apenas o marido junto dela. Porém ele é cego ou surdo demais para entender isto. - disse jogando a última peça de roupa na mala.
- Pra onde você vai?
- Vou passar no apartamento do Sergei para ver se ele consegue me arrumar transporte pela rede de Flú. De lá, vou para a MINHA casa, na Irlanda. (frisei bem para irritá-lo mais ainda).
- Você tá me deixando? É sério? – perguntou baixo como se somente naquela hora percebesse que nossa briga era séria.
- Acho que sim.
Ficamos nos olhando por um tempo e minha vontade era de chorar. Ele tinha o rosto vermelho de raiva e as mãos fechadas ao lado do corpo, se controlando. Engoli o choro e saí de cabeça erguida sem olhar para trás.
Assim, que pus os pés na rua, consegui um táxi.
-Trafalgar Square, por favor.
Enquanto eu ia vendo a neblina caindo sobre Londres, pensava comigo:
-Estou voltando para casa... Mas a que preço?
Friday, August 11, 2006
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