Por Louise Graham Storm
Alguém me sacudiu desesperado e abri os olhos lentamente. Estava em uma sala branca e fortes luzes ofuscavam minha visão. Minha cabeça doía, meu corpo doía... O rosto de Scott aos poucos entrava em foco e ele parecia aliviado. Onde eu estava? O que aconteceu na noite passada? Meu amigo me puxou devagar da cama e me sentei. Olhei para meu braço, ele estava arranhado. Foi então que lembrei. Remo! Onde ele estava??
- Scott, cadê o Remo??
- Calma Lou, você esta machucada, não pode levantar ainda!
- Não, eu preciso encontrá-lo. Aconteceu alguma coisa ontem, não consigo me lembrar, acho que desmaiei e...
- Lou, o Remo... ele... ele morreu...
As palavras de Scott caíram como um baque sobre mim. Morto? Remo estava morto? O que ele acabara de dizer ainda estava sendo processado, mas eu já caia em prantos. Não podia ser! Quem o matara? Lembro de que estava sozinha com ele, ele estava prestes a me atacar e eu não estava armada, não posso ter atirado nele. E eu nunca faria isso, nem mesmo para me defender! Scott sentou ao meu lado e me abraçou.
- Comensais da morte. Alguns os seguiram ontem, você teve sorte de estar viva. Um deles a acertou com um galho de arvore e você desmaiou, mas parece que o Remo não teve a mesma sorte.
- Onde está o corpo dele? – falei com dificuldade, as palavras saiam atravessadas.
- Não encontramos nada, apenas muito sangue onde vocês estavam. Eles devem tê-lo levado e...
- Mas então ele pode estar vivo!
- Não Lou, sinto muito... Alex ouviu no Ministério alguns dos comensais capturados dizerem que ele estava morto.
- Mas a gente... Nós... – mas não consegui terminar a frase
- Eu sei... Sinto muito, de verdade. Sabe que estou aqui pro que você precisar, não é?
Scott me abraçou forte e encostei a cabeça em seu ombro, às lagrimas. Ele me explicava e eu entendia, mas não queria acreditar que fosse verdade. Nós íamos nos casar, havíamos decidido há apenas 3 dias. Agora ele estava morto e eu não sabia o que fazer, como agir. Havia desaprendido a viver sem ele... Tudo que sabia era que não queria mais ficar ali, queria ir embora pra longe, onde nada me lembrasse ele, nada me trouxesse recordações que me fizessem sofrer. Scott me apoiou, disse que talvez fosse mesmo a melhor coisa a se fazer e que iria comigo pra onde quer que fosse, bastava eu pedir. E naquele momento eu decidi: ia embora de Londres, pra nunca mais voltar.
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Acordei na manhã seguinte e instintivamente levei a mão ao peito, buscando as marcas que, por certo, ela teria deixado. Todavia, as marcas não estavam lá. Não fui baleado. Não estava morto. Ela me poupara. Suspirei aliviado e imediatamente olhei ao redor, procurando por ela. Contundo, não vi ninguém.
- Louise! – Chamei. Minha voz rouca ecoou na floresta. O som me foi devolvido, mas não obtive resposta.
- Louise! – Gritei mais alto. O resultado foi o mesmo.
Começava a ficar aflito. O que teria acontecido com ela? Teria sido atacado por alguma outra coisa que justifique eu estar vivo? Não. Não podia ser. Tinha certeza de que não havia mais ninguém conosco… De repente, parei. Um terrível arrepio percorreu minha espinha. Não, não podia ser. Não podia acreditar. Eu não tinha feito àquilo que imaginava… mas… só podia ser… aquela mancha enorme ao seu lado… aquele galho de árvore ensangüentado que jazia junto da mancha vermelha… Isso explicava porque não havia levado um tiro… eu a ataquei. Tudo que sempre temi, aconteceu: matei a pessoa que mais amara na vida.
Desesperado, me deixei cair sobre os joelhos, gritando.
Uma lágrima rolou pela minha face pálida. Acabou. Não queria lembrar mais nada, não podia mais voltar e encarar a realidade. Então me levantei com dificuldade e comecei a caminhar, sem intenção de parar enquanto não estivesse o mais longe possível, em algum lugar que não me trouxesse lembranças...
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- No que está pensando?
- Nada demais.. é que... até hoje me pergunto porque os comensais disseram que você estava morto...
- Tenho algumas teorias, mas vamos esquecer isso, é passado. Só o que interessa agora é o presente e o futuro.
- Tem razão... O que importa é que estamos juntos.
- E que nada vai nos separar dessa vez... Vamos, o vôo deles chega daqui à uma hora, é melhor irmos.
- Sim, vamos indo, deixe-me só guardar isso...
Fechei o diário e o guardei dentro da gaveta com cuidado, saindo com Remo para buscar nosso filho no aeroporto. Elas agora eram apenas lembranças ruins que eu desejava nunca mais reviver...
Tuesday, July 11, 2006
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