Sunday, July 09, 2006

Planos perdidos - Parte I

Por Louise Graham Storm

28 de Outubro de 1981


- Lou... Esta acordada?
- Ahan... – falei me virando para ele. Remo me beijou e ficou me encarando, sorrindo – O que foi? Porque está me olhando assim?
- Você... Você quer casar comigo?

Levantei da cama espantada e ele se sentou, parecendo ansioso.

- Como é?
- Vamos nos casar. Nós moramos juntos há quanto tempo?
- Quase dois anos, eu acho. Mas você...
- Eu te amo Louise, quero ficar com você pro resto da minha vida. Casa comigo?

Ele me olhava com um jeito tão meigo, os cabelos bagunçados por termos acabado de acordar. Sentei ao seu lado, o beijando.

- Eu também te amo...
- Isso é um sim?
- É...

Ele me abraçou forte e me ergueu da cama, me girando no ar. Eu o amava e iríamos nos casar. As coisas não poderiam estar melhores.

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29 de Outubro de 1981

- Ham-ham, posso falar?

Remo levantou da mesa rindo, tentando fazer com que todos calassem a boca. Estávamos com nossos amigos em um bar de Londres comemorando o noivado. Foi idéia do Scott, que insistiu que precisávamos nos encontrar para fazer um brinde a isso e aproveitar que Yulli e Alex estavam na cidade por uns dias. Então estávamos todos lá: Yul, Cott, Alex e Kyle que agora estavam casados, Mark e sua noiva, Sam e Josh que também tinham se casado, Quim, Sirius sozinho como sempre e Tiago e Lílian que já tinham ate um filho de um ano chamado Harry. Todas as diferenças da época da escola ficaram pra trás, éramos todos amigos agora.

- Então, obrigado por me aceitarem e me deixarem entrar no circulo. – falou indicando Scott, Yulli, Alex, Sam e Mark com a cabeça. Começamos a rir. - Ah qual é, vocês são um grupo bem fechado, me apoie aqui Kyle!

Os risos aumentaram quando Kyle levantou e lhe deu leves tapas nas costas, fazendo que sim com a cabeça e desejando sorte.

- Realmente, não é um grupo fácil de lidar - Kyle falou
- Mas... Vale a pena o sacrifício. Posso afirmar com toda certeza que sou o homem mais sortudo de Londres.

Ele estendeu a mão me levantando e nos beijamos. Sirius em seguida levantou também propondo um brinde a nós dois e todos ergueram as taças. Não me lembrava da ultima vez que me senti tão feliz assim...


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1º de Novembro de 1981

- Chora. – eu dizia de olhos inchados, acariciando seus cabelos. – Coloca para fora tudo o que você está sentindo. Vai te fazer bem.

Ele baixou os olhos, sem conseguir me encarar.

- Não consigo... – murmurou. – Ainda não.
- Eu estou aqui. Também estou sofrendo e é quase insuportável te ver assim. De qualquer forma, eu estou do seu lado. Se precisar de um ombro para chorar, se precisar falar, se precisar ficar quieto e calado, só assimilando tudo o que aconteceu... Eu estou aqui.

Remo me abraçou, agradecido. Ele queria falar, sim, mas as palavras pareciam presas na sua garganta, junto com lágrimas que não conseguia derramar. Ficou assim algum tempo. O calor do meu corpo pareceu tê-lo enchido de forças para falar.

- Estão dizendo que Sirius foi quem os entregou a Voldemort
- Você não acredita nisso, não é?
- Não sei no que acreditar, Lou. Ele era o fiel do segredo de Tiago e Lílian, nenhuma outra pessoa poderia ter encontrado a casa deles a não ser que Sirius falasse.
- Mas Remo, não faz o menor sentido! Sirius e Tiago sempre foram melhores amigos, quase irmãos!
- Também não faz sentido pra mim, mas não vejo outra explicação que não seja essa. Eu...
- Você o que?
- Eu preciso ter certeza. Preciso encontrar Sirius e tirar essa historia a limpo.
- O ministério inteiro já esta atrás dele, o que o faz pensar que vai achá-lo primeiro?
- Não sei, mas não posso ficar aqui sentado imaginando.
- Remo, por favor, fique aqui. Não vá fazer nenhuma besteira, as coisas já estão bem ruins.

Mas ele não me ouviu e se levantou. Fora de si, ele saiu de casa, batendo a porta. Eu o segui e olhei o céu, me lembrando. Era noite de lua cheia! Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que esquecemos por completo desse detalhe. Remo não devia estar ali, devia estar se preparando para ser acorrentado e não machucar ninguém! Estava escurecendo. Ele não podia sair de noite. A lua logo ia estar no céu...
Sai atrás dele disposta a impedir um acidente, mas tarde demais. A lua apareceu mais depressa do que o esperado e iluminou os cabelos louros de Remo, como se fossem um sol. De longe, eu o vi se transformar. Não era mais o homem que eu amava e com quem partilhava minha vida. Era um lobisomem, sedento de sangue, que corria sem rumo.
Respirei fundo e corri atrás dele. Na sua forma de lobo ele era imensamente mais rápido e, pela primeira vez desejei ter concluído meus testes de animagia, não ter abandonado o processo, para poder correr mais rápido e alcançá-lo.
Segui-o até a orla de uma floresta. Ele parara junto de uma árvore e me aproximei.
Num ápice, eu fiz menção de ir ate lá e ele abriu a boca, mostrando os caninos afiados, querendo pô-los para trabalhar. Os seus olhos não tinham mais a doçura de costume. Não possuíam qualquer expressão humana.

- Remo… - Falei com calma, tentando trazê-lo à realidade.

Em vão. Algo dentro dele o impedia de voltar a ser o jovem meigo de sempre. Algo o impedia de ser humano… E ele ia me atacar, sem dó nem piedade. Não me reconhecia…

A última coisa que me lembrava era daquele momento: ele, de caninos afiados, pronto para me atacar. Depois… não conseguia lembrar de mais nada. Perdi os sentidos. Desmaiei…

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((Continua...))

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