Sunday, July 02, 2006

Casa comigo?

- Mas dona Yulli, as coisas aqui estão totalmente fora de foco!
YH: Escuta Sammy, eu vou chegar aí amanhã cedo e a gente vai conseguir arrumar tudo. Agora, já está tarde, porque não descansa um pouco? Você está trabalhando como um elfo doméstico enquanto os duendes do Gringotes nem se interessam com tudo isso...
- Eles não colaboram! Sempre que vou dizer que providências devem ser tomadas, eles me olham torto e dizem que do Gringotes cuidam eles... Arghh
YH: Ta vendo? Não vale a pena... Vai descansar! Amanhã a gente vê o que faz.

Depois de muita insistência, consegui desligar o celular. Sammy estava tomando conta do escritório enquanto eu estava ausente, e diariamente me ligava desesperado, me passando relatórios. Eu estava sozinha no hotel terminando de juntar minhas coisas para voltar ao Japão na manhã seguinte, quando o telefone tocou.

- Sra. Kinoshita, desculpe incomodá-la, mas tem um senhor aqui na recepção que está insistindo em subir para falar com você...
YH: E quem é? Será que não percebem que já está tarde e não é hora para visitas? –disse cansada.
- Sergei Menken. Ele insiste que é importante... Posso deixá-lo subir?

Senti a voz falhando e disse que sim. Um minuto depois ele bateu na porta do quarto e abri, fazendo sinal para entrar. Ele se sentou e observou a mala aberta em cima da cama.

SM: Então você já vai?
YH: Sim, amanhã bem cedo...
SM: Porque não fica mais uns dias?
YH: Não posso, tenho que trabalhar. O que veio fazer aqui?

Ele abriu a boca pra falar, mas não disse nada e fechou novamente. Fiquei o encarando angustiada, mas ele apenas encarou o chão em silêncio.

YH: Vai falar ou n...
SM: Casa comigo?
YH: Como? – é claro que eu tinha entendido perfeitamente a pergunta, mas o choque não conseguia me deixar raciocinar. Ele respirou fundo e levantou a cabeça me encarando.
SM: Quer casar comigo?
YH: Você... Ham? Mas...
SM: Casa ou não casa?
YH: Não, não, er, quero dizer não posso! Não dá...
SM: E porque não?
YH: Porque não dá, oras... Sergei, olha, você está confundindo as coisas.
SM: Não, você é que não está encarando elas como são. Se nós estamos juntos, ou pelo menos penso que estamos, e gostamos de ficar juntos, porque não prolongar isso para a vida toda? Eu sou sozinho, você é sozinha, eu adoro a sua filha...
YH: Mas o que acontece entre nós é só um caso...

Ele se levantou e andou até a janela.

SM: Porque você foge de mim?
YH: Eu não fujo de você... – é, bem, na verdade eu fugia dele mesmo, e nem sabia o porquê, mas a idéia de casar com alguém me apavorava.
SM: Não? Você nunca pensou em ter algo mais sério comigo... Por quê? Bom, talvez porque você não goste de mim o suficiente...
YH: Eu nunca gostei tanto de uma pessoa como gosto de você! – odiava me render ao sentimentalismo, mas a sinceridade escapou espontaneamente. Ele sorriu um pouco mais confortável.
SM: Casa comigo Yulli?

Porque ele faz isso comigo? Porque eu não conseguia, apesar de tudo, responder que sim de uma vez?

YH: Me desculpa, mas... Eu tenho a minha vida, o meu trabalho, as minhas coisas, minha filha. Eu aprendi a ser assim, a não ter nada sério com ninguém. Não dá!

Novamente o quarto caiu em silêncio. Ele foi caminhando para a porta, e antes de sair me olhou desanimado...

SM: Eu não desistiria fácil de você... Pensa sobre isso?

Um pouco constrangida, afirmei com a cabeça e ele saiu. A mente mergulhou em um mar de dúvidas e confusões. O choque ainda não havia passado, mas o que mais me assustava era que eu passava a considerar a idéia...

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