Thursday, June 22, 2006

Resistindo as tentações

Por Louise Storm

Por conta da tensão dos últimos dias, Alex, Yulli, Scott e eu, revivendo os velhos tempos, resolvemos organizar uma festinha na sede da Ordem, uma reunião dos velhos amigos de escola e membros da 1ª formação. Logo começamos a espalhar a noticia, confirmando os nomes dos que viriam e tentando coincidir os horários de plantão para que ao menos a maioria da nossa turma estivesse presente. Alex disse que os novatos não eram importantes, que deveríamos trocar algumas escalas para nos certificarmos de que somente os antigos comparecessem. Sei... Havia entendido muito bem o que ela realmente pretendia com essa sugestão, mas não contestei, apenas não ajudei a mexer no quadro de escalas.

Na noite marcada para o encontro, praticamente todo mundo que queríamos apareceu. A casa estava parecendo uma festa ainda nos anos 80, quando a turma se reunia depois do trabalho numa sexta-feira para esquecer os stress e rir um pouco, dançar, andar pelas ruas de Londres sem rumo. Remo também estava lá, obvio, e sem a namorada. Pelo que Yulli me falou, Tonks estava nesse momento de guarda em algum lugar longe dali e que isso era a oportunidade perfeita para eu dar um rumo naquela historia. Ela se juntou a Alex e Scott no coro e não falavam de outra coisa.

Decidi ignorar as indiretas e piadinhas do trio e fui ate o outro lado da sala conversar com Remo e Quim. Assim que me viu, Quim abriu um enorme sorriso e disse que voltava em um minuto, sumindo pela porta. Ele voltou rápido, batendo no peito do Remo e lhe entregando um charuto. Engasguei com a bebida na mesma hora, entendendo a brincadeira.

- O que é isso?
- Mazel tov! Desculpe, mas não tinha um que dissesse “É um garoto de 15 anos!” na loja...
- Você é ridículo, alguém já disse isso?
- Estava querendo fazer isso desde que soube do Gabriel, mas precisava ser na frente da Louise ou não teria tanta graça! – falou rindo – Ai, ai... Vou deixá-los conversarem a sós, devem ter muito assunto...

Ele saiu ainda rindo e Remo me olhou serio, mas logo deixou a risada escapar ao ver que eu também não conseguia parar de rir. Conversávamos sobre nossas vidas, tudo que passamos nesses anos afastados, quando uma bruxa ruiva e baixa parou ao nosso lado, tentando parecer simpática.

- Espero não estar atrapalhando a conversa. Ela me pareceu bem animada...
- De jeito nenhum! Lou, essa é Molly Weasley. Molly, essa é a Louise Storm, a mãe do meu filho.

Olhei espantada para ele, ainda não estava acostumada a ouvir isso. E pelo jeito nem ela, pois a mulher torceu o nariz sem disfarçar e em seguida forçou um sorriso, estendendo a mão para mim. Fui obrigada a apertá-la. Ela se plantou feito um saco de batatas ali e não dava sinal de que arredaria pé.

- Quer dizer então que você criou seu filho, er... sozinha?
- Sim, praticamente sozinha. Tive ajuda de um amigo, mas sou mãe solteira.
- Isso não é certo, crianças devem crescer com um pai e uma mãe.
- Pois é, concordo com a senhora, mas nem sempre as coisas saem como planejadas, não é mesmo Remo? – e vi que ele prendeu o riso, sabia que já estava perdendo a paciência com o interrogatório.
- Vocês, mulheres modernas... Essa segurança toda é para cobrir o fato de que não conseguem arranjar um marido!
- Molly! – Remo exclamou espantado.
- Ora, mas é a verdade, pergunte a quem quiser que...
- Olá! Posso interromper? A senhora é Molly Weasley, certo? Prazer, Scott Foutley. Sou chef de cozinha e encontrei sem querer algumas de suas receitas lá dentro, podemos trocar umas palavras?

Scott fazia uma cara cínica e se insinuava sem disfarçar para ela, que acabou caindo na conversa dele e saindo sem terminar a frase. Amo o Scott, sempre salvando as situações criticas. Quando eles se afastaram virei seria para Remo.

- Posso bater nela? Ela não é tão mais velha assim, não seria agressão ao idoso!
- Não liga pra Molly. Ela é um tanto conservadora, mas não é má pessoa. Se quer minha opinião, acho que esta com ciúmes...
- Ah, por favor, que mulher intrometida!
- Esquece isso... Vem, vamos dançar, sei que você gosta dessas musicas.

Ele me puxou pela mão pro meio do pessoal que dançava animado no meio da sala umas musicas velhas de doer, mas todas do nosso tempo de escola. Via que Gabriel, Ty, Miyako e mais duas meninas estavam sentados na escada e olhavam horrorizados aquele bando de ‘coroas’ na opinião deles se empolgando com as velharias.

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- Porque não fica? Volte para Londres comigo.
- Não posso... Minha vida agora é em outro lugar...
- E não há nada que te prenda aqui?


Dançava com Louise na sala e de repente a cena da nossa despedida em Paris voltou a minha mente. Ela não havia respondido minha pergunta, apenas me beijou e atravessou o portão de embarque. Havia passado meses na incerteza de que ela voltaria a Londres e agora que ela estava aqui, via minha vida virar de cabeça para baixo. Estava namorando Tonks pouco mais de uma semana e estava feliz, não podia me queixar. Mas agora já não tinha mais tanta certeza disso.

Louise e eu ficamos muito tempo afastados, passamos anos sem nos falar. Mas vendo ela aqui na minha frente, rindo e brincando como antigamente, sentia minha cabeça girar. Era forçado a admitir que não me divertia assim, como estou me divertindo agora, há anos. Só ela conseguia me fazer rir, esquecer as preocupações, sempre me entendia, e mesmo depois de tanto tempo percebi que tudo continuava igual. E para completar, agora sabia que tínhamos um filho juntos.

Olhei para os lados e vi que Scott ainda prendia Molly do outro lado da sala e podia perceber que ele se esforçava para não deixa-la sair. Me senti grato por isso, não queria que ela viesse interromper outra vez. Virei para Louise de novo. Ela estava rindo e falando o quanto a musica que tocava era velha. Talvez ela não se lembre, mas era a musica que estava tocando no dia em que começamos a namorar, ainda na escola. O ritmo foi ficando mais lento e enquanto nos aproximamos mais, pensava no que iria fazer, tentava encontrar um jeito de resolver essa situação. Encostei meu rosto no dela enquanto dançávamos e sentia meu coração bater cada vez mais depressa. Podia ver que muitos nos olhavam, mas não me importava, sabia agora exatamente o que tinha que fazer, não restava mais duvidas... Tonks podia ter muitas qualidades, mas ela não era a Louise...

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