do diário de Alex McGregor
Estava em minha sala vendo alguns documentos antigos, quando o diário de minha mãe, caiu no chão. Há quantos anos não mexia nele. Levantei-o e subitamente senti saudades da mulher que eu só conheci através daquelas linhas. A vida que eu tenho hoje, devo à ela.
Comecei a relê-lo.
Durmstrang, outono 1956
Love me tender,
love me sweet,
never let me go.
You have made my life complete,
and I love you so.
Ai, ele é tão lindo... *suspiros*
A razão do meu afeto está no sétimo ano, é capitão do time de Quadribol da escola e nem preciso dizer o quanto ele é popular com as garotas. Algumas fariam loucuras para poder receber um olhar dele. Mas ele parece não ligar para isso ou finge que não. Sabe... Algumas vezes, eu fico escondida numa das ameias do castelo só para vê-lo conduzir os treinos de quadribol. Na outra noite, ele virou-se e sorriu para onde eu estava. Juro que se eu não estivesse imóvel no escuro, pensaria que ele sabe quem é. Que tolice a minha... Ele nem sabe que eu existo. Nem lembra que já estive em festas na casa dele... Também naquela época eu ainda usava tranças e estava com espinhas... Aquele dia eu chorei tanto porque minha mãe me obrigou a ir, só porque era uma reunião dos clãs... Vou sonhar com ele esta noite... Sei que vou.
*fazendo corações ao redor da inicial C *
Durmstrang,
Fim do Inverno 1956
Hoje tivemos o baile da escola. O diretor Ivanov resolveu acender as lareiras, segundo ele: para deixar a atmosfera mais aquecida. Claro que ele fez isso para o conforto próprio, pois sofre de gota. Não tenho passado muito frio aqui, pois Connor, que está no último ano, ensinou alguns garotos da minha classe a conjurar fogos portáteis. Todos andam para cima e para baixo com seus vidrinhos.
Aceitei o convite de Igor, porque ficaria muito feio chegar sem acompanhante ao baile. Seria um suicídio social, não que eu seja popular, nada disso. Dançamos algumas músicas, e em dado momento ELE veio até a minha mesa pedir uma dança...Sim, ele mesmo: Connor McGregor.
CM - Seu carnê de danças está cheio senhorita? Se não estiver gostaria de uma contradança.
SM - Claro, que eu reservo uma para você. Aliás, esta agora está livre...
CM - Então vamos. - deu-me o braço e eu me sentia a garota mais feliz do mundo.
Começamos a dançar e ele começou a falar comigo, com aquela sua voz calma, e mágica:
CM - Está muito bonita esta noite, Sarah.
SM - Como sabe meu nome?
CM - Eu lembro de você das festas de família.
SM - Achei que não se lembrasse você nunca falou comigo como agora.
CM - Eu estava com vergonha de bancar o bobão perto de você.
SM - Você não é bobo. - sorria tímida e ele retribuía.
CM - Gostaria de ir aos jardins?
E lá fomos nós aos jardins... Estávamos tão próximos que eu chegava a tremer, estava tão ansiosa, que falei a primeira coisa que me veio à mente:
SM-A lua está tão linda...
CM: Ela está apenas refletindo a sua beleza... - e me beijou.
Estou tão feliz...
Folhei as páginas e havia muitas com corações, bilhetinhos amorosos, fotos... Comecei a folhear e cheguei a um em que a letra de mamãe tremia.
Londres, 1960
Acordei indisposta hoje, o bebê chutou a noite toda e não me deixou dormir. Connor passou a noite acordado junto comigo e depois foi trabalhar. Kyle esteve aqui, antes do raiar do dia. Brigou com Virna novamente... Ela o acusa de ser infiel. De ter um romance comigo. Absurdo. Se ela soubesse como aquele homem a ama, não falaria uma coisa destas. Um Inominável, não pode contar as coisas cotidianas do trabalho, sem colocar as pessoas que ama em risco.
Connor e eu procuramos acalma-lo, especialmente porque Virna disse que vai abandoná-lo e sumir com os garotos. Ele estava transtornado.
Se ela soubesse que Kyle, Connor e eu estamos estudando a projeção astral no Ministério, não falaria tantas asneiras. Enquanto estou impossibilitada pela gravidez, Connor e Kyle continuam com os estudos... Kyle quer entrar naquele arco que está no departamento de mistérios... Ele é tão sinistro e ao mesmo tempo intrigante. Quando o olhamos fixamente ouvimos vozes. Bem... Eu ouço algumas vozes vindas de lá. Parecem lamentos... Estou com medo.
Acho que a criança nasce hoje...
Escócia 1961
Kyle projetou-se para dentro do arco e quase não voltou. Agora temos certeza que aquela é a porta para o mundo dos mortos.
Connor teve força o suficiente para trazê-lo de volta, e por pouco não perdemos os dois. Avisei ao Kyle que não vou continuar com as pesquisas, não por medo de morrer, afinal um dia todos morreremos; mas tenho mais medo hoje por causa de Alexandra...Quero ver minha filha crescer, e se continuar a me arriscar assim, acabarei morrendo, pois ando me sentindo muito fraca depois de sucessivas projeções. Pedi ao Connor que parasse e ele resolveu me ouvir. Disse que o pouco que viu, dentro daquele arco, o fez repensar suas prioridades. Vamos nos desligar do Departamento de Mistérios.
Kyle está assustado também, especialmente porque não poder conversar com Virna sobre o que viu... Já pensou se ele conta que a projeção é um dom de família e que se não for estudada direito pode causar a morte? Pois, temos que ter uma saúde acima do normal, para não sermos afetados. E se algum de nossos filhos tiver este dom também? O que será que ela fará? Rezo tanto para que ambos deixem o orgulho de lado e se entendam... Se os garotos tiverem este dom, temos que nos preparar para o futuro, e Virna é boa medibruxa, poderia nos ajudar....
Parei de ler, quando ouvi uma batidinha na porta e ela sendo aberta:
-Mãe, o papai já terminou de assustar os novatos e já mandou a mensagem pro tal de Schackelbolt em Londres, vamos? Estou com fome.
Olhei para a porta e vi meu filho Ty, me esperando, segurando sua mochila. Tinha os ombros eretos, e parecia mais velho do que seus quinze anos, mas um bom observador veria que, apesar da aparência crescida, ele tinha todas as dúvidas e receios de um adolescente estampados no rosto.
Observei-o. Tanto tempo se passou desde que eu o peguei no colo pela primeira vez... Ele enfrentou um comensal, quase morreu, descobriu que tem o dom da projeção astral como nós, eu acho que está gostando de alguém na escola.... Não ele não me falou, mas ele tem muito de mim e do pai dele para negar que esteja interessado em alguém. Quando ele estiver pronto, saberá lutar pelo que quer, seja o que for. Eu sinto isso, e ao mesmo tempo gostaria de poder protegê-lo. Amar alguém em épocas tão negras exige muito, e só espero que ele seja forte o bastante.
Guardei o álbum em minha bolsa para continuar a ler depois e fui com ele e Kyle para casa. Os perigos não haviam acabado, mas por algum tempo poderíamos ser uma família normal.
N.AUTORA: Love me tender - Elvis Presley (1956)
Thursday, June 01, 2006
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