Sunday, May 28, 2006

Corações partidos

Por Louise Storm

Havia acabado de chegar a Londres na estação de King’s Cross, depois de buscar Gabriel em Paris. George estava nos esperando. Fazia dois anos que não via meu irmão, mas ele não mudara nada. Abracei-o forte, matando as saudades e fomos direto para a casa que havia alugado, enquanto ele me atualizava sobre o que acontecia. Contou-me com os detalhes que sabia sobre a morte de Dumbledore, como o asqueroso do Snape havia fugido depois de matá-lo, de como Hogwarts estava correndo o risco de não reabrir e como andavam os ânimos na Ordem desde então.

Havia prometido que iria lá assim que chegasse, precisava conhecer as pessoas novas com quem iria trabalhar e rever os velhos amigos. Deixei Gabriel na casa de George com a prima e fui com meu irmão direto para lá, a viagem seria longa. Passei uma manha até que agradável, dada as atuais circunstancias. Revi muitos amigos com quem convivia diariamente da 1ª formação da Ordem da Fênix e conheci muitos novos, incluindo a namorada do Remo. Sim, descobri por terceiros que ele está namorando. Confesso que fiquei chocada e sem reação na hora, nem sei se fui simpática com ela, minha cara era de no mínimo surpresa. Se Quim não tivesse aparecido pra me salvar da situação constrangedora, não sei como a conversa teria terminado. Como nos conhecemos desde a época da escola, ele sabia que Remo e eu éramos namorados, então foi logo me puxando pra longe da tal Tonks e me arrastando pra cozinha, onde havia mais pessoas com quem conversar.

Por mais que eu tentasse apagar os últimos minutos da mente, não conseguia. Estava completamente dispersa nas conversas e só pensava em sair dali o mais rápido possível. Quim ficava me vigiando o tempo todo e quando ela fez menção de se aproximar, ele disse que eu estava indo embora e me empurrou pra fora da cozinha.

LS: O que é isso? Andou praticando Legilimencia?
QS: Sim... E você pelo visto não pratica em nada Oclumencia, não é?
LS: Obrigada. Acho que vou embora, já estou começando a ficar com dor de cabeça.
QS: É melhor mesmo, mas talvez fosse bom você conversar com ele antes...

Ele apontou pra sala e Remo estava parado perto da porta, tinha acabado de chegar. Pela minha cara ele deve ter deduzido que eu já sabia das novidades e se aproximou devagar. Quim já havia desaparecido do meu lado e me deixado lá sozinha com ele. Tentei me conter, mas foi impossível.

LS: Meio novinha ela, não acha?
RL: Lou, não é exatamente isso que você esta pensando...
LS: Não se incomode. Eu não tenho o direito de falar nada.
RL: Mas eu posso explicar.
LS: Não faça isso, por favor. Já estava de saída, nos vemos amanha.
RL: Espera, não vai, a gente precisa conversar.
LS: Agora não Remo, por favor...

Saí depressa da Ordem sem nem olhar pra trás, mas não sabia pra onde ir exatamente. Droga, porque as meninas não moram mais por aqui? Precisava de alguém urgente pra conversar! Sem lembrar o endereço de mais ninguém com quem pudesse falar na cidade, voltei pra casa para alugar Scott pelo telefone um pouco, já que ele só chegaria à cidade no dia seguinte.

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Estava terminando de arrumar as coisas, ainda atordoada com os acontecimentos da tarde, quando a campainha tocou. Larguei as caixas no chão para atender e quando abri, dei de cara com Remo parado na minha varanda. Num impulso, coloquei o pé atrás dela para não abri-la toda.

LS: Como que você conseguiu meu endereço?
RL: Seu irmão me passou depois de muito insistir. A gente precisa conversar Lou
LS: Acho que não temos nada para conversar.
RL: Temos sim, quero que você entenda que...
LS: Desculpa, mas acho que você não me deve explicação alguma. Pelo que me consta, não somos mais nada um do outro. E acho que a sua namorada confirmou isso hoje. Se me da licença, ainda tenho muita coisa pra arrumar aqui.

Fiz menção de bater a porta, mas ele pôs o pé na frente e a forçou para abrir. Tentei fechar, mas ele era mais forte e a empurrou de volta decidido a conversar.

LS: Já falei que você não me deve explicação, por favor, vai embora. Amanhã nós conversamos.
RL: Devo uma explicação sim, quero que você saiba o...
GS: Mãe, você viu aquele livro que eu comecei a ler no natal? Não consigo achar... – meu filho apareceu na escada e Remo o viu, mas Gabriel não conseguia vê-lo de onde estava.
LS: Não vi não querido, mas olha nas minhas caixas, pode estar lá. Sobe que eu já te ajudo a procurar.
GS: Ok... Quem ta ai?
LS: Sobe Gabriel.
GS: Ta bom, ta bom...

Gabriel subiu para procurar o livro e Remo me encarou sério, como se estivesse juntando as peças do quebra-cabeça. Podia ver que sua mente trabalhava rápido, tentando assimilar os fatos.

RL: Você tem um filho?
LS: Tenho...
RL: Quantos anos ele tem, Louise?
LS: 15.
RL: Por acaso tem alguma possibilidade dele ser meu filho?

Não respondi a pergunta, o que foi o mesmo que confirma-la. Ele soltou a porta e começou a andar de um lado pro outro na varanda. Sai atrás dele e a fechei, pois tinha certeza que Gabriel estava no alto da escada tentando ouvir alguma coisa. Ele passava a mão no cabelo nervoso enquanto rodava e parou de repente, se virando pra mim.

RL: Como que você escondeu de mim esse tempo todo que eu tinha um filho??
LS: Eu não escondi, eu simplesmente não sabia onde te encontrar!
RL: Não parece que você tentou...
LS: Não fala do que você não sabe... Você não faz idéia do que foi estar em um país diferente, grávida e apaixonada, tentando achar o pai do meu filho e não conseguindo! Não vem me dizer que eu nunca tentei, porque foi só o que eu fiz desde que descobri que esperava um filho seu!
RL: Você não tinha o direito... Eu voltei pra Londres há 4 anos, por não me procurou então?
LS: E você acha que é simples chegar pra uma pessoa que você não vê há anos e dizer que ela tem um filho?
RL: Bom, você ta fazendo isso agora, não deve ser tão complicado!
LS: Estou fazendo isso porque o Gabriel pediu e não gosto de ver o meu filho triste.
RL: Quer dizer que você então nem pretendia mais me contar sobre isso?
LS: Claro que pretendia, mas não brigando desse jeito!
RL: E quando ia ser isso? Depois que o nosso 2º filho secreto nascesse?
LS: Você esta agindo como um idiota!
RL: Seus amigos sabem?
LS: Claro que sim, sempre souberam.
RL: Eu preciso sair daqui...
LS: O que? Vai embora assim, sem falar mais nada?

Remo se virou pra mim a meio caminho da rua me encarando como se eu fosse uma estranha pra ele.

RL: Quem é você?

Ele me olhou com uma cara incrédula, como se não me conhecesse mais. Foi uma sensação horrível, sensação de que tinha acabado de magoar o homem que ainda amava. Ele virou a esquina e sumiu na rua, me deixando sozinha na varanda.

Continua...

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