Thursday, April 05, 2007

Rompimentos e recomeços parte I

Do diário de Alex McGregor

Junho 1980

- Quero que você pare de trabalhar como auror. Você não precisa disso.
- Gosto do que faço, sinto-me útil. E não vou parar, minha carreira mal começou.
- Você pode estar grávida...
- Sabemos que não estou. Pelo menos estas poções eu faço muito bem e nós não temos...
- Sim, eu também percebi que há dias você anda trabalhando muito, e cai exausta de sono quando chega em casa. Você nem imagina como fico quando você não dá notícias... Você pode morrer...
- Posso morrer quando o forno explodir se eu resolver fazer um bolo, já pensou nisso? – tentei brincar. -... E o Kyle disse que estou cada vez melhor como obliviadora.
- Lá vem ele de novo... Até que demorou a aparecer o nome dele.
- Não sei do que você esta falando...
- Sabe sim, você não se contém e o nome do Kyle sempre está presente em nossas conversas, você precisa se ouvir, é como se ele fosse um deus.
- Você esta com ciúmes novamente? Isso é ridículo. E está se desviando do assunto: não vou parar de trabalhar.
- Em algum momento você vai ter que escolher entre o trabalho e eu.
- Se você me ama, não faça este tipo de pressão.
- Este é o problema: te amo demais, por isso não sei se posso continuar assim.
- Você quer terminar? É isso?
Ele ficou me olhando pasmo. Era a primeira vez que eu falava aquilo em voz alta e isso chocou até a mim. Ele respirou fundo e disse baixo:
- Eu vou para o rancho, e devo ficar lá algumas semanas. Se quiser que eu volte, sabe onde me encontrar. Vou dormir na sala porque vou sair muito cedo.
- Não se dê ao trabalho, Logan. Estou saindo numa missão para o Ministério.
Senti seus olhos me acompanharem enquanto ia para a saída, parei, retirei o anel de noivado da minha mão e o deixei no aparador dizendo algo que definia nossa situação:
-Deixe a chave no lugar de sempre quando... Você for embora.
Saí sem olhar para trás, não queria que ele visse minhas lágrimas.
o-o-o-o-o-o

Agosto/ 1980

Terminava meu relatório quando ouvi o telefone da sala do Kyle tocar e ele o atender. Devia ser algum conhecido porque ele ria contente.
- Claro que vocês podem vir, eu os espero... - Kyle disse ao desligar o telefone e começou a mexer nas páginas amarelas. Depois de ouvi-lo fazer várias ligações e reclamar frustrado resolvi interferir.
- Posso ajudar? – perguntei enquanto punha a cabeça na porta da sua sala.
- Se você conseguir um lugar pra hospedar um casal de amigos que chega de Paris, daqui a 2 horas eu agradeço. Não estou conseguindo um hotel decente.
- Por muitos dias?
- Pelo fim de semana.
- Porque não os hospeda em sua casa? Sergei está fora e o quarto dele tem banheiro não? Ficarão bem acomodados.
- Não sei, é um apartamento de homens solteiros, não tem nada decente para comer e... Você pode me dar uma ajuda?- pediu. – Quer dizer, se não atrapalhar você com seu noivo.
- Não estou mais noiva. - respondi.
- Por quê? – e vi curiosidade em seus olhos.
- Porque ele não suporta o que eu faço e quer que eu pare. Como se eu não pudesse cuidar de mim mesma. Isso é falta de confiança em minha capacidade.
- Divergências acontecem e ele te ama, disso você não pode duvidar.
- Não tem nada a ver com amor, trata-se de aceitar o que faço. Admira-me você intercedendo por ele. Não sabia que ficaram amigos. – disse erguendo a sobrancelha.
- Não estou intercedendo por ele, só estou tentando ser justo. Amor é a melhor base para começar um casamento, com ele a gente supera tudo... – olhava-me intensamente como vinha fazendo nas últimas semanas, e resolvi suspender aquele contato visual. Pigarreei.
- Vamos logo para sua casa e arrumar tudo, seus amigos estão chegando.


continua...

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