Thursday, March 01, 2007

Os filhos crescem...e os pais crescem junto.

do diário de Alex McGregor


Após ficar três dias a serviço da Ordem da Fênix, voltei para Paris no dia dos namorados e fui encontrar Kyle no Ministério para voltarmos juntos para casa. Devido ao temporal que caía sobre Paris, acabei passando aquele dia no ministério e adiantando meus relatórios, voltamos para casa ao fim do dia. Não acendi as luzes quando chegamos em nosso apartamento, fomos caminhando direto para nosso quarto, enquanto conversávamos:
-...Não concordo com Minerva sobre seguir Potter e os amigos, sem eles saberem. Ele precisa saber que pode contar com apoio se precisar...
- Mas o garoto é esquentadinho, não vai encarar isso bem. Depois da morte do Black ele parece ficar com medo que muitos de nós ao redor dele, se machuquem, não sei como ele concordou em ter os amigos por perto. - observou Kyle.
-Você sabe como é difícil encarar um problema sozinho. Ele já passou por coisas demais, teve que crescer rápido e merece nosso respeito por isso. E os amigos dele... O Rony é meio limitado, mas tem bons instintos e a Hermione é uma ótima bruxa, muito racional. Vão ajudá-lo a ter equilíbrio.
- Você sabe que Minerva ou Molly Weasley não pensam assim, vão sempre considerá-lo um menino... - ele comentou.
- Eu sei. Tentei dizer à Molly que ele já estava crescido e juro que se ela pensou em me azarar. Só a desculpei porque o Rony está lá fora com o Potter e o desgosto com o tal de Percy não a faz pensar direito...
- Este fosse meu filho, já tinha levado umas pancadas. Qualquer hora o Arthur perde a calma com ele, e eu vou dar o meu apoio. - demos risada, e eu disse:
- Depois de três dias sem dormir tudo o que eu quero é um banho bem gostoso e depois relaxar na minha cama macia.
- Ah é? Sabe que eu tenho em mente algo bem relaxante? - Kyle disse rindo enquanto abria a porta e ...
- Mas que diabos... - olhei por sobre seu ombro e havia alguém na nossa cama. Era nosso filho e estava acompanhado. Entrei o dei uma olhada ao redor e não tive reação nenhuma. Devia estar sendo dominada pelo cansaço.
- Pai... Mãe... - ele disse embaraçado e a garota com os olhos arregalados mudava da cor pálida para escarlate enquanto puxava o lençol. A voz grave de Kyle me tirou do choque:
- Tyrone John McGregor na sala. AGORA!- e saiu me puxando porta afora.
- Eu vi bem? Não foi um pesadelo? – perguntei.
- Você viu muito bem. Espero que o pesadelo não comece a chorar daqui a nove meses.
- Por Merlim, isso não!- disse saindo do choque.
Não demorou e os dois logo nos encontraram na sala. Vinham de mãos dadas e meu filho tinha uma expressão firme no rosto. Não havia medo, apenas um pouco de ansiedade. Mas enfrentava tudo de cabeça erguida.
- Selene, quero conversar com o Tyrone a sós... - disse Kyle sério.
- Ele também é meu filho. - protestei.
- Acho que a senhorita Montpellier deve estar precisando conversar com outra mulher, você sabe como é. Decisões importantes no dia dos namorados... - abri a boca e me lembrei de um dia dos namorados vinte anos antes. - começamos a ler a mente um do outro:

- Eu já tinha 16 anos...- me defendi
- Sim, claro já era uma coroa, ia ficar pra titia...
- Não desvia do problema... Ele é muito novo, ela pelo jeito também. São quase duas crianças e...
- Eu tinha 14 anos e na minha época a garota nem era tão bonita quanto a namorada do Ty. Você sabe que há coisas que não podemos evitar. Está nos genes ser precoce, ele puxou a nós.
- Como ele pôde aprontar uma destas??
- Hormônios à flor da pele. Casa vazia e cama grande num dia de chuva... Conhecemos este enredo... Deixe-me falar com nosso filho. - e pude ver que ele estava calmo, em contrapartida Ty parecia estar ficando nervoso, pois já tinha percebido nossa comunicação.
- Ele está apaixonado não é? Apesar de tudo, não quero que você brigue com ele. - pedi.
- Sim, está escrito na testa dele que ele ama esta garota. Vai correr tudo bem. Selene, não seja uma sogra ciumenta com a moça ok?
- Farei o possível para ser “boazinha”.- rompemos o contato e virei-me para os dois.
- Vou preparar algo para comermos. Poderia vir comigo Rory? - a garota apertou a mão de meu filho e ele após me olhar nos olhos, e ver que a garota ficaria bem disse:
- Vá com a minha mãe. Vai ficar tudo bem, doçura.
Revirei os olhos e olhei para Kyle quando ouvi o apelido meloso e ele mentalmente me disse:
- Calma. Este apelido pelo menos pode ser dito em público... -
rompi o contato e saí dali.

Entramos na cozinha, peguei um refrigerante e dei a ela. Abri um para mim e comecei a olhá-la de cima a baixo analisando-a. Usava esta tática para intimidar e pelo jeito estava funcionando, pois ela me chamou pelo sobrenome:
- Obrigada, senhora McGregor. - ficamos nos olhando por mais um tempo e ela resolveu falar:
- Nós não tínhamos intenção de... De fazer nada... Nada que pudesse prejudicar alguém. Apenas aconteceu e... Ah... Desculpe.
Embora seu queixo tremesse de nervosismo ela se mantinha firme. Lembrei-me que há mais de 20 anos antes, numa situação estressante como esta tudo o que eu precisei foi receber um abraço. Vi o quanto ela era jovem e isso abrandou meu coração.
Aproximei-me e a abracei. Ela ficou rígida no começo e depois relaxou. Senti suas roupas molhadas e disse, depois de solta-la:
- Vamos do princípio: porque suas roupas estão molhadas e porque minha cozinha está bagunçada? Vá falando enquanto faço algo para comermos, estou faminta e comeria um boi agora.
- O Ty disse a mesma coisa, no caminho para a sala e... – ela disse e ficou vermelha.
- Tudo bem Rory, sei que meu filho tem um buraco negro no estômago. – rimos.
Apontei minha varinha para ela e fiz um feitiço silencioso para secar suas roupas, enquanto ela contava que esteve doente uns dias antes, e que após se molharem com a chuva, sua febre voltou. Então o Ty achou que eu estaria em casa, afinal era sábado, e poderia cuidar dela, até a hora de voltarem para a escola. Em casa, ele fez um chá para ela e mandou que ela ficasse no meu quarto, para usar as minhas coisas. – neste ponto ela se calou e o resto eu pude deduzir.
Depois de ouvir tudo, eu disse:
- Rory... Eu imagino que você esteja espantada com meu comportamento, com o que eu acabei de descobrir ao chegar em casa, mas eu não posso julga-la mal. Sei o que é o amor e acredite-me: já tive a sua idade. Tive a minha cota de atitudes impensadas, e posso entender vocês dois. Sabe... Para o meu filho deve estar sendo linda esta aventura, afinal ele é homem, e para os homens tudo é mais fácil, mas você é mulher, deve saber que de nós tudo é sempre exigido em proporções maiores, especialmente o controle num relacionamento. Vocês ultrapassaram um limite e conheceram um mundo novo, excitante. A partir de agora, vai ficar difícil não cruzar esta linha novamente. Espero que vocês tenham tomado certos cuidados, para que uma coisa bonita não se transforme num fardo, pois eu não sei o quanto sua mãe a orientou sobre este assunto.
Ela ficou constrangida e disse baixo:
- Minha mãe nunca falou comigo a este respeito. E o Ty, tomou cuidado. Foram cuidados trouxas, mas ele soube nos proteger. – suspirei aliviada.
Conversamos durante algum tempo e a fiz prometer que procuraria Madame Magali para pedir poções contraceptivas e caso ela tivesse alguma dúvida e quisesse conversar, poderia me escrever a qualquer hora. Assim que a comida ficou pronta voltamos e Kyle compenetrado conversando em voz baixa com o Ty.
Ao olhar para meu marido, li em sua mente o que era, e fiz uma cara de - Os homens não prestam. - e ele riu com gosto.
Ty se postou ao lado da Rory e o olhar dela para ele me disse tudo que eu precisava saber: Ela amava ao meu filho. Senti-me tranqüila.
Conversamos, rimos, e após algum tempo o quadro da uma pastora na parede chamou nossa atenção, pois já passava muito da hora do jantar em Beauxbatons:
- A senhorita McGregor quer falar com o pai. É urgente.
Kyle levantou-se e fez o feitiço para desbloquear a lareira e logo o rosto aflito de Emily apareceu flutuando:
- Papai, não encontro o Ty. Não o encontrei no barco e nem na escola. Foi visto pela ultima vez, saindo com a namorada e ela também não voltou. Pensei em dar um alerta pros aurores, mas achei melhor falar com você primeiro. - e ela estava muito aflita.
- Calma filha. Ele está aqui com a namorada. Eu ia aparatar com eles até ai, mas acho melhor, manda-los pela rede de Flú. Temos alguns passes para emergências. Vou conectar sua lareira com a nossa, e você poderá levá-los para os dormitórios discretamente.
Na hora das despedidas Kyle se aproximou de Rory quando ela começou a se desculpar novamente:
- Sei que você é uma boa moça e tem o meu respeito por isso. Meu filho está feliz e isso pra mim basta.
As chamas verde-esmeralda crepitaram e antes que Ty e Rory entrassem na lareira para voltar á escola ele abraçou a nós dois juntos, nos dando beijos:
- Obrigado por serem meus pais. Amo vocês. - e correu para a lareira puxando a namorada e sumiram nas chamas.
Kyle me abraçou e disse no meu ouvido:
- Acho que agora podemos voltar pro lugar onde paramos: banho e cama?
- Aham, ainda poderemos ter um dia dos namorados sem grandes surpresas. – respondi beijando-lhe o pescoço.
-Não conte com isso... Doçura. – e corremos para nosso quarto dando risadas.

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