Tuesday, November 07, 2006

Perto demais das tentações....

Por Alex McGregor

- Sou seu marido, sei o que é melhor nesta situação...
- E desde quando o meu marido resolve se eu cumpro uma ordem do Ministério ou não? Cumprimos ordens, é o nosso trabalho, esqueceu disso?
- Tá agitada porque vai ficar alguns dias sozinha com ele?
- Que tipo de mulher acha que eu sou? Eu não vou lá para ficar “sozinha com ele”... Vou trabalhar. Parece que bebeu. Solte-me.
- Alexandra, eu estou avisando...
- Se você continuar machucando meu braço deste jeito, não vou precisar de outro motivo para te deixar, e desta vez será pra sempre.


Acordei com a movimentação perto de mim, pois o avião havia acabado de aterrissar. Peguei minha mala e desembarquei juntos com os outros passageiros. No desembarque, esquadrinhei o saguão e logo vi Paige Carter, irmã mais velha do Logan e diretora da Escola de Magia e Bruxaria Americana acompanhada de Annabeth, sua filha mais velha e professora de Feitiços.
- Alex, querida, há quanto tempo...- enquanto nos abraçávamos.
- Paige, você não muda nada, e você Annabeth está cada dia mais bonita.
- Estamos todos bem, e agora que você veio nos dar uma força, ficaremos melhor.
Observei que éramos seguidas e disse com a mão na varinha:
- Temos companhia...
Ela segurou minha mão e disse:
- É um assistente novato do Logan. É um favor á família dele, que são boticários como nós. Meu irmão acha que ele deve passar por todas as etapas, para cuidar melhor dos negócios.- ela virou o rosto na direção do homem e disse: - McBride, ela já percebeu você, venha nos ajudar com as malas, por favor?
E o homem se aproximou de nós. Era alto, de cabelos claros e usava óculos escuros.
- Desculpe senhora Carter. Senhora McGregor. – acenou com a cabeça e pegou minha mala para por no carro, todo sem graça.
- Eu disse a você que a Alex, era treinada neste tipo de coisa. Você teve sorte de mamãe segurá-la a tempo, ela ia acabar com você. - provocou Annabeth.
Notei quando uma veia pulsou no pescoço dele, quando ele olhou para a sobrinha do Logan, voltei meu olhar para Paige, que piscou para mim como fazia nos velhos tempos. Isso significava que ela me contaria as fofocas quando estivéssemos a sós
- Como vai sua mãe? E o Logan?
- Mamãe está viajando com as amigas do clube da terceira idade. São muito animadas, fazem bailes, festas, então ela nunca está sozinha. Até arranjou um pretendente...
- Que gracinha...
- Demais, mas mamãe disse a ele que quer curtir a vida. E o Logan está viajando a negócios, vai ficar fora por alguns dias, não sei se ele volta a tempo de te ver aqui. – continuamos falar sobre todos os assuntos, e também sobre o real motivo de eu estar ali: uma aluna que possivelmente faça projeção astral e logo estávamos na escola.
O dia na escola passou rápido e a aluna se mostrou capaz de fazer projeção astral, porém devido ao seu descontrole estava um pouco debilitada. Havia providências a serem tomadas, visando a proteção da garota, coisas que Endora fez para mim e agora eu teria a oportunidade de passar adiante.
Mandei um relatório ao Ministro americano e ao francês, aproveitei e solicitei que pudesse ficar mais alguns dias por ali. Se a garota resolvesse utilizar os dons precisaria de algumas orientações básicas. Kyle não gostou muito, e não respondeu a minha carta.

Alguns dias depois...

- Pois não senhores, verei com a família da jovem as medidas para suprimir este poder... ...Sim, é uma pena, mas a jovem está segura do que quer. Logo entrarei em contato. Boa noite senhores e obrigado por me ouvirem....- e as chamas da lareira se extinguiram. Guardei minhas anotações quando ouvi uma batida na porta e logo em seguida ela foi aberta, e Logan entrou. Estava em trajes de viagem e exibia um ar cansado:
- Oi Alex.
- Olá Logan, como vai? Desculpe-me por estar no seu escritório. Paige me mandou usa-lo...
- Eu sei, mandei que ela o pusesse à sua disposição. Como estão as coisas? - antes que respondesse, Annabeth veio dizendo rápido:
- Tio ainda bem que chegou, vamos levar a Alex naquele bar novo que abriu? Tem boa musica, boa comida... Desde que chegou aqui, ela trabalhou direto, então vamos levá-la para se divertir um pouco? Por favor, por favor, por favor...
- Pode ser, mas a Alex pode estar cansada. - e me olhou em dúvida.
- Estou bem, mas, vou ter problemas com as roupas, não trouxe nada apropriado, além de que seu tio acabou de chegar de viagem, e...
- Não vai ter não, temos o mesmo tamanho, e você trouxe suas botas. E o tio Logan depois de um banho ficará bem. Vamos?
Olhei para Logan e ele levantou as sobrancelhas esperando minha resposta. Concordei e ela saiu pela casa soltando um grito animado, dizendo que chamaria os outros primos para nos encontrarem lá.

Chegamos ao bar e era um galpão parecido com um celeiro, cheio de mesas, todo decorado com rodas de carroças e lustres antigos, touro mecânico numa espécie de arena, com um cheiro forte de couro, serragem espalhada pelo no chão.
Logo estávamos dançando, pois os outros sobrinhos do Logan, eram muito divertidos. Depois de algum tempo, nos sentamos, a garçonete trouxe cervejas geladas, enquanto conversávamos, quando vimos McBride chegar.
- Uau, aquele é o McBride? Tá explicado porque Annabeth o provoca tanto. Em roupas comuns, ele é um deus...
- Não faz meu tipo... – disse Logan brincando e demos risada, enquanto o rapaz se aproximava. Annabeth logou percebeu a presença dele e veio se aproximando da mesa:
- Logan... Alex... Annabeth... - disse tocando a aba do chapéu.
Uma música animada começou e ele perguntou:
- Alex, você gostaria de dançar comigo?
- Claro. – eu aceitei logo, sempre gostei de dançar, porém percebi que Annabeth ficou um pouco desapontada, mas Logan a levou para a pista, e ela se animou.
...
- Você dança bem Alex. – o rapaz comentava entre uma volta e outra.
- O Logan me ensinou alguns passos, há muitos anos atrás.
- Entendo... - Nesta hora começou uma música lenta e Logan se aproximou:
- Ei, vaqueiro, posso dançar com esta moça bonita?
- Claro, eu vou dançar com alguma garota que queira um cowboy namorador e não ligue para isso... - Annabeth ao ouvir isso saiu chateada do salão e antes que Logan dissesse alguma coisa, eu resolvi interferir.
- Adoro Annabeth, e já percebi que tem alguma coisa mal resolvida entre vocês dois, você pode não estar interessado, é um direito seu, mas não a magoe.
- Sim senhora. Vou conversar com Annabeth e resolver as coisas. Com licença. – McBride respondeu arrependido. Acabei relaxando, quando o vi se aproximar dela, falar algumas palavras e os dois saírem juntos do bar.
- Incrível que poucas palavras convenceram este cabeça-dura. Deve ter sido a postura de mãe defendendo a cria que você assumiu. Isso assusta sabia? rsrsrs. Sabe... Você devia ficar aqui e resolver alguns problemas que ando tendo com meu pessoal.- disse Logan.
- Eu teria que ter um motivo muito forte para ficar. Algo que me prendesse... - e ele me puxou para mais perto.
- Assim? – começamos a rir e continuamos a dançar.
- Como vai seu casamento?
- Bem.
- Pela resposta curta, vocês devem estar brigados. E o motivo foi sua vinda para cá...
- Uma discussão não é uma coisa séria. Você sabe disso.
- Sim, eu sei. Vocês vão ficar bem.
- Acha mesmo?
- Você o ama como nunca me amou; nada abala isso.
- Às vezes eu queria que o Kyle tivesse esta certeza, mesmo após estes anos todos ele ainda fica inseguro, fica chateado com coisas bobas...
- Vocês dois são muito intensos nos sentimentos. Amam e odeiam com facilidade, e por isso ocorrem estes choques entre vocês. Aposto que você também fica insegura quando encontra alguma mulher que fez parte do passado dele, mesmo sem ter motivos para isso. Dava para ver o medo que você sentiu do fantasma da mãe da filha dele. Sim, eu senti o seu medo, quando me contou a história. Mesmo que se erga um muro entre vocês, vocês acabarão ficando juntos. – fiquei quieta, pois ele tinha razão.
Continuamos a dançar e voltamos para casa tarde da noite. Annabeth iria voltar com McBride.
Tomei um banho e fiquei lendo na cama. Após algum tempo senti meu estômago roncar. Levantei-me e fui para a cozinha pegar alguma coisa para comer. Estava escuro, e a única luz vinha da enorme geladeira aberta, aproximei-me devagar:
- Está com fome também?- alguém perguntou e vi Logan sair de lá, segurando uma bandeja de frango frito.
Estava descalço, sem camisa e com o primeiro botão da calça jeans aberto e tinha os cabelos molhados e despenteados.
- O banho espantou o meu sono. Como sabia que era eu? – perguntei.
- Seu perfume. E você sempre visitou a cozinha durante a noite, mesmo quando estávamos na escola.
Peguei pão, e começamos preparar sanduíches para nós lado a lado, estiquei minha mão para pegar a maionese e ele também. Nossas mãos ficaram unidas por alguns segundos, eu a soltei e ele se virou para buscar mais alguma coisa na geladeira.
Fui até o armário pegar os copos e como eles estavam no alto fiquei na ponta dos pés para alcançá-los. Sem que eu percebesse Logan se posicionou atrás de mim e os pegou. Fiquei parada esperando que ele se mexesse, mas ele ficou ali com o corpo próximo ao meu. Nenhum de nós dois se mexeu por alguns segundos, quando ele pôs a mão no meu ombro e me virou de frente para ele. Eu conhecia aquele jeito de olhar, e alguma coisa dentro de mim, se agitou, pois ele começou a se aproximar bem devagarzinho.
A razão me dizia que eu devia me afastar, mas a minha curiosidade estava falando mais alto.
A porta da frente bateu estrondosamente e nos afastamos, indo cada um para um lado. Annabeth entrou na cozinha como um furacão:
- Estou faminta, tem alguma coisa decente nesta geladeira? – e sentou-se para comer junto conosco.
Depois de comer rápido, Annabeth nos deu boa noite e subiu.
Antes que Logan falasse alguma coisa que nos deixasse constrangidos, eu disse:
-Vou embora amanhã, depois que fizer o feitiço para retirar o poder de projeção da garota. Obrigada por tudo... – ele fez um gesto afirmativo com a cabeça e eu fui para o meu quarto.
Deitei-me para tentar dormir e não consegui. Vi uma sombra parada na porta do quarto e aguardei. Após alguns segundos de hesitação, ela se foi, e eu respirei aliviada.
.............

Paris...

Quando abri a porta do apartamento de noite, o chão estava coberto com pétalas de rosas, velas acesas, e Kyle me esperava no meio da sala, segurando uma rosa vermelha.
- Desculpe não ter ido te buscar no aeroporto, queria te fazer uma surpresa. – disse se aproximando.
- Que lindo! - peguei a rosa e a cheirei.
- Sei que sou um idiota por ter ciúmes de você com o Warrick... Sei que vivo te pedindo desculpas por isso, mas quando percebo já falei um monte de besteiras...
- Ssshii. Não quero falar sobre isso, eu preciso de você Kyle. Muito.
No dia seguinte quando fui desfazer a mala, havia uma fivela de cinto, com a forma de um mustang, e uma mensagem do Logan:
"Use isto se estiver em perigo. Não importa onde você estiver eu te encontro."
Fiquei segurando aquilo por alguns segundo e resolvi guardá-lo numa caixa de lembranças que tenho, desde a época da escola e que o Kyle nunca mexeu. Há certas coisas que devem ficar guardadas, para que não haja confusão.

Wednesday, November 01, 2006

Acerto de contas

Por Scott Foutley

Havia saído de casa com o intuito de realizar a reunião que fora marcada há um mês com os funcionários do meu restaurante, mas o fato é que não consegui desenvolver os tópicos separados pelo meu puxa-saco mor. Já tinha dispensado todos para seus serviços e circulava impaciente pela cozinha, acabando por atrapalhar quem estava trabalhando. Lúcio, meu puxa-saco, entrou apavorado procurando por mim.

- Sr. Foutley tem um homem lá fora dizendo que quer falar com o senhor... Já disse que está ocupado, mas ele é insistente!
- Não deixei ninguém entrar, Lúcio! Estou falando sério! – disse sabendo de quem se tratava
- Vai ficar fugindo de mim como uma criança? – Ben falou empurrando a porta que Lúcio tentava manter fechada
- Aqui não é lugar e nem é hora para conversarmos.
- Não vou a lugar nenhum sem antes você me escutar – ele falou agarrando a camisa de Lúcio – e você me solta ou vou te dar umas porradas!
- Deixe Lúcio, solte-o... – falei cansado – por favor, nos deixem a sós um minuto.

Os funcionários que circulavam pela cozinha saíram atrás de Lúcio, que ajeitava a camisa indignado e resmungando, mas sem coragem de enfrentar Ben. Ele fechou a porta assim que eles passaram e veio caminhando na minha direção.

- O que você quer Benjamin?
- Quero que você me escute antes de sair tomando decisões precipitadas.
- Decisões precipitadas? Você só pode estar brincando!
- Sim, precipitada, pois não acredito que nesse tempo todo você não sentiu minha falta.
- Pra ser bem sincero com você, não senti não. Já estava até me perguntando se você um dia realmente tinha passado pela minha vida. Por mim, poderia ter desaparecido de vez. Volta pra sua vida, Ben. Volta pra ela e me esquece, ok?
- Não posso... – ele fez uma pausa como se estivesse escolhendo bem as palavras – a verdade é que eu menti pra você sobre a razão da minha volta...
- E posso saber qual é a verdade então? – disse já me estressando
- A verdade é que estou doente, um tumor inoperável. Voltei por que você é a única pessoa em quem confio para cuidar do Nicholas.
- O que? Está brincando, não é? – falei já com a voz falhando
- Sim, claro que estou brincando, minha saúde está perfeita! Mas viu como você sente minha falta? Já ia começar a gaguejar!
- Isso não teve graça! – falei irritado e sai andando
- Ah qual é Cott, desculpa, não era pra você ficar irritado! Volta aqui... – e me segurou pelo braço
- Como pode brincar com uma coisa dessas? Se quiser conversar desse jeito, pode ir embora. Pra fazer palhaçada basta procurar um circo.
- Ta bom, ta bom, desculpa, foi uma brincadeira de mau gosto, eu sei. Mas agora sei que você está mentindo e que sentiu sim a minha falta durante esse tempo. E sentiria se eu sumisse de novo!
- Tem uma grande diferença entre sumir no mundo e morrer! Vou perguntar outra vez: o que você quer?
- Quero a vida que tinha com você de volta. Quero que você me perdoe pelas coisas que disse.
- Ben, eu sinto muito, mas não consigo simplesmente esquecer tudo que aconteceu. Queria poder apagar tudo com essa facilidade toda, mas a verdade é que não consigo.
- Tubo bem, não estava esperando que você fosse esquecer tudo rápido, sei que você demora a digerir esse tipo de coisa. E também não estou pedindo isso.
- E o que quer que eu faça então?
- Só quero que você me dê uma chance. Uma chance pra tentar consertar tudo. Acha que consegue isso?

Ben se aproximou mais e apertou meu ombro. Estava fazendo um enorme esforço para não encara-lo, mas era impossível. Ele me olhava com aquele sorriso irônico que sempre me irritou profundamente, mas hoje não estava me tirando do sério. Não conseguia passar uma borracha em toda a confusão que nos separou, mas senti tanto a falta dele nesses meses que estava disposto a tentar superar tudo para termos nossa vida de volta.

- Vamos precisar providenciar um quarto para o menino... – falei sorrindo e ele pareceu respirar aliviado
- Ah, bom, ele não ocupa muito espaço, não vai ser difícil.
- Você tem alguma idéia de como criar uma criança??
- Só sei que preciso mantê-lo vivo e que se ele emagrecer, é porque não estou dando comida suficiente, obvio...
- Foi o que imaginei... – disse rindo – acho que um bom começo seria procurar um terapeuta pra ele.
- E por que?
- Porque? Ele acabou de perder a mãe, o pai é gay e vai ser criado por ele e o namorado! Que criatura não ia precisar de um terapeuta??

Demos risada da situação e deixei o restaurante sob os cuidados de Lúcio enquanto voltava para casa com ele para conhecer direito a criança. Não era bem do jeito que eu imaginava acertas as coisas com Ben, mas acho que vamos tirar isso de letra. E não há como negar que vai ser deveras engraçado...