Por Louise Graham Storm
LS: Bom dia Yulli...
YH: Bom dia Lou... Sabe por que estamos aqui tão cedo?
Estava parada em frente a um café ainda fechado quando Yulli chegou também sonolenta. Eram 5 horas da manha, ainda estava escuro, e Alex nos fizera prometer que estaríamos no lugar marcado sem contestar. Yulli e eu nos escorávamos quando ela chegou sorridente, como se não tivesse percebido que nem o sol estava fora da cama ainda! Alex trazia dois enormes copos de café e nos entregou, saindo andando em seguida sem dizer nada.
LS: Será que você pode nos dizer onde estamos indo, Alex?
YH: É! E porque tão cedo?? Nem para trabalhar saio da cama antes das 5!
AM: Parem de reclamar e entrem logo, o metro já vai sair.
LS: Levantamos de madrugada pra andar de metro?
Alex nos olhou atravessada e resolvemos entrar logo, sem reclamar. Ela não parava de olhar no relógio e nos empurrou ate um acento colado na janela. Pouquíssimas pessoas ocupavam os bancos, apenas alguns trabalhadores que provavelmente moravam longe. Yulli ia perguntar outra vez para onde estávamos indo quando Alex levantou, virando nossas cabeças para a janela, enquanto o metro saia do escuro e cortava um trilho pelo meio da cidade.
AM: O nascer do sol em Paris...
Se a intenção da minha amiga era me impressionar, conseguiu. O metro saiu exatamente no momento em que o sol nascia, por detrás da Torre Eiffel. Aquele tom amarelado refletia por toda cidade, deixando tudo ainda mais bonito. Yulli tinha a boca aberta, o copo de café encostado nela na mesma posição desde que saímos para a luz do dia. Descemos na estação seguinte e Alex nos levou na Boulevard St-Germain para tomarmos café. Sentamos nas mesas na calçada mesmo e depois de nos deliciarmos com croissants e espumantes maravilhosos, começamos nosso tour. Alex parecia conhecer cada milímetro da cidade, pois nos proibiu de pegar qualquer tipo de condução, dizia que só se conhece de verdade uma cidade andando a pé pelas ruas e se perdendo.
YH: Pra que lado fica a catedral de Notre-Dame?
LS: Pelo mapa, pro lado de lá. É só descer esse canal mesmo?
AM: Sim, tudo aqui beira o rio Sena. E guarda esse guia, vocês não precisam dele, estão comigo...
LS: Uau, senti firmeza! Só quero ver se não vai se perder nenhuma vez.
YH: É verdade, somos turistas, mas nem por isso pense que vai nos enganar rodando sem rumo dizendo que é tour pelos buracos de Paris.
Caminhamos pela beira do rio Sena até chegar à catedral. Ela era imensa, as gárgulas no alto pareciam olhar para você, ameaçadoras. Comentei inocentemente sobre chegar perto delas e Alex foi logo dizendo que era só subir as escadas dentro da catedral que lá do alto teríamos uma vista linda da cidade, sem contar que as estatuas ficavam perto da torre. Concordamos empolgadas e entramos. Estávamos empolgadas até demais, pois não percebemos um sorrisinho cínico que discretamente brotou no rosto de Alex. Ela vinha atrás da gente na escada contando a historia da catedral e aquilo parecia não chegar ao topo nunca. Já estávamos na metade quando ela então nos informou que são 387 degraus até a torre sul. Paramos na mesma hora nos apoiando nas paredes, olhando incrédulas para Alex, que ria sem disfarçar. Ela bloqueou a passagem e nos impediu de descer. Como haviam muitos trouxas, aparatar até o topo estava fora de cogitação. Acabamos nos dando por vencidas e continuamos a peregrinação até a tal da torre sul. Yulli me xingava por querer saber das gárgulas, mas não tive culpa! Ela também se animou em subir quando soube que podia...
AM: Pronto suas molengas, chegamos!
YH: Ai finalmente! Não estou sentindo as minhas pernas...
LS: Meus óculos estão embaçados ou é minha visão que ficou meio turva depois de 387 lances de escada??
AM: Admirem a vista, batam algumas fotos e vamos embora porque o dia é curto e Paris é grande!
Ficamos apoiadas no parapeito da torre algum tempo até recuperar as forças. Eu sei que pra baixo todo santo ajuda, mas não conseguia dar um passo, minhas pernas tremiam. Finalmente alcançamos o 1º piso da catedral e seguimos a pé até o Museé d’Orsay, afinal, um pouco de arte não faz mal a ninguém. Infelizmente não pudemos ir ao Louvre, pois ainda estava interditado devido aos danos causados pelos comensais no dia anterior. Passamos algumas horas dentro dele e mais uma vez caminhamos até a próxima parada, que seria a Torre Eiffel. Apesar de estar cansada, o passeio não poderia ser de outra maneira, seria impossível observar os detalhes das coisas nas ruas, as esculturas nas famosas pontes da cidade, as pessoas e tudo mais de dentro de um carro ou ônibus de turista. Na altura em que chegamos à Torre, já estava perto da hora do almoço. Alex sugeriu que fossemos até o topo conhecer e depois pararíamos no restaurante que ficava no 1ª andar dela. Entramos em um elevador e ele começou a subir. E subir e subir e subir... Ele não parava de subir, via aquelas barras de ferro passarem riscando pelas lentes dos meus óculos e não fazia idéia de quando ele iria parar. Dei uma espiada pela porta panorâmica e encostei de volta na parede.
AM: Qual o problema?
LS: Você já viu a altura disso??
YH: Ora Louise, deixe de ser medrosa, é seguro!
AM: Sim, nunca ouve um acidente aqui, fique tranqüila.
LS: Pois é, mas pra tudo tem uma 1ª vez não é? E se for hoje? Estou bem aqui obrigada, longe da porta...
Yulli me olhou meio incerta e deu um discreto passo pra trás, encostando ao meu lado. Alex começou a rir, mas não saímos do lugar. O elevador finalmente parou no 2º andar e descemos. Para um 2º piso, aquilo estava alto demais! Olhávamos encantadas para a cidade, dava para ver tudo mesmo. Ficamos algum tempo brincando de localizar o hotel lá do alto até que Alex nos comunicou que ainda havia um 3º andar e que o elevador já estava enchendo. E lá fomos nós para ele outra vez... Agora foi mais rápido, em pouco tempo ele parou e saímos. Assim que desci parei fascinada. A vista era ainda mais bonita que a do 2º andar, tendo ainda um pequeno lance de escada para um nível mais alto, o terraço panorâmico. Fomos até ele, sem soltar o corrimão por precaução e ao pisarmos na plataforma a 1ª coisa que vi foi uma placa informando que estávamos a 247m acima do solo. Não é o tipo de informação que você gosta de ter, mas compensava pelo que conseguíamos ver lá de cima.
((Continua))
Monday, February 20, 2006
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